terça-feira, 31 de julho de 2007

Não posso passar ao lado de dois excelentes artigos de opinião publicados hoje no DN. O primeiro versa o caso Charrua e é da autoria de João Miguel Tavares (talvez devesse ser leitura obrigatória para muitos) e o outro, sobre o ensino superior, de Adriano Moreira.

Tá tudo doido. O Banco Santander Totta obteve um resultado líquido de 271,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que significa um aumento de 28,1 por cento relativamente a igual período de 2006.
É verdade que este resultado foi influenciado pelo ganho obtido com o negócio que o Santander fez com o BCP, no âmbito da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada por este sobre o BPI, aliás estimam-se em 77 milhões esses ganhos, mas mesmo assim, para um país que muitos dizem de tanga e eu digo de faz de conta, este ganho todo é obra... olá se é.

Rui Rio, em nome de uma pretensa estabilidade do PSD diz que apoia Mendes. Ora eu digo que Rio tendo em vista o ano de 2009 apoia Mendes, já que Menezes é bem mais díficil de apear depois em 2009. Mas para além de estabilidades ou conveniências, como é que é possível que alguém que é tratado assim “Onde está esse sacana? É tão pequenino que ninguém o vê?” (tratamento VIP de Jardim a Mendes) tenha capacidades para ocupar a cadeira de primeiro ministro?
E não nos esqueçamos do trauliteirismo...
Este pessoal é um pândego.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Custa-me fazer este comentário, e custa-me porque conheço pessoalmente o político Calvão da Silva, o homem Calvão da Silva e o professor de direito Calvão da Silva.
Conseguimos sempre afastar a política enquanto privámos directamente. A nossa relação manteve-se no trabalho e no plano pessoal e é por isso que me "atormenta a alma" dizer o que se segue.
Calvão da Silva manteve-se afastado das lides políticas nacionais (as más línguas diziam que por castigo dos novos ventos que sopraram na São Caetano à Lapa após a saída de Cavaco). Com a saída de Antunes, outro homem com raízes coimbrãs, Marques Mendes decidiu ir buscar Calvão da Silva para vice-presidente do PSD.
No imediato após esta promoção, Calvão da Silva, foi catapultado para a campanha de Negrão em Lisboa, tendo-se, de imediato, desmultiplicado em declarações que me levaram a pensar no porquê de tanta ânsia de dizer estou aqui.
Pensei que seria o desejo de publicitar a sua pessoa, mas de imediato caí em mim e cheguei à conclusão que o ínsigne jurista que é dispensa qualquer publicidade (muitos não sabem, mas a célebre Lei 383/89 e que versa a responsabilidade civil do produtor é da sua autoria, sendo que "Responsabilidade Civil do Produtor" é a sua tese de doutoramento).
Colocadas as coisas neste ponto restaria o frete ao presidente do partido e aí não posso, nem devo julgar quem quer que seja.
Derrotado que foi o candidato Negrão e entrando o PSD em convulsão eleitoral interna, com tudo o que isso significa, julguei que o bom senso imperasse e embora não impedisse Marques Mendes e seus homens-de-mão de dizerem barbaridades, julguei que Calvão da Silva se remeteria a um silêncio que fizesse esquecer os espalhanços da campanha autárquica.
Afinal enganei-me redondamente.
Calvão da Silva continua, para espanto meu, a esparrama-se em declarações perfeitamente anacrónicas e que estão longe de fazer jus à capacidade e inteligência que lhe reconheço. O porquê não sei, mas julgo que o tempo se encarregará de esclarecer e talvez rapidamente.
Tudo isto vem a propósito das declarações proferidas à Lusa.
Disse Calvão que «o dr. Augusto Santos Silva já nos habituou à linguagem trauliteira que fica muito mal a um ministro do Governo de Portugal».
Claro que esta foi a resposta ao facto de Santos Silva ter dito, no encerramento do congresso regional do PS-Madeira, que Marques Mendes se rende a quem «não cumpre as leis», ou seja a João Jardim.
O curioso de tudo isto é que Calvão profere estas declarações na festa do PSD-Madeira (Chão da Lagoa), onde, por norma, são proferidos os discursos mais soezes por Alberto João e Jaime Ramos contra os continentais, aliás deve acrescentar-se que esses dois senhores para insultarem não necessitam do Chão da Lagoa, qualquer espaço serve.
Portanto caro Calvão da Silva quanto a trauliteirismos estamos conversados.
Mas mais, muito me espanta ou talvez não (o desejo de poder ultrapassa tudo e todos) que quer Calvão da Silva quer o próprio Marques Mendes tenham estado na festa do PSD-Madeira.
Para Calvão, Alberto João sempre foi uma figura desprezível e que só interessava porque conseguia maiorias para o PSD e Marques Mendes já foi um líder sem carisma para Alberto João.
Claro que eu sei que os votos do PSD-Madeira são fundamentais para Mendes (e para Calvão quem sabe?), só espero é que tenha sido por mais de "trinta dinheiros".

Já não era sem tempo. O antigo bispo de Milão, Carlo Maria Martini e que foi apontado pelos observadores da Igreja Católica como eventual rival de Joseph Ratzinger para o lugar de Papa, defendeu, num artigo publicado no jornal económico italiano Il Sole 24 Ore, o Concílio Vaticano II e a missa nas línguas faladas, em crítica aberta ao recente decreto (motu proprio) do Papa Bento XVI, que liberaliza a missa em latim. Maria Martini refere que não teria dificuldade em celebrar a missa em latim, mas acrescenta que não o fará. Para além disto Martini, considerado um liberal, faz críticas ao chefe da Igreja Católica e contraria os argumentos favoráveis ao latim: na sua opinião, os abusos de liturgia moderna (a justificação do Vaticano) não parecem numerosos. A decisão de Bento XVI de autorizar sem restrições o ritual anterior ao Vaticano II veio satisfazer o sector mais conservador da Igreja.

Morreu Ingmar Bergman. Segundo o jornal sueco Dagens Nyeter, o cineasta e encenador morreu, hoje de manhã, por volta das 7h00 (6h00 em Lisboa) com 89 anos na sua casa na ilha sueca de Faarö (Gotland), onde filmou várias das suas obras-primas.
Filho de um padre, nasceu a 14 de Julho de 1918 em Uppsala, a norte de Estocolmo. Realizou ao longo da sua extensa carreira mais de 40 filmes, entre os quais se destacam "Um Verão de Amor" (1951), "O Sétimo Selo" (1957), "Morangos Silvestres" (1957), "Em Busca da Verdade" (1961), "Lágrimas e Suspiros" (1972) "Sonata de Outono" (1978) "Fanny e Alexander" (1982) ou "Saraband" (2003), o seu último filme, de forte pendor auto-biográfico, criado numa fase da sua vida em que havia se dedicado sobretudo ao teatro.
Alguns links:
Wikipédia, IMDb, http://www.ingmarbergman.se/ e muitos mais

domingo, 29 de julho de 2007

Na altura percebeu-se que era um saneamento político e mal feito. O Supremo Tribunal Administrativo condenou o Estado a pagar um milhão de euros de indemnizações a 18 directores demitidos no tempo de Durão Barroso.
Claro que já ao tempo se tinha percebido que os despachos exarados por Bagão Félix não tinham fundamentação e curiosamente o hoje ministro e na altura deputado referiu que tinham sido «saneamentos políticos», o que ele nã sabia na altura é que lhe caberia a ele indemnizar os saneados.
Num caso destes, em que o sr. foi avisado e mais sabia que não tinha qualquer razão, não deveria a indmenização sair-lhe do bolso?

Fantástico o artigo de José Leite Pereira, Director do JN.

A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait, o Qatar, o Bahrain e o Sultanato de Omã são os países aliados dos EUA que vão comprar armas aos Estados Unidos, no valor global de 20 mil milhões de dólares, e que se destinam a conter a crescente importância do Irão e a reforçar a influência norte-americana na região.
O nível de hipocrisia de Bush não tem fim.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Li hoje a entrevista de Azeredo Lopes, presidente da ERC, ao JN e porque a julgo uma peça fundamental para todos aqui deixo o link para vós.

Mas como não quero que só leiam coisas sérias, deixo-vos o artigo, também do JN, que retrata apresentação do novo candidato à liderança do PSD. As citações do candidato são quase de ir às lágrimas.
Agora se quisermos parar para pensar um pouco acabamos por ficar preocupados e porquê, porque estas candidaturas que têm em vista somente uma tentativa de projecção pessoal não servem nem o próprio partido, nem a oposição e muito menos a democracia.
Já as propostas apresentadas por Filipe Menezes se me afiguram interessantes e importantes.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Eu já tinha avisado. Já aqui referi que a guerra interna do BCPnestava a prejudicar os acccionistas, nomeadamente os microaccionistas, sendo que os dois contendores parace que pouco se importam com a questão.
Pois aí está, nos últimos cinco dias o BCP já desvalorizou 758 milhões de euros, sendo que agora o banco vale somente 13,9 mil milhões de euros, isto depois de em fins de Junho ter sido cotado a 4,30 por acção.
Seja o que for que resulte desta guerra de alecrim e manjerona o Banco de Portugal deverá intervir, quanto mais não seja na defesa dos microaccionistas, que não são tão poucos assim.

Vamos ao Plano Tecnológico da Educação. Na escola do futuro, os alunos têm um computador com ligação à Internet na sua secretária, fazem exercícios no quadro interactivo, continuam a trabalhar em rede na sala de estudo, usam o cartão de aluno para tirar fotocópias ou comprar uma sandes no bar.
Pelo menos são estes os desejos de Sócrates e do seu governo. Não tenho nada contra, antes pelo contrário saúdo efusivamente a ideia.
Mas permitam-me gostaria de deixar aqui duas sugestões:
primeira - continuar e se possível reforçar o Plano Nacional de Leitura. Os estabelecimentos de ensino até ao 12.º devem estar dotados de boas bibliotecas;
segunda - eu sei que a utilização das novas tecnologias nas aulas é muito importante, mas também é importante que eles aprendam a ler e a escrever correctamente, para além de não descurarem a capacidade de raciocínio.

Já não era sem tempo. Até que enfim alguém decidiu investigar o porquê de num país com uma costa fabulosa o peixe ter um preço proibitivo, sendo que o valor pago não reverte para quem mais lutou para que ele chegue a nossa mesa.
Só o facto de estudarem o assunto já merece aplausos.
Já agora, e se puderem alarguem o estudo à carne, à fruta, aos legumes, aos lacticínios e por aí fora.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Valha-nos Santa Engrácia. Marques Mendes vai participar na festa madeirense do PSD em Chão de Lagoa, que se realiza no próximo domingo.
Já não bastava o arrazoado de Jardim e de Jaime Ramos.
Mas claro que Mendes não podia perder esta hipótese de fazer campanha, tanto mais que eu tenho a certeza que Menezes vai fazer companhia a Mendes na disputa à liderança. Claro que há ainda Castanheira Barros, mas esse só deseja protagonismo, já que a questão da incineração não lhe está a dar o espaço que ele ansiava.
Espero que Mendes tenha coragem para falar da questão da lei do aborto e das restrições impostas por Jardim na Assembleia da Madeira. Claro que se não falar perderá de vez a face e o melhor é abandonar a vida política.
Mas sobre a disputa no PSD importa não descurar a frase de Aguiar Branco. Disse este ex-provável candidato: "Alguém acredita que é possível no mês de Agosto reflectir, apresentar e discutir quaisquer ideias para o partido e o país?"
Em Agosto, claro que não se discute nada. Vai tudo de férias, as pessoas, porque as ideias já estão de férias há muito.

Por falar em férias. Quem podia ir de férias era a família da Carolina Salgado. Trezanda a mentira, a dor de cotovelo, a conversa bem paga.

domingo, 22 de julho de 2007

Tudo na retranca. Os candidatos a presidente do PSD estão todos na retranca. A continuar assim, Mendes arrisca-se a ir sozinho a um jogo onde ele definiu as regras, os prazos e só não definiu os jogadores porque não pode.
Com esta atitude Mendes só adia o inevitável: a sua queda, para além de arrastar o PSD pelas ruas da amargura durante mais dois anos.
Acontece que um governo precisa sempre de uma oposição credível e forte.
A verificar-se esta desgraça o PS vai passeando-se pelo poder alegremente sem ninguém que lhe consiga, pelo menos, bater o pé.
Claro que isto depois traduz-se na Assembleia onde o primeiro-ministro continua, mesmo sem uma prestação brilhante, a bater aos pontos os seus adversários. É quase caricato, se não mesmo penoso, ver os líderes da oposição serem simplesmente trucidados.

Mas se Mendes e o PSD não estão bem, o PP e o seu líder estão de rastos. Portas aproveitou o seu discurso no Conselho Nacional que durou uma hora e quarenta e cinco minutos para dissertar sobre as razões do desaire em Lisboa.
Curiosamente, ou não, nunca se apresentou como principal e único responsável por tal funesta votação, aliás, dedicou mais ou menos trinta minutos a vestir a pele de vítima.
Atirou as culpas para o Estado (que vai processar), os nomes escolhidos para a lista não foram os melhores, etc e etc.
Mas claro continua na liderança, porque ele precisa deste partido para o seu projecto pessoal, sim porque o partido só existe para ele enquanto puder albergar o seu projecto.
No dia em que as coisas se complicarem quer com o partido em si, quer com a sua legião de fiéis seguidores, ele não hesitará um segundo que seja em mandar tudo às malvas.

Mais parece um combate de esgrima com toques de um e outro lado a luta pelo poder no BCP. Jardim Gonçalves, fundador, e Paulo Teixeira Pinto, anteriormente delfim e hoje rival, estão tão empolgados na sua guerra que, desconfio eu, nem pensam nos microaccionistas da instituição que merecem todo o respeito.
O curioso é que Paulo Teixeira Pinto pode vir a ser salvo por Fernando Ulrich, o todo poderoso big-boss do BPI.
Quem haveria de dizer que após uma tentativa frustrada de OPA por parte do BCP ao BPI por vontade de Teixeira Pinto, seja agora o BPI que possa salvar a pele ao mandante da OPA.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Os deputados à Assembleia da República (AR) vão passar a ter um assistente individual. A medida ficou consagrada num projecto de alteração ao Estatuto dos Deputados, que subirá a votação. Sem data para ser aplicada, a norma deverá ser "concretizada gradualmente", com o apoio dos assessores dividido "numa primeira fase" por vários deputados.
Parem, escutem e olhem é só o que pedimos.

O caso Esmeralda continua a ser notícia. Parece que ninguém percebe nem reconhece os direitos da criança e pior do que isso parece que são surdos aos alertas dos técnicos do Hospital Pediátrico de Coimbra que acompanham a menor.
Espero que quando perceberem não seja demasiado tarde.

Interessante o artigo de Maria José Nogueira Pinto ao DN.

Já leram o livro de Zita Seabra? Se não leram não se esforcem muito, pois que mais parece um "Eu Carolina" na versão da pastelaria Versailhes.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ainda existe PSD? Desde Domingo que só tenho ouvido o seguinte: Mendistas estão em crise; Aguiar Branco procura apoio dos barrosistas; Menezes tem apoio dos santanistas; Mendes tem apoio dos cavaquistas.
Aguarda-se para breve a chegada dos sarmentistas, dos ferreira leitistas, dos marcelistas, quem sabe dos pereiristas, etc. e etc.
Já nem parece um partido. Parece uma manta de retalhos.

Como? Porquê? A Oni Communications registou um resultado líquido negativo de 10,2 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, valor que implica uma melhoria de 55% face aos 22,8 milhões de euros de prejuízos registados nos primeiros seis meses de 2006.
Sim dirão vocês e depois!?
Quando António Mexia tomou conta da EDP ficámos logo esclarecidos que a ONI seria para vender. O motivo prendia-se com os elevados custos que lhe estavam inerentes.
Pois bem, agora ficámos a saber que é possível ser uma empresa rentável, bastando tão só saber geri-la.
Claro, isto é somente um pequeno exemplo.

Viviane Reding, comissária europeia para as questões dos media, não tem dúvidas em afirmar que “A imprensa escrita livre é a base da nossa sociedade democrática e os governos não devem intervir na regulação da imprensa escrita. É uma regra sem a qual não há democracia. A auto-regulação e a co-regulação é um sistema que, de facto, funciona”.
Fica dado o recado, sendo que esta é uma verdade incontestável e incontornável.
Sem liberdade de expressão a verdade teima em não se dar a conhecer e muito menos se fomenta o espírito crítico que foi, tantas vezes, motor do desenvolvimento.
Mas conscientes disto, também não devemos permitir algumas atitudes que são verdadeiros ataques quer à liberdade de imprensa quer á dignidade do homem.
Vejamos: quantas vezes os direitos de resposta ficam por publicar? E sendo publicados, quantas vezes o são numa quallquer página do interior e remetidos para espaços mortos das publicações? Mais, quantas vezes é que os jornalistas ou as direcções dos media ainda comentam o direito de resposta?
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

terça-feira, 17 de julho de 2007

E agora a Assembleia Municipal? Face aos resultados de Domingo qual é a posição de AML? Tudo o que acontecer na Assembleia será sempre culpa do PSD e da sua presidente, Paula Teixeira da Cruz, que, por acaso, também é presidente da distrital de Lisboa do PSD.
Quer ela quer o líder Marques Mendes cometeram também com a AM uma asneira crassa. Se não viabilizar os trabalhos de António Costa vai permitir que ele se apresente como uma vítima a quem não deixaram trabalhar no sentido de tirar a CML do grande buraco em que o PSD a deixou.
Por outro lado se viabiliza os desejos de Costa, vai aumentar ainda mais o seu problema com as estruturas do partido, sendo que muitos veem nela a verdadeira culpada da má votação obtida por Negrão (aliás há vozes dentro do partido que já pedem a sua cabeça). Convém não esquecer que Helena Lopes da Costa está ali ao dobrar da esquina já preparada como se fosse fazer os 100 metros.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Vamos lá então aos resultados das intercalares de Lisboa. Numa breve análise aos quadros comparativos das eleições de 2005 e das intercalares de ontem podemos observar o seguinte:
1.º - Todos os principais partidos perderam votos. Significa isto de que a abstenção atravessou diametralmente todos eles.
2.º - No seguimento do ponto anterior importa esclarecer o seguinte: o PS perdeu votos, mas é o vencedor incontestável, vitória que assume uma diferença de cerca de 14% para o segundo.
3.o - Assim como defino o PS como vencedor incontestável, igualmente defino o PSD e o CDS/PP como os reais perdedores destas intercalares. E são-no por razões óbvias e que os números não escondem. O PSD detinha a presidência da Câmara com 8 vereadores e agora viu-se relegado para terceira força com apenas 3 mandatos, sendo que para piorar as coisas acabou por ficar atrás do independente que em 2005 tinha conquistado a Câmara para o partido.
O CDS/PP com estas eleições perde o vereador que tinha.
Claro que aqui o caso assume maior problemática, porquanto Portas tinha apostado a sua liderança neste acto eleitoral, sendo o resultado um descalabro total.
4.º - Se quisermos ir mais além e conjugarmos a frieza dos números com as várias permissas, podem obter-se conclusões deveras interessantes:
a) a CDU sai derrotada em dois campos: nos números e no desejo de referendar o Governo. Nos números porque sabemos todos que o eleitorado da CDU é fixo e é fiel, ora entre 2005 e ontem a CDU perdeu qualquer coisa como 13.500 votos. São demasiados votos a voar. Depois a CDU pretendeu que estas eleições fossem um referendo ao Governo e também aqui falhou rotundamente. Para além destas duas derrotas e como referi ontem a CDU vê-se a braços com uma situação problemática para o futuro: o PS vence em Lisboa, sem ser necessário fazer coligações;
b) o Bloco de Esquerda tem razões para analisar os resultados. Entre estas duas deslocações às urnas o BE perde cerca de 9.000 votos, sendo que também o BE tem um eleitorado fiel. Mas há mais. Este partido fez questão de publicitar sempre que se apresentavam (o partido e o seu candidato) ao eleitorado como paladinos da justiça e que foram eles que descobriram e deram a conhecer todas as falcatruas. Para além disto sempre fizeram questão de salientar da conivência de Costa com o Governo e do PS com as anteriores gestões da Câmara e etc. e etc. Face a isto tudo não só não subiram, como ainda desceram 9.000 votos...
Concluindo: todos os que quiseram referendar a acção governativa nestas intercalares perderam, sendo que perderam o seu tempo e a eleição.

Sobre os partidos mais pequenos. Sobre estes partidos importa salientar o aumento de votação do PCTP/MRPP que entre 2005 e 2007 aumenta 500 votos, o que tomando em consideração o n.º de votantes é significativo e o caso do PNR que duplica a sua votação. Se o primeiro caso não me coloca nenhum problema, já o segundo deixa-me mais apreensivo, sendo que eu julgo que as últimas acções de propaganda (cartaz, manifestação no Martim Moniz e em Santa Comba Dão) são as grandes responsáveis.
Quanto ao PND de Manuel Monteiro, o MPT de Quartin e o PPM de Gonçalo, são perfeitamente residuais e que se não forem em coligação não chegam a lado nenhum.
Ficou também provado que Manuel Monteiro representa zero em política.

Quanto aos independentes. Curiosamente eu penso que quer Carmona Rodrigues quer Helena Roseta disputaram esta eleição por mera vingança. E se percebo que Carmona se queira vingar de Marques Mendes e do PSD e, porque não, dos outros partidos que o fizeram cair, já não entendo Helena Roseta.
Esta militante socialista comunicou ao secretário-geral do PS em Fevereiro (penso eu) de que estava disponível para ser candidata do partido à Câmara. Por variadas razões Sócrates decidiu que o candidato do PS era António Costa e muito bem.
Face a tudo isto Roseta desfiliou-se do PS e apresentou-se como candidata independente, tendo aliás atitudes que eu designo por esquisitas para com Costa e o PS durante a campanha.
Isto leva a concluir o seguinte: Roseta queria poder a qualquer custo. Para quê não sei.
Não sei porquê, mas olho para o episódio da candidatura de Alegre à Presidência e não posso deixar de vislumbrar demasiadas coincidências.
Para terminar resta-me referir que julgo o projecto de Roseta para Lisboa um verdadeiro "flop" e que a história de ir votar de bicicleta e se esquecer dos documentos é um "fait-divers" perfeitamente escusado.

domingo, 15 de julho de 2007

Hoje votaram (os que votaram) os lisboetas e sobre as eleições importa dizer o seguinte:
1.º - O discurso de Ruben de Carvalho é simplesmente vergonhoso. Claro que o problema da CDU é tão só o facto de ter percebido que o PS ganha eleições em Lisboa mesmo sem coligação e porque falhou rotundamente o desejo do eleitorado penalizar nesta eleição o PS e o Governo.
2.º O CDS/PP falha rotundamente e Telmo Correia veio assumir as culpas pelo presidente do partido. O discurso ambíguo de Portas não chega e a prová-lo está o jantar de ontem nas Caldas da Rainha e que juntou muitos apoiantes de Ribeiro e Castro.
3.º O PSD é duramente castigado. O seu desejo de penalizar o PS cai por terra. A liderança de Marques Mendes está posta em causa (Negrão, tal como Carmona foram escolhas directas de Mendes).
4.º A história dos militantes do PS de Teixoso e Alandroal eram desnecessárias e é incompreensível.
5.º Os comentaristas do PSD (Miguel Relvas na TVI, Pacheco na SIC e Marcelo na RTP) apesar de assumirem a derrota dos laranjas, mitigaram de forma escandalosa a vitória de António Costa e do PS.
Quanto aos números falamos amanhã.
"Reino de Portugal" (cerca de 1640), de João Teixeira Albernaz I. Foto do Expresso

A Biblioteca Nacional vai receber da Fundação Gulbenkian o primeiro manuscrito de um mapa de Portugal que representa a totalidade do território, criado por João Teixeira Albernaz I no século XVII.
O documento cartográfico com o nome de "Reino de Portugal" é composto por 1 mapa, em 6 folhas coladas: manuscrito, pergaminho, colorido; 132 X 234 cm.; escala ca 1:291 000 e tinha sido adquirido pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1964, à Livraria Pregliasco, de Turim.

Deplorável a entrevista de Saramago ao DN. Quantos escritores portugueses é que foram mandados às urtigas e que eu saiba nenhum emigrou. O que me preocupa é que vai nascer mais uma fundação. Em Portugal são como os cogumelos.
Leio esta entrevista e vejo no mesmo jornal referências a Torga e salta-me à memória o homem alto de nariz comprido e cara afilada com a sua voz forte a dizer-me a propósito de um acidente que sofri na caça: "Aleijaste-te rapaz?" "Foi ontem na caça!" respondi eu com a reverência devida a um médico famoso e insígne homem das letras. "Também caças?" questionou-me ele afundado numa cadeira no gabinete do grande amigo dele Padre Valentim. E sem que eu tivesse tempo de responder de imediato começou uma dissertação sobre as suas caminhadas por montes e vales na procura das perdizes. É este Torga que não ganhou o Nobel por razões que são estranhas à escrita (leiam o livro da "Correspondência entre Sophia e Jorge de Sena" e saberão as razões) e é por este Torga que fico pasmo face às declarações de Saramago.

sábado, 14 de julho de 2007

Continuo a não perceber. Ao que parece o Governo vai rever durante o próximo ano lectivo o regime de acesso ao Ensino Superior. Mariano Gago diz que "a actual lei encoraja as instituições, sobretudo as que captam poucos alunos, a concorrer umas com as outras diminuindo a exigência de acesso, algumas prescindem das provas específicas, o que é um absurdo".
Prescindir das provas específicas é na verdade um absurdo, mas pior que isso é as provas de acesso não serem públicas. Talvez assim fosse possível aquilatar essa tal exigência.
Mas claro que esta matéria é deveras complicada, até porque interaje com diversos factores e sejamos claros o ministério não está inocente.

Excelente artigo de opinião no DN de hoje. É para ler, reler e meditar.

Para terminar resta referir que Manuel Carvalho da Silva, dirigente da CGTP, obteve a nota máxima, no ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – ao defender a tese de doutoramento ‘Centralidade do Trabalho e Acção Colectiva’. Parabéns

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Será que sou eu que estou a ficar maluquinho?! O Ministério da Educação pretende que os resultados obtidos pelos alunos nos exames e na avaliação feita ao longo do ano escolar, o progresso na aprendizagem, a relação pedagógica com os estudantes e o nível de assiduidade dos docentes sejam alguns dos parâmetros que irão pesar no processo de avaliação de desempenho dos professores.
A questão da assiduidade ainda compreendo e aceito, agora os outros parâmetros... tenham lá paciência é uma idiotice chapada.

Vergonhosa a cedência que o Governo fez à Igreja Católica. Importa no imediato regulamentar a Concordata de 2004. Regressar às regras de 1940 é não respeitar a evolução que teve a sociedade. Talvez deva aqui ficar registado que foi somente com o Concílio Vaticano II, que ocorreu entre 11 de Outubro de 1962 e 8 de Dezembro de 1965, que a Igreja recebeu os primeiros laivos de democraticidade
É ou não a Constituição portuguesa suficiente para garantir o exercício pleno da liberdade de credo e de culto dos cidadãos?
Se o é porquê uma Concordata? Se mandarmos às urtigas o princípio republicano e constitucional da igualdade dos cidadãos, facilmente percebemos que a Concordata, seja a de 1940, seja a de 2004, mais não é do que um conjunto de normas que visam conferir um tratamento de favoritismo à comunidade católica.
Não nos esqueçamos que uma Concordata, ao tomar a forma de um «tratado internacional», e só podendo portanto ser alterada com o consentimento mútuo de ambas as partes, retira ao controlo democrático os privilégios de tal comunidade -ao contrário do que acontece com as demais igrejas e comunidades religiosas, sujeitas à Lei da Liberdade Religiosa, esta sim revogável pelas instâncias democráticas.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Tadita. Helena Roseta apresentou queixa contra os dois canais públicos de televisão "por tratamento jornalístico discriminatório". No dizer da candidata a RTP1 e a RTP2 devem "proporcionar ao público o conhecimento das ideias e acções de campanha de todas as candidaturas".
Estou inteiramente de acordo. Só não percebo é que não tenha pensado da mesma forma aquando do debate a sete na SIC.
É a coerência amigos, é a coerência.

E continuando... Diz a senhora arquitecta que só irá aceitar o pelourinho do Urbanismo caso este seja partilhado. A ilustrissíma candidata refere também que “não posso aceitar que o pelourinho do urbanismo na câmara seja dirigido por uma só pessoa” e acrescentou ainda que espera que os socialistas não obtenham a maioria absoluta, defendendo um executivo o mais alargado possível.
Primeiro: quem é que disse a esta senhora que ela vai ser eleita?
Segundo: se os outros candidatos não têm um programa coerente para governar Lisboa, como é que ela está disposta a fazer parte do elenco?
Terceiro: dá ideia que também ela quer ir para o urbanismo, se assim é, coloca-se a questão porquê? Há algo que ela sabe e que a gente não sabe?

As autárquicas. Marques Mendes e Paulo Portas vieram hoje, em conferencia de imprensa, salientar que as últimas questões que vieram a público sobre eles visam tão só que os seus partidos obtenham grandes resultados nas autárquicas de Lisboa.
Desculpem-me os dois mas eu tenho uma tese diferente.
Relativamente a Paulo Portas importa primeiramente não esquecer que foi jornalista.
Posto isto avancemos.
Telmo Correia corre sério risco de não ser eleito sequer. Colocadas as coisas nestes termos, teríamos assim que Paulo Portas arranca a segunda derrota seguida durante a sua presidência (a primeira foi a Madeira). Mas mais, não é uma derrota qualquer. É uma derrota protagonizada por um grupo composto por fiéis seguidores de Portas.
Logicamente que importa tentar alterar estas circunstâncias rapidamente. Assim, nada melhor que uma vitimização. Foi isto que Paulo Portas hoje fez: armou-se em vítima. A história dos submarinos nada tem a ver com Lisboa, assim como o caso Portucale também não.
Que eu penso que todos os que estão a ser investigados não se devem candidatar a funções governativas (nacionais ou autárquicas), isso penso, mas isso sou eu, como é evidente. A criação de factos ou pseudo-factos é um argumento que já não cola, por muito bem ensaiado que seja. E quanto a Portas estamos conversados.
Vamos ao líder do PSD.
Luís Marques Mendes cometeu uma gaffe do tamanho de um comboio (tipo os comboios americanos com muitas carruagens que vão de costa a costa). Estou a referir-me ao caso do arquitecto Manuel Salgado.
Marques Mendes disse o que disse e percebendo que tinha cometido uma gaffe descomunal refugiou-se no silêncio na esperança que a poeira baixasse.
Teve azar.
A questão do e-mail deitou por terra todas essas veleidades. Mais complicado ficou quando se tornou público ele era presidente da assembleia - com direita a remuneração - de uma empresa participada da empresa onde teve origem o e-mail.
Claro que a questão que hoje o Correio da Manhã levanta foi a gota de água que o forçou a vir a terreiro.
E aqui deve-se tirar o chapéu a Marques Mendes: em vez de explicar bem as coisas, fez uma fuga para a frente e esquivou-se dizendo que tudo isto era porque ele tinha colocado o dedo na ferida.
Não é ser má língua, mas a única ferida que eu vislumbro foi a que ele inflingiu a si próprio com o que disse e com as embrulhadas em que se meteu.
Mas Marques Mendes não tem que se preocupar. Menezes, Ferreira Leite, Morais Sarmento e Marcelo têm andado a cursar enfermagem e estão mais que aptos para o tratarem.

Por fim uma excelente notícia. A REN-Rede Eléctrica Nacional vai apoiar com 600 mil euros o estudo, restauro e digitalização de documentos relativos à inquisição e que desde 1825 se encontram depositados na Torre do Tombo (TT).
Trata-se de um importante contributo num projecto de um milhão de euros, 400 mil dos quais a suportar pela Direcção-Geral dos Arquivos/TT .
Esta acção vai possibilitar a preservação e colocar online cerca de 5000 processos e 800 livros, num total estimado em cinco milhões de imagens provenientes do Tribunal de Lisboa, estes documentos pertencem ao vasto fundo do Santo Ofício (que inclui os tribunais de Coimbra, Évora e Porto).

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Marques Mendes é remunerado por empresa é um dos temas de primeira página do Diário Económico de hoje.
Lá dentro a notícia é tão somente esta:

"Marques Mendes é remunerado por empresa
O presidente do PSD é também presidente da Assembleia Geral da Paínhas, S.A..

Marques Mendes é “remunerado” pelo exercício do cargo de presidente da assembleia geral da empresa Paínhas S.A., participada da FIX, função que acumula com o cargo de deputado confirmou ao Diário Económico o chefe de gabinete do líder da oposição. Ainda assim Pedro Vinhas da Costa, recusou revelar o montante.
Embora o exercício de ambas as funções não seja incompatível, e estejam expressas no registo de interesses apresentado na Assembleia da República, em 2004, é o suficiente para o PS alegar a interferência do líder social-democrata numa decisão da PT sobre a não adjudicação à FIX de dois negócios, em Aveiro e S. João da Madeira.
Em causa está um e-mail enviado pela FIX a Marques Mendes onde a empresa se queixa de ter perdido duas adjudicações da PT para o fornecimento de infra-estruturas de telecomunicações.
Depois de ter conhecimento da situação, Marques Mendes, através da sua secretária, enviou às 19h53 do dia 27 de Junho, um e-mail para a secretária de Henrique Granadeiro, presidente da PT, expondo-lhe a estranheza da FIX depois de ter perdido o concurso.
Henrique Granadeiro ficou surpreendido com o teor da mensagem, que demonstrava conhecimento de assuntos internos da PT.
No dia seguinte, a 28 de Junho, o administrador da PT, António Caria, fez uma exposição, na reunião da comissão executiva, sobre esta adjudicação onde referiu que, ao contrário do habitual, não houve qualquer problema ou registo de qualquer queixa. A versão foi contrariada pelo próprio Henrique Granadeiro que disse ter recebido um protesto através de Marques Mendes.
Ao que o Diário Económico apurou, o presidente da PT fez, uma semana depois, a 6 de Julho, um despacho onde referia o discutido na reunião de 28 de Junho, demonstrando surpresa pelo conhecimento que o e-mail enviado por Marques Mendes revelava sobre os assuntos internos da PT. Por isso, decidiu submeter o caso à comissão executiva a que preside e que reuniu nessa mesma tarde. No entanto, as dúvidas de Granadeiro acabaram por não ser discutidas por falta de tempo, sendo expectável que este seja um dos temas em cima da mesa no próximo encontro - ainda no decorrer desta semana.
Certo é que o PS não quer deixar cair este caso. Ontem, o deputado José Junqueiro exigiu mesmo a Marques Mendes “explicações detalhadas” sobre a “informação privilegiada” a que teve acesso.
Fonte da Portugal Telecom confirmou ao Diário Económico a recepção do e-mail do gabinete de Marques Mendes, no final de Junho, mas frisou que este “não teve qualquer influência na decisão, dado que esta já tinha sido tomada anteriormente.”
Fix fornece infra-estruturas para PT e EDP
A Fix é uma empresa de engenharia e telecomunicações, subcontratada pela PT para o fornecimento de infra-estruturas e prestação de serviços. A Paínhas S.A., da qual Marques Mendes faz parte da administração, é uma participada da Fix e actua na área de infra-estruturas de energia eléctrica e telecomunicações. Fundada em 1980, esta empresa conta, entre os seus clientes, com a PT, a EDP, a Oni, a TMN, a Siemens e a Alstrom, actuando nos cinco continentes. A polémica que envolve Marques Mendes começou quando o líder do PDS reencaminhou um email que recebeu da Fix, onde a empresa se queixava de ter perdido duas adjudicações da PT. O email com a reclamação foi reencaminhado pela secretária de Marques Mendes para a secretária de Henrique Granadeiro. O presidente da PT terá ficado surpreendido com o conteúdo do email recebido, que demonstra conhecimento sobre decisões internas da PT. Será por isso mesmo que a comissão executiva da operadora nacional irá abrir um processo de averiguação, para apurar as responsabilidades neste processo." Francisco Teixeira e Cátia Simões no DE.

Não é por nada, até porque não morro de amores pelo cardeal Pina Moura, mas julgo que este deve estar a rir-se à gargalhada, é que se bem se lembram Marques Mendes e os seus compagnons de route (que já são poucos) sempre fizeram questão de clamar alto e bom som contra o facto de Pina Moura ser administrador da Iberdrola e permanecer como deputado. Pois é...
Também me lembro que foi Marques Mendes que atacou o arquitecto Salgado por este estar na lista de Costa às eleições de Lisboa, dizendo que o arquitecto tinha interesses na zona da Portela.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sete anos depois o Vaticano volta a "atacar". João Paulo II em audiência concedida a 16 de Junho de 2000, ao então Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, ratificou e confirmou a Declaração «Dominus Iesus».
Na altura o Conselho Ecuménico de Igrejas que congrega todas as comunidades cristãs históricas, incluindo a Ortodoxa e os anglicanos, considerou a «Dominus Iesus» como uma «tragédia» para a continuidade do diálogo ecuménico, iniciado após o Concílio Vaticano II, em 1965.
Numa breve análise ao documento, percebia-se que o Conselho estava carregado de razão. Quem não tivesse o conhecimento profundo dos Evangelhos e lesse esta Declaração, ficaria com a ideia de que Jesus Cristo é um professor de catecismo que nos veio ensinar uma doutrina sobre Deus e, agora, o cardeal Ratzinger vem publicamente dizer que nós não passamos no exame da fé. Mas o texto vai mais longe. No n.º 7 (diferença entre Fé e Religião) classifica a Igreja como expressão pura e directa da fé revelada directamente por Deus, enquanto as outras religiões seriam buscas humanas que Deus não revelou.
Para não alongar mais a matéria termino dizendo que esta declaração da Cúria Romana revela o intento de corrigir o caminho que, o papa e as igrejas percorriam. O papa, por mais que uma vez tinha pedido perdão pelos erros da Igreja e/ou dos seus filhos. O documento frisa que a Igreja sempre foi fiel e perfeita no testemunho do Evangelho, sendo que por isso não há que pedir perdão. Teólogos/as e o próprio papa diziam que o Espírito de Deus actuava em todas as religiões e não só no cristianismo. Esta declaração ensina que não é bem assim. Deus é católico romano. Embora tenha dado alguns sinais de presença noutras religiões, fez isso só para que as pessoas o descubram e entrem na Igreja Católica Romana. Quem segue outra religião está objectivamente em situação de erro e ilusão.
Ratzinger, hoje Bento XVI, publicou um novo documento onde reafirma que as comunidades protestantes não são Igrejas e que a Igreja Católica é a única verdadeira.
Com o título «Respostas a questões relativas a alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja» este texto assinado pelo Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada, com data de 29 de Junho, elabora uma síntese de um conjunto de documentos do Concílio Vaticano II, de declarações dos Papas Paulo VII e João XXIII e de um polémico documento de João Paulo II, a «Dominus Iesus».
O Papa refere que o documento hoje divulgado pretende «dar com clareza a genuína interpretação» sobre a constituição da Igreja fundada por Jesus, a Declaração é elaborada de forma singular, em jeito de pergunta e resposta. E logo se esclarece que é na Igreja do Papa de Roma que subsiste «a continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo». Por isso, conclui que as comunidades protestantes não podem ser consideradas de Igrejas. Porquê? «não têm sucessão apostólica» – aquilo que Roma considera como uma linha sucessória, de continuidade entre os papas, desde S. Pedro – e por esta razão as Igrejas protestantes estão privadas daquele «elemento essencial».
Estou curioso sobre a forma como irão reagir as demais Igrejas. Curiosamente não vejo estas matérias serem discutidas nas reuniões da Conferência Episcopal Portuguesa.
Para além disso, de que serve usar e abusar do conceito de ecumenismo? Só se for por pura hipocrisia.

Para ler com urgência o Editorial do DN.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Foi destaque de hoje no "Público" a reunião do conselho permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que vai ocorrer amanhã, em Fátima, reunião essa que tem uma agenda carregada de zangas com o Governo: solidariedade, comunicação social, educação, segurança social, capelanias hospitalares e prisionais e aplicação da Concordata.
Não é novidade para ninguém que o Governo e o seu líder estão a passar por um período complicado. Algumas das medidas que foram e continuam a ser tomadas merecem sérias reservas de todos nós e sendo que elas eram prementes, elas foram objecto de ou de má regulamentação, ou de má explicitação e algumas até de má aplicação.
Mas o facto de estarmos conscientes não é justificação para a Igreja se colocar em bicos-de-pés. O que também aqui aconteceu é que a revisão da Concordata veio retirar uma série de prerrogativas a alguns elementos da Igreja. Para além disso a Igreja nunca aceitou os resultados do referendo da interrupção da gravidez. Se a isto juntarmos o facto de terem perdido o monopólio relativamente aos casamentos e algumas outras situações, tem provocado uma certa azia na CEP.
O que acontece é que em vez de tomarem uns sais de fruta, decidiram reunir-se.
Acho muito bem.
E já agora aproveitem a reunião para fazer uma introspecção. Libertem-se do obscurantismo que ainda pregam por muitas vilas e aldeias deste país.
Quando a democracia for parte integrante da Igreja, quando pensarem que todos somos iguais aos olhos de Deus, deixaram de querer somente para si alguns privilégios.
E para terminar convém não esquecer: a Deus o que é de Deus, aos homens o que é dos homens.

Um espectáculo. Leiam e depois falemos de ética.

Porque estamos a uma semana das eleições em Lisboa, talvez seja interessante falar de um livro cujo tema são as eleições em Lisboa, mas as de 2001.
A obra foi escrita pelo jornalista João Ramos de Almeida, tem por título «Eleições Viciadas» e
é o resultado de uma investigação às eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 2001, em que o social-democrata Santana Lopes conquistou a Câmara de Lisboa e derrotou o socialista João Soares por 856 votos, contribuindo assim para a demissão do primeiro-ministro António Guterres.
O livro nasceu a partir das suspeitas de Alberto Silva Lopes (entretanto falecido), sendo que o autor salienta que «alguém, algures entre o apuramento nas freguesias e a comunicação ao Governo Civil, alterou os resultados eleitorais de 27 das 53 freguesias do concelho de Lisboa».
O jornalista escreve ainda que o conjunto das diferenças «foi mesmo superior à vantagem de 856 voto com que a lista do social-democrata Pedro Santana Lopes venceu a noite das eleições para a Câmara Municipal de Lisboa».
Este é um livro que merece uma leitura atenta, por isso prometo voltar a ele quando terminar.

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...