domingo, 31 de dezembro de 2006

Hoje era para somente colocar uma imagem com desejos de feliz ano novo, mas tal verificou-se impossível, porquanto eu não estaria a ser correcto comigo próprio se deixasse passar em claro umas declarações produzidas num comunicado do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado.
O (STE) responsabilizou o governo pela morte da menina de dois anos em Monção por alegados maus-tratos, acusando o executivo de não dar meios suficientes às Comissões de Protecção de Menores.
O sindicato não está a ser verdadeiro e tenta desculpar quem não tem desculpa, até porque se a memória deles não fosse curta, estariam lembrados do caso da Fátima Letícia.
O grande problema é que a incúria de uns quantos resulta muitas vezes em tragédia e dignidade para assumir as falhas é coisa que escasseia cada vez mais.

Mas agora importa deixar uma nota desejando um novo ano repleto de coisas boas, para todos vós que têm a paciência de ler os meus desabafos. Obrigado e Festas Felizes

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

A propósito da co-incineração em Souselas. A postura municipal de trânsito aprovada pela Câmara de Coimbra que proíbe e condiciona o transporte de resíduos perigosos na freguesia de Souselas originou um debate com frases deveras interessantes
Vassalo de Abreu, deputado municipal do PS, declarou “Impedimentos deste tipo dão uma imagem de Coimbra que não é aquela que eu gostaria: uma imagem paroquial, provinciana e feudal”.
Manuel Lopes Porto, deputado municipal do PSD e actual presidente da assembleia municipal protestou, dizendo “Prefiro que me digam que sou provinciano ou paroquial a que um dia me digam que eu não defendi a saúde dos meus filhos. Isso é que é intolerável”.
E enquanto eles vão dizendo isto, eu digo - e sei bem do que falo -, que nenhum deles, e podemos incluir o presidente da Câmara e mais alguns elementos dos vários partidos, se importou, importa ou importará com as freguesias que circundam ou compõem Coimbra e que tudo isto não passa de um mero jogo de palavras.
É triste, mas é a realidade.

Apetece pedir a pena de morte cada vez que somos confrontados com energúmenos que espancam, violam, assassinam seres indefesos.
Vem isto a propósito de mais uma bebé que faleceu e ao que parece após ter sido espancada por uma senhora que só recebeu o nome de mãe porque deu à luz.
É difícil para nós, comuns mortais, compreender o que leva uma mãe a espancar uma filha, provocando-lhe a morte e sou de opinião que não possuímos moldura penal adequada a este tipo de crimes. 25 anos é manifestamente muito pouco e pouco me importa se as novas correntes defendem molduras penais ainda menores ou se a não intenção conta. Para mim é pena exemplar e mais nada.
Mas o caso da pequena Sara não pode ficar por aqui, porque trilha outros caminhos, caminhos esses que não são virgens em casos destes: estou a referir-me às Comissões de Protecção de Menores.
A pequena Sara já tinha sido referenciada na Comissão de Protecção de Menores de Viseu, Comissão essa que diagnosticou deficiente alimentação e cuidados de higiene, mas não diagnosticou mais nada, o que não é de admirar, tendo em conta que se trata da mesma Comissão que não percebeu que a Fátima Letícia, durante um mês e meio de vida, foi esmurrada e esbofeteada pelo pai, que também usou vários objectos – como martelos e tábuas de madeira – para a maltratar, deixando-a marcada por todo o corpo e que sempre que chorava o pai gritava-lhe para que se calasse, enquanto lhe enfiava os dedos na boca deixando-a engasgada e impossibilitada de chorar durante segundos, isto tudo para além dos abusos sexuais, sendo que tudo isto acontecia na presença e com a conivência da mãe.
Ora se a dita Comissão não viu isto numa bebé de mês e meio ia agora ver numa bebé de dois anos?
E a Comissão de Protecção de Menores de Monção que foi alertada pela sua congénere de Viseu, como e quando actuou? Quais foram as consequências das queixas apresentadas pela educadora?
Fez bem o sr. ministro em avançar com a investigação aos vários organismos deste caso e fez bem em retirar os irmãos da bebé falecida no imediato, mas tem que também fazer bem e apertar com quem se permite ao desleixo e que tem somente como resposta: nunca imaginámos que a situação caminhasse para esta tragédia.
Mas a função deles é agir e não imaginar.

Já temos o nosso YouTube. O portal Sapo lançou um novo serviço: o Sapo Vídeos (http://videos.sapo.pt). Trata-se de um ‘site’ de partilha de vídeos na internet semelhante ao YouTube. Este projecto arranca com 15 mil filmes que poderão ser vistos gratuitamente em qualquer parte do Mundo.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Nem de propósito. Ontem falei aqui sobre acidentes de viação e ao facto de eles ocorrerem por culpa quer de automobilistas, quer dos peões, pois bem hoje li a notícia que aqui transcrevo:

"Atropelado quando atravessava auto-estrada
Foi na A2, perto do Pragal, cerca das cinco da madrugada

Um homem morreu esta madrugada atropelado na auto-estrada do Sul (A2), perto do Pragal, quando atravessava a via a pé, disse à agência Lusa fonte da Brigada de Trânsito da GNR.
O atropelamento deu-se às 05:00 no sentido Sul-Norte, adiantou a fonte.
De acordo com a Brigada de Trânsito, não havia qualquer automóvel abandonado perto do local onde o homem foi colhido."
Portugal Diário-2006/12/28 08:38

Como é que é possível? Em Dezembro do ano passado e quando a taxa euribor a seis meses estava em 2,639 por cento, a mensalidade de um empréstimo para habitação no valor de 150 mil euros e com um prazo de amortização de 25 anos, era de 704,13 euros.
Desde ontem, altura em que a taxa euribor a seis meses, a mais utilizada nos contratos de empréstimo para compra de casa, se fixou em 3,835 por cento, essa prestação passou a ter um valor de 1023 euros.
Foi só um aumento de 319 euros.

Pasmem senhores. Pasmem. O "Expresso" publicou a lista dos nomes envolvidos no "Apito Dourado". São, nada mais, nada menos, que 27 dirigentes de clubes, 110 árbitros, 28 dirigentes da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol, dois autarcas e quatro empresários.

Dirigentes de Clubes
- Pinto da Costa, presidente do FC Porto
- João Loureiro, presidente do Boavista
- José Luís Oliveira, presidente do Gondomar
- João Bartolomeu, presidente da União de Leiria
- Fernando Melo, dirigente do Penafiel
- Hernâni Moreira, presidente do Paços de Ferreira
- Rui Alves, presidente do Nacional da Madeira
- Agostinho Silva, director do Sousense
- Américo Neves, dirigente do Sousense
- António Pinto, dirigente do Anadia
- António Candelária, dirigente da União Desportiva Santana
- Benjamim Castro, dirigente do Vizela
- David Rodrigues, dirigente do Vilaverdense
- Artur Azevedo, dirigente do Amarante
- Artur Mesquita, dirigente do Lixa
- Aprígio Santos, presidente da Naval 1º de Maio
- Francisco Borges, dirigente do Lusitânia
- Joaquim Castro Neves, dirigente do Gondomar
- Manuel Ribeiro, dirigente do Penafiel
- Pedro Ferreira, dirigente da Naval 1º de Maio
- Paulo Rodrigues, dirigente do Valenciano
- Joaquim Barbosa, dirigente do Rebordosa
- Silva Reis, dirigente do FC Marco
- António Veiga, dirigente do Estoril Praia
- José Melo, dirigente do Machico
- António Almeida, dirigente do Progresso
- Jorge Ferreira, dirigente do Cinfães

Autarcas
- Isabel Damasceno, presidente da Câmara Municipal de Leiria
- Avelino Ferreira Torres, ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses

Empresários
- Alberto Couto Alves, empresário suspeito de envolvimento em empreitadas pouco claras com a Metro do Porto
- Sousa Cintra, empresário que se tornou conhecido como presidente do Sporting
- Joaquim Camilo da Silva, empresário envolvido em negócios suspeitos com o Boavista
- António Araújo, empreiteiro, agente de jogadores e organizador de festas para árbitros amigos, animadas por prostitutas, designadas nas escutas pelos códigos «fruta e café com leite»

Dirigentes da Liga de Clubes e da Federação Portuguesa de Futebol
- Valentim Loureiro, presidente da Câmara de Gondomar e então presidente da Liga e da Metro do Porto
- António Azevedo Duarte, então vogal do Conselho de Arbitragem e hoje vice-presidente em exercício da arbitragem da FPF. É pai do árbitro Augusto Duarte e visita de casa de Pinto da Costa, segundo Carolina Salgado
- António Henriques, na altura vice-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF e compadre de Pinto da Costa
- Carlos Esteves, então vogal do Conselho de Arbitragem da FPF, passou à presidência deste organismo, que dirige até hoje, após o afastamento de Pinto de Sousa
- José António Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem, pediu de imediato a demissão do cargo quando detonou o caso Apito Dourado
- Francisco Costa, vogal do Conselho de Arbitragem da FPF
- Ezequiel Feijão, colaborador da FPF
- Carlos Olegário, colaborador da FPF
- Carlos Silva, vogal do Conselho de Arbitragem da FPF
- Carlos Pinto, secretário da Comissão de Arbitragem da Liga
- Francisco Ferreira, colaborador da FPF
- João Penicho, colaborador da FPF
- José Mendonça, colaborador FPF
- João Mesquita, assessor do Conselho de Arbitragem da FPF
- Luís Nunes, vogal do Conselho de Arbitragem, irmão de Henrique Nunes, na altura treinador do Gondomar
- Manuel Nabais, colaborador da FPF
- Paulo Silva, colaborador da FPF
- Manuel Cunha, colaborador da FPF
- Paulo Torrão, director de informática da FPF
- Teresa Faria, colaboradora da FPF
- António Silva, colaborador da Liga de Clubes
- Fernando Mateus, colaborador da Liga
- João Pinto Correia, observador de árbitros
- Júlio Mouco, vogal da Comissão de Arbitragem da Liga de Clubes e responsável pela nomeação dos observadores de árbitros
- Mário Graça, vogal da Comissão de Arbitragem da Liga e responsável pela nomeação dos árbitros-assistente
- Carlos Carvalho, presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto


Nomes que figuram entre os 110 árbitros suspeitos da 1ª categoria profissional
- Lucílio Baptista, internacional
- Paulo Paraty internacional
- Bruno Paixão, internacional
- Artur Soares Dias
- Augusto Duarte
- Carlos Xistra
- Cosme Machado
- João Vilas-Boas
- Nuno Almeida
- Paulo Ferreira
- Paulo Baptista
- Rui Silva

E ainda
- Jacinto Paixão, ex-árbitro de 1ª categoria. Suspenso durante um ano, pediu entretanto o afastamento da arbitragem
- Manuel Quadrada, árbitro-assistente, da equipa de Jacinto PaixãoJosé Chilrito, árbitro-assistente da equipa de Jacinto Paixão

27 arguidos foram acusados em finais de Janeiro, entre os quais 13 árbitros, um observador de árbitros e um assessor de arbitragem da FPF
- José Luís Oliveira, presidente do Gondomar, vice-presidente da Câmara local e braço direito de Valentim na autarquia. 26 crimes de corrupção activa e 21 de corrupção desportiva
- Valentim Loureiro, presidente da Câmara de Gondomar, ex-líder da Liga e da Metro do Porto. 26 crimes de corrupção na forma de cumplicidade, dois crimes de prevaricação
- Castro Neves, director do Gondomar. 19 crimes de corrupção desportiva
- Pinto de Sousa, ex-presidente do Conselho de Arbitragem da FPF. 26 crimes de corrupção passiva
- Francisco Costa, membro do Conselho de Arbitragem da FPF. 26 crimes de corrupção passiva na forma de cumplicidade
- Luís Nunes, membro do CA da FPF. Um crime de corrupção activa, na forma de cumplicidade e quatro crimes de corrupção desportiva
- Carlos Carvalho, presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto. Dois crimes de corrupção desportiva activa, na forma de cumplicidade
- Sérgio Pereira, árbitro da 2ª categoria. Um crime de corrupção desportiva passiva
- Licínio Santos, árbitro da 2ª categoria. Dois crimes de corrupção desportiva passiva
- Hugo Silva, árbitro de 2ª categoria. Dois crimes de corrupção desportiva
- João Macedo, árbitro de 2ª categoria. Quatro crimes de corrupção desportiva passiva
- Fernando Valente, árbitro de 2ª categoria. Três crimes de corrupção desportiva passiva
- Ricardo Pinto, árbitro-assistente. Três crimes de corrupção desportiva passiva
- António Eustáquio, árbitro de 2ª categoria. Dois crimes de corrupção desportiva passiva
- Jorge Saramago, árbitro de 2ª categoria. Dois crimes de corrupção desportiva passiva
- José Rodrigues, árbitro de 2ª categoria. Um crime de corrupção desportiva passiva
- Aníbal Gonçalves, árbitro de 2ª categoria. Um crime de corrupção desportiva passiva
- Sérgio Sedas, árbitro de 2ª categoria. Um crime de corrupção desportiva
- Joio Macedo, árbitro, 3ª categoria. Quatro crimes de corrupção desportiva passiva
- Pedro Sanhudo, árbitro de 2ª categoria e responsável pelo Núcleo de Árbitros do Baixo Tâmega. Cinco crimes de corrupção desportiva activa e passiva
- Manuel da Cunha, observador. Um crime de corrupção desportiva passiva
- João Mesquita, assessor da arbitragem da FPF. Um crime de corrupção activa
- Américo Neves, comerciante. Um crime de corrupção desportiva activa
- Leonel Viana, vereador da Câmara de Gondomar. Um crime de prevaricação
- Agostinho Silva, comerciante. Um crime de corrupção desportiva activa


Palavras para quê?!...

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Já aqui falei da questão da reforma dos pilotos da aviação civil, mas vou voltar ao tema.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil só tem feito com que o comum do português esteja contra a tomada de posição dos pilotos e contra o próprio sindicato.
E porquê? Porque tem feito afirmações que deixam qualquer um de boca aberta.
Elementos do sindicato declararam a uma rádio que não aceitam a imposição da idade da reforma. Que podem voar até aos 65 anos, mas não como imposição.
Não contentes com as afirmações anteriores, Tiago Matos, presidente do sindicato, censura a decisão do Governo, que considera "injusta", e questiona cinicamente "Gostaria de voar de Caracas para o Funchal, com mau tempo, com um piloto que tivesse 65 anos?".
Este mesmo responsável afirma que existem estudos, quer do SPAC, quer de companhias de seguros, que provam que a esperança de vida dos pilotos de aviação não supera muitas vezes os 61 anos. O que só por si, lembra, explica tudo "O Governo quer obrigar os pilotos a voarem até aos 65 anos, porém, temos estudos que indicam que os pilotos morrem mais cedo do que essa idade e que a esperança de vida dos mesmos é inferior à da população em geral". Na prática, diz, em média, cada piloto morrerá aos 61,5 anos, vítima de acidentes de trabalho, ou aos 66 anos, por causas naturais. E isto, sustenta, porque a profissão tem cada vez maior desgaste. "Desde há 20 anos voamos o dobro das horas, estamos mais expostos a radiações, saímos cada vez menos dos coquepites por questões de segurança e padecemos cada vez mais de desgaste físico e mental".
Após o que aqui fica dito, volto a dizer que estamos no reino da hipocrisia.
1.º - os pilotos podem voar até aos 65 anos, mas sem imposição.
Então o problema da segurança está relacionado com a imposição. Com esta não há segurança, sem esta já há.
2.º estão a cumprir os horários legais, com folgas e descansos nas devidas alturas.
Então até aqui não têm cumprido os horários legais, não têm gozado folgas nem descansos? Isto não é uma forma de colocarem de lado a segurança de todos nós?
Vamos acabar com a hipocrisia e agir de forma correcta.

Também a questão dos CTT me deixa um pouco perplexo.
Todos nós, utentes dos serviços prestados pelos correios, já tivemos as maiores chatices com a correspondência, quer a que expedimos, quer a que recebemos, ou devíamos receber.
Não entendo o tempo de demora de uma qualquer correspondência.
Todos nós já fomos confrontados com correspondência que traz documentos para pagar e que quando a recebemos nas nossas mãos já passou o prazo de pagamento.
Mais já aconteceu aparecer na nossa caixa de correio correspondência que não nos pertence. O que é que fazemos? Ora nas cidades, por norma, existe um local onde depositamos a correspondência que por qualquer motivo veio enganada, local esse que está bem visível. Pensam que o sr. carteiro tem o discernimento de olhar para esse local e verificar a correspondência enganada e levá-la de volta? Tá bem abelha. Foi ele que se enganou, mas ele quer lá saber.
Mais. Alguém me explica que cartas emitidas a dia 11, só cheguem à mão do destinatário 10 dias depois? Hoje o que merece tratamento é o correio verde, azul, registado, e todo o que tenha acréscimo de tarifa. O dito normal, bem pode esperar.

Vamos aos acidentes. O período de Natal ficou manchado pelos números elevados quer dos acidentes, quer das consequências que estes tiveram.
Todos nós sabemos que existem condutores que há muito deviam estar proibidos de conduzir e que existe um comportamento incorrecto nas nossas estradas (por exemplo, seja Verão ou Inverno condutores há que conduzem sempre da mesma maneira).
Mas tudo isto não se prende somente com os acidentes ocorridos no Natal. Pretende ir mais longe.
Fomos confrontados este ano com algumas mortes de transeuntes, ocorridas na cidade de Lisboa (tal como ocorrem no Porto, Braga, Coimbra, enfim, por esse país fora).
Ora verificou-se de imediato um coro de protestos contra os automobilistas.
A Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados, liderada por Manuel João Ramos, veio imediatamente a terreiro e só não montou um cadafalso para os automobilistas porque o tempo das execuções públicas já terminou.
Em primeiro devo dizer que tenho muito respeito por todos os que são vítimas de acidentes, sejam eles automobilistas ou transeuntes, mas uma coisa é o respeito, outra é o fanatismo.
Eu não estaria a ser correcto comigo mesmo se empurrasse para os automobilistas toda a culpa. Podemos verificar, ao contrário do que se pretende fazer crer, que existe muito peão que é o principal responsável pelos acidentes.
Quantos de nós é que não vimos já pessoas a atravessar artérias bem movimentadas fora das passadeiras ou quando está o sinal vermelho para os peões? Quantos de nós é que não vimos já pessoas que caminham calmamente nos passeios e de repente se metem a atravessar uma estrada, seja ou não na passadeira.
Poderíamos ocupar algumas páginas com exemplos daquilo que não se deve fazer, mas das duas partes, por isso era interessante que a Associação que anteriormente referi (esta e outras, claro) quando debatessem o tema não se esquecessem de falar para os dois lados. Fica-lhes bem.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

"Soul brother number one". Este era um dos muitos nomes que definiam James Joseph Brown Jr., nascido em Barnwell, Carolina do Sul, EUA, 3 de Maio de 1933
James Brown foi um cantor, compositor e produtor musical negro norte-americano reconhecido como uma das figuras mais influentes do século XX na música. Letrista de mão cheia e produtor musical, foi o principal impulsionador da evolução do gospel e do rhythm and blues para o soul e o funk, sendo a invenção deste último género atribuída a ele.
Igualmente deixou a sua marca noutros géneros musicais, incluindo rock, jazz, reggae, disco, no hip-hop e na música dançante e electrónica em geral.
Foi abandonado aos 4 anos pelos seus pais e deixado aos cuidados de parentes e amigos. Cresceu nas ruas de Augusta (Geórgia), onde cantava e dançava para pagar o quarto que ocupava num bordel.
Com 16 anos foi condenado, por roubar carros, a três anos num reformatório.
Durante os anos 60, lançou canções tais como "Papa's Got a Brand New Bag", "I Got You (I Feel Good)", "Get Up (I Feel Like Being a Sex Machine)" e "I'm Black and I'm Proud".
Em 1988, foi condenado a seis anos por posse de drogas e armas.
A sua carreira de músico profissional teve início em 1953, tendo atingindo a fama no fim da década de 1950 e início da de 1960, graças à força das suas actuações ao vivo e a uma sequência de grandes sucessos.
Apesar de numerosos problemas pessoais e alguns insucessos, continuou a produzir sucessos nas duas décadas seguintes. Nas décadas de 1960 e 1970, Brown era uma presença em assuntos políticos norte-americanos, especialmente no activismo a favor dos negros e dos pobres.
Morreu aos 73 anos em 25 de Dezembro de 2006, em Atlanta, Geógia, EUA, após internamento motivado por uma severa pneumonia.
Quem quiser saber mais poderá passar pela sua página oficial.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

É com profunda tristeza que hoje, Dia de Natal, um dia importantíssimo no espectro religioso, vou escrever o que se segue.
D. João Miranda, administrador apostólico da Diocese do Porto, equiparou esta segunda-feira a interrupção voluntária da gravidez (IVG) à prática medieval da «Roda dos Meninos», que era dada como alternativa aos infanticídios e consistia na entrega de bebés enjeitados aos mosteiros.
Este senhor, por certo não sabe história e nunca se debruçou sobre os estudos da sociedade medieval. Só assim se explica que tenha proferido estas afirmações. Será que desconhece que os meninos que eram colocados na roda eram, na sua maioria, filhos provenientes de relações onde pontuavam elementos das classes superiores de então, nomeadamente da nobreza e do clero?
E este senhor menospreza o trabalho que foi desenvolvido por tantos elementos (alguns do clero, como é evidente) em prol dessas crianças.
O administrador apostólico da Diocese do Porto devia mostrar mais respeito por quem acolheu, alimentou e educou muitas crianças abandonadas.
Com elementos destes a Igreja não vai a lado nenhum, antes pelo contrário.

Continuando na Igreja, gostaria de referir que esta é uma Igreja vingativa, sem nenhuma semelhança com a que à mais de dois mil anos alguém apresentou ao Mundo.
Vem tudo isto a propósito do caso que recentemente abalou a Itália.
Piergiorgio Welby foi mantido vivo por um respirador artificial desde 1997 devido a uma distrofia muscular diagnosticada quando tinha 18 anos. O seu estado de saúde começou a degradar-se no Verão, não conseguindo mesmo ficar sentado mais de uma hora por dia.
Sendo que estamos perante um doente incurável e imobilizado, que reclamava há meses a suspensão do tratamento que o mantinha vivo e que a Igreja e os tribunais sempre recusaram o seu pedido, existiu felizmente um médico que entendeu que Welby tinha todo o direito a morrer em paz e sem sofrimento e contrariando a decisão do tribunal e da Igreja decidiu ajudá-lo a morrer.
Pois bem, qual foi a decisão da Igreja? Foi tão só recusar-lhe qualquer cerimónia fúnebre.
O que é que podemos concluir?
Primeiro, que a sociedade italiana está demasiado subjugada à presença do Vaticano e em segundo que esta é uma Igreja vingativa e que é urgente um novo "Concílio Vaticano II" embora adaptado ao século XXI.

sábado, 23 de dezembro de 2006

São uns brincalhões. O presidente da Autoridade da Concorrência, Abel Mateus, declarou, no anúncio de que não se opunha à OPA da Sonae à PT, a fusão entre a PT e a Sonaecom poderá fazer baixar os preços nos serviços da rede fixa em 14 por cento, mas o mesmo não se deverá passar nas comunicações móveis.
Das duas uma: ou Abel Mateus é ingénuo, ou então está a brincar connosco.
Alguém acredita que Belmiro de Azevedo baixe os preços? Mais, desde quando é que respeitam as indicações da Autoridade da Concorrência (desde que não se tratem de multas com somas avultadas)? Lembrem-se da Brisa e das Autoestradas do Atlântico e fica tudo dito.
Resta-nos Ricardo Salgado que, ao que parece, teima em não vender as suas acções.


E porque estamos na época natalícia e amanhã é descanso, desejo a todos um

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

"É necessário que haja juízo e bom senso". As palavras de Telmo Correia vão servir de mote ao texto que se segue.
Na verdade, esta guerrilha permanente que a bancada parlamentar do CDS/PP teima em manter com a direcção do partido é a prova cabal de que não existe juízo e muito menos bom senso. Qual é a legitimidade do grupo parlamentar para actuar desta forma?
Ribeiro e Castro ganha o congresso derrotando Telmo Correia que era o candidato de Paulo Portas.
Quando Portas abandona a liderança do partido, fá-lo no pressuposto de que o seu candidato limpava o congresso e que poderia, assim, continuar a liderar o partido do alto da sua "cátedra", mesmo não dando a cara.
Falhou por completo, porque Ribeiro e Castro teve do seu lado os militantes e derrotou, sem apelo nem agravo, Telmo Correia.
Em face disto Portas e seus apaniguados ficaram longe da liderança, restando-lhe somente o grupo parlamentar que tinha sido escolhido a dedo pelo "grande líder" (um género de Kim Il Sung do Caldas), aquele que tudo sabe e tudo comanda.
Sem hipótese de comandar o Caldas, Portas optou por empurrar os seus rapazes para um combate sem tréguas à direcção.
O curioso é que Paulo Portas não tem a coragem de assumir isto mesmo, vai liderando a revolta na penumbra, não que ele queira ocupar já a cadeira, não, ele somente pretende ter alguém seja a marioneta que ele possa manobrar até ao momento em que ele achar ser o melhor para avançar.
Aliás estranho que Ribeiro e Castro não comente isto mesmo, colocando a nú as manobras de que está a ser alvo.
Aliás, se quisermos pensar um pouco facilmente compreendemos que Portas só sabe agir assim, basta que tenhamos presente o cumprimento envenenado do congresso de Coimbra a Manuel Monteiro.
Para quem se costuma intitular como um político diferente, estas atitudes não o demonstram, ou então ele quer dizer diferente, mas para pior.

Então e agora? Sara Pina, a ex-assessora de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR), colocou José Souto de Moura sob suspeita de ter contribuído para casos de violação de segredo de justiça durante o processo Casa Pia. Numa entrevista à revista "Visão", disse que era o ex-procurador-geral da República quem lhe fornecia, verbalmente ou através de manuscritos, as informações que deveria transmitir aos jornalistas.
Isto contraria em tudo as declarações proferidas por Souto Moura, quando rebentou o escândalo das cassetes alegadamente furtadas a um jornalista do "Correio da Manhã" que gravava conversas ao telefone com fontes.
Souto Moura chegou mesmo a afirmar, em comunicados difundidos em Agosto de 2004, que o seu gabinete nada teve a ver com as informações transmitidas por Sara Pina e que as conversas tidas com jornalistas "podem resultar, no caso, do cruzamento de informações que pessoalmente tenha obtido".
Sara Pina sublinha ainda nunca ter sido ouvida em inquérito judicial, o que fica estranho, porquanto num despacho de arquivamento proferido pelo Ministério Público, no âmbito do caso das cassetes furtadas, refere que não haver suspeitas de que as informações prestadas por Sara Pina tenham "ocorrido em oposição ou no desconhecimento do respectivo superior hierárquico", tendo o caso sido arquivado pelo DIAP de Lisboa sem que Sara Pina tenha sido ouvida.
Não é por nada, mas uma reapreciação do inquérito não ficava nada mal, e punia-se quem prevaricou.
Souto Moura sai mais uma vez embrulhado em papel pardo e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público que tanto clamou também não sai melhor.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Já era de prever. A comissão política do CDS-PP aprovou uma deliberação que reprova a conduta do líder parlamentar, Nuno Melo, que abandonou a reunião antes do final alegando que a votação “é ilegal” por não constar na ordem de trabalhos.
Fraca desculpa para quem tem feito o que quer, não respeitando a direcção do partido. E mais deve merecer a atenção do grupo de Portas e Telmo Correia (entre outros) é que a deliberação foi aprovada, ao final de uma reunião de sete horas, com 31 votos a favor, dois contra e dois brancos, num universo de 35 votantes.
Foram demasiadas provocações, e se Ribeiro e Castro não actuasse agora correria o perigo de ver esfumar-se no ar a autoridade que conquistou ao grupo portista em pleno Congresso.

O motor de busca Google não pára. Depois do sucesso que alcançou com o Google Earth pretende agora viajar para o Espaço. Em breve, a Lua e Marte também estarão disponíveis a três dimensões no computador de cada um de nós.
A parceria entre a NASA e o Google, vai dar ainda a possibilidade de o famoso motor de busca acompanhar a Estação Espacial Internacional (EEI) e as actividades espaciais em tempo real, bem como aceder a informação sobre as previsões meteorológicas.

Programe a sua vida para amanhã, mas programe bem, pois às 15horas acontece o Orgasmo Global.
Se pretender saber mais é só clicar: http://www.globalorgasm.org/
Agora digam lá que são contra a globalização.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Mais energia. Tomando em consideração o facto do mercado da energia estar liberalizado (actualmente existe apenas um fornecedor, a EDP 5D) e ainda o anunciado aumento de seis por cento nas tarifas de electricidade, já a partir de Janeiro a DECO Proteste decidiu disponibilizar a partir de hoje e até 31 de Janeiro no seu site um simulador de tarifas eléctricas para ajudar os consumidores a escolher a solução mais barata para o seu perfil de consumo.
Recomendo e com a máxima urgência.

O paz e amor natalícios não chegaram este ano ao Largo do Caldas. O recente jantar de Natal de Lisboa foi o que foi, agora já está outro marcado para Santarém e que vai contar com as presenças de Telmo Correia (derrotado em Congresso pelos militantes), do eurodeputado Luís Queiró e do presidente da Juventude Popular João Almeida.
Nâo sei se irão marcar presença Paulo Portas, Paulo Portas, Pires de Lima e uns quantos mais, mas estejam ou não estejam isso não vai impedir que as orelhas de Ribeiro e Castro não sejam molestadas e em grande.

A cultura não é uma mercadoria como as outras, a confirmar isto mesmo está a Convenção Sobre a Protecção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, cujo texto tem como objectivo libertar as diversas "expressões culturais" das regras que regulamentam o comércio internacional, fazendo da cultura uma excepção que pode ser subvencionada pelos Estados.
Esta Convenção, que entrou agora em vigor, foi lançada em 2002 e aprovada em 20 de Outubro de 2005, em Paris. Num total de 150 países, apenas Israel e os Estados Unidos votaram contra e quatro abstiveram-se.
De salientar que já a 2 de Novembro de 2001, em Paris, tinha sido adoptada unanimemente pelos 185 Estados-parte, durante a 31ª Sessão da Conferência Geral em 2001, a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural que constitui o acto inicial de uma nova ética da UNESCO para o séc. XXI, isto porque a comunidade internacional passou a dispor de um instrumento para questões relacionadas com diversidade cultural e o diálogo intercultural, garantes do desenvolvimento e da paz.
A regulamentação está feita, só é necessária a boa vontade dos Governos e dos cidadãos.

Para terminar gostaria de dizer que a demissão de Jorge Vasconcelos da ERSE ainda vai dar um choque em alguém. Cá por mim era no Pinho, mas...

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Por favor façam-me um esquema. Antes de avançar com o conteúdo da crónica devo desde já esclarecer que o ministro Manuel Pinho sempre foi, para mim, o elemento mais fracote deste executivo e aliás não entendo como é que ainda não foi remodelado.
Feito este esclarecimento avancemos pois.
O presidente da Entidade Reguladora do Sector Energético (ERSE) está demissionário do cargo desde a passada sexta-feira.
A sua demissão acontece na sequência do aumento de tarifas da luz eléctrica para 2007 e que o governo, pela voz de Manuel Pinho, rejeitou.
Claro que este é um assunto melindroso e sendo que eu percebo a posição do Governo, já que era um aumento violentíssimo para os nossos padrões económicos.
Mas se percebo o Governo, igualmento percebo as razões de Jorge Vasconcelos. Ele limitou-se a aplicar uma lei que todos concordaram aquando da sua feitura (as críticas da oposição agora são meros exercícios de hipocrisia, já que na altura subscreveram o diploma e as razões que motivaram a sua elaboração). Percebo pois, que se um ministro interfere no trabalho de uma entidade reguladora, que é um organismo autónomo e independente, é natural que o presidente apresente a demissão.
O que me preocupa é que não vai o ministro encontrar alguém com o perfil e conhecimentos de Jorge Vasconcelos para o substituir.
Para além desta preocupação, outra me assalta: é a ingerência do ministro em decisões de organismos independentes, bastando que nos lembremos da anulação deste ministro ao parecer da Autoridade da Concorrência sobre a Brisa passar a dominar as Autoestradas do Atlântico.
Mas para além disto tudo um facto existe que merece a nossa apreciação.
A comissão parlamentar de Assuntos Económicos tinha requerido a sua presença, enquanto presidente da ERSE, na Assembleia da República, para prestar esclarecimentos sobre o processo de aumento das tarifas de electricidade no próximo ano.
Ora Vanconcelos demitiu-se na sexta-feira.
Agora e ao que parece foi desconvocado de prestar esclarecimentos ao Parlamento porque o ministro da Economia dispensou ontem do cargo de presidente do regulador do sector da energia.
Vamos lá ver se nos entendemos: como é que alguém pode ser dispensado de um cargo para o qual já apresentou demissão?
É patético não é?!

Também é patético que a mulher que deixou morrer um filho à fome e andou fugida à Justiça durante 17 anos tenha sido ontem condenada pelo Tribunal de Leiria a oito anos de prisão efectiva por homicídio qualificado, isto mesmo depois dos juízes terem considerado que ela teve o “propósito de o deixar morrer”.
Mais patético se torna o facto de aguardar a decisão dos tribunais superiores, para os quais recorreu, em liberdade.
Há crimes hediondos cuja pena será sempre pequena.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Dá para desconfiar. A jornalista Felícia Cabrita veio ontem dizer no Jornal da TVI que se fez "uma chacina numa figura pública com base num livro sem credibilidade nenhuma”.
Não é por nada, mas se estas são as palavras de Felícia, Pinto da Costa tem razões para ficar preocupado.
Felícia não tem primado por uma posição deveras deontológica.
A cena passada com o "24horas" por causa de um amigo, pseudo-amigo ou nem sequer conhecido da Carolina Salgado não abona nada em favor da jornalista que já tinha sido motivo de reprovação aquando da ligação ou pseudo-ligação desta mesma jornalista com o casapiano Pedro Namora.

Ainda dentro da polémica futebolística. Hermínio Loureiro, presidente da Liga, está contra a participação de arguidos do processo ‘Apito Dourado’ na lista do Conselho de Arbitragem que vai concorrer às eleições da Federação Portuguesa de Futebol.
Diz, sobre esta situação o ex-secretário de Estado do Desporto “Acho mal. Mas o que é que eu posso fazer para alterar essa situação? Acho mal. Acho mal. Que ninguém tenha dúvidas disso.”
Acrescentou ainda “O dr. Gilberto Madaíl apenas me informou sobre as ideias gerais do seu projecto para os próximos anos da Federação. Não falámos de nomes. E como o projecto me agradou, a Liga decidiu subscrever a candidatura do dr. Gilberto Madaíl.” e para terminar rematou “Eu fui indicado pela Liga, de acordo com os Estatutos da FPF que estão em vigor. E estou na lista da direcção, onde não consta qualquer arguido do processo ‘Apito Dourado’. Mais, se houvesse dez listas, eu tinha de fazer parte delas todas. Teria de ser vice-presidente em todas elas.”.
E eu direi a tudo isto que se estivesse no lugar de Hermínio Loureiro, primeiro nem me candidatava à Liga e segundo e pela limpeza que diz ter norteado a sua candidatura, recusava integrar a lista, mas claro que isto sou eu...

Os pilotos. Os pilotos de aviação civil vão realizar um protesto contra o aumento da idade de reforma, que o Governo quer subir para os 65 anos.
Perante a pretensão do executivo de José Sócrates o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil decidiu que os seus associados vão cumprir os seus dias de folga e de férias a partir de quarta-feira.
Uma fonte do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil disse que a escolha do dia de início do protesto tem como objectivo dar tempo às companhias aéreas para organizarem as suas escalas.
Ontem, em declarações à SIC, o sindicato afirmara que esta decisão pode levar a que um grande número de voos seja cancelado.
Sobre isto sou forçado a dizer duas coisas.
Primeira. Estou de acordo com o protesto. A questão da aplicabilidade da reforma aos 65 anos não deve ser generalizada. Há profissões que devem ser tomadas em consideração e a dos pilotos é uma delas. trata-se de uma questão de segurança quer para os passageiros quer para o comum dos mortais.
Segunda. A segunda é mais gravosa e revela imbecilidade por parte do próprio Sindicato. Ora vejamos: o que o Sindicato nos está a dizer é que os pilotos não cumprem os seus dias de folga e os de férias, que o mesmo é dizer que não fazem os intervalos de descanso quando devem, o que quer dizer que trabalhem mais do que é permitido, o que quer dizer que a ser assim os pilotos estão já a colocar em risco a segurança dos passageiros, o que poderia levar a dizer que se fazem isto, porque não trabalhar até aos 65 anos.
Foi uma pedrada lançada pelo Sindicato, mas que acabou por estilhaçar as próprias janelas. E depois não aceitam que os sindicatos devem levar uma lufada de ar fresco...

Leiam a entrevista do chefe da equipa da OCDE que fez o relatório sobre ensino superior. Vale a pena.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Como é que é possível?! Ontem foi dia de Conselho Nacional do PSD. Tomando em consideração o que ultimamente tem aparecido na imprensa, julgava-se que iria acontecer um confronto forte e directo entre Marques Mendes e Luís Filipe Menezes. Puro engano.
Marques Mendes atacou, de forma contundente, a governação de José Sócrates. O líder do PSD acusou o primeiro-ministro de ter um "projecto de poder pessoal" que já está em marcha e que não o projecto do PS. "Começou na Caixa Geral de Depósitos e tem três áreas privilegiadas de controle: a justiça, os principais centros de decisão económica e a comunicação social."
O líder do PSD acrescentou que Sócrates segue a receita de Guterres: aumenta impostos, penaliza a classe média, são os mais pobres e carenciados que pagam mais taxas e contribuições, as PME são o parente pobre da economia, a saúde é caótica e a educação vai de mal a pior. O Governo "disfarça", disse o líder do PSD, atiçando este e aquele sector da sociedade para o fazer despertar para o "sentimento de inveja nacional".
Marques Mendes deixou ainda no ar que "no caso da Madeira tive muitas pressões. Para não ir. Que pagaria um preço alto. Que sofreria fortes ataques políticos e pessoais. Mas fui e não me arrependo." Seria de todo conveniente que, de uma vez por todas acabassem estas suspeições e se falasse claro e com provas e se dessem à estampa os nomes de quem pressionou.
Mas agora pasmem. Luís Filipe Menezes que tem criticado publicamente a estratégia de Mendes, em vários textos publicados na imprensa e em entrevistas, acabou por mudar de agulha. Concordou com a estratégia apontada por Mendes e até se mostrou homem de "fé" na capacidade do partido chegar ao poder em 2009. "Grave é os que dizem o contrário", os que "a pretexto de tudo" fazem permanentemente "ataques pessoais e políticos para dentro do partido". "Quem assim actua está a fazer o jogo do PS, do Governo e do eng.º Sócrates."
É por causa destes troca-tintas que a política e os políticos tem uma elevada percentagem de descrédito.

E por falar no PSD. Uma sondagem, efectuada nos dias 5 a 7 do corrente mês pelo CM/Aximage, dá aos sociais-democratas o valor mais baixo de intenção de voto legislativo entre Outubro do ano passado e Dezembro deste ano. Ou seja, um ano e cinco meses. Neste período de tempo, o PSD só subiu nas sondagens nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2005, mês em que se aproximou mais do PS (34,9% contra 35,2%). A partir daí foi sempre a descer, até atingir agora os 28,6%. Um valor inferior ao conseguido por Santana Lopes nas eleições legislativa de 20 de Fevereiro de 2005 (28,77%).
A coisa está cada vez mais complicada.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público insurgiu-se contra o silêncio do Governo em relação aos magistrados que são alvo de ameaças e pressões e exigiu uma intervenção. António Cluny, presidente do sindicato, disse que "há um crescendo de situações cada vez mais ameaçadoras e não haver uma clara condenação [do Governo] pode dar a ideia de que não é assim tão grave, nem importante".
O presidente do sindicato declarou ainda que "este silêncio do Governo pode ser mal entendido", e que uma "intervenção oportuna" por parte do Executivo poderia desencorajar eventuais ameaças e pressões a magistrados. António Cluny lembra que as ameaças e pressões tomaram novas proporções no âmbito do processo "Apito Dourado", quando foram divulgadas notícias sobre alegadas "devassas da vida privada e perseguições" a magistrados.
Primeiro: que eu saiba esses mesmos magistrados não apresentaram queixa apesar de num dos casos (o procurador de Gondomar) ter reconhecido o perseguidor. No mínimo é estranho.
Segundo: se o Governo interviesse, aqui del-rei que o poder executivo está a imiscuir-se no poder judicial, não observando a lei de separação.
O grande problema é que o Procurador Geral da República actuou e com rapidez, possibilitando que se faça escola para casos complexos do futuro e a nossa justiça não está muito habituada a este tipo de movimentações.
Provoca algum constrangimento ver o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público embarcar nestes botes à deriva.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Vá lá a gente entender. O Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, procedeu à introdução do controlo de assiduidade por impressão digital. Este novo sistema foi de imediato criticado pelo Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos, por considerar que a medida reduz a actividade médica a "um exercício essencialmente burocratizado em que tudo se subordina à simples lógica dos ponteiros do relógio", atribuindo mesmo a esta medida todas as responsabilidades por decréscimos de produtividade que venham a ocorrer.
E não satisfeito, este Conselho recomenda aos médicos que "não iniciem a prática de quaisquer actos médicos que, pela sua natureza e por poderem prolongar-se para além do seu horário normal de trabalho, acarretem risco de descontinuidade assistencial para os doentes".
Então mas os médicos não são funcionários como quaisquer outros?
Do que é que a Ordem tem medo afinal?!

Não é por nada, mas julgo que a nomeação de Maria José Morgado deve ter provocado insónias em muita gente que adora pavonear-se nos meandros futebolísticos. Mas para além das insónias deve ter igualmente provocado inveja no ex-Procurador Souto Moura que não foi capaz de ter uma ideia destas quando começou o "Apito Dourado".

Deixo-vos aqui um artigo sobre medicamentos publicado no DN de hoje e que reputo de leitura obrigatória.

Estava-me já a esquecr. Para quem tinha dúvidas de que os deputados do PP andavam a fazer a cama ao presidente do CDS, penso que ontem ficaram dissipadas. O discurso de Nuno Melo no jantar de Natal frente a Portas, que esteve presente, foi preto no branco.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

É inevitável não falar novamente do famoso livro de Carolina Salgado. Estou em crer que a primeira edição esgotou porque nós temos a tendência para o "voyeurismo". As historietas que os jornais publicaram e publicam, fazem as delícias das mesas de cafés, das redes fixas e móveis de uns telefones com e sem escuta, dos mails e do universo da blogosfera, onde me aliás me incluo.
Mas se bem que possam ser interessantes para alguns as flatulências de Pinto da Costa, o cafuné, as massagens, o corte das unhas e dos pelos do presidente do FCP ou até mesmo o seu gosto pelo trazer das histórias infantis para os lençois, para mim há aspectos muito mais interessantes e pertinentes.
Nas páginas deste livro Carolina Salgado consegue aquilo que os investigadores do Ministério Público não foram capazes de descobrir durante dois anos (o inquérito ainda não tem conclusões): a fuga de informação que se verificou na Polícia Judiciária do Porto.
De igual modo Carolina Salgado desvenda o mistério da agressão de que foi vítima o dr. Ricardo Bexiga, facto que também motivou dois anos de investigação, sem qualquer resultado (não entendo aliás como é que teve de ser o próprio dr. Ricardo Bexiga a dirigir-se ao DIAP para entregar o livro para juntar aos autos, para além de não entender como é que ainda ninguém foi preso por este crime, quanto mais não seja a própria Carolina que diz ter sido quem contratou os operacionais).
Se a isto juntarmos as perseguições ao procurador adjunto de Gondomar (de que estranhamente ele não apresentou queixa) estaremos perante um guião que nada ficaria a dever à celebre série que passou na RTP de nome "O Polvo".
Ora é isto que é preocupante.
Mas volto a afirmar: é preocupante isto e é preocupante o facto de ser preciso um livro para que se olhe para isto, quando estamos perante matéria do conhecimento de todos.
Aliás estranho mesmo que o sr. secretário de Estado do Desporto se preocupe com o caso de Nuno Assis (que deve merecer atenção é claro) e não tenha uma palavra a dizer sobre tudo isto, e mais, que deixe que se candidate à Federação Portuguesa de Futebol uma lista onde se encontram os nomes de Carlos Esteves e Francisco Costa, dirigentes que estão indiciados pelos crimes de corrupção no âmbito do "Apito Dourado" e o ex-árbitro José António Pereira que tem uma escuta onde declara que perdoou uma grande penalidade e tendo ganho com isso um par de sapatos (e nada me dizem as declarações do sr. Gilberto Madaíl, porque a ética e a dignidade são aspectos essenciais). Aguardemos pelo dr. Laurentino Dias, se é que ele vai dizer alguma coisa.

A quem estiver interessado aqui deixo o relatório da OCDE sobre o ensino superior em Portugal: versão preliminar e síntese do relatório.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Hoje vou à justiça. Ontem e hoje existiram duas decisões que me deixam enojado. Eu sei que a justiça é feita pelo homem, logo passível de ser falível, mas que diabo, ultimamente as decisões começam a ser demasiado falíveis.
- A jovem que matou o ex-namorado -inconformada com o fim do romance - com ácido sulfúrico em 2001, regressou ontem ao Tribunal de Leiria, mas continua por apurar se é ou não responsável pelos seus actos. Enquanto se discute se é ou não imputável, Fátima, que foi condenada pelo crime, está em liberdade.
Tenham lá paciência. Deixem de andar a brincar às imputabilidades e fechem a senhora numa cela para que ela pague pelo assassínio monstruoso que cometeu.
- O Tribunal de Oeiras condenou hoje a 12 anos de prisão por abuso sexual de crianças e continuado o ex-companheiro da mãe de Daniel, o menino de seis anos surdo-mudo e amblíope encontrado morto em sua casa em Setembro do ano passado. A mãe do menor, acusada de maus-tratos e negligência, foi absolvida.
Convém não esquecer que os abusos sexuais praticados por Fábio Cardoso foram a causa de morte de Daniel, provocando-lhe uma peritonite aguda de que veio a falecer.
12 anos e uma absolvição era quanto valia a vida do Daniel?


E por falar em justiça... Parece que ontem o "envelope 9" teve novos desenvolvimentos e ao que parece surpreendentes.
Ou me engano muito ou ainda vamos ter novo relatório e talvez em menos tempo.



E agora música. Todas as partituras de Mozart estão disponíveis gratuitamente na Internet por iniciativa da Fundação Internacional Mozarteum de Salzburgo, cidade do compositor, no encerramento das comemorações dos 250 anos do seu nascimento.
Em www.dme.mozart.at (DME quer Digital Mozart Edition) estão disponíveis mais de 600 criações de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), classificadas em 10 séries, que vão desde os cantos litúrgicos aos concertos para orquestra, passando por música de câmara e obras para piano.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

O prometido é devido. Ontem disse que ia falar sobre a crónica de Paulo Portas, onde este tece comparações entre os políticos portugueses e os espanhois, e é isso que vou fazer.
O referido artigo tem por título "O valor da peseta" e vem publicado na última página da revista Tabu, n.º 13 de 8 de Dezembro de 2006. Para quem não saiba esta revista acompanha o semanário "Sol", o tal que o arquitecto Saraiva criou para destronar o "Expresso", mas que pelos vistos não está a dar resultado, até porque o "Sol" mais parece o "Povo Livre" do que um semanário de referência. Até este momento só tem servido para dar a conhecer as teorias sexuais de Margarida Rebelo Pinto.
Mas voltemos ao artigo em si.
Nele Paulo Portas estabelece comparações deveras interessantes.
Na primeira diz que Franco foi melhor do que Salazar. Para mim entre um e outro venha o dabo e escolha.
Na segunda diz que Juan Carlos não tem comparação com Vasco Gonçalves. É uma comparação que não tem lógica sequer e que por ser tão absurda nem merece comentário.
Na terceira afirma que Felipe González foi melhor que Mário Soares e Guterres. Talvez partilhe da mesma opinião quanto ao segundo, porque relativamente ao primeiro terá de ser uma análise mais cuidada, porquanto os dois foram preponderantes no momento e os dois cometeram erros.
Na quarta acentua que Aznar foi melhor do que Cavaco e Durão. Sobre esta quarta comparação apraz-me salientar que estou de pleno acordo mas, existe sempre um mas, esta comparação não foi feita com total seriedade.
Paulo Portas esqueceu-se de dois pequenos pormenores.
O primeiro é que Aznar foi melhor do que Cavaco, Durão e Pedro Santana Lopes, é importante não esquecer que Santana Lopes tem de entrar nesta lista, tentem ou não branquear o seu período governativo ele existiu.
O segundo pormenor é que Portas foi vice-primeiro ministro, porquanto Durão fez uma coligação governativa com Portas, coligação que impôs a Santana.
Quer isto dizer que a quarta comparação está muito ligeira, porquanto ela deveria ser assim: Aznar foi melhor que Cavaco e que as duplas Durão/Portas e Santana/Portas.
Eu sempre ouvi um ditado que dizia que quem conta consigo é burro, mas neste caso nada disso estava em causa, o que estava em causa é a ombridade que neste caso falhou retundamente.
Pasmem. Os bancos a operar em Portugal tiveram um lucro diário de 6,6 milhões de euros nos primeiros 181 dias do ano. De acordo com os dados revelados pelo Boletim Informativo da Associação Portuguesa de Bancos (APB) referentes ao primeiro semestre de 2006, o resultado líquido da Banca ascendeu aos 1,2 mil milhões de euros. A maioria dos lucros decorreu de juros e de comissões sobre serviços.
Talvez estes números sirvam para refrear as ameaças produzidas por João Salgueiro.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Este fim-de-semana, alargado devido ao feriado, foi fértil em peripécias, algumas das quais dignas de registo.
Primeiro. O caso que esteve na origem das demissões do ex-director da PJ, Adelino Salvado, e da assessoura de Souto Moura na PGR, em 2004, foi arquivado.
Até aqui nada de especial e que não estivéssemos já à espera. Só estranho é que afinal o Procurador Geral da República sabia de tudo, sendo por isso que a assessora não violou o segredo de justiça.
Continua-se a advogar em causa própria, e quando assim é nada feito.

Segundo. O Banco Central Europeu aumentou, pela sexta vez num mesmo ano, a taxa de juro de referência.
Talvez vá sendo tempo de questionarmos se esta alteração era mesmo necessária.
Tanto quanto nos explicaram, o BCE tinha como finalidade o controlo da inflação dentro da zona euro. Ora que eu saiba o euro subiu e o preço do crude caiu, o que faz com que o controlo da inflação esteja quase conseguido.
Se tudo está dentro dos parâmetros normais, porquê esta subida?

Terceiro. O julgamento do processo cível de Paulo Pedroso contra o Estado português vai decorrer à porta fechada. Porquê? Não estamos perante um processo cível onde o que está em causa é um pedido de indemnização?!

Quarto. Morais Sarmento acaba de posicionar-se na grelha de partida para destronar Marques Mendes e ocupar a liderança do PSD.
E Sarmento não é o único, pois Luis Filipe Menezes já organizou um repasto onde pontuaram menezistas, santanistas e muitos outros istas que não vêem em Marques Mendes o "marceneiro" qualificado para lhes fabricar a cadeira do poder.

Quinto. Em Portugal, e mesmo noutro país, qualquer um escreve um livro, isto mesmo que as capacidades para o fazer sejam manifestamente poucas.
Chegou agora a vez de Carolina Salgado dar voz à sua veia literária pela mão de uma professora de português.
Mas porquê Carolina Salgado? Porque viveu com Pinto da Costa, o poderoso presidente do FCP, e agora num gesto de ressabiada devido ao abandono, decidiu colocar a nú tudo o que viveu e fez com o "papa" do norte.
Mas o que para mim está em causa é o grande alarido que o livro causou.
O "Apito Dourado" não deixava já antever que o futebol nacional navegava em águas demasiado turbas? Claro que sim.
Isto foi só uma maneira da senhora ganhar uns cobres, porque no essencial nada é novidade, antes pelo contrário é tudo mais do mesmo.


Agora falemos do que o dinheiro, ou melhor a falta dele é capaz de fazer.
A Lei das Finanças Regionais não satisfaz Alberto João Jardim. Vai daí, o líder madeirense não foi de modas e declarou-se aliado de todos os que pretendam derrubar o governo de Sócrates, sejam eles colonialistas, cubanos, comunistas, filhos da p., jornalistas, sindicalistas, etc., etc., numa palavra o que ontem era tralha, hoje são aliados.
Mas não satisfeito ainda desafiou Cavaco Silva dizendo que se ele "tem dúvidas sobre estas matérias, que venha a hora da verdade da democracia, a consulta popular, dissolva o Parlamento e vamos a votos. Eu sou candidato."
Nas suas palavras existem duas coisas interessantes: a primeira é "verdade da democracia", coisa que eu julgava que Alberto João não soubesse o que era; a segunda é "Eu sou candidato", que eu julgo que se trata de um aviso aos madeirenses no sentido de lhes dizer meus amigos, nada vai mudar porque eu estou cá e ai de vocês se não votarem em mim.

Amanhã prometo falar de um artigo sobre políticos que Paulo Porta escreveu.

Entretanto deixo-vos a hiperligação para ao Relatório da OCDE sobre o ensino e que merece uma cuidada leitura.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Uma boa nova. A partir de hoje, os cidadãos da União Europeia podem consultar uma base de dados na Internet com indicações dos medicamentos aprovados no espaço comunitário.
O Eudrapharm, que está disponível em www.eudrapharm.ue, é um projecto liderado pelo Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), realizado em colaboração com a Agência Europeia do Medicamento.
Numa primeira fase, a informação apresentada na base de dados europeia vai estar disponível apenas em inglês, sendo que a partir do próximo ano, prevê-se que o Eudrapharm passe a integrar também informação sobre os medicamentos aprovados individualmente por cada um dos países, sendo que Portugal e a Suécia vão ser os primeiros a disponibilizar esta informação.

Ontem deeu-se o render da "guarda". Ontem tomou posse o novo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Valença Pinto.
na sua tomada de posse o novo CEMGFA defendeu que os militares não têm que ter «privilégios» mas «um tratamento específico». «Os militares têm que ser tratados como aquilo que são, isto é, um corpo com obrigações especiais, que implica tratamentos próprios e diferenciados, são um corpo diferenciado no quadro da administração pública».
Apesar das suas palavras, convém não esquecer que Valença Pinto subscreveu, enquanto Chefe de Estado-Maior do Exército, um memorando em que acusava o Governo de tratar os militares como quaisquer outros funcionários públicos. A carta, que tinha data de Outubro, só foi divulgada na semana passada.
Pois bem, isto leva-me a tecer alguns comentários.
Em primeiro é imperioso que fique bem claro que foram as Forças Armadas que fizeram regressar a democracia a este país e que governos houve que produziram leis absurdas e não só produziram como aprovaram algumas que nunca cumpriram, o que denota uma larga e profunda irresponsabilidade no relacionamento com a instituição militar.
Mas se o anterior é verdade, também não é menos verdade que a divulgação da referida carta que, importa referir, possui algumas ameaças ao poder político, o chamado "passeio do descontentamento" na baixa de Lisboa, as declarações de um anterior CEMGFA no programa "Prós e Contras" onde acusou o Governo de estar a fazer duas Marinhas e por aí adiante, não se enquadram na imagem de disciplina que se deve exigir às Forças Armadas num estado democrático. Estes dois factos podem traduzir-se numa critica ao poder político, mas uma crítica em praça pública.
Ora isto não pode ser admissível e não pode ser porque isto ao acontecer transporta para a opinião pública a imagem de umas Forças Armadas indisciplinadas e desafiantes do poder político. E pior do que isso é que o que está em causa são as chefias, porquanto são elas que lideram as críticas.
É fundamental que se olhe para Forças Armadas como um instrumento de defesa da Nação e do Estado, mas para que isso aconteça também é fundamental que obedeçam ao poder democrático e só neste contexto, respeitando-se e dando-se a respeitar, é possível olhar para elas, Forças Armadas, como parte integrante de uma democracia que ajudaram a implantar.

Para terminar deixo dois artigos de opinião de Vasco da Graça Moura e Vicente Jorge Silva sobre as TLEBS.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Não sei se foi a explicação que foi mal dada se outro qualquer motivo, o que é certo é que a minha crónica de ontem gerou dois telefonemas acusatórios e como tal, e para que não reste a mínima dúvida, passo a explicar.
Eu percebo que Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa digam o que quiserem sobre o caso de Camarate.
Posso até admitir como correcto que o não julgamento do processo de Camarate seja, como diz Marques Mendes, "uma vergonha para a nossa democracia, uma mancha no nosso Estado de direito".
O que eu já acho perigoso são as outras palavras. É que o líder social-democrata também diz e face à prescrição do processo que acredita que será possível "um consenso alargado no Parlamento" para "tentar encontrar uma solução que não seja uma interferência do poder político no poder judicial, mas que permita o ."
Ora seja qual for a solução, será sempre uma interferência no poder judicial, interferência essa que é perigosa, porquanto a Assembleia terá de criar uma lei especial que permita o julgamento. Isto quer dizer que estamos a fazer uma lei para um caso especial, o que por si só é um precedente perigoso.
E porquê uma lei para este caso e não para outros.
O PSD e o seu líder com este discurso entraram num beco sem saída e isto porque o processo prescreveu dentro dos prazos normais estabelecidos pela lei e o PSD apesar do que tem dito dentro e fora das várias comissões parlamentares, nunca se esforçou para que a verdade fosse esclarecida. Mas o PSD não esteve sozinho neste laisser-faire, laissez-passer: teve a companhia do PS do CDS.
Agora, passados 26 anos é que estão todos aflitos e percebe-se porquê.
Para Mendes é ouro sobre azul se conseguir o julgamento, porquanto este vai servir de arma de arremesso contra os seus opositores.
Para o CDS é bom para os dois lados. Para o grupo parlamentar que tem mais uma vantagem sobre a direcção. Para a direcção é bom, porque aparece assim ligada à resolução de um caso antigo.
Para o PS e Governo isto serve às mil maravilhas. E porquê? Porque já tem material para negociar o procurador especial.
Realmente a política não é para todos...

É difícil deixarmos passar em claro. O sr. D. Duarte deu uma entrevista ao DN no passado domingo. Deixá-la passar em claro era um crime, por isso aqui fica com o meu comentário que não poderá ir além de: coitado de quem as ouve(neste caso lê), porque quem as diz fica aliviado.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Não é por nada ou se calhar é por tudo, mas a notícia jornalística inserta no Correio da Manhã de hoje deixou-me deveras preocupado.
O trabalho pode ser lido em
http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=223251&idselect=181&idCanal=181&p=0
sendo que o que me preocupa é o tal procurador especial, para além de voltarmos à comédia de comissões e mais comissões para Camarate.
Penso que tal como a nova lei sobre televisão, também esta história do procurador especial merece uma atenção redobrada da nossa parte.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Li hoje num jornal diário que a Associação Franco-Portuguesa da Defesa dos Doentes em Portugal, Associação essa composta por emigrantes, se manifestou em Paris.
João Cunha, presidente dessa Associação, declarou que "em Portugal o sistema de saúde é mau. Os médicos não comunicam com os doentes, não lhes dão informação e não os escutam. Não são humanos."
Este senhor pode ter muitas razões de queixa de tudo, mas não tem razão naquilo que afirma. Mais, estou convicto que João Cunha não está a falar dos médicos portugueses e comprovo isso mesmo por a+b ao longo deste ano.
A manifestação agora ocorrida em Paris e a próxima que está programada para Bordéus só revelam ignorância e pretensiosismo, para além de transmitirem uma imagem lá fora que não é verdade.

Claro que somos. José Luís Datena revelou no seu programa policial "Brasil urgente" que passa na TV Bandeirantes no Brasil, que todos os problemas actuais que o Brasil atravessa são culpa dos portugueses.
Tem toda a razão.
Os portugueses são não só os responsáveis pelos problemas do Brasil mas também pelos problemas do Líbano, do Paquistão, dos tsunamis, etc., etc..
Isto mesmo não mereceria destaque se fosse a primeira vez. Mas não, não é a primeira vez que este senhor produz comentários descabidos sobre os portugueses.
Mas claro, no dia em que aterrar na Portela, Faro, Pedras Rubras ou outro qualquer, vai dizer que esta viagem foi a que sempre quiz fazer, que tinha muitos desejos de conhecer o país irmão e os seus antepassados lusos e outras patacoadas que tais.

Vamos à justiça. Há poucos dias li alguns comentários menos abonatórios produzidos, tanto quanto me lembro, por três magistrados onde estes teciam duras críticas não só ao pacto para a justiça, bem como ao próprio ministro e ao sistema governativo para a justiça.
Pois bem, hoje comemora-se Dia Internacional das Pessoas com Deficiência e eu lembrei-me que um magistrado decidiu enviar para casa a aguardar julgamento um casal que sequestrou e violou durante 45 horas uma deficiente.
Será que esta decisão também teve fundamento no pacto da justiça.
Talvez fosse interessante que os juízes antes de criticarem olhassem para algumas sentenças.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Ora toma. O Senhor D. Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança no discurso de 1 de Dezembro, perante mil convidados, afirmou: “Atravessamos há muito, como País, uma crise depressiva. Tanto bastou para que nos antecipássemos precipitadamente a desperdiçar rendimentos que ainda nem sequer tínhamos gerado.”
Não contente avançou, em declarações ao "Correio da Manhã que a democracia portuguesa “já não é uma democracia, é uma fraude” explicando que a actual lei de referendo permite que “os portugueses falem de vários assuntos, excepto da natureza do próprio regime”. Em causa está o artigo 288.º, alínea b) da Constituição que condiciona a revisão constitucional a “respeitar a forma republicana de governo”.
Sobre o referendo sobre o aborto, declara que o seu voto é ‘não’, justificado por uma pergunta que “é um insulto à democracia portuguesa e é desonesta”. E defende não ser aceitável “a legalização da morte como solução de um problema económico e social”.
Deu-lhe agora para a intervenção.
Gostaria de ouvir o republicano Manuel Alegre sobre estes comentários, ele que há pouco tempo teceu os melhores elogios ao sr. D. Duarte.

Camarate voltou à liça. Causa-me alguma perturbação que volta que não volta o caso de Camarate volte às comissões, aos tribunais.
Com toda a certeza que Sá Carneiro e Amaro da Costa dão voltas no túmulo pela muita hipocrisia que abunda neste tema.

Uma rádio não isenta. Será legítimo a uma rádio nacional declarar que defende o não ao aborto.
Acho lamentável que a Rádio Renascença assuma uma posição colectiva sobre uma matéria deste teor. Ao tomar esta posição a RR declara-se incapaz de ser isenta na discussão deste tema.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O pessoal põe-se mesmo a jeito. Pois é, existe um grupo de pessoas que adora colocar-se a jeito para levar umas "ripadas". Das duas uma: ou são masoquistas ou esta é a forma escolhida para irem aparecendo.
Manuel Alegre faz gaudio em pertencer a este grupo.
Desta vez foi o Orçamento de Estado para 2007.
Tal como já tinha acontecido na votação na generalidade, Alegre votou o OE, mas apresentou declaração de voto com críticas relativas à opção do Governo.
Alegre reconheceu que o orçamento tem mérito de não recorrer a alguns expedientes para cumprir as limitações e que foi "por essa razão, e pela gravidade da situação em que nos encontramos, votei conforme orientação do grupo parlamentar do PS".
Por outras palavras, diz, o referido senhor, que votou favoravelmente o documento por disciplina partidária.
A quem é que Alegre pretende enganar? O que é a disciplina partidária para Manuel Alegre?
Foi a disciplina partidária que o fez avançar como candidato contra o seu próprio partido.
Foi a disciplina partidária que o levou a dizer mal dos partidos durante a campanha.
Foi a disciplina partidária que o levou a votar favoravelmente duas propostas de alteração ao Orçamento de Estado para 2007 do PCP e do BE.
Mas foi a disciplina partidária que o integrou na lista de deputados por Coimbra contra a vontade dos militantes, mas claro que disso ele não fala.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

O Papa na Turquia. Bento XVI faz todos os possíveis para que as pessoas se esqueçam do cardeal Ratzinger.
Em 2004 (não foi há tanto tempo assim) o agora Papa declarou que a Turquia era, em matéria de religiosidade, a face de um outro continente, pelo que a sua integração na união Europeia era para esquecer porquanto não fazia o menor sentido.
Agora, e numa reviravolta de 360.º Bento XVI vai à Turquia apoiar a integração deste país na União Europeia.
Já se sabia que a incoerência era uma das fortes prerrogativas de Bento XVI, só não se sabia que era tão forte assim.
Tudo isto é interessante de analisar, e é-o não só o que anteriormente fica dito, mas também o facto de este Papa defender a inclusão de referências à herança judaico-cristã na Constituição Europeia (embora não entenda porquê, mas isso são outros quinhentos).
Se assim é como é que defende agora a inclusão de um país de maioria muçulmana?

Os rapazes estão mesmo aborrecidos. "Se o senhor Presidente da República tiver dúvidas sobre o que pensam os madeirenses e porto-santenses sobre esta lei, há uma solução prevista na Constituição, que é a dissolução dos órgãos de governo próprio e consequentes eleições regionais antecipadas".
Estas são as palavras do vice-presidente do PSD-Madeira, José António Couto Pita a propósito da nova Lei de Finanças das Regiões Autónomas.
Como até aqui a coisa tem sido à grande e à francesa Alberto João e Jaime Ramos só se têm entretido a chamar nomes a jornalistas e aos políticos do continente. Agora como a coisa começou a apertar já vêm os de segunda linha pedir eleições, já que a bandeira independentista não serviu.
A isto chama-se desespero.

E por falar em aborrecidos. Os autarcas do Grande Porto estão indignados com o Tribunal de Contas devido ao relatório por este publicado sobre a empresa Metro do Porto.
Claro que eu percebo a indignação e tudo o mais, o que eu não percebo é:

Valentim Loureiro - vencimento base: 3250€; prémios de gestão e viatura: não tem; plafond de cartão de crédito anual: 14936.94€

Manuel de Oliveira Marques, presidente da comissão executiva - vencimento base: 10723€; prémio de gestão: 95947€; viatura: 50877,39€; cartão de crédito: 14936,94

José M. D. Vieira, vogal da comissão executiva - vb: 9748€; pg: 87225; viat.: 53456,89€; cartão c.: 14936,94€

Alberto A. Pereira, vogal da comissão executiva até 09/03/04 - vb: 9748€; pg: 87225€; viatura: 51903,02; cartão c.: 14936,94

Juvenal Silva Peneda, vogal da com. executiva após 10/03/04 - vb: 9748€; pg e viatura: não; cartão c. 14936,94€

Rui Rio - só vencimento base de 3250€

Mário de Almeida - só vencimento base de 3250€, porque abdicou do cartão de crédito

Narciso Miranda - vencimento base: 3250€ e cartão de crédito: 14936,94€.

(saliente-se que estes são dados dos serviços do MP e que Valentim Loureiro, Rui Rio, Mário de Almeida e Narciso Miranda, são administradores não executivos),

contrastando com o facto de nos quadros contabilísticos elaborados pelos peritos do TC se ter verificado, de 2002 a 2004, um aumento de 81,8% do passivo da empresa, que, em 2002, se situava nos 675 milhões de euros e, dois anos depois, nos 1,2 mil milhões de euros.
Ora, e apesar dos resultados negativos, a empresa foi premiando os seus administradores, possivelmente pelo excelente desempenho na subida do passivo.
Possivelmente não estamos perante uma situação virgem e nem única, mas seja de que forma for é urgente colocar um fim a casos destes.
Menos desperdício, maior riqueza.

E a terminar, vejam aos pontos que isto chegou

Vejam o custo total e a comparticipação. A diferença vai para onde?

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Não há volta a dar. Portugal não tem emenda. Embrenha-se na teia burocrática, gasta dinheiro estupidamente e continua tudo na mesma.
Isto é o que me apraz dizer relativamente à decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra que decidiu dar provimento à acção da Câmara que exigia uma avaliação de impacte ambiental para a co-incineração.
Quantos estudos, quantas comissões, quantas sessões a esclarecer a matéria foram realizadas desde que Sócrates tinha a pasta do ambiente? Alguem já contabilizou os custos? As posições alteraram-se?

Tem piada. O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, diz-se disposto a negociar com a Autoridade Nacional Palestiniana a declaração de um Estado palestiniano com soberania absoluta, fronteiras definitivas e continuidade territorial, bem como a libertar prisioneiros. Tudo em troca do soldado israelita Gilad Shalit.
Ou seja o primeiro -ministro de um país que recebeu das mãos dos aliados e da Sociedade das Nações terrenos usurpados aos palestinianos e que, não contente ainda e com o beneplácito do Ocidente, a posteriori ocupou ainda mais terra dos palestinianos, diz agora que está disposto a aceitar um Estado palestiniano na Palestina, ou seja aceita que se funde um Estado na terra que sempre foi dos palestinianos.
Digam lá que isto não tem piada?!
Vejam lá se ele declara que vai deixar de atacar populações indefesas na Faixa de Gaza, ou que vai deitar abaixo o muro vergonhoso, ou que vai devolver os impostos dos palestinianos ou que vai retirar da terra que roubaram. É o declaras...

Prós e Contras. O programa da RTP serviu ontem para o sr. ministro do Ensino Superior e Tecnologia dar uma aula não só política, mas também de gestão aos reitores das Universidades e Institutos Politécnicos.
Quem assistitiu ao programa percebeu bem o problema. E quem está um pouco mais por dentro destas matérias, sabe onde e como é gasta uma boa parte da verba afecta ao ensino superior.
Só faltou ao sr. ministro exigir que os estabelecimentos de ensino superior divulgassem ao público as provas de acesso que realizaram áqueles que não têm o 12.º ano e têm mais de 23 anos.
Mas claro que essa divulgação não interessa a ninguém, porque quantos mais entrarem mais dinheiro também entra e isso é óptimo para as instituições e maravilhoso para o governo.

Agora deixo-vos um excelente artigo publicado hoje no DN: http://dn.sapo.pt/2006/11/28/economia/o_assusta_sindicatos.html

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Tenho eu e temos todos nós plena consciência de que o nosso país não podia continuar sem que fossem produzidas alterações profundas.
Claro que sou de opinião que se estas mesmas alterações tivessem sido introduzidas há alguns anos e não de forma tão abrupta estaríamos, por certo, num outro rumo e mais aliviados, mas como todos foram protelando, olhando mais para a cadeira do poder que propriamente para o país, estamos agora a sofrer as consequências drásticas dessas indecisões governamentais.
Vem isto a propósito do "passeio do descontentamento" realizado ontem por elementos das Forças Armadas, sendo que lamento dizê-lo mas esta luta faz-me lembrar a greve dos magistrados e de outros sectores da vida portuguesa.
Acho que estamos perante uma situação que poderemos definir como pescadinha de cauda nos lábios.
Não é possível ao país continuar a pagar uma série de benesses que foram sendo atribuídas como forma de aquietar o poder de uns, os desejos de outros, enfim, benesses que uma grande parte sustenta para uma pequena. Custa-me perceber o porquê do estado subsidiar tantos subsistemas de saúde, sendo que esse subsídio não é uniforme. Custa-me a perceber que as progressões nas carreiras não estejam dependentes de avaliação. Seria curioso que o sector privado actuasse da mesma forma nas carreiras (ao fim de poucos anos uma empresa deixaria de ter operários para possuir simplesmente chefes, assessores, directores, etc. e etc.
Mas não fique a ideia de que estou de acordo com tudo, porque não é verdade. Por exemplo existem duas ou três coisas de que discordo no Estatuto da Carreira Docente e que forçosamente devem ser revistas.
Mas existe um facto que me deixa desconcertado no meio de tudo isto.
Ontem o líder da comissão organizadora do "passeio do descontentamento" fez um apelo ao Governo para que "faça a leitura que se impõe" perante a "afirmação inequívoca" das centenas de militares que se juntaram no Rossio.
Este líder e outros estão no seu pleno direito de dizerem isto. Mas será que este e outros líderes ao lerem as sondagens não se poderão questionar sobre quem está errado: se eles se o Governo?
Não é por nada mas a mais recente sondagem diz que o PS em Novembro subiu 1,4 por cento relativamente a Outubro, tendo agora 43,4% das intenções de voto, ou seja está no limiar da maioria absoluta.
É uma situação paradigmática.

Outra situação paradigmática é a que se vive no grupo de deputados do PCP.
Ainda a situação do presidente da Câmara de Setúbal a quem o PCP retirou confiança política e obrigou a abandonar a autarquia não estava bem digerida por quantos votaram CDU em Setúbal devido ao cabeça-de-lista e já o PCP se mete em nova argolada, agora com deputados.
Luísa Mesquita, Odete Santos e Abílio Fernandes foram "empurrados" para fora da Assembleia.
A primeira, porque não gosta de empurrões viu ser-lhe retirada a confiança política. Quanto aos outros dois já aceitaram resignar ao cargo.
Tenho para mim que o PCP perde duas grandes deputadas que sem sombra de dúvida possuem maiores capacidades que o próprio líder da bancada. E se o PC perde duas deputadas, o povo português perde na Assembleia duas grandes consciências críticas.
Claro está que a história da renovação está mal contada, sendo que o que mais estranho é o silêncio de Odete Santos.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Não podia passar em claro. É uma situação tão caricata que merece ser aqui transcrita, não por piada, mas porque deve ser analisada por cada um de nós.
Aqui vai:

"PSP interveio para "matar a sede"
Se em tempos as manifestações estudantis eram marcadas por confrontos com as autoridades, ontem a polícia interveio no protesto dos alunos do Secundário em Lisboa, mas apenas para garantir que a pastelaria da zona vendia cerveja aos estudantes.
O protesto frente ao Ministério da Educação (ME) contra as aulas de substituição foi vigiada de perto por duas dezenas de agentes da PSP e duas carrinhas do corpo de intervenção, que se limitaram a assistir à iniciativa.
Sem quaisquer confrontos, nada haveria a registar da actuação das autoridades se um grupo de cinco alunos não tivesse recorrido aos agentes para fazer cumprir a lei numa pastelaria próxima do ME, que se recusou a vender-lhes cerveja, apesar de terem mais de 16 anos.
"Viemos falar com os agentes das autoridades porque sabemos que é ilegal recusarem-se a vender-nos imperiais. Já temos idade e não estamos embriagados. Temos direito a beber", explicou à agência Lusa André Mendonça, de 17 anos.
Perante a queixa, a Polícia aconselhou os estudantes a regressarem ao café e apresentarem os respectivos bilhetes de identidade para comprovar que a sua idade os habilitava legalmente a beber, mas o argumento não foi suficiente para convencer o empregado da pastelaria.
Para resolver a situação, um agente da PSP teve mesmo de dirigir-se ao estabelecimento, explicando ao dono que, de acordo com a lei, nada impedia os estudantes de "matar a sede" com uma cerveja." JN de hoje

Comentários? Para quê


No mínimo é estranho. Manuel Alegre foi ontem o orador na sessão de lançamento do livro D. Duarte e a Democracia - Uma Biografia Portuguesa, de Mendo Castro Henriques.
Mais estranho se torna se tomarmos atenção à troca de elogios entre aquele que há dez meses se quis sentar no Palácio de Belém e o herdeiro do trono português. "Manuel Alegre é uma pessoa que muito admiro pela defesa intransigente dos valores da portugalidade", declarou D. Duarte aos jornalistas mesmo antes de entrar no anfiteatro. Já na sala, Alegre considerou que "a Pátria está acima da República ou da Monarquia". Recordou o avô materno, carbonário, e o paterno, que "costumava atirar aos pombos com D. Carlos". Elogiou as "causas" do duque, defensor dos "grandes temas da cidadania moderna e de um renovado conceito de patriotismo". E disse ainda "Eu, que sou republicano, partilho muitos dos valores defendidos por D. Duarte." Porque é necessário "erguer Portugal acima dos interesses financeiros obscuros, contra o conformismo e o poder do dinheiro."
Alegre ouviu muitos "muito bem" e recebe da plateia de monárquicos a maior ovação da noite.
E foi este candidato que na campanha se arrogou no direito de trazer para a praça pública nomes como Fernando Vale e Miguel Torga. Tenha lá pacência e decência...

A terminar gostaria de dizer que espero que Carmona Rodrigues tenha na sua conta pessoal um valor superior a 60 milhões de euros para indemnizar a Lismarvila. Sim que a culpa do empreendimento avançar é dele e só dele, pelo que será lógico que seja ele a pagar do seu bolso a asneira. Esperemos pelos novos capítulos da novela.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Ainda as TLEBS. José Saramago, escritor, Maria Alzira Seixo e Manuel Gusmão, professores catedráticos de Literatura e Teoria da Literatura e Eduardo Prado Coelho, professor associado de Literatura, são alguns dos nomes que integram a lista de assinaturas do abaixo-assinado entregue à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, relativa à aprovação da Terminologia Linguistica para os Ensinos Básico e Secundário. No dizer dos linguistas e escritores, esta Terminologia pode trazer "consequências negativas " para o ensino.
No referido documento, professores e intelectuais criticam a forma como a terminologia foi proposta uma vez que foi feita "à margem dos especialistas" e "sem discussão publica", e que, por isso, "não permitiu medir os resultados das alterações introduzidas".
Neste abaixo-assinado é também solicitado à ministra "a suspensão imediata da terminologia" e também a sua "reconsideração" para assim poder "facultar o debate com vários tipos de especialistas". Segundo os signatários, esta terminologia é "incorrecta e abstrusa, inadaptável a certos níveis etários" o que poderá trazer "graves dificuldades de aprendizagem", e pode também levar a um significativo "aumento do preço do material escolar".
O grupo acrescenta ainda que caso esta terminologia não seja suspensa o ensino e o país poderão sofrer "graves consequências" uma vez que o português e as restantes disciplinas curriculares vão ser afectada.
E porque não sei se todos tiveram oportunidade de ler o artigo do "Expresso" deste fim-de-semana, que desde já reputo de fundamental, e com a devida vénia vou transcrever os três exemplos referidos:

cão: substantivo masculino singular
nova terminologia: nome comum, contável, animado e não humano

algum: pronome indefinido
nova terminologia: quantificador indefinido

possivelmente: advérbio de modo
nova terminologia: advérbio disjunto modal

É uma pena que nós tenhamos que recordar que um dia alguém com o nome de Maria do Carmo Seabra foi ministra da Educação e que Diogo Feio foi secretário de Estado, mas as TLEBS aí estão para que não nos esqueçamos.

Até que enfim que já nasceu. Nove meses após ter sido deduzida acusação por parte do Ministério Público, um juiz de instrução do Tribunal de Gondomar comunicou aos 27 arguidos do processo Apito Dourado o arranque da fase de instrução do processo.
Todos nós sabemos que agora estão em causa duas questões que podem abalar todo o processo: a eventual inconstitucionalidade do diploma que rege a corrupção desportiva e a nulidade das escutas telefónicas, mas também não é menos verdade que se os arguidos invocarem isto mesmo é porque não têm interesse em que a discussão chegue à barra do tribunal. Porquê... cada um dê a resposta.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Seria incorrecto que eu, que falei do livro de Santana Lopes antes dele aparecer e até com algum cepticismo, não viesse agora tecer alguns comentários à obra.
Começo por afirmar que é um livro que vive muito do diz que disse, da teoria conspirativa e nada mais. Mas existem dois pontos que resultam da associação do livro com a entrevista na RTP.
Primeiro: ficamos a saber pelo livro que Durão Barroso já estava a preparar o seu caminho até à Comissão Europeia e andava a apoiar publicamente António Vitorino, convenhamos que estamos perante um gesto pouco edificante.
Segundo: ficámos a saber que o primeiro-ministro Santana Lopes e o ministro Rui Gomes da Silva mentiram descaradamente a propósito das observações feitas às crónicas de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Santana Lopes disse na altura que nada tinha a ver com as declarações do seu ministro e o ministro disse que a intervenção era da sua autoria. Ficou agora provado que não foi assim e, portanto os dois mentiram.
Esta é a análise que se me apraz fazer sobre a obra e o seu autor e fica resolvida para sempre a questão.

Disse aqui na quarta-feira passada da minha inquetação e revolta por saber que as duas órfãs do acidente dos Olivais estavam separadas, indo desta forma contra tudo o que é pedagogicamente desejável em situações destas.
Pois bem, hoje posso aqui afirmar que as duas já se encontram juntas.
O interesse das crianças falou mais alto que tudo o resto e ainda bem.

Começo a ter pena de Marques Mendes. Está a ficar um líder acossado por todos os lados.
A coligação da Câmara de Lisboa foi à vida, Cavaco apoiou Sócrates na íntegra, a concelhia do PSD Porto anda em luta aberta e Menezes não lhe qualquer espaço livre. A vida está difícil.

Na última crónica falei do 12.º ano, hoje vou falar-vos da entrada para o ensino superior.
Até há pouco tempo uma das formas de entrar era através dos exames ad-hoc que consistiam na realização de uma prova de cultura geral a nível nacional e depois de duas provas específicas que mudariam conforme o curso que se desejasse. Este exame era destinado a quem tivesse mais de 25 anos e não tivesse o 12.º.
Hoje terminou o ad-hoc e passamos a ter um exame da responsabilidade da instituição a que se candidatam e idade superior a 23 anos.
Perante isto desafio as instituições a tornarem públicas essas mesmas provas.
Também isto premeia o facilitismo e é perfeitamente injusto para aqueles que se esforçaram para completar todas as etapas até à entrada para o ensino superior.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Ao que parece hoje era o grande dia de manifestação dos alunos contra as aulas de substitição. Malgrado os SMS enviados para agigantar a coisa, a manifestação foi um rotundo fracasso.
Mas vamos lá falar das aulas de substituição.
Não acredito que todo este burburinho tenha só origem na cabeça dos alunos. É verdade que a eles estas aulas só chateiam, mas deve (tem) haver mais "cabeças ilustres" nesta contestação.
Eu estou inteiramente de acordo com as aulas de substituição e aproveito para referir que estas não são a complicação que muitos docentes, sindicalistas e alunos tentaram vender à opinião pública.
Estas aulas são demasiado importantes para serem mandadas para o lixo, sendo que só pecam pelo seu aparecimento tardio no ensino.
E lanço daqui uma ideia: aproveitem-se algumas das aulas de substituição para inserir os alunos no Plano Nacional de Leitura, já que é vulgar muitos dos alunos que finalizam o 12.º ano nuncaterem lido um livro que seja.

Por falar em 12.º ano vi ontem nos serviços noticiosos que agora qualquer pessoa o pode obter, desde que justifiquem num centro qualquer de competências que possuem uma aprendizagem profissional de três anos.
Não é por nada, mas estamos a abastardar a coisa.
Depois não se queixem que estamos a formar ignorantes.

E agora digam-me que não é verdade
- que os funcionários das finanças recebem um prémio calculado com base nos impostos arrecadados;
- que os funcionários judiciais também têm um prémio de produtividade;
- que as mesmas funções na função pública têm ordenados diferentes (centros de informática do ministério da Saúde e do ministério da Educação, funcionárias administrativas - secretárias - da Assembleia da República e secretárias de um qualquer centro de saúde, etc.)
a ser verdade tudo isto porquê os sindicatos nunca falaram publicamente disto e o próprio ministro?

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Tive conhecimento da situação que se segue através de um jornal diário e porque penso que ela é tão absurda que não resisti a deixá-la aqui.
A Ana e a Susana são duas crianças de 10 e 13 anos respectivamente que sairam do anonimato pela pior das razões: assistiram ao atropelamento que ceifou a vida dos pais. Trata-se do caso do atropelamento nos Olivais.
Ora como se esta não fosse uma circunstância já trágica, foram ainda vítimas de um novo horror: foram separadas.
Uma está com a avó materna, outra com a avó paterna.
Estamos perante uma situação que carece de uma intervenção imediata por parte de quem de direito e de quem entende de psicologia da criança (aliás não é necessário ser psicólogo para verificar o errado da situação).
Não tenho nada contra as avós, mas tenho tudo a favor das duas crianças que já foram vítimas quanto baste.
A todos os que lerem esta matéria divulguem-na no sentido de que num futuro próximo seja possível as duas irmãs viverem em conjunto.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Quando a esmola é grande o pobre desconfia, sempre ouvi dizer e é bem verdade.
Vem isto a propósito das declarações proferidas ontem pelo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga.
E digo isto porque quando ouvi ontem que a Igreja Católica é "inequivocamente pela vida, desde a concepção até à morte"; que os bispos defendem a sua posição em relação à interrupção voluntária da gravidez, mesmo que, sublinhou, "nos situem no espaço dos retrógrados em confronto com outros países"; que o ser concebido "não é apêndice da mãe mas antes uma realidade humana autónoma e inviolável" e por isso mesmo "carece de qualquer razoabilidade e sentido falar do 'direito de abortar' por parte da mulher-mãe"; que "não se pode reconhecer ao poder constituído, na sua vertente legislativa, competência para liberalizar ou descriminalizar o que, por natureza, é crime nenhuma lei positiva pode transformar em não-mau ou em bom o que é mau em si mesmo"defendendo ainda que ao Estado, "compete elaborar uma regulamentação legislativa justa e equilibrada que não silencie, não subalternize, nem subestime os direitos dos mais débeis e indefesos". Por último referiu que a Igreja desempenha o papel de "profeta da vida", e alertou para a existência de "uma disseminada cultura da morte" que, disse, atinge indivíduos, grupos e povos, sob a forma de terrorismo organizado, tráfico de seres humanos ou mesmo "a eutanásia e o suicídio assistido de idosos, doentes incuráveis e seres limitados a nível físico ou psíquico".
Foi depois de ouvir tudo isto que me lembrei das palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa e que iam no sentido da Igreja não entrar directamente na problemática do aborto, sendo que esse papel caberia aos leigos. Ora das duas uma: ou as declarações do Cardeal foram para amenizar a coisa ou então ele foi ontem completamente desautorizado facto que, convenhamos, não dá uma grande imagem da Igreja portuguesa, sendo que se verifica que a Conferência Episcopal está dominada por uma ala conservadora que nada trará de bom à Igreja.

Ainda a Conferência Episcopal. Para além do aborto foi discutido o problema do emprego, sendo que D. Jorge Ortiga referiu que "o trabalho humano para todos deve ser a chave essencial para uma vida humana digna", tendo considerado ainda que a precariedade do emprego "contraria as aspirações mais profundas das pessoas". E porque pensou que não podia ficar por ali, fez questão de pedir aos responsáveis industriais e políticos que "não devem esquecer as inerentes responsabilidades humanas e sociais".
Sobre isto apraz-me questionar se estas palavras também se dirigem aos responsáveis das empresas da Igreja portuguesa (sim que há empresas em Portugal que são da Igreja) e se os trabalhadores dessas empresas têm condições sociais e monetárias que lhes permitam ter uma vida humana digna?
Para esta situação só me lembro de uma frase: bem prega frei Tomás...

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...