segunda-feira, 30 de julho de 2007

Custa-me fazer este comentário, e custa-me porque conheço pessoalmente o político Calvão da Silva, o homem Calvão da Silva e o professor de direito Calvão da Silva.
Conseguimos sempre afastar a política enquanto privámos directamente. A nossa relação manteve-se no trabalho e no plano pessoal e é por isso que me "atormenta a alma" dizer o que se segue.
Calvão da Silva manteve-se afastado das lides políticas nacionais (as más línguas diziam que por castigo dos novos ventos que sopraram na São Caetano à Lapa após a saída de Cavaco). Com a saída de Antunes, outro homem com raízes coimbrãs, Marques Mendes decidiu ir buscar Calvão da Silva para vice-presidente do PSD.
No imediato após esta promoção, Calvão da Silva, foi catapultado para a campanha de Negrão em Lisboa, tendo-se, de imediato, desmultiplicado em declarações que me levaram a pensar no porquê de tanta ânsia de dizer estou aqui.
Pensei que seria o desejo de publicitar a sua pessoa, mas de imediato caí em mim e cheguei à conclusão que o ínsigne jurista que é dispensa qualquer publicidade (muitos não sabem, mas a célebre Lei 383/89 e que versa a responsabilidade civil do produtor é da sua autoria, sendo que "Responsabilidade Civil do Produtor" é a sua tese de doutoramento).
Colocadas as coisas neste ponto restaria o frete ao presidente do partido e aí não posso, nem devo julgar quem quer que seja.
Derrotado que foi o candidato Negrão e entrando o PSD em convulsão eleitoral interna, com tudo o que isso significa, julguei que o bom senso imperasse e embora não impedisse Marques Mendes e seus homens-de-mão de dizerem barbaridades, julguei que Calvão da Silva se remeteria a um silêncio que fizesse esquecer os espalhanços da campanha autárquica.
Afinal enganei-me redondamente.
Calvão da Silva continua, para espanto meu, a esparrama-se em declarações perfeitamente anacrónicas e que estão longe de fazer jus à capacidade e inteligência que lhe reconheço. O porquê não sei, mas julgo que o tempo se encarregará de esclarecer e talvez rapidamente.
Tudo isto vem a propósito das declarações proferidas à Lusa.
Disse Calvão que «o dr. Augusto Santos Silva já nos habituou à linguagem trauliteira que fica muito mal a um ministro do Governo de Portugal».
Claro que esta foi a resposta ao facto de Santos Silva ter dito, no encerramento do congresso regional do PS-Madeira, que Marques Mendes se rende a quem «não cumpre as leis», ou seja a João Jardim.
O curioso de tudo isto é que Calvão profere estas declarações na festa do PSD-Madeira (Chão da Lagoa), onde, por norma, são proferidos os discursos mais soezes por Alberto João e Jaime Ramos contra os continentais, aliás deve acrescentar-se que esses dois senhores para insultarem não necessitam do Chão da Lagoa, qualquer espaço serve.
Portanto caro Calvão da Silva quanto a trauliteirismos estamos conversados.
Mas mais, muito me espanta ou talvez não (o desejo de poder ultrapassa tudo e todos) que quer Calvão da Silva quer o próprio Marques Mendes tenham estado na festa do PSD-Madeira.
Para Calvão, Alberto João sempre foi uma figura desprezível e que só interessava porque conseguia maiorias para o PSD e Marques Mendes já foi um líder sem carisma para Alberto João.
Claro que eu sei que os votos do PSD-Madeira são fundamentais para Mendes (e para Calvão quem sabe?), só espero é que tenha sido por mais de "trinta dinheiros".

Já não era sem tempo. O antigo bispo de Milão, Carlo Maria Martini e que foi apontado pelos observadores da Igreja Católica como eventual rival de Joseph Ratzinger para o lugar de Papa, defendeu, num artigo publicado no jornal económico italiano Il Sole 24 Ore, o Concílio Vaticano II e a missa nas línguas faladas, em crítica aberta ao recente decreto (motu proprio) do Papa Bento XVI, que liberaliza a missa em latim. Maria Martini refere que não teria dificuldade em celebrar a missa em latim, mas acrescenta que não o fará. Para além disto Martini, considerado um liberal, faz críticas ao chefe da Igreja Católica e contraria os argumentos favoráveis ao latim: na sua opinião, os abusos de liturgia moderna (a justificação do Vaticano) não parecem numerosos. A decisão de Bento XVI de autorizar sem restrições o ritual anterior ao Vaticano II veio satisfazer o sector mais conservador da Igreja.

Morreu Ingmar Bergman. Segundo o jornal sueco Dagens Nyeter, o cineasta e encenador morreu, hoje de manhã, por volta das 7h00 (6h00 em Lisboa) com 89 anos na sua casa na ilha sueca de Faarö (Gotland), onde filmou várias das suas obras-primas.
Filho de um padre, nasceu a 14 de Julho de 1918 em Uppsala, a norte de Estocolmo. Realizou ao longo da sua extensa carreira mais de 40 filmes, entre os quais se destacam "Um Verão de Amor" (1951), "O Sétimo Selo" (1957), "Morangos Silvestres" (1957), "Em Busca da Verdade" (1961), "Lágrimas e Suspiros" (1972) "Sonata de Outono" (1978) "Fanny e Alexander" (1982) ou "Saraband" (2003), o seu último filme, de forte pendor auto-biográfico, criado numa fase da sua vida em que havia se dedicado sobretudo ao teatro.
Alguns links:
Wikipédia, IMDb, http://www.ingmarbergman.se/ e muitos mais

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