terça-feira, 5 de abril de 2011

Que coisa engraçada, ou tão só a expressão máxima da desfaçatez. Ao que parece os  banqueiros portugueses reuniram-se ontem no Banco de Portugal e decidiram cortar o crédito ao Estado.
Bem que poderíamos transpor esta decisão para o anedotário nacional, não fosse ela tão triste e tão reveladora. Assim mais nada nos resta senão colocar esta decisão numa grande tragicomédia.
Claro que uma decisão desta monta não se toma de ânimo leve. Os prós e os contras certamente que foram bem pesados.
Uma coisa é certa, sem conseguir dinheiro emprestado e com os mercados financeiros a exigirem juros já acima dos 10%, as saídas são muito limitadas.
Assistimos pois, a que a pressão já não é só exterior, é também interior.
Se é legal, claro que é. Mas será legítimo? Ou será que estamos perante o maior exercício de desfaçatez de que há memória?
Estou inclinado para este último.
Quem são os grandes motores das parcerias público-privadas?
Quem é que andou a vender crédito às empresas e aos particulares cheio de facilidades?
Quem é que financiou uma vasta série de obras públicas, nas quais se incluem os estádios de futebol - que hoje são perfeitos "elefantes brancos" - que vamos andar a pagar durante muitos anos?
Quem é que financiou a compra dos submarinos?
Quem é que financiou o aeroporto de Beja? Quando é que esta estrutura será rentável?
Por outro lado convém não esquecer que quando se deu a bronca da bolha imobiliária, quem é que serviu de avalista?
Mais, os bancos tem estado a financiar-se no BCE, certo? Com que juro? 1.% creio.
Mas quando compram dívida pública é a que valores? E com que juro?
Podem tentar lavar as mãos como fez Pilatos, mas vão continuar com elas sujas, eu diria mesmo, demasiado encardidas.  

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade