quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Desculpem mas desconfio. Está agendado para hoje em lisboa e no Porto um dia de protesto dos estudantes do Ensino Secundário.
Que me desculpem alguns alunos - não muitos -, mas quando acontecem estes protestos vou de imediato saber os motivos.
Ora este dia de luta visa combater os exames nacionais, as aulas de substituição e a limitação de vagas no Ensino Superior, sendo que os organizadores desta jornada de luta consideram que as aulas de substituição são «inúteis» e que os exames nacionais «têm servido apenas para barrar a entrada no Ensino Superior».
Os alunos defendem ainda a implementação da educação sexual e a melhoria das condições materiais e humanas das escolas, além de recusarem a privatização do ensino.
Olhando para a listagem de pretensões posso dizer que aceito duas a cem por cento e outra vou dividi-la e uma parte aceito a setenta por cento e a outra será analisada caso a caso.
As que merecem a minha aprovação a cem por cento são a implementação da educação sexual e a não privatização do ensino.
A melhoria das condições materiais e humanas é a que deve ser dividida. Claro que aceito que as condições humanas devem ser melhoradas, ou melhor dizendo acrescentadas. É uma verdade inquestionável que existe "material humano" de excelente qualidade no ensino. Não são todos é certo, mas isso como em qualquer profissão. Caberá aos conselhos directivo e pedagógico fazer a avaliação correcta e isenta por forma a separar o trigo do joio.
No que concerne às condições materiais, elas deveriam ser estudadas caso a caso, porquanto se é verdade que existe material que está degradado, não é menos verdade que a grande maioria dos casos onde não existem condições materiais só acontecem porque os utentes fazem questão de as degradar à força revelando, muitas vezes, uma profunda inépcia para viver em sociedade.
Quanto às outras pretensões, nem pensar. Aulas de substituição sim e sempre e cada vez mais, sendo que estou consciente de que elas não agradam a alguns professores, mas isso é outra questão.
No que refere aos exames nacionais, mal de nós quando eles terminarem. Se mesmo com eles já se chega ao ensino superior em condições paupérrimas no que respeita a conhecimentos, o que acontecerá se não for preciso estudar para os exames. E que nos defendam também dos exames feitos nas instituições, porque para isso mais vale assumirmos as passagens administrativas e ponto final.
O lamentável no meio de tudo isto é que a educação seja um sorvedoiro de dinheiro sem que daí advenham quaisquer resultados, sendo que esta situação acontece não só por culpa do ministério, mas também dos alunos, dos professores, dos partidos políticos e da sociedade em geral que não vê que a educação é a base para um maior desenvolvimento com tudo o que daí advenha de benéfico.

Há coragem para ir até ao fim? Fátima Felgueiras disse ao colectivo de juízes que está a julgar o "processo do saco azul", que as contas paralelas nos partidos políticos "são habituais" e acontecem nas campanhas eleitorais de todas as forças partidárias a nível nacional, e acrescentou que que nunca participou na angariação de fundos nem sabia quem dava dinheiro para as campanhas, apesar de admitir que eram empresários os contribuintes.
Eis a prova evidente de que há corrupção - nada que não soubessemos já -. O que importa é não perder esta oportunidade e assentar definitivamente uma palmada vigorosa nesses esquemas, em quem os pratica e quem deles se aproveita.

Não têm petróleo que chegue? Quatro anos após o início de uma guerra que já fez 200 mil mortos, o Tribunal Penal Internacional decidiu acusar o ex-secretário de Estado do Interior sudanês, Ahmad Harun, e um dos líderes das milícias pró-governamentais, Ali Muhammad Ali, de crimes de guerra no Darfur, uma região do Oeste do Sudão. A reacção de Cartum à acusação apresentada pelo procurador do TPI, Luis Moreno Campo, foi no sentido de não reconhecer a legitimidade do tribunal de Haia. Mais uma vez argumentou que a justiça sudanesa é capaz de julgar os que cometeram crimes no Darfur.
Atenção que foram precisos quatro anos de guerra e mais de 200 mil mortos.
Se não fosse perdido no meio de África já uns quantos milhares de soldados tinham aterrado no país e parado com o gigantesco genocídio.
Viva a hipocrisia.
A família Aboubakar, em Darfur, no Sudão, na frente da sua tenda no Campo de refugiados de Breidjing e o equivalente a uma semana de alimentos.






terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

De quando em vez aparecem por aí uns grupos de estudo formados não sei com que critérios que têm a seu cargo debitar conclusões sobre determinadas matérias.
Este a que me vou referir tem um nome estranho: GAAIRES, que significa Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário.
Pois bem, o GAAIRES entregou ontem à ministra uma recomendações deveras interessantes. Este grupo defende a extinção do curso de Línguas e Literaturas e a redução dos actuais programas de Física, Química, Geologia e Biologia dos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade.
Esta equipa propõe a integração das disciplinas específicas de Línguas e Literaturas nas disciplinas de opção bienais e anuais do curso de Ciências Sociais e Humanas. A extinção de Línguas e Literaturas é justificada pelo "reduzido leque de opções no prosseguimento de estudos".
A revisão dos programas de Física e Química é justificada por ser "recorrente e consensual a referência a múltiplas dificuldades de concretização dos programas das disciplinas das ciências experimentais", recomendando ainda o documento "o aumento da carga horária em tempo semanal (90 minutos) nas disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química A, nos 10.º e 11.º anos.
O tal GAAIRES aconselha ainda a realização de exames nacionais para a componente prática daquelas disciplinas e que sejam definidos os trabalhos experimentais que são obrigatórios.
Na avaliação ao Ensino Secundário é ainda recomendado que a disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) exista no 3.º Ciclo do Ensino Básico - do 7.º ao 9.º anos - e deixe de ser obrigatória no 10.º ano. Em contrapartida, é sugerida a criação de uma disciplina bienal (mais aprofundada) para os alunos que queiram seguir informática e de uma outra, anual, no 12.º, para os estudantes dos cursos científico-humanísticos. A associação "de TIC à Área de Projecto, com a atribuição de tempo lectivo semanal ao professor de TIC"é outra das recomendações.
Quanto ao peso que a disciplina de Educação Física (EF) deve ter no cálculo da média de acesso ao Ensino Superior, o grupo deixa uma proposta imprevista que seja o estudante a escolher. "O aluno pode decidir se pretende contabilizar a classificação de EF", diz o relatório dos peritos. Dos cenários possíveis, o GAAIRES rejeitou a exclusão da disciplina da fórmula, por não haver razões "consistentes" para que tenha "um estatuto diferente do das outras disciplinas"; a obrigatoriedade, porque a opinião pública é adversa à solução; e a hipótese da opção de "excluir uma disciplina cuja classificação lhe seja menos favorável".
Face a isto tudo, deixo uma questão: não podemos exterminar estes grupelhos?

Hoje fico-me por aqui embora existisse muito para dizer. A estadia que tive no hotel Fernando da Fonseca (na foto) até ontem obriga-me a andar com calma. E novamente e ao contrário do que é habitual ouvir encontrei gente muito boa. O Nuno, a Teresa, a Helena, a Diana e tantas outras pessoas (a motard) que tentam que as férias sejam curtas e proveitosas.


sábado, 24 de fevereiro de 2007

Deixei passar o dia 23, mas fi-lo por motivo de força maior. Quer isto dizer que passei sem escrever sobre os 20 anos do falecimento de Zeca Afonso. Lamento mas isto não significa que esqueça o autor de Venham mais cinco, A morte saiu à rua, Grândola vila morena, Coro dos tribunais, os Vampiros e tantas outras.
Antes pelo contrário, Zeca sempre sempre presente.



E porque Zeca era das filosofias gostaria de deixar aqui uma boa notícia. Trata-se do regresso da revista "Leonardo". A Leonardo - Revista de Filosofia Portuguesa vai regressar numa segunda série, só que desta vez através do endereço www.leonardo.com.pt .
Além de filosofia e de literatura, a revista vai ter uma área de comentário à actualidade.
Numa altura em que a filosofia sofre uns ataques ferozes a nível do ensino, saúda-se o regresso da Leonardo.

Imagens retiradas de http://img.photobucket.com

Então agora já não é "Envelope 9" mas sim "Envelope 6"? A história continua a não estar bem contada e em especial pelo ex-Procurador. Vamos lá ver a conclusão.

Atentem nesta vergonha. A Câmara Municipal de Sernancelhe e a Direcção Regional de Educação do Norte estiveram em guerra. Resultado mais de 100 alunos da Escola Básica nº1 de Sernancelhe tiveram de se sentar no chão para receberem aulas.
Claro que as acusações eram mútuas.
Agora o caricato - a guerra entre as duas instituições já demonstra imbecilidade - foi que o material, mobiliário e computadores estavam num camião para descarregar e nenhuma das duas instituições quis tomar a seu cargo esse trabalho. Foram precisas 3 horas para que o material saísse da camioneta, sendo que a DREN contratou uma empresa privada para descarregar a camioneta, ou seja lá foi o nosso dinheiro.
As duas instituições devia ser castigadas e os seus responsáveis deviam pagar do seu bolso o custo da empresa privada.

Tenho de falar. A vontade de falar sobre esta matéria não é de agora, vem de há muito tempo. Trata-se da crónica "Querida Televisão" que Calos Dias da Silva mantém num jornal diário. Pois bem o senhor desde que foi empurrado da SIC, onde protagonizava um programa ao qual nada acrescentava, só destila veneno contra a SIC e contra Francisco Penin, aliás se ele algua vez morder a caneta com que escreve os texto morre logo envenenado.
Eu percebo que não tenha gostado de ser empurrado, mas ser cronista crítico é algo que nos obriga a ter alguma decência na apreciação, e mesmo que não queira ser isento, tenha pelo menos respeito por alguns excelentes programas que passam no canal que já lhe pagou o salário.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Andy Warhol faleceu em Nova Iorque a 22 de Fevereiro de 1987(tinha nascido a 6 de Agosto de 1928 em Pittsburg) foi um pintor e cineasta norte-americano, bem como uma figura maior do movimento de pop art.
Nascido a 6 de Agosto de 1928 em Pittsburg Andrew Warhola foi o terceiro e último filho de imigrantes rutenos do norte da Eslováquia, o pai emigrou para os Estados Unidos de forma a evitar ser recrutado pelo exército austro-húngaro, no fim da Primeira Guerra Mundial.
Em 1921 a mulher, Julia, juntou-se-lhe, tendo a família ido viver para Pittsburgh. Durante essa época Andy foi atacado por uma doença do sistema nervoso central, que o tornou bastante tímido.
Estudou no liceu de Schenley onde frequentou as aulas de arte, assim como as aulas do Museu Carnegie, instituição sedeada perto do liceu. A família, com base nas poupanças, conseguiu pagar-lhe os estudos universitários no célebre Instituto de Tecnologia Carnegie, a actual Carnegie Melon University, onde teve que se se esforçar bastante, sobretudo na cadeira de Expressão, devido ao seu deficiente conhecimento do inglês, já que a mãe nunca tinha deixado de falar checo em família. Por sua vez, nas aulas artísticas, em vez de ter Andrew criava problemas, ao não aceitar seguir as regras estabelecidas. De qualquer maneira, devido ao fim da 2.ª Guerra Mundial, foi obrigado a abandonar o Instituto no fim do primeiro ano, para dar lugar aos soldados americanos desmobilizados, a beneficiar de entrada preferencial nas Universidades americanas com a passagem da Lei de Desmobilização (GI Bill). Alguns dos seus professores defenderam a sua permanência na instituição, e pôde por isso frequentar o Curso de Verão, que lhe permitiria reinscrever-se no Outono seguinte. Os seus trabalhos nesse Curso fizeram-no ganhar um prémio do Instituto e a exposição dos seus trabalhos. Acabou a licenciatura com uma menção honrosa em desenho, indo viver para Nova Iorque em Junho de 1949, à procura de emprego como artista comercial.
Contratado pela revista Glamour, começou por desenhar sapatos, mas os primeiros desenhos apresentados tiveram de ser refeitos devido às suas claras sugestões sexuais. Passou a desenhar anúncios - actualmente ainda muito normais na publicidade de moda nos EUA - para revistas como a Vogue e a Harper's Bazaar, assim como capas de livros e cartões de agradecimento.
Em 1952 a sua mãe foi ter com ele a Nova Iorque. Entretanto tinha retirado o «A» final do seu apelido e passado a usar uma peruca branca, bem visível por cima do seu cabelo escuro. Em Junho desse ano realizou a sua primeira exposição na Hugo Gallery: «15 Desenhos baseados nos escritos de Truman Capote». A exposição foi um sucesso não só comercial como artística, que lhe permitiu viajar pela Europa e Ásia em 1956. Em 1961 realizou a sua primeira obra em série usando as latas da sopa Campbell's como tema, continuando com as garrafas de Coca-Cola e as notas de Dólar, reproduzindo continuamente as suas obras, com diferenças entre as várias séries, tentando tornar a sua arte o mais industrial possível, usando métodos de produção em massa. Estas obras foram expostas, primeiro em Los Angeles, na Ferus Gallery, depois em Nova Iorque, na Stable Gallery. Em 1963 a sua tentativa de «viver como uma máquina» teve uma primeira aproximação com a inauguração do seu estúdio permanente - The Factory - A Fábrica.
Andy Warhol passou então a usar pessoas universalmente conhecidas, em vez de objectos de uso massificado, como fontes do seu trabalho. De Jacqueline Kennedy a Marilyn Monroe, passando por Mao Tse-tung, Che Guevara ou Elvis Presley. A técnica baseava-se em pintar grandes telas com fundos, lábios, sobrancelhas, cabelo, etc. berrantes, transferindo por serigrafia fotografias para a tela. estas obras foram um enorme sucesso, o que já não aconteceu com a sua série Death and Disaster (Morte e Desastre), que consistia em reproduções monocromáticas de desastres de automóvel brutais, assim como de uma cadeira eléctrica.
Em 1963 começou a filmar, realizando filmes experimentais, propositadamente muito simples e bastante aborrecidos, como um dos seus primeiros - Sleep (Dormir) - que se resumia à filmagem durante oito horas seguidas um homem a dormir, ou Empire (Império), que filmou o Empire State Building do nascer ao pôr do sol. Mas os filmes foram tornando-se mais sofisticados, começando a incluir som e argumento. O filme Chelsea Girls, de 1966, que mostra duas fitas lado a lado documentando a vida na Factory, foi o primeiro filme underground a ser apresentado numa sala de cinema comercial.
Para além do cinema Warhol também foi produtor do grupo de rock-and-roll Velvet Underground, que incluía naquela época Sterling Morrison, Maureen Tucker, John Cale e Lou Reed e o cantor alemão Nico. Arranjou-lhes um local para ensaiar, pagou-lhes os instrumentos musicais e deu-lhes alguma da sua aura. Para além dos discos os Velvet e Warhol produziram o espectáculo Exploding Plastic Inevitable, que utilizava a música do grupo e os filmes do artista. Os Velvet, já famosos, entraram definitivamente na história ao darem o nome à revolução checa de 17 de Novembro de 1989 que derrubou pacificamente o regime comunista - a Velvet Revolution.
Em Junho de 1968 Valerie Solanas, uma frequentadora da Factory, criadora solitária da SCUM (Society for Cutting Up Men), entrou no estúdio de Warhol e alvejou-o quase mortalmente. O pintor demorou mais de dois meses a recuperar. Quando saiu do hospital tinha perdido muita da sua popularidade junto da comunicação social. Dedicou-se então a criar a revista Interview, e a apoiar jovens artistas em início de carreira, para além de escrever livros - a sua autobiografia The Philosophy of Andy Warhol (From A to B and Back Again) foi publicada em 1975 -, e apresentar dois programas em canais de televisão por cabo. A sua pintura voltou-se para o abstraccionismo e o expressionismo, criando a série de pinturas - Oxidation (Oxidação) - que tinham como característica principal o terem recebido previamente urina sua.
Em 1987 foi operado à vesícula. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Era célebre há 35 anos. De facto, a sua conhecida frase: «In the future everyone will be famous for fifteen minutes» (No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos), só se aplicará no futuro, quando a produção cultural for totalmente massificada e em que a arte será distribuída por meios de produção de massa.

Para ver e saber mais:




terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Que paródia. A Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça, organismo do Ministério da Justiça, concluiu o processo de averiguações relativo à instrução do processo de indulto de Américo Pereira Mendes.
Tudo isto mais não seria do que um dos muitos casos de averiguações, não fossem as conclusões deste mesmo processo.
Recorde-se que este processo de averiguações foi iniciado após o semanário "Expresso" ter revelado que o Presidente da República, Cavaco Silva, concedera, no Natal, o perdão de uma pena de seis meses de prisão ao proprietário de discotecas em Évora, Américo Mendes, desconhecendo que o homem já tinha sido condenado, num processo anterior, a quatro anos e meio de cadeia e sobre o qual pendiam vários mandados de captura nacionais e internacionais por ter fugido para o estrangeiro.
Relembrado o caso, vamos às conclusões.
A nota do Ministério da Justiça revela que na instrução do processo do indulto, a cargo do Tribunal de Execução de Penas de Lisboa, foram reunidos elementos, provenientes da Polícia Judiciária e do Registo Criminal, que não foram tomados em consideração, sendo que «tais elementos encontravam-se actualizados mas os registos em causa não eram de leitura evidente», adianta a mesma nota embora sem explicar porquê mas acrescentando que, no pedido de indulto apresentado, «foram omitidos elementos relevantes da situação criminal do interessado» assim, acrescenta a mesma nota, «neste contexto, o Tribunal de Execução de Penas de Lisboa deu a conhecer, no decurso do processo de averiguações, ter procedido à reabertura do processo de indulto, aguardando-se agora a respectiva conclusão.
Não foram tomados em consideração determinados factos por não serem de leitura evidente? Mas o que é isto senhores?! Claro que só pode ser gozo. E leitura evidente é o quê?
Tenham lá paciência e não mandem areia para os nossos olhos. Digam tão só a verdade. Expliquem que não leram tudo porque por norma ninguém lê nada e as coisas seguem do princípio ao fim num caminho habitual. Por azar desta vez apareceu uma pedrinha na engrenagem e foi a desgraça que foi.

Voltemos a Alberto João. Trata-se de uma figura que me é pouco ou mesmo nada grata e sendo assim volto ao tema para somente dizer que à imagem dos grandes ditadores que gostam de passar a imagem de democratas, Alberto João avançou ontem com um plebiscito à sua pessoa.
Provoca-me alguma confusão como é que Marques Mendes vai nestas coboiadas, ou às tantas percebo, pois se o PSD perder João Jardim pode perder a Madeira e se perder a Madeira fica ainda pior do que está neste momento e já não está bem.
Para terminar esta matéria gostaria de dizer que a história que ele ontem contou da construção da casa precisa de algumas achegas. O Banco só decidiu não emprestar mais dinheiro porque o dono da obra optou por torneiras revistidas a ouro quando a sua conta só lhe permitia torneiras zenit normalíssimas da costa.

Para finalizar Rui Rio que também não está nada melhor, vejam o imbróglio dele com o "Público".

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Como era de esperar o homem lá se demitiu. Mas foi curioso ouvi-lo porque a conclusão foi tão somente esta: peço a demissão porque os gajos do continente são uns sacanas que me fecharam a torneira e me lixaram, mas vou-me recandidatar, porque se não o fizer os outros capazes de chegar ao poder (Jaime Ramos e outros que tais do PSD, sim porque é o partido que lidera as intenções de voto) são uns burgessos, estúpidos (João Jardim disse mesmo incultos, analfabetos e incapazes).
Ou seja: eu é que sou bom e inteligente, os outros é só rasquice.
Deve ser salientado o facto de Alberto João não ter referido o nome de Cavaco que promolgou a lei sem quaisquer reticências.
Aguardemos mais episódios.
O Diário da República publica hoje a lei das Finanças Regionais, facto que poderá levar à demissão, lá para o final do dia, de Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira.
Estamos perante um novo acto teatral onde Jardim é mestre.
O que se tem passado até agora é que O presidente do Governo Regional da Madeira tem conseguido até agora manter algumas "chantagens" que têm originado que o continente se submeta à sua vontade, só que isso agora acabou.
Explicando melhor: Alberto João Jardim tem utilizado os deputados madeirenses na Assembleia da República como moeda de troca para obtenção das verbas que quer, sendo que os primeiros-ministros que antecederam Sócrates (excepção feita a Cavaco, mas esse por outras razões) porque não possuiam a maioria e queriam ver o orçamento ou mesmo determinadas leis aprovadas, subjugaram-se a vontade de sua excelência.
Desta vez a coisa chiou mais fino. Sócrates tem maioria e não precisa dos deputados madeirenses e Cavaco Silva achou por bem que o líder madeirense pagasse por todos os dislates que tem cometido. Resultado: esta nova lei diminuiu o caudal.
Claro que Alberto João só sabe governar com os "bolsos cheios". Mais, ele precisa mesmo dos bolsos cheios para governar, porquanto o seu séquito é composto não por centenas, mas sim milhares de almas que ele domina a seu bel prazer.
Claro que ele pretende demonstrar que tem poder, daí que pretenda demitir-se para depois se recandidatar.
Só me admiro é como é que tendo o seu governo cometido as ilegaliades que cometeu (os relatórios do Tribunal de Contas estão aí a prová-lo), tendo ele chamado os nomes que chamou quer ao Tribunal Constitucional, ao primeiro-ministro, etc e etc., o Ministério Público ainda não tenha tido a coragem de o constituir arguido, ou tão só mover-lhe um inquérito.
Claro que se fosse eu já estava com o processo às costas ou até mesmo condenado.

A vereadora com o pelouro da Mobilidade na Câmara de Lisboa, Marina Ferreira, deverá ser promovida a vice-presidente, acumulando o pelouro do Património.
Se actuar como vice-presidente como actuou com os radares na cidade (primeiro implantou e depois retirou-os para calibrar e depois colocou-os de novo), vai ser engraçado, com gafes atrás de gafes.

Por falar em Câmara deixem-me dizer que vai ser curioso assistir a esta nova situação dos fiscais da EMEL.
A partir de hoje os fiscais da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa passam a poder autuar e rebocar carros estacionados em cima dos passeios ou parados em segunda fila, funções até agora da PSP.
Não sei se é com esta verba que o presidente vai oferecer o tal seguro de saúde às crianças, mas que isto pode ser um grande imbróglio isso pode. Imaginemos que a EMEL passa e autua, os agentes da PSP pode autuar novamente? E se autuarem qual é que prevalece? A da EMEL? A da PSP, ou temos de pagar as duas e depois reclamar e, claro, estar tempos infinitos à espera para ser ressarcido?

Continuando ainda com a Câmara. Se alguém tinha dúvidas de que Pedro Santana Lopes queria a queda da Câmara de Lisboa podem dissipá-las lendo o artigo de Luís Delgado hoje no DN.

O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, afirmou ter chegado a acordo com o presidente George W. Bush para ‘boicotar’ um governo de unidade nacional palestiniano que não reconheça Israel.
Estas "democracias" são engraçadas e vejam lá o respeito que têm pelo Direito Internacional.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Depois de "O último Papa" de Luís Miguel Rocha - trata do assassínio de João Paulo I - um novo livro apareceu nas bancas para confrontar a Igreja Católica. Trata-se de "Sexo, Padres e Códigos Secretos - 2000 anos de abuso sexual na Igreja Católica".
Trata-se de um ensaio que relata a forma como a igreja tratou o tema durante toda sua história.
Foi publicado nos Estados Unidos em 2006, tendo levado mesmo à fuga de alguns padres para o Vaticano (um padre fugiu para o Vaticano e tem processos pendentes em tribunal, sendo que o Vaticano não o quer entregar e assim não será levado à justiça), e chegou agora às livrarias portuguesas numa edição de Via Occidentalis.
Thomas P. Doyle, A.W. R. Sipe e Patrick J. Wall são os autores deste ensaio polémico e revelador de uma realidade impensável para muitos católicos e não só.
Thomas P. Doyle, padre dominicano, doutorado em direito canónico é, actualmente, consultor jurídico nos processos de abuso sexual, que envolvem a Igreja e que decorrem em tribunais de todo o mundo. Foi em 1984, enquanto trabalhava na embaixada do Vaticano, que tomou conhecimento desta realidade escondida. Entrevistou mais de duas mil vítimas de abuso sexual apenas nos Estados Unidos e luta tanto pelos seus direitos, como pelos direitos dos abusadores perante a justiça.
A.W. R. Sipe foi monge beneditino e tornou-se psicoterapeuta. Serviu a igreja como monge durante 18 anos. Especializou-se em doenças mentais, tendo também desenvolvido estudos na área do celibato. Casado há 34 anos, tem um filho. Faz seminários em escolas e é consultor em processos de abuso sexual.
Patrick J. Wall foi padre beneditino entre 1988 e1998. Desde 2002, tal como os seus co-autores, é chamado a tribunal como especialista em abusos sexuais praticados dentro da igreja. É também formado em Direito canónico. Em 1998 o pediu a suspensão dos votos religiosos e das obrigações sacerdotais. Casou em 2001 e tem uma filha.
Trata-se de um livro de leitura obrigatória.
Este livro deu origem a um documentário "Deliver Us From Evil" que está nomeado para os Óscares deste ano nessa categoria. O realizador Amy Berg conseguiu encontrar o padre Oliver O'Grady, referido no ensaio, acusado da prática de centenas de crimes de abuso sexual.
Oliver O'Grady terá começado os seus abusos em 1973, sempre com o conhecimento dos seus superiores que, durante décadas, o mudavam de paróquia sempre que surgiam problemas. O clérigo aceitou contar a sua história no documentário e sem arrependimento aparente assume os actos.

Tem uma semana e já foi visitado por mais de 100 mil pessoas. Trata-se do portal "Casa da Leitura" lançado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Além das centenas de recensões de livros destinados à infância e adolescência, estarão disponíveis biografias e bibliografias com actualização semanal e respostas a dúvidas de famílias e profissionais sobre práticas de leitura.
O site tem duas «salas», uma das quais com o Serviço de Orientação da Leitura, contendo informação sobre as edições de livros, recentes e clássicas, da literatura para a infância e juventude.
A outra «sala» do portal, intitulada ABZ da Leitura, é dedicada aos mediadores e especialistas, mas tem também acesso livre ao público.
Este último departamento contém bibliografia específica, seleccionada segundo uma avaliação criteriosa das carências nacionais na área, e permite a publicação da investigação nacional.
O site terá laboratórios espalhados pelo país que irão atestar no terreno as sugestões e práticas apresentadas.
No âmbito do projecto, a Gulbenkian deverá, no prazo de um ano, disponibilizar um outro site com objectivos semelhantes mas dirigido exclusivamente ao público jovem.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Mas isto é o quê? A maior Câmara Municipal do País está por um fio.
Diga lá o PSD o que quiser não há condições para o executivo continuar e Carmona não tem mais condições para governar e muito menos para se candidatar novamente.
Sobre Fontão de Carvalho nem vale a pena falar, pois trata-se de alguém que escondeu de todos o facto de ter sido constituído arguido e, pior do que isso, teve a desfaçatez de estar na conferência de imprensa de Gabriela Seara, sabendo que também ele era arguido.
Claro que a oposição está a braços com uma situação deveras complexa.
Maria José Nogueira Pinto não é capaz de, sozinha, vencer as eleições. E se as vencer tem Paula Teixeira Cruz à frente da Assembleia Municipal e desejosa de lhe fazer pagar por ter quebrado o acordo estabelecido com Carmona.
O PCP só chegar ao poder coligado e isso não será fácil. Na mesma situação está o Bloco de Esquerda.
Quanto ao PS, as coisas também são complexas. Se vencer, coligado ou sozinho, vai enfrentar uma Assembleia Municipal onde o PSD detém a maioria e claro será impossível governar ou fazer seja o que for. Para além disso a guerra com a Assembleia podia ser de tal forma desgastante que estes dois anos de mandato que faltam seriam só para queimar uma equipa e queiramos quer não o PS terá de concorrer com uma equipa de primeira que combata as muitas asneiras que têm sido feitas.
Mas a problemática que atravessa a Câmara de Lisboa não é só apanágio desta. Aliás, não entendo como é que o Bloco de Esquerda aponta tantas baterias a Carmona e se esqueça da presidente da Câmara de Salvaterra que foi eleita nas listas do Bloco e também ela constituída arguida. E a da Amadora?

Bem feito. A Direcção-Geral dos Serviços Prisionais vai levantar um processo de averiguações para esclarecer as circunstância em que a directora da cadeia de Tires, Fernanda Aragão, autorizou a visita de José Castelo Branco, fora de horas, à detida Maria das Dores.
Aliás, a visita tem tudo para ser averiguada: ocorreu fora do horário normal (às 19horas); decorreu numa cómoda sala de estar em vez do habitual palratório; a detida teve direito a fotografia e a gravação da conversa, sendo que a introdução nos estabelecimentos prisionais de máquinas fotográficas ou telemóveis com câmara e sistema de captação de som é expressamente proibida.
Claro que tudo isto só aconteceu porque a directora do estabelecimento prisional mandou às urtigas todas as normas de segurança e de ética e porque foi José Castelo Branco, porque se fosse outra qualquer pessoa não tinha estas regalias.
Só estranho que o Ministério da Justiça não comente o assunto e mais que a referida senhora directora não seja suspensa durante o inquérito e porque este caso não tem espinhas não seja empurrada para fora das suas funções.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Seguros estamos nós, mas caímos na mesma. A Câmara Municipal de Lisboa quer atribuir um seguro de saúde a cada criança que nasça na capital e cujos pais sejam residentes em Lisboa, sendo que as despesas serão totalmente pagas pela autarquia.
Das duas uma: ou Carmona explica esta ideia como deve ser e paga do seu bolso, ou então isto traz água no bico.
Primeiro. Um seguro de saúde dos mais baratos - incluindo como cobertura base consultas, internamento e assistência clínica em viagem - custa uma média de 80 euros/ano. O preço é válido até aos seis anos. Tratando-se do seguro mais caro, que inclui também a especialidade de estomatologia, o custo anual aumenta para cerca de 350 euros.
Ora, são por todos conhecidas as dificuldades financeiras da autarquia lisboeta, cujo dívida ronda os cerca de mil milhões de euros.
Sendo assim como é que Carmona vai pagar esta oferta? Vai retirar dinheiro de onde? Vai aumentar o quê? Vai deixar de pagar a quem, sendo que os fornecedores já vêem o se a arder?
Segundo. Estaremos nós perante um agitar de águas tendo em vista possíveis eleições ou trata-se somente de uma tentativa de remeter para as "kalendas" a situação gravíssima que ocorre no mais importante dos municípios portugueses devido às teias perigosas que ali grassam especialmente no sector do urbanismo.
Se Carmona Rodrigues pretende fixar população na cidade que avance com casas a custos devidamente acessíveis, ou a rendas possíveis e que olhe seriamente para alguns bairros e que se deixe de projectos megalómanos, sem pés nem cabeça e que unicamente vão provocar um agravamento nas já depauperadas finanças municipais.

Mas se Carmona não prima pela inteligência, Rui Rio não lhe fica atrás. A Câmara do Porto abriu no seu site na Internet uma «consulta» em que pergunta aos visitantes se concordam com a alegada «política de oposição do JN» (Jornal de Notícias) à autarquia.
«Concorda com a política de oposição do JN à Câmara do Porto, por opção do director, desde os primeiros dias do mandato e sujeita a desmentidos legalmente consagrados?», questiona a autarquia, permitindo três respostas: «Não», «Sim» e «Não sei».
Será que o frio e a chuva deram volta à cabeça das pessoas?

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

O dia a seguir. O resultado do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez proporcionou um resultado inequívoco. Quem foi participar neste referendo disse maioritariamente que queria o sim. os argumentos de que estamos perante um referendo não vinculativo, porquanto não votaram mais de 50 por cento dos eleitores inscritos, é falacioso e revela um mau perder.
Tal como em 1998 importa que as partes aceitem os resultados.
mas não são só as partes que devem olhar para os resultados.
Os deputados devem ser os primeiros a compreenderem os números e se em 1998 a maioria disse não e a classe política esteve quieta, hoje que a maioria disse sim, a classe política deve avançar. Aliás a minha opinião - e respondendo ao comentário que me fizeram - é que o referendo era desnecessário. Estamos perante uma alteração legislativa a nível do Código Penal, ora teria sido suficiente que os deputados maioritariamente tal tivessem decidido (só compreendo a imposição do referendo por parte de José Sócrates como forma de cumprir a promessa eleitoral).
Sendo assim e na posse de um sinal deveras esclarecedor ("sim") cabe agora aos deputados legislar.
Mas este referendo permite outras leituras.
A vitória do "sim" não deve ser olhada como uma vitória partidária, mas mesmo assim importa dizer que os partidos situados no espectro da direita e do centro sairam derrotados. O CDS/PP porque vinculou o partido ao "não" e esta derrota estou em crer servirá até como arma de arremesso a Paulo Portas na disputa de liderança e o PSD, porque o seu líder, muitas vezes, transpôs para o universo a vinculação do partido à sua posição, embora fosse público e notório que estávamos perante um partido profundamente dividido.
Mas esta não é a principal leitura. A principal leitura que podemos aferir deste referendo é que a Igreja Católica e a sua máxima hierarquia bem como alguns leigos importantes (estou a lembrar-me de Bagão Félix que não sei se servia de imagem pública a alguém ou a alguma intituição que não queria ou não podia aparecer) perderam a influência que já tiveram na sociedade.
Para finalizar direi apenas que é vergonhoso o artigo de Luis Delgado hoje no DN.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

De uma clarividência deveras impressionante.
"Vou votar Sim no referendo ao aborto, porque não concordo com a actual lei. Uma lei que condena mulheres em tribunal, envergonhando-as. Uma lei que as obriga também a ter filhos não desejados, filhos que mais valia não terem nascido. Veja-se o caso do bebé de Moselos. Oxalá o Sim ganhe para que tudo fique resolvido".
"Não tenho medo. Defendo o que considero justo. A geração de um filho deve ser por desejo dos pais. É preciso evitar os casos das mães que vão ao quarto de banho meter a criança num saco de plástico e depois deitá-la ao lixo. É isso que muitas vezes acontece com filhos indesejados pelos pais. É um verdadeiro infanticídio. Isso sim, é que é crime".
"Um embrião é um ser inacabado, logo não há homicídio, não há crime. E até às 12 semanas o sistema nervoso não existe".
"É vergonhoso, andam aí com fotografias de fetos que deixam muita gente escandalizada. É uma campanha pontuada muitas vezes por um muito mau gosto atroz".
São estas as palavras de Manuel Augusto Costa Pinto, padre em Viseu, já reformado e sem paróquia há uns anos.

Nem sei se é para rir, se para chorar. A notícia que se segue veio hoje publicada no JN:

Câmara aumenta renda a morador morto desde 2000
Na mais recente actualização das rendas das habitações sociais, a Câmara Municipal do Porto aumentou o valor mensal a pagar por um morador do Bairro do Aleixo que morreu há quase sete anos, tendo-lhe enviado também uma carta com a identificação de uma dívida em cobrança coerciva, respectiva aos meses em atraso. Se fosse vivo, e de acordo com a subtracção de subsídio camarário ancorado no rendimento das famílias, o morador - que não respondeu à convocatória do Executivo, nem apresentou qualquer documento dando prova dos seus rendimentos - passaria a pagar, por mês, 66,83 euros.

A Autarquia, que justificou a medida generalizada com o argumento de que se trata de uma correcção de assimetrias para esbater as injustiças socias, aplicou a inflação ao número 104 da Torre 1, que depois da morte do inquilino, Alberto Rodrigues, ficou entregue a dois dos seus filhos, inscritos no agregado familiar, ambos com menos de 30 anos e toxicodependentes.
A habitação, aliás, foi mandada emparedar pela Câmara em Setembro de 2005 - janelas e portas estão vedadas com cimento -, na sequência de dois incêndios ocorridos nesse ano, tendo ficado os dois rapazes a viver na rua. Um deles está actualmente detido em Espanha por alegada tentativa de homicídio; o outro improvisou uma cama à porta de casa. Dorme ali; come quando os vizinhos lhe dão. Não trabalha.
Apesar de a Associação de Moradores, através de Alfredo Costa, ter enviado três cartas à vereadora da Habitação, Matilde Alves, solicitando ajuda para aquela família - "banhos, desparasitação, alguma roupa, alimentação, apoio médico e psicológico e encaminhamento" -, nunca obteve qualquer resposta.
Ontem, confrontada pelo JN, a Câmara, através da assessora de imprensa Florbela Guedes, questionou "Se a casa está fechada e os moradores ausentes, como pode alguém ter tido acesso aos recibos?". No entanto, e uma vez que os recibos efectivamente existem - o JN teve acesso aos documentos -, a Autarquia assegura que "não têm qualquer efeito prático", devido à casa se encontrar "desabitada".
O gabinete de assessoria justificou o "entaipamento da casa" para "evitar malefícios maiores", garantindo ser "do conhecimento público" que os dois rapazes "atearam voluntariamente fogo e abandonaram a habitação". A situação, acrescentou, desencadeou "um processo jurídico formal de despejo, que ainda decorre. Nesse sentido, e enquanto esse processo não estiver concluído, não é possível excluí-los do registo de dados, nem mesmo proceder a obras".
O registo de dados não é, portanto, actualizado desde 2000, ano em que faleceu o titular da casa, porque os recibos continuam a ser emitidos em seu nome e não no de qualquer um dos seus filhos, que passaram a ser, como reconhece a Autarquia, "os concessionários do fogo".
A Associação de Moradores do Bairro do Aleixo considera a situação tanto mais estranha quanto o facto de a habitação ter sofrido obras em 2003 - foram-lhe colocadas duas portas novas -, o que demonstrará que os rapazes têm direito à casa e que "nunca houve na actualização das rendas a preocupação da justiça e da equidade social". Alfredo Costa, numa das cartas que enviou a Matilde Alves, questionou "Como é que uma empresa municipal entaipa uma casa e ninguém procura saber se as pessoas que lá vivem precisam de alguma coisa?" Helena Teixeira da Silva


Comentários? Para quê!

Mas há mais. Se a anterior não merece comentário, esta muito menos. Leiam e guardem para que não se perca no tempo.

CANTONEIRA MULTADA POR CAIR DE MOTORIZADA
PSP de Santarém não viu acidente nem se deslocou ao local
Uma funcionária da Câmara de Santarém foi multada pela PSP depois de uma queda de motorizada. A mulher caiu sozinha e não provocou danos a terceiros. Mesmo assim, a polícia, que não assistiu ao acidente nem se deslocou ao local, entendeu que Maria Antónia infringiu o Código da Estrada.
Maria Antónia Lança tem 56 anos, há sete que trabalha como varredora dos serviços de limpeza da Câmara Municipal de Santarém. Para se deslocar, a cinquentenária utiliza uma motorizada. Por volta do meio-dia, quando saiu do trabalho, pegou na motorizada e fez o percurso habitual, mas num descampado desequilibrou-se e caiu. Maria Antónia Lança foi ao hospital, por simples precaução, onde lhe receitaram apenas uma pomada. Tratando-se de um acidente, a funcionária da Câmara teve de preencher um relatório da polícia. As nódoas negras não a obrigaram a repousar e Maria Antónia continuou a desempenhar as suas funções diariamente. Um dia chegou a casa e tinha uma multa de 120 euros para pagar, pois a PSP entendeu que quando caiu da mota a cantoneira ia em excesso de velocidade. Inconformada, Maria Antónia deslocou-se à esquadra e pediu o livro de reclamações, mas dias depois recebeu nova carta da polícia, com a qual ficou a saber que a multa lhe foi aplicada por ter transposto os separadores centrais. O chefe de gabinete do Governador Civil de Santarém prontificou-se a redigir uma carta para a Direcção-Geral de Viação. Maria Antónia, que em Santarém é conhecida também pelos poemas que escreve, sente-se ofendida, considera que 120 euros é um exagero para quem não cometeu qualquer infracção e muito dinheiro para quem ganha tão pouco.
SIC-Paulo Varanda


E pensava eu que já tinha visto tudo?!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

“Nenhuma decisão humana contra a vida é legítima e honesta”. Esta será a frase-chave do último texto da autoria de D. José Policarpo.
Só é pena que esta frase tenha chegado tarde para os que morreram às mãos dos inquisidores e tenha especialmente chegado tarde para João Paulo I.
Mas a hipocrisia não fica só pela Igreja agora levantou-se uma onda onde pontuam dirigentes partidários, deputadas independentes (são as tais que nem são carne nem peixe) e mais uns quantos dispostos a se o "não" ganhar a solicitar a alteração da lei para retirar a criminalização das mulheres.
Ou seja andaram este tempo todo a "coçar o carango" e agora acham urgente e importante alterar a lei.
É hipocrisia pura.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Ontem houve pompa e circunstância. O motivo foi tão só o balanço sobre o combate à fuga e fraude fiscal em 2006 apresentado pelo ministro Teixeira dos Santos.
Ao que consta as dívidas fiscais ultrapassam actualmente os 16 mil milhões de euros, ou seja 10,5% do PIB, nada mais nada menos que o equivalente ao custo de uma Ota e um TGV juntos e respectivas derrapagens para este tipo de projectos.
Ora o Executivo conseguiu arrecadar em cobranças coercivas, incluindo penhoras, 1,54 mil milhões de euros em 2006 e aposta na cobrança de 1,6 mil milhões para 2007.
Claro que todos nós - menos os que tiveram de pagar é claro - estamos satisfeitos com esta eficácia do governo, mas será que deve ser motivo de tanta pompa?
Eu digo isto porquê? Porque sejam eles justos ou injustos uma das funções do Estado é também cobrar os impostos, ora se há dívidas é porque este é incapaz de as cobrar revelando por isso uma inépcia verdadeiramente notável.
Seja porque razão for, a verdade é que o Estado através dos sucessivos governos e em virtude da sua absurda burocracia e inépcia de quem tem chefiado os impostos, chegou a esta situação verdadeiramente catastrófica.
Não é normal que existam tantos casos que são verdadeiros cases study de palermice e imbecilidade e que a máquina tributária do Estado não lhes caia imediatamente em cima, permitindo que as situações se arrastem em tribunal, com todos os custos que isso acarreta e com a agravante de os processos prescreverem sem que o Estado tenha cobrado a dívida.
Muito se tem falado de Paulo Macedo, que por acaso não esteve presente na apresentação deste balanço, como sendo o supra sumo nos impostos.
Não querendo estar a denegrir o seu trabalho, que reputo de importante - aliás sempre fui um dos que disse que o seu ordenado não era importante desde que existisse trabalho realizado - creio que se poderá dizer que estes bons resultados não revelam um mérito por aí além, antes demonstram o grande demérito dos seus antecessores.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Deveras interessante. Um tesoureiro do serviço de Finanças da GNR de Lisboa, que já se encontra a cumprir pena de prisão, vai ter de devolver ao Estado mais de 178 mil euros.
A história conta-se em poucas palavras: um sargento-chefe de Infantaria, enquanto responsável por pagamentos dos serviços de saúde dos militares da GNR, desviou, em apenas três meses, mais de 182 mil euros do Serviço de Finanças da GNR.
No julgamento militar, em 2003, o indivíduo “confessou espontaneamente os factos e a correspondente subtracção, em benefício próprio, do montante” de mais de 182 mil euros, pelo que o 3.º Tribunal Militar Territorial de Lisboa condenou o sargento, pelo crime de peculato previsto no Código de Justiça Militar, a uma pena de cinco anos em presídio militar.
O Tribunal de Contas deu como provado, de acordo com a sentença, que o sargento passou, entre Março e Junho de 1995, seis cheques, dois dos quais descontados em seu nome e os restantes à ordem de familiares (mulher e filho), pelo que o sentenciou ao da verba subtraída, bem como ao pagamento de juros de mora correspondentes a cinco anos.
É deveras interessante esta sentença, até porque não são muitos os casos em que existe a obrigatoriedade de reposição de verbas (lembro-me só de Mirandela da Costa obrigado a repor 327 mil euros).
Mas seja de que forma for registo com agrado a sentença e espero que o Tribunal de Contas use mais vezes dela e de uma forma mais dilatada, digo isto porquanto gostaria de ver alguns administradores de empresas do Estado que assinam contratos perfeitamente absurdos onde o Estado é lesado a torto e a direito.

Foi impressão minha ou este fim-de-semana existiu um senhor Procurador Geral adjunto que esteve numa conferência do "não" ao aborto? E foi impressão minha ou esse senhor esteve numa conferência juntamente com Bagão Felix, militante do PP ou do CDS -tanto faz-?
Não foi precisamente o deputado Paulo Portas e os seus apaniguados, bem como o PSD que vieram lançados sobre a Procuradora Maria José Morgado, por esta ter estado numa conferência promovida pelo PS?
Então e agora estão todos caladinhos?

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Hoje é dia de exame e portanto não era para escrever nada, mas como recebi um comentário ao texto de ontem e o seu autor não percebeu o que eu disse ou eu não expliquei bem, vou somente explicitar.
O comentário dizia o seguinte: "Escrever cartas com o dinheiro de todos nós....é condenavel. E abortos com o dinheiro de quem??????? Malditas palas."
Tirando a questão das "palas" que acho inteiramente a despropósito, julgo este comentário correcto e com razão de ser porque eu próprio poderia dizer o mesmo.
Estou convicto que este comentário teve origem no seguinte excerto de texto "Já nem vou pelo facto de estes infantários estarem a utilizar o dinheiro de todos nós, que lhe é dado para tomarem conta de crianças simplesmente para fazerem campanha (quantos litros de leite ficaram por comprar?),...".
O que este texto pretende dizer é o seguinte: neste caso o dinheiro com que o Estado subsidia estas IPSS destina-se às crianças, é tão só um subsídio que é pago por cada criança, por forma a que a mensalidade que os pais pagam possa ser mais baixa, ora se a instituição tem dinheiro para produzir este material publicitário, que está fora do seu âmbito, por certo terá dinheiro para comprar mais brinquedos, jogos didáticos, ou até mesmo diminuir a mensalidade que os pais pagam. Foi com este sentido que escrevi o que escrevi.
Foi com igual sentido que critiquei o acordo da Caixa Geral de Depósitos - porque é um banco do Estado - com o Benfica, e criticaria e critico todo e qualquer desvio de verbas dadas pelo Estado do fim a que se destinam.
Quanto a pagar os abortos, eu sei que é com o meu dinheiro, com o seu, com o de todos nós, que pagamos e bem - saliente-se - o Serviço Nacional de Saúde, estou consciente disso e aceito, só não aceito que desviem o dinheiro que eu dou dos fins a que está destinado.
Mas agradeço o comentário e espero que continue a comentar e que para além disso tenha ficado esclarecido sobre o que eu pretendi dizer.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

A serem verdade as seguintes frases:
- “estou muito feliz por estar na China , é a segunda vez que cá venho, desde que aqui estive há 15 anos, no Sul , está tudo muito melhor e muito diferente Fizemos uma longa viagem de 12 horas e chegámos todos muito fatigados Mas quando vínhamos do aeroporto para o hotel reparei na avenida e pensava que era a Madison Square em Nova Iorque Depois vi que era mais bonita e mais moderna e percebi que estava na China isso prova a grande prosperidade deste país”,
- “globalização resulta em países que partem atrasados, como a China na Ásia ou Portugal na Europa”,
- “onde há mais segurança(Portugal) que em outros países da UE e estabilidade política”,
- “Somos um País competitivo em termos de custos, nomeadamente os custos salariais são mais baixos que a média da União Europeia.”,
- “A boa rede de infra-estruturas, como transportes e portos e a grande aposta na modernização.”,
o ministro Manuel Pinho precisa urgentemente de duas coisas: a primeira é de alguém que lhe escreva os discursos e a segunda, é a ter respeito pelos trabalhadores portugueses.

Como?! O Banco Espírito Santo (BES) divulgou hoje as suas contas relativas ao exercício de 2006.
Pasmem senhores porque esta instituição bancária apresentou um registo de lucros recorde de 420,7 milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 50 por cento comparativamente com os resultados de 2005.
E isto é com a economia de rastos, fará se tivesse num período aureo...

A temática do aborto deu origem a que muita gente assomasse aos palcos para dizer de sua justiça, ou talvez não.
Um deles foi Manuel Antunes, director do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que deu a sua garantia para a existência de vida às dez semanas. “Mais precocemente até”, reforçou. O cirurgião apontou ainda o dedo à “falta de capacidade” do Serviço Nacional de Saúde “em responder às necessidades dos cidadãos”. “Estamos a ser induzidos num embuste. Fecham urgências, maternidades, por falta de pessoal. Não sei como vai ser depois do dia 11 se o ‘sim’ vencer ”, disse.
Talvez fosse interessante que este especialista nos explicasse quais são os critérios que imperam na unidade onde é director para as cirurgias. Um dos critérios é o peso das pessoas a operar, sendo que se for superior ao que ele estabeleceu, já não opera porque pode provocar complicações e lá vão as estatísticas.
Mais: gostaria de saber se a unidade que gere tem ou não capacidade para fazer mais intervenções cirúrgicas? Basta fazer a razão intervenções versus camas existentes (mas todas) e a urgência dos casos e comparar, por exemplo, com o mesmo serviço no Hospital de Santa Maria.
Eu compreendo que ele queira mostrar estatísticas a toda a gente, mas isso só não chega.
Talvez seja tempo de o ministro olhar seriamente para aquele Serviço e mostrar que a saúde não depende de vedetismos, mas sim do esforço de quem pratica medicina a pensar nos outros.

Mas a campanha do "não", não fica por aqui. Dois infantários de Setúbal, o Aquário e a Nuvem, da rede de instituições particulares de solidariedade social (IPSS), por isso mesmo comparticipados pelo Estado e dirigidos pelo Centro Paroquial de Nossa Senhora da Anunciada, decidiram entrar na campanha pelo "não" ao aborto. Para tanto colocaram uma carta, não assinada, nas mochilas das crianças, ou seja: as crianças foram aquilo que se designa por voluntárias à força na campanha.
A carta tem por título "Carta à minha mãe" e está escrita numa linguagem violenta e absurda como se pode inferir pelas seguintes partes:
"Um dia quando estava feliz a brincar no mais íntimo das tuas entranhas senti algo de muito estranho, que não sabia como explicar: algo que me fez estremecer. Senti que me tiravam a vida!... Uma faca surpreendeu-me quando eu brincava feliz e quando só desejava nascer para te amar (...) Mãe, como foste capaz de me matar?..." ou "Diz-me Mãe: quem poderia entrar cruelmente dentro de ti e chegar onde, com tanta segurança eu me encontrava, a fim de me matar? (...) Como poderia eu imaginar que uma mãe fosse capaz de matar o seu filho quando, em casa, não maltratam nem o gato, nem a televisão?" e ainda "Agora, Mamã, sei tudo. Estou aqui no outro mundo e um companheiro que teve a mesma sorte do que eu, disse-me que sim, que foste tu... Disse-me que há mães que matam os filhos antes de nascerem. Mãe, como foste capaz de me matar? (...) Por acaso pensavas comprar uma máquina de lavar ou um aspirador, com os gastos que talvez eu te iria causar?" e como não podia deixar de ser para finalizar "Ele me disse que terás de Lhe dar contas do que fizeste! (...) Mamã, antes de me despedir de ti, peço-te um favor, que esta carta que te escrevo, a dês a ler às tuas amigas e futuras mães, para que não cometam o monstruoso crime que tu cometeste."
Já nem vou pelo facto de estes infantários estarem a utilizar o dinheiro de todos nós, que lhe é dado para tomarem conta de crianças simplesmente para fazerem campanha (quantos litros de leite ficaram por comprar?), vou antes pelo seguinte: qual a capacidade desta gente para gerir e tomar conta de crianças?

O ex-procurador Souto Moura vai ser condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, concedida pelo Chefe do Estado “por destacados serviços prestados ao País no exercício das funções” em órgãos de soberania e na administração pública.
E que tal trocar por uma medalha de cortiça?

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...