quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

De uma clarividência deveras impressionante.
"Vou votar Sim no referendo ao aborto, porque não concordo com a actual lei. Uma lei que condena mulheres em tribunal, envergonhando-as. Uma lei que as obriga também a ter filhos não desejados, filhos que mais valia não terem nascido. Veja-se o caso do bebé de Moselos. Oxalá o Sim ganhe para que tudo fique resolvido".
"Não tenho medo. Defendo o que considero justo. A geração de um filho deve ser por desejo dos pais. É preciso evitar os casos das mães que vão ao quarto de banho meter a criança num saco de plástico e depois deitá-la ao lixo. É isso que muitas vezes acontece com filhos indesejados pelos pais. É um verdadeiro infanticídio. Isso sim, é que é crime".
"Um embrião é um ser inacabado, logo não há homicídio, não há crime. E até às 12 semanas o sistema nervoso não existe".
"É vergonhoso, andam aí com fotografias de fetos que deixam muita gente escandalizada. É uma campanha pontuada muitas vezes por um muito mau gosto atroz".
São estas as palavras de Manuel Augusto Costa Pinto, padre em Viseu, já reformado e sem paróquia há uns anos.

Nem sei se é para rir, se para chorar. A notícia que se segue veio hoje publicada no JN:

Câmara aumenta renda a morador morto desde 2000
Na mais recente actualização das rendas das habitações sociais, a Câmara Municipal do Porto aumentou o valor mensal a pagar por um morador do Bairro do Aleixo que morreu há quase sete anos, tendo-lhe enviado também uma carta com a identificação de uma dívida em cobrança coerciva, respectiva aos meses em atraso. Se fosse vivo, e de acordo com a subtracção de subsídio camarário ancorado no rendimento das famílias, o morador - que não respondeu à convocatória do Executivo, nem apresentou qualquer documento dando prova dos seus rendimentos - passaria a pagar, por mês, 66,83 euros.

A Autarquia, que justificou a medida generalizada com o argumento de que se trata de uma correcção de assimetrias para esbater as injustiças socias, aplicou a inflação ao número 104 da Torre 1, que depois da morte do inquilino, Alberto Rodrigues, ficou entregue a dois dos seus filhos, inscritos no agregado familiar, ambos com menos de 30 anos e toxicodependentes.
A habitação, aliás, foi mandada emparedar pela Câmara em Setembro de 2005 - janelas e portas estão vedadas com cimento -, na sequência de dois incêndios ocorridos nesse ano, tendo ficado os dois rapazes a viver na rua. Um deles está actualmente detido em Espanha por alegada tentativa de homicídio; o outro improvisou uma cama à porta de casa. Dorme ali; come quando os vizinhos lhe dão. Não trabalha.
Apesar de a Associação de Moradores, através de Alfredo Costa, ter enviado três cartas à vereadora da Habitação, Matilde Alves, solicitando ajuda para aquela família - "banhos, desparasitação, alguma roupa, alimentação, apoio médico e psicológico e encaminhamento" -, nunca obteve qualquer resposta.
Ontem, confrontada pelo JN, a Câmara, através da assessora de imprensa Florbela Guedes, questionou "Se a casa está fechada e os moradores ausentes, como pode alguém ter tido acesso aos recibos?". No entanto, e uma vez que os recibos efectivamente existem - o JN teve acesso aos documentos -, a Autarquia assegura que "não têm qualquer efeito prático", devido à casa se encontrar "desabitada".
O gabinete de assessoria justificou o "entaipamento da casa" para "evitar malefícios maiores", garantindo ser "do conhecimento público" que os dois rapazes "atearam voluntariamente fogo e abandonaram a habitação". A situação, acrescentou, desencadeou "um processo jurídico formal de despejo, que ainda decorre. Nesse sentido, e enquanto esse processo não estiver concluído, não é possível excluí-los do registo de dados, nem mesmo proceder a obras".
O registo de dados não é, portanto, actualizado desde 2000, ano em que faleceu o titular da casa, porque os recibos continuam a ser emitidos em seu nome e não no de qualquer um dos seus filhos, que passaram a ser, como reconhece a Autarquia, "os concessionários do fogo".
A Associação de Moradores do Bairro do Aleixo considera a situação tanto mais estranha quanto o facto de a habitação ter sofrido obras em 2003 - foram-lhe colocadas duas portas novas -, o que demonstrará que os rapazes têm direito à casa e que "nunca houve na actualização das rendas a preocupação da justiça e da equidade social". Alfredo Costa, numa das cartas que enviou a Matilde Alves, questionou "Como é que uma empresa municipal entaipa uma casa e ninguém procura saber se as pessoas que lá vivem precisam de alguma coisa?" Helena Teixeira da Silva


Comentários? Para quê!

Mas há mais. Se a anterior não merece comentário, esta muito menos. Leiam e guardem para que não se perca no tempo.

CANTONEIRA MULTADA POR CAIR DE MOTORIZADA
PSP de Santarém não viu acidente nem se deslocou ao local
Uma funcionária da Câmara de Santarém foi multada pela PSP depois de uma queda de motorizada. A mulher caiu sozinha e não provocou danos a terceiros. Mesmo assim, a polícia, que não assistiu ao acidente nem se deslocou ao local, entendeu que Maria Antónia infringiu o Código da Estrada.
Maria Antónia Lança tem 56 anos, há sete que trabalha como varredora dos serviços de limpeza da Câmara Municipal de Santarém. Para se deslocar, a cinquentenária utiliza uma motorizada. Por volta do meio-dia, quando saiu do trabalho, pegou na motorizada e fez o percurso habitual, mas num descampado desequilibrou-se e caiu. Maria Antónia Lança foi ao hospital, por simples precaução, onde lhe receitaram apenas uma pomada. Tratando-se de um acidente, a funcionária da Câmara teve de preencher um relatório da polícia. As nódoas negras não a obrigaram a repousar e Maria Antónia continuou a desempenhar as suas funções diariamente. Um dia chegou a casa e tinha uma multa de 120 euros para pagar, pois a PSP entendeu que quando caiu da mota a cantoneira ia em excesso de velocidade. Inconformada, Maria Antónia deslocou-se à esquadra e pediu o livro de reclamações, mas dias depois recebeu nova carta da polícia, com a qual ficou a saber que a multa lhe foi aplicada por ter transposto os separadores centrais. O chefe de gabinete do Governador Civil de Santarém prontificou-se a redigir uma carta para a Direcção-Geral de Viação. Maria Antónia, que em Santarém é conhecida também pelos poemas que escreve, sente-se ofendida, considera que 120 euros é um exagero para quem não cometeu qualquer infracção e muito dinheiro para quem ganha tão pouco.
SIC-Paulo Varanda


E pensava eu que já tinha visto tudo?!

1 comentário:

Anónimo disse...

Vitor, ...com toda a sinceridade diz-me:
- Se o ke está em causa é a despenalização, porque não se legislou nesse sentido.
Afinal têm maioria no parlamento que é o orgão com poderes legislativos. Era facil, não????
Um abraço.

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade