segunda-feira, 31 de março de 2008

É um "peixe de águas tão profundas" que desta vez tocou mesmo no lodo. Sim estou a referir-me ao presidente da Assembleia da República Jaime Gama e atenção, a história de "peixe de águas profundas" não é minha, é de Mário Soares.
Pois bem, Jaime Gama, em 1992, não se coibiu de comparar Alberto João Jardim a Bokassa, antigo ditador e auto-proclamado imperador da República Centro-Africana.
Que eu saiba Alberto João em nada mudou desde 1992, por isso não percebo como é que nessa altura era o "Bokassa" e havia défice democrático na Madeira e hoje Alberto João Jardim "é um exemplo supremo na vida democrática e do que é um combate político combativo"; que o progresso existente na Região "é um trabalho notável, é uma conquista extraordinária, é uma obra ímpar e isso deve ser reconhecido"; que "a Madeira é bem o exemplo com Democracia, com Autonomia, com a integração Europeia de um vasto e notável progresso no país" e para terminar "Mas toda esta obra históricamente tem um rosto e um nome e esse nome é o do presidente do Governo Regional da Madeira, a quém quero prestar uma homenagem, na diferença de posições, por esta obra e este resultado".
Estamos conversados.

O café. Ontem na 2.ª parte do Jornal da Noite da Sic fez uma reportagem sobre a célebre bica. Muito foi dito, mas houve um empresário que disse tudo sobre a problemática.
Disse Júlio Gois, proprietário da Pastelaria Sequeira, que o lucro que obtém com o café é inferior ao que se obtém em Espanha.
Tenham juízo e não utilizem a bica como forma de amenizar todos os prejuízos.

domingo, 30 de março de 2008

Começa a ser uma dor de alma ver as tiradas peripatéticas de alguns elementos da Igreja portuguesa. Ontem foi de novo o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Carlos Azevedo que reclamou uma "ética política exigente" que não esteja à "à mercê dos interesses imediatos", como sucede algumas vezes em Portugal, acusando mesmo o Executivo de mentir quando prometeu apoio às mulheres grávidas, a propósito do debate sobre a lei do aborto.
O porta-voz referiu mesmo que "foi mentira, engano e ludibrio dos portugueses aquilo que se dizia num discurso meramente de marketing para captação de votos" e que são as estruturas católicas que mantêm "efectiva presença nos dramas que as pessoas vivem".
Mas D. Carlos Azevedo não se ficou por aqui e fez ainda acusações graves que era importante que fossem esclarecidas e provadas, já que criticou o Governo por ficar "à mercê de algumas influências num ou noutro ministério" e optar por "medidas erráticas". "Numa ou noutra medida houve firmeza contra interesses instalados mas em muitos outros sectores demonstrou insegurança".
Claro que todos nós percebemos que a lei da igualdade religiosa, o encerramento de capelanias hospitalares, os cortes no apoio às instituições de solidariedade, e as mudanças às leis do aborto e divórcio estão a provocar agruras numa Igreja que se mantém fiel a uma sociedade do séc. XVII, aliás os últimos casos ocorridos por todo o país com vários sacerdotes são disso prova viva.
O que acontece é que com honrosas três ou quatro excepções, o clero de hoje vive como se do tempo do Cardeal Cerejeira se tratasse. Não admitem que a sociedade não cristalizou, antes pelo contrário e que a Igreja Católica não pode ter o privilégio de ser a única religião.
Acabou o tempo em que os padres incentivavam o pagamento da bula para se poder comer carne à sexta-feira na Quaresma (embora eles próprios não seguissem essa prática). Acabou o tempo em que o pároco se impunha como figura preponderante nos locais que lhe estavam distribuídos, embora alguns pensem que não. Acabou o tempo em que elementos da Igreja se associavam aos elementos economicamente poderosos de muitas das aldeias deste país e fazendo coro com eles quase que "sufocavam" todos os outros habitantes.
Se a Igreja não se fechar nos seus dogmas e deixar de ser ultraconservadora talvez se consiga salvar.

O que se passa com Pacheco Pereira? Depois de Marcelo é chegada a vez de Pacheco Pereira. Só que ao contrário de Marcelo, Pacheco não tem jogadas pensadas e só quer mesmo é a queda desta direcção.
É o PSD e a sua autofagia. O estar afastado do poder tem destas coisas.

O primeiro de Abril é só terça-feira. O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, garantiu, num jantar com os Trabalhadores Sociais-Democratas, que se for eleito primeiro-ministro no próximo ano irá reduzir o IVA para 16 por cento no final do mandato, em 2013. Mais: "Vamos ter uma política económica consistente, virada não para obsessão do défice mas para o crescimento e para o desenvolvimento."
Quer dizer baixa o IVA em ano de eleições. Mas vai aumentá-lo quando chegar ao governo?
Será que os portugueses têm escrito burros na testa para serem confrontados com esta demagogia? Se é assim tão bom estratega de finanças como é que a câmara de Gaia tem uma dívida de nove milhões?
Se algum dia Filipe Menezes formasse governo, o que não acredito, o deficit passado pouco tempo chegaria novamente aos 7%, tal como no tempo de Barroso/Santana/Portas.
Quer queiram quer não queiram vai ser difícil os portugueses esquecerem o governo de Santana Lopes e porque ainda não estamos preparados para aceitar a clonagem, dificilmente Menezes governará este país.

Então não é que eu tenho razão antes do tempo? Falta-me só o euromilhões porque sobre Marcelo Rebelo de Sousa já acertei em cheio.

sábado, 29 de março de 2008

Ontem foi Dia Nacional da Juventude. A Interjovem fez questão de assinalar o dia com uma manifestação que tinha como finalidade ir a São Bento entregar ao primeiro-ministro 50.000 postais contra o desemprego e lembrar que 35,5 por cento dos jovens até aos 34 anos estão em situação de precariedade laboral, estes números fazem parte de um documento com levantamento de situações de precariedade.
Tive conhecimento desta manifestação pelo Jornal da Noite da SIC e claro que esta é uma matéria que deve prender a nossa atenção.
A minha atenção escutou 5 entrevistas. Uma a Jerónimo de Sousa, outra a Carvalho da Silva e as outras três a três manifestantes. Então não é que nenhum destes 3 manifestantes estava desempregado? Um até disse que tinha um patrão porreiro.
Quer dizer estão empregados, mas foram a uma manifestação que tinha por finalidade chamar a atenção para o desemprego nos jovens.
Expliquem-me que eu sou louro e não consigo perceber.
Ah, como já devem ter percebido a Interjovem é estrutura dos jovens trabalhadores da CGTP-IN.

Agora que andava a portar-se tão bem. O ministro Manuel Pinho é conhecido pelas suas gaffes e grandes tiradas perfeitamente anacrónicas.
Não sei porquê, mas o que eu sei é que ultimamente tem andado certinho, sem desafinações de monta que provoquem o delírio ou a chacota de quem o ouve.
Diz o povo e com razão que não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe.
Pois bem, hoje Manuel Pinho deixou mais uma tirada fantabulástica ao referir que os que defenderam, que o IVA não devia ter descido agora, para mais tarde diminuir 2 por cento, "não têm credibilidade".
Pois bem o sr. ministro vai ter paciência, mas essa coisa de credibilidade deixa muito a desejar.
Todos e cada um de nós tem direito a ter a sua opinião quer ela seja favorável ou não. O que o sr. ministro tem de dizer é que os que agora dizem isto são aqueles que não têm um projecto para o país e mudam de opinião da noite para o dia e que tal não se define como boa perspectiva para quem deseja chegar ao poder.
Isto sim sr. ministro é política, o resto são avaliações de carácter.

O Governo tem algumas coisas que vai lá vai, mas estes...

Fernando Ruas, presidente da Câmara de Viseu, presidente da Associação Nacional de Municípios e o tal que se desloca em excesso de velocidade dentro da cidade no veículo da Câmara fez questão de não estar hoje presente com o primeiro-ministro no lançamento da Concessão Auto-estradas do Centro por discordar da escolha de Mortágua para a cerimónia. «Fazer a apresentação da auto-estrada Viseu-Coimbra em Mortágua é ‘apoucar’ o município capital do distrito [Viseu].»
Pudera, fosse ele a tal evento e o "patrão" puxava-lhe as orelhas e não só. Numa altura em que já se perspectiva uma "limpeza étnica" nos cabeças-de-lista às legislativas e às autárquicas não convém mesmo nada desagradar ao chefe, não vá acontecer alguma remodelação na lista que deixe alguém apeado.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Já aqui disse que foi lamentável e a todos os títulos reprovável o que se passou na sala de aula da Escola carolina Michaelis. Concordo inteiramente com o castigo aplicado pela Escola e com a iniciativa do Ministério Público do Porto, mas fico com algumas dúvidas face a esta atitude da professora. Então passado todo este tempo é que ela decide avançar com queixas crime?
Não significa isto que a referida professora não tenha inteira razão para o fazer, só lamento que não tenha sido uma atitude espontânea e tenha ido a reboque.
Já agora se não for pedir muito gostaria que a referida professora viesse a público confirmar se tinha permitido ou não o uso do telemóvel na sala de aula.

Não gosto de Catalina Pestana. Acho que tudo é demasiado fachada e que a senhora foi enganada à força toda. Também sobre esta história da Casa Pia tenho uma opinião muito própria que não afina pelo diapasão geral (curiosamente uma notícia hoje publicada no 24 horas reforça a minha teoria).
Colocadas as coisas nestes termos devo salientar que estou do seu lado na questão do documento que foi aparecer nas mãos do advogado de Paulo Pedroso. É uma situação deveras desconexa para que fique por esclarecer.

Não me quero alongar sobre a descida do IVA. Sou dos que julga que só após as finanças nacionais estarem "com saúde" é possível aliviar o cinto e muito sinceramente toda a conjuntura quer nacional quer internacional não são muito propícias a este arremedo.
Mas se não sou agora muito favorável à descida de impostos, também na altura não critiquei a sua subida. Percebi que era necessário estancar a desgraça que outros tinham deixado que se abatesse sobre nós.
Quero com isto dizer que não entendo os comentários que por aí circulam a todo o vapor.
Na altura que o Governo aumentou os impostos, porque foram uns malandros, que não cumpriram as promessas eleitorais, e por aí fora e agora voltam a ser malandros porque desceram o IVA(aqui ficam alguns links para se recordarem: DN 4-1-05; Povo Livre 1-9-07; RTP 15-3-08; RTP 14-3-08; havia mais para recordar).
Só espero é que os agentes económicos baixem mesmo e defendo fiscalização máxima e tolerância zero para os prevaricadores.

Continuo a dizer, e cada vez com mais certezas, que a Igreja portuguesa não aprendeu nada com a sua congénere espanhola que decidiu fazer campanha política contra Zapatero nas últimas eleições.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Para onde caminha Marcelo Rebelo de Sousa? Quem tenha assistido aos últimos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa tem constatado sucessivos sinais de distanciamento político em relação aos muitos críticos de Luís Filipe Menezes que, cada vez mais, ponderam lançar uma candidatura alternativa antes das eleições legislativas de 2009.
Curiosamente, ou não, Marcelo até tem contestado alguns actos de Menezes mas, em termos globais, não só tem defendido a sua continuidade na liderança como tem feito subtis avisos aos críticos para avaliarem bem a sua correlação de forças no interior do partido. Aliás, o professor foi bem claro ao dizer, preto no branco, que deve ser Menezes, e não outro, a apresentar-se às eleições legislativas de 2009.
Para os críticos, que viam no professor um poderoso aliado, esta atitude deve ser vista como um abandono.
Esta atitude de Marcelo está a provocar gáudio nos apoiantes de Menezes e a criar alguns receios nos candidatos a líder (Passos Coelho, Aguiar Branco ou mesmo em Ferreira Leite)
Neste momento no PSD estão na mó-de-cima sectores avessos a Marcelo (Santana Lopes e os santanistas) mas tal facto não impede que o professor continue a ser um homem muito influente no partido. O facto de o professor dizer que Menezes deve ir às urnas em 2009 pode originar a desmobilização dos críticos e isso é benéfico para Menezes mas também, quem sabe, para o próprio Marcelo.
Todos sabemos que Marcelo tem sagacidade para dar e vender. Sendo assim, o apoio de Marcelo a Menezes conjugado com o regresso do professor às bases para explicar a história do partido a militantes de Lisboa significa que Marcelo pretende encostar Santana às boxes e certo de que as coisas vão correr mal a Menezes em 2009 está a posicionar-se para um regresso em vez de Santana.
Tudo isto porque Marcelo já percebeu que Cavaco vai voltar a ser candidato, pelo que a sua candidatura a presidente deixa de fazer sentido, por isso é preciso estar preparado para a noite dos facas longas que irá acontecer em 2009.
Desiludam-se quantos pensam que Marcelo está de pedra e cal com esta direcção. Tal como tem acontecido sempre, Marcelo só está de pedra e cal é consigo mesmo, porque o resto são mergulhos no Tejo que o mesmo é dizer show off.

O DN de hoje faz manchete com uma notícia que merece ser lida, relida e pensada. Diz o jornal que entre Dezembro de 2004 e Dezembro de 2007 foram emitidos 157 mil vales para doentes em lista de espera para cirurgia, mas que apenas 28% culminaram em operação e 21% não foram usados por recusa dos doentes.
Significa isto que nos últimos três anos, quase 33 mil doentes recusaram ser operados fora do seu hospital de origem, recusando vales-cirurgia em hospitais privados.
Eu tento perceber as três razões aduzidas e que são «um terço prefere ficar no hospital de origem porque já ganhou confiança nos médicos», outros doentes alegam «dificuldades de transporte» e outros ainda recusam sair da sua localidade por «motivos pessoais», mas não sou capaz.
Então quando todos clamam contra o estado em que se encontra a saúde, contra as verbas dispendidas quer pelo Estado quer pelos utentes relativamente aos cuidados médicos, chegamos à conclusão que existem 11 mil doentes por ano que recusam a cirurgia?
Das duas uma: ou não compreendem o que é que lhes está a ser oferecido ou então não estão doentes. E se a primeira é má, a segunda é muito pior porque atrofiam o sistema, gastam recursos e tempo indevidamente e possivelmente estã a ocupar o lugar de alguém que está mesmo doente.

E para terminar, pasme-se com esta que vem dos nossos vizinhos.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Contrariamente ao que pensa o Bastonário da Ordem dos Advogados, defendo em toda a sua plenitude a intervenção de Pinto Monteiro. E não me fico por aqui. Aplaudo vigorosamente o facto de o Ministério Público ter decidido avançar com a investigação à aluna.
É preciso que percebam que não há espaço para o "deixa andar".
Mas esta "falta de espaço" não se reduz somente aos alunos. Abarca igualmente os pais, os professores, os conselhos directivos, todos, mas todos sem excepção.
Perdemos demasiado tempo e dinheiro, sem que possamos verificar resultados disso mesmo.
Mas não me fico por aqui. Apoio integralmente a proposta do CDS-PP relativamente a que os órgãos directivos sejam obrigados a declarar às autoridades todos os actos ilícitos detectados nos estabelecimentos de ensino.

Continuando no ensino gostei de saber que existe uma Plataforma de Directores Não. Não sei quem está na sombra desta Plataforma, mas quase que apostava que o PC e o BE "têem culpas no cartório".
Porquê o medo do director?
É fundamental que as escolas, como tudo na vida, tenham uma gestão profissionalizada. Os professores têm a função de dar aulas, não são gestores. Devem contribuir para a gestão como é evidente. Mas eles, como os pais, os autarcas enfim a sociedade onde a escola está inserida. Mas é fundamental que exista alguém que faça a síntese de todos e dirija a escola.
Quanto ao facto da dita cuja Plataforma processar o Ministério, nem merece comentários.
A única coisa que nós queremos e digo nós porque todos pagamos principescamente a educação, é que não desbaratem o nosso dinheiro e estudem por forma a serem uma mais valia para o país.

Acabado o ensino, vamos à segurança. A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia garante que caso as suas reivindicações no tocante ao direito à greve não sejam aceites os protestos dos agentes da PSP vão subir de tom.
Fui, sou e serei contra o direito à greve nas forças de segurança. Numa altura em que a questão da segurança é premente, este tipo de aventuras sindicais vai recair sobre a própria polícia. E ter a opinião pública contra si é das piores coisas que poderá acontecer à PSP. Perde credibilidade e respeito.

Inteiramente de acordo com Vasco da Graça Moura no artigo de hoje no DN.

terça-feira, 25 de março de 2008

Chegámos ao limite. É verdade que nunca fui fã de Mário Nogueira, como não sou fã de todo e qualquer sindicalista que faça tirocínios em candidaturas às legislativas ou que tão só desempenhe funções nas listas ou candidaturas políticas. O movimento sindical será sempre avesso ao político. Subjugar o primeiro ao segundo ou mesmo e tão só utilizar o primeiro para ganhar posição para o segundo não é sindicalismo é sim oportunismo.
Mas voltemos ao ponto primordial.
Como é que se pode entender o facto de Nogueira ter ontem desafiado as escolas a seguirem o exemplo dos docentes do agrupamento de Montemor-o-Velho que decidiram suspender o processo de avaliação de desempenho até ao final do ano.
Então agora promove-se a insurreição? Será que o facto de ter sido indeferida mais uma providência cautelar já obriga a este tipo de atitudes?
E os docentes da referida escola vão ficar assim? Desrespeitam-se leis e tudo fica na mesma?
Assim não há educação que resulte.

Eis uma virtude do novo mapa judiciário. Se mais virtudes ele não tivesse, a de criar uma secção especializada em direito da família e menores no Supremo Tribunal de Justiça seria já um acto de elevada importância e que justifica a entrada em vigor do referido mapa.
Não entendo como é que só se puderam apontar defeitos, nomeadamente pelos partidos da oposição, e não haver ninguem capaz de salientar este ponto pela positiva.

E porque estamos na justiça e na oposição, alguém é capaz de explicar o porquê de o PSD não ter aceite a proposta da Lei Orgânica da Polícia Judiciária na especialidade.
Se a votou na generalidade, qual o motivo de ter recuado na especialidade e só aceitar a votação em conjunto com a Lei de Segurança Interna e a Lei de Investigação Criminal.
Será que é de bom senso mater uma polícia tão importante como é a PJ a viver nesta incostância? Com as devidas distâncias, isto faz-me lembrar quando o país vivia de duodécimos por não aprovar o OE.

E para terminar talvez fosse interessante dar ouvidos às palavras de Pinto Monteiro. Mais uma vez Valter Lemos está a leste da realidade.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Após uma Páscoa que espero não tenha sido supérflua em amêndoas, voltemos à nossa lide.

E para começar nada melhor que o vídeo do telemóvel, da aluna e da professora com que fomos bombardeados até à exaustão e que propiciou todo o tipo de conversas, algumas das quais reveladoras de uma profunda desfaçatez.
Comecemos por uma frase dita por alguém que é professora e que tem uma visão muito própria da actividade docente e se bem que não concorde com o Governo em muita coisa, também diz que há muito boa gente que está mal habituada, para além da capacidade para leccionar ser muito fraca. Pois bem a frase é tão só esta: quando eu tiver medo dos alunos ou dos pais dos alunos, deixo de entrar numa sala de aula e de ser professora.
Está tudo dito. Estou certo que mais professores existem com esta têmpera e espero que apareça cada vez mais.
Agora gostaria de falar sobre o que disse a aluna ao "Correio da Manhã". Começa por referir que «Tenho a noção de que o que fiz está errado» para acrescentar que está «arrependida», mas alega que a professora implica com ela pelo que afirma «Já fui para a rua várias vezes».
Mas não contente com isto mesmo decide dar a sua versão dos acontecimentos, não sem antes referir que «Isto também é mau para os meus pais» e quanto à versão «Era uma aula livre e a professora autorizou o uso do telemóvel e toda a gente os tinha em cima da mesa. Pedi a uma amiga para ouvir uma música no telemóvel, mas o som estava baixinho».
Ainda segundo a aluna, como era também dia de entrega de testes, ao passar pela sua secretária, a professora tirou-lhe o telemóvel. E, a partir daí, foi o que toda a gente viu no vídeo. Gerou-se uma luta pela posse do telemóvel, com a aluna aos berros e a empurrar a docente. Enquanto isso, os outros estudantes riam-se e faziam comentários jocosos.
Acabada a posição da aluna vamos à do sr. prof. Charrua, o tal que estava na DREN e voltou para dar aulas. Diz o tal senhor que o episódio que foi filmado por um outro aluno através do telemóvel, é um sinal daquilo que o Ministério da Educação está a promover com o novo estatuto do aluno que retira autoridade aos professores e que diminui a importância da sala de aula: “O sinal que a Sra. Ministra deu ao povo português é que não vale a pena ir às aulas! Basta que o menino saiba alguma coisa, depois vai fazer uma plano de recuperação e o professor faz-lhe um teste no final do ano e, se o menino não tiver aproveitamento, ainda lhe faz um segundo teste para ver se o consegue passar! Perante uma situação deste tipo, a Sra. Ministra é completamente responsável”.
Nem vou comentar as observações e o aproveitamento político deveras insidioso que os partidos da oposição fizeram de um caso que só revela falta de educação.
Mas vamos lá à minha posição sobre o caso e sobre alguns intervenientes.
Sobre a professora tenho a referir que a culpa também é dela. Se em vez de andar numa dança peripatética dentro da sala tivesse expulso a menina e o telemóvel para fora da sala e aplicasse uma sanção disciplinar a coisa tinha sido mais benéfica. É importante que não se quebre a barreira do respeito. Todos se podem dar bem, mas o respeito é o factor primordial.
Quanto à aluna é de bradar aos céus. Aliás deve ser uma santinha, julgo mesmo que já estão a construir o altar.
Ora tenham lá paciência. Já veio várias vezes para a rua, mas claro é a professora que imbirra com a menina, não é a menina que é indigna de andar a aprender numa escola que nos sai demasiado cara. E ainda tem o desplante de dizer que "Pedi a uma amiga para ouvir uma música no telemóvel, mas o som estava baixinho". Mas está para aprender ou para ouvir músicas.
Quantos é que não gostariam de estar sentados a aprender e não podem.
Quanto ao prof. Charrua, nem me quero alongar, sendo que julgo ser suficiente dizer isto: esta situação não é o resultado de ontem. É o resultado de trinta anos a cavalgar no escuro em matéria de educação, e por muito que lhe custe ouvir, foi um dos muitos burocratas que assentaram arraiais em postos chaves da educação e não só e nada fizeram para evitar tudo isto.
A minha opinião pessoal sobre o caso é que a aluna deve ser imediatamente suspensa até terminar o inquérito, ser severamente penalizada com a reprovação e toda a turma deverá ser seriamente punida.
Quanto à professora não pode continuar a dar aulas.

Podia ficar por aqui e já ficávamos demasiado mal, mas não, é preciso continuar.
O jornal "24 horas" de hoje, traz nas páginas 8 e 9 (edição online) aquilo que podemos designar por um problema de "saias".
Uma senhora descobriu que o marido a traía com uma secretária e resolveu ir tirar satisfações com a referida senhora ao local de trabalho.
Poderão estar a pensar qual é a admiração?
Pois bem eu explico.
Já não bastava alguém ir armar peixeirada para um local que não é responsável por nada, acresce o facto que o marido (dito cujo traidor) achou por bem levar a mulher (dita cuja traída) para falar com a outra (a dita cuja amante).
Estavam à espera de quê? Peixeirada, está claro.
Agora querem o melhor: tudo isto aconteceu na Assembleia da República.
Já não há respeito por nada nem por ninguém.
Onde nós chegámos.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tablóides ingleses pedem desculpa aos McCann por ter publicado notícias onde se insinuava que eles poderiam estar relacionados com a morte da Madelaine, na praia da Luz, no Algarve e compensam com 635 milhões de euros, segundo noticiou o "Sol" (o "Público" falava em 700 mil euros).
Então e a mim ninguém pede desculpa? Eu aceito mesmo só a verba dita pelo "Público".
O Mundo já aborrece de tanto cinzento e preto.

Até dava para rir se não fosse demasiado sério. Cinco dos 14 sindicatos existentes nos CTT decidiram marcar uma greve para hoje e quinta feira.
Primeiro uma greve para quarta e quinta quando sexta é feriado é uma decisão espectacular, para além de ser uma semana em cheio. Com uma constipação pelo meio (o tempo até está propício a isso) ganha-se uma semana de férias, coisa que nesta altura cai que nem ginjas.
Segundo porque são cinco sindicatos a decretá-la, enquanto nove não estão de acordo. Em termos matemáticos é só quase o dobro.
Terceiro, como é que é possível numa empresa de cerca de 15 mil trabalhadores existirem 14 sindicatos? Por onde anda a inteligência desta gente?
Esta problemática fica a dever-se à assinatura do Acordo de Empresa.
Ora esse Acordo garante aos trabalhadores os seus empregos, remunerações e «os benefícios inerentes ao acesso ao Sistema de Saúde dos Correios (IOS)», «respeitando a vida privada e familiar dos trabalhadores», garante a progressão nas carreiras e mantém a carga horária nas 39 horas semanais e prevendo ainda que o número de dirigentes sindicais com dispensa total passe de mais de 100 para 55. E este é o verdadeiro busílis da questão.
Faz algum sentido que os CTT continuem a gastar anualmente 3,4 milhões de euros a pagar a 200 dirigentes sindicais, cem profissionais do sindicato a tempo inteiro e outros cem a tempo parcial.
Face a estes números já percebem o porquê de tanto sindicato?
Claro que não faz sentido nenhum e ainda menos sentido faz para nós enquanto consumidores e pagantes dessa empresa (os Correios são um grupo de capitais públicos) que se faça uma greve que tem como fim último e único preservar a quantidade de dirigentes sindicais pagos pela empresa para o serem.
É assim que o movimento sindical tem cada vez menos credibilidade.

Já por mais que uma vez referi aqui que, em matéria de religião, se o Jesus Cristo que expulsou os vendilhões do templo descesse à terra, por certo que teria que puxar as orelhas ou mesmo expulsar uns quantos que se vangloriam de ser os difusores da sua doutrina por este mundo perdido.
Desta vez o caso passa-se na zona de Leiria que traz à tona um pároco que não celebra missas de 7.º dia porque não há padres, chegando mesmo a referir que "Aqui isto já passou de moda porque não há padres".
Curiosamente esta foi uma prática incentivada pela Igreja, até porque isso se revertia em benefício monetário.
Mas digamos que a existência ou não de missa acaba por não ser o mais importante neste caso. O mais importante é que o referido pároco disse acerca de uma das pessoas que criticou a não existência da missa que "ela é que anda muito preocupada em busca dos bens que os pais lhe deixam" e acrescenta que "está podre de rica e acha que não precisa do pároco para nada porque faz da riqueza o seu Deus".
Palavras para quê?

terça-feira, 18 de março de 2008

Vamos lá à diversão, sim que este país é um palco de actores cómicos por excelência.
António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público afirmou disse ontem que o mapa judiciário se assemelha a «um esqueleto sem carne» e criticou a falta de dotação de meios adequados para o funcionamento do sistema de justiça.
Cluny foi mais específico dizendo «parece muito difícil com os elementos contidos na proposta governamental ter uma opinião positiva ou negativa sobre o texto, na medida em que ela se assemelha a um esqueleto sem carne, sem órgãos» e adiantou que uma das questões que preocupa os magistrados «é o facto de este mapa judiciário não ser um verdadeiro mapa judiciário do país, o que significa que o país continuará a ter quatro mapas judiciais distintos e não integrados».
E para terminar em beleza Cluny rematou que discorda das regras de gestão, nomeadamente por os juízes serem objecto de uma avaliação anual por parte do presidente. Segundo ele
«dá ideia perante a opinião pública que o que se procura dizer é que essas entidades não trabalham o suficiente. Os magistrados públicos e os funcionários já são avaliados de três em três anos, uma avaliação que determina a sua progressão na carreira» pelo que «centrar a questão de mais ou menos produtividade no trabalho desenvolvido pelos magistrados é escamotear a falta de dotação do novo sistema em meios adequados para eles funcionarem e no fundo escamotear a responsabilidade do poder político para dar resposta aos problemas».
Agora vamos à parte curiosa.
Tudo isto foi proferido ontem, sendo que o mapa judiciário foi apresentado hoje, sendo que Cluny salientou que ainda não conhecia o novo mapa judiciário.
É muita crítica junta vinda de quem não conhece o tal mapa.
Pior do que isso, ouvi o Presidente da Associação de Juízes, António Martins, hoje no Primeiro Jornal da SICe não vislumbrei assim tanta crítica.
Como penso que todos são juízes não seria mau para nós, comuns cidadãos, perceber bem este desfazamento, com penas de ficarmos a pensar noutros motivos e isso seria mau.

Ainda sobre o mapa. O PSD garantiu ontem que não vai colaborar com o Governo em «remendos» do mapa judiciário, embora se diga ainda disponível para tentar um consenso sobre a matéria.
O porta-voz social-democrata para as questões de justiça, Amorim Pereira salientou que o partido continua interessado num consenso alargado sobre esta matéria, mas acrescentou que «Estamos frontalmente contra este mapa judiciário. Não vamos colaborar com o Governo e pôr remendos neste diploma».
Eu até percebo que estejam contra, o que eu não percebo é que nunca tenham dito alto e bom som: a gente não gosta desse e por isso aqui está a nossa alternativa. Mas não, não gostam, mas não têem soluções alternativas.
Sendo assim querem o quê? Beijinhos e abraços!

Estou admirado. Daniel Proença de Carvalho está convicto de que o actual PSD não tem uma liderança forte nem uma estratégia para o país. O advogado admite ainda que nesta altura é dificil que apareça um novo líder para os sociais-democratas, mas diz que, ainda assim, Rui Rio é um nome a considerar pelo partido. Isto é o que se pode inferir do programa Minuto a Minuto no Rádio Clube Português.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Marcelo Rebelo de Sousa deve pensar melhor no que diz nas suas crónicas. Ontem a utilização da palavra "pindérico" era perfeitamente escusada. Se o comício foi pindérico como é que se pode classificar o banho no rio Tejo?
Mas o pensar melhor não se refere à linguagem, mas sim a outra coisa.
A propósito da ida de Jorge Coelho ao comício fez questar de referir que era um comentador que nos intervalos ia a comícios.
Pois muito bem, quantas vezes foi Marcelo a sessões partidárias por esse país fora desde que é comentador? Muitas.
Seguindo as suas palavras, temos de ser consistentes.

Isto também é por causa do no Código? Ora tenham lá santa paciência...

É obrigatório e urgente ler isto.

domingo, 16 de março de 2008

Bolas que nem nas audiências. Realmente este não é o tempo de Menezes. Não sobe nas sondagens. Não é o escolhido quando se pergunta qual o melhor primeiro-ministro. Os seus companheiros não lhe dão descanso (num género que ele bem conhece já que costuma fazer o mesmo aos outros líders), e como se tudo isto não bastasse, perdeu nas audiências.
José Sócrates ultrapassou Luís Filipe Menezes na noite de entrevistas televisivas de anteontem por 755.300 espectadores. O primeiro-ministro foi visto, na SIC, por 1 380 600 telespectadores e o líder do maior partido da Oposição seguido, na RTP 1, por 625 300.
Mas a prova dos nove pode tirar-se de outra forma.
O ‘Jornal da Noite’ de quinta-feira, que incluiu a entrevista intimista com José Sócrates, foi visto por 1 150 600 telespectadores, tendo alcançado o terceiro lugar nas audiências. O bloco da entrevista – 1 380 600 espectadores – superou mesmo a média total do programa.
A edição de sexta-feira do mesmo programa, que passou a entrevista com Luís Filipe Menezes, não conseguiu melhor do que um sétimo posto na tabela, sendo vista por 1 035 400 espectadores, isto se acreditarmos que todos continuaram na SIC.
Como os dados da peça com o social-democrata não foram disponibilizados só se podem comparar as médias das duas edições do ‘Jornal da Noite’, e assim sendo Sócrates tem um saldo positivo de 115 200 espectadores.

Porquê o PCP e a Fenprof terem feito questão de se demarcarem da manifestação à porta do comício do PS, convocado, oficialmente, para assinalar três anos de governação socialista.

Expliquem-me lá, mas com jeitinho, que eu sou um bocadinho para o burro. A PSP de Leiria abriu um inquérito interno para averiguar se foram cumpridas todas as regras antes do disparo feito por um agente e que vitimou um assaltante e vai ainda enviar os autos ao Ministério Público para ser instaurado ao agente da PSP um processo-crime, por homicídio.
O homem foi surpreendido pela PSP quando tentava roubar cobre do interior de uma fábrica desactivada e quando tentou fugir foi baleado no abdómen.
Os ladrões não foram apanhados em flagrante? Não tentaram fugir? Então porquê o inquérito?

sábado, 15 de março de 2008

Com tanto para fazer. O deputado socialista Renato Sampaio achou por bem apresentar um projecto de lei que tem como finalidade regulamentar as condições das casas que colocam brincos, piercings e tatuagens.
Penso ser uma medida acertada, por quanto é do conhecimento público que existe por aí muito estabelecimento sem o mínimo de condições para praticar tal acto.
Mas aproveitar para proibir a colocação de piercings na língua a todos os cidadãos, para além de que aos menores de 18 anos, é mesmo proibida a colocação de quaisquer piercings, tatuagens e maquilhagem permanente, mesmo com o consentimento dos pais, penso que é ir longe de mais. Penso que é mesmo entrar no campo das liberdades de cada um.
Não podemos dizer a propósito do aborto que cada um é dono do seu corpo e nos piercings e tatuagens isso deixa de ser verdade.

Li a entrevista de Abel Pinheiro ao Expresso e fiquei preocupado. Perante as escutas reitera tudo e diz que voltaria a fazer o mesmo e que tem a certeza de que não vai ser pronunciado, sendo que infelizmente também é o que eu penso que vai acontecer, mas eu por razões diferentes das dele.
Para além do que anteriormente fica dito, há outra coisa que me preocupa e não é a história dos mil contos, que isso são trocos.
O que me preocupa foi a resposta à questão "O que vai fazer daqui para a frente". A resposta de Abel Pinheiro é tão só esta: "No dia das buscas, o juiz disse-me que eu tinha premonição política. Até almoçamos lá, e o juiz ficou a dever-me 8 euros. Tenho sede de viver, gosto de compreender como são as pessoas. Eu nunca processei nenhum jornal ou televisão por violação do segredo de justiça. Nunca me ouvirão uma crítica ao poder judicial".
Preocupa-me a mim e dee certeza a muitos outros, sendo que fico à espera do comunicado sobre isto do Conselho Superior da Magistratura.

Deixo aqui alguns textos referentes a esta matéria e a outras:
Sindicato dos Magistrados do Ministério Público;
Sindicato dos Magistrados do Ministério Público;
Grão Pará;
Grão Pará;
Abel Pinheiro;
Grão Pará;
etc., etc..

sexta-feira, 14 de março de 2008

Não sei se me apetece rir, se chorar, não sei. Ao que consta o advogado de um dos operadores a quem foi apreendido peixe alegadamente impróprio para consumo tem em mente processar a ASAE porque a operação lesou o seu cliente em cerca de 25 mil euros.
Será que estamos num país de insanos? Se não estamos, imitamos muito bem.
Se tudo for verdade e eu estou crente que sim, alguém que estava disposto a cometer um crime contra a saúde pública, transaccionando pescado impróprio para consumo, vem agora queixar-se que teve um prejuízo de 25 mil euros.
Isto se não é uma falta de respeito é, no mínimo, uma desfaçatez de todo o tamanho.
Não é a primeira vez que digo isto e voltarei sempre a repetir: se a ASAE ou outro organismo fiscalizador fizesse um comunicado onde tornasse público os agentes económicos prevaricadores, talvez eles depois tivesse juízo. Enquanto tal não acontecer o consumidor vai-se sentindo sempre enganado, desconfiando de tudo e de todos, para além de que se está a promover uma concorrência desleal.

Agora para rir, mas a sério. Carolina Salgado disse ontem aos juízes que julgam o processo "Apito dourado" em Gondomar, onde se deslocou como testemunha, que tinha a profissão de escritora.

Ontem foi dia de conversa na SIC e na RTP. Numa análise tipo lavadeira de Caneças, foi dia de OMO. Dia de brancura cintilante.
Numa análise mais terra-a-terra a coisa é bem diferente.
Quanto a Sócrates importa dizer que falta um ano para o terminus deste Governo. É preciso que as pessoas percebam que ele não é só o primeiro-ministro duro e ríspido. Que existe um outro Sócrates, um Sócrates com lado humano e vida própria.
Mas claro que se percebe que para além disso há também o Sócrates que quer uma maioria em 2009. Frases como: “a decisão mais difícil foi subir o IVA, tinha prometido não aumentar impostos”, “Não sou insensível a uma manifestação daquelas, senti-me desconfortável”, “temos de ser capazes de fazer as mudanças necessárias na educação”, “seria um erro adiar, suspender [as reformas], que foi o que fizémos durante 30 anos” e especialmente “só quem não faz é que não comete erros” seguida de “em termos de governação, sabendo o que sei hoje, teria feito melhor” são a prova disso mesmo.
Mas mesmo com toda a dose de eleitoralismo que lhe queiram adicionar, uma coisa foi clara: reconheceu que errou.
Quanto a Menezes a coisa fia mais fino.
Mais não fez do que atacar os seus opositores. Falou das sondagens que quis e lhe apeteceu, ou seja das que lhe são mais favoráveis. Quanto a perspectivas para governar zero. Notou-se que existiu a preocupação de dizer que todos os que o atacam apoiaram Marques Mendes. Quanto a Capucho ficamos a saber que esta dispensa airosa tem a ver com o facto de Capucho não ter libertado o lugar no Conselho de Estado.
Ao ouvir Menezes ficamos a saber que não tem uma ideia para o país. A única coisa que ele quer é baixar impostos.
Quanto aos críticos, não percebo como é que ele pode criticar se foi o que ele fez aos outros. Esqueceu-se? É natural já que ele é pródigo nisso, bastará lembrarmo-nos da lei autárquica.
Sobre o facto de ter de esperar para o início de 2009 para saber a realidade das sondagens não conseguiu dizer a verdade. E a verdade foi que Alberto João Jardins definiu o início do ano de 2009 para saber se Menezes tem capacidade para chegar às eleições.
Estamos conversados sobre o líder do maior partido da oposição.

Como eu gosto de voltar a Eça de Queirós.
Ele escreveu numa das Farpas. Querido leitor: Nunca penses servir o teu país com a tua inteligência, e para isso em estudar, em trabalhar, em pensar! Não estudes, corrompe! Não sejas digno, sê hábil! E, sobretudo, nunca faças um concurso; ou quando o fizeres, em lugar de pôr no papel que está diante de ti o resultado de um ano de trabalho, de estudo, escreve simplesmente: sou influente no círculo tal e não me façam repetir duas vezes!

E disse ainda: "Portugal é um país muito bonito, o problema é os Portugueses."

Está tudo dito.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Talvez lenha para se queimar. O PCP viu nesta marcha da indignação dos professores o cenário ideal para se lançar em mais uma cruzada anti-governo. Vai daí que o grupo parlamentar decidiu levar hoje ao plenário da Assembleia da República, uma saudação aos professores portugueses.
O PC baseia esta sua atitude no facto de a manifestação ter sido "uma demonstração exemplar de civismo (..) e uma expressão de mobilização cívica e de exercício de direitos de cidadania, (..) na defesa da escola pública".
Mas o PC está a esquecer-se de uma coisa importante é que, e apesar de todas as infiltrações, a marcha não é do PC, não é do BE, não é do PSD, não é do PP nem tão pouco dos sindicatos. A marcha é de um grupo profissional e nada mais e tudo quanto seja uma simples tentativa de colagem irá provocar danos a curto prazo às duas partes.
Aliás é minha convicção que os sindicatos, neste momento, estão aflitos e a tentar sair airosamente deste bico-de-obra, já que se atingiram números para os quais eles não estavam preparados e nem sabem lidar.
Aguardemos pelos resultados.

Ainda sobre a educação. Pelo que foi divulgado no final do encontro da Conferência Episcopal, a Igreja está a acompanhar "com interesse e alguma preocupação a situação dos professores". O porta-voz dos bispos portugueses, Carlos Azevedo, fez questão de afirmar que a Igreja "não pode deixar de acompanhar toda esta polémica" e, apesar de não querer "tomar uma posição mais detalhada sobre um assunto tão complexo", fez questão de frisar a "grande estima" pela classe docente.
A Igreja portuguesa não aprendeu nada com a sua congénere espanhola neste fim-de-semana e é uma pena que assim seja.

Foi-se o paradoxo. Luís Filipe Menezes durante uma visita ao Bairro do Pica-Pau Amarelo, no concelho de Almada, a 5 de Março declarou que "há um paradoxo. É que, da mesma maneira que o PSD ainda não merece - vai merecer - ser Governo, o PS já não merece ser Governo. Portanto temos aqui um vazio complicado, que o maior partido da oposição vai ter de resolver rapidamente merecendo ser Governo", e reforçou salientando "temos de ser humildes, e humildes é ter consciência que ainda não fizemos o suficiente para que os portugueses confiem em nós plenamente. Vamos ter de continuar a trabalhar".
Então não é que ontem, 12 de Março, ou seja oito dias depois e durante uma reunião de três horas que juntou num hotel de Lisboa militantes do partido e independentes para fazerem o balanço da governação socialista, o líder do PSD pediu aos eleitores "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009 e defendeu que "os cinco pontos que nos separam do PS não são nada" e concluiu: "estamos aí. Já ganhámos o estatuto de poder acreditar na vitória".
Isto tudo oito dias depois.
Será que Cunha Vaz ensandeceu? Para dar conselhos destes a Menezes só pode ter sido.
Numa altura em que:
-existe metralha (e já não é só de armas ligeiras, é de pesadas também) intensa dentro do PSD;
-o TC multa o PSD e a SOMAGUE por aqueles financiamentos estranhos;
-a história do Casino de Lisboa ainda não chegou ao fim;
-a antiga administração dos CTT está a ser investigada pela venda ruinosa de dois edifícios;
-a GEBALIS (ao que consta foram nomeados 60 militantes do PSD para a empresa municipal) e demais departamentos da Câmara de Lisboa estão a ser investigados;
-foram distribuídas casas pelo pelouro da habitação da Câmara de Lisboa a quem não tinha direito a elas;
-o caso Portucale e as ligações ao CDS-PP quando este era governo com o PSD ainda não estão esclarecidas;
-a trapalhada do negócio dos submarinos sem contrato de manutenção ainda paira no ar;
e etc., e etc.,
Menezes quer uma maioria?
Qual é a razão porque não levam a política a sério?

quarta-feira, 12 de março de 2008

«Quando se fazem balanços é, certamente, para realçar aquilo que se fez bem. E, foram tantas as coisas que fizemos bem, que não temos de perder tempo com o que fizermos mal».
Esta foi a resposta de Vitalino Canas sobre o balanço de três anos de governo do Partido Socialista.
Percebo a resposta, mas não a aceito.
Ao contrário de Vitalino defendo que é preciso pensar afincadamente sobre o que se fez mal e olhar mais ligeiramente sobre o que foi bom.
O que foi bom, ainda bem que o foi. É dever deste Governo, ou de outro qualquer governar bem. É para isso que é eleito.
O que correu mal deve preocupar todos. Importa verificar onde se falhou e fazer de novo, desta vez correctamente.
Várias coisas correram mal, com a agravante de o Governo não ter sido capaz de explicar porque que é que correram mal e, pior que isso, não foi capaz de explicar devidamente o porquê de se fazer isso mesmo.
Para mim o maior erro foi dispensar Correia de Campos, sendo que, pelo andar da carruagem, um outro erro está na calha, o caso dos professores.
Para além destes um outro existe e é importante. Estou a referir-me ao facto de algumas leis orgânicas estarem ainda na gaveta (estou a lembrar-me da da PJ)

Que grande frenesim por aí vai, pelo facto da mulher de António Costa ter estado na manifestação dos professores.
Eu, pelo contrário e embora não concorde com a manifestação, fico agradado por tal ter acontecido.
Também compreendo que para muitos isto cause estranheza, é que no partido deles tal não acontecia.

E agora vamos à "purga". Não estou nada admirado que a "purga" tenha começado. Aliás só me causa alguma perplexidade o facto dela ainda não ter acontecido.
É evidente que Menezes tem de afastar todos os que lhe fazem ou podem vir a fazer frente. Claro está que Santana agradece de igual forma, mas com outro ideal, este afastamento. Mas claro que não pode ser um afastamento qualquer, tem de ser um que transmita a ideia que todos estão a bater no líder que desgraçadamente tenta ser alternativa ao Governo.
Claro está que tudo isto tem sequência. A frase de que o PSD ainda não está preparado para ser Governo foi a senha para que os indefectíveis de Menezes avancem desabridamente sobre os críticos.
E eu na altura que julguei que Santana tinha ficado desagradado com a frase, hoje vejo que tudo não passou de uma encenação que não foi para o palco no Parque Mayer, mas sim na São Caetano à Lapa.
A partir daí foi um ver se te avias. Os críticos são atropelados no Conselho Nacional. Vingam as alterações relativamente às quotas (estou de acordo com Rui Rio quando diz que vai contra o espírito da lei que é expresso no n.º 2 - apesar da excepção prevista no nº 3 - do artigo 3º da Lei 19/2003. Os dez ex-secretários gerais ouvem das boas por Ângelo Correia, Rui Rio é chamado ao Conselho de Jurisdição e para culminar Capucho é "despedido" por Ribau Esteves.
Fico à espera de ver quais os nomes para Ribau. Santos Silva foi de trauliteiro para cima. E este vai ser o quê?
E porque não só de palavras vive Menezes, mas de imagem também, eis que hoje é apresentado o novo símbolo. O fundamental da imagem de marca não muda - continua a ser a seta que se mantém cor-de-laranja - mas o fundo passa a ser azul. Ressalta disto que o símbolo social-democrata passa a ser menos laranja e mais azul.
Desengane-se quem pensa que esta é uma alteração de fundo na imagem histórica do partido.
O que acontece é que, quem entende um bocadinho de arte gráfica sabe isto, o cor de laranja só se dá bem com o azul.

Passam a treze. O Papa Gregório I definiu sete pecados mortais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça). O Vaticano, mil e quinhentos anos depois, acrescenta mais seis (pedofilia, poluição do meio ambiente, aborto, tráfico de droga, riqueza desmesurada e manipulação genética).
Ao que consta esta elencagem já existia des João Paulo II, restando a Bento XVI escolher a sua ordenação. Curiosamente nessa ordenação aparece em primeiro aquele que tem provocado mais problemas à Igreja americana ao mais alto nível: a pedofilia.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Ontem foi dia de eleições em Espanha. Os resultados ditaram não só a vitória do PSOE, mas também uma indiscutível bipartidarização do eleitorado.
Por muito que Mariano Rajoy, cante e salte, um facto é indesmentível: Zapatero e o PSOE tiveram mais votos, logo o PP e Mariano foram derrotados.
Mas a derrota não atingiu somente o PP. A Izquierda Unida, foi duramente castigada, bem como todos os partidos extremistas.
Fora do círculo partidário a grande derrotada é a Igreja que fez campanha declaradamente ao lado do PP e contra Zapatero e o PSOE. Talvez que a Igreja compreenda agora qual é o seu lugar. A seguir à Igreja o grande derrotado é Aznar, cujo aparecimento público na campanha ao lado de Rajoy, não conseguiu ser nenhuma mais valia para o PP.

Casa Pia. É necessário e urgente que alguém explique como é que um documento manuscrito de Catalina Pestana, elaborado para uma reunião com o ministro Vieira da Silva chegou às mãos do advogado de Paulo Pedroso.
Mas atenção, a urgência não é para ser resolvida daqui a meses. É uma urgência de dias.

Volto à educação. Sobre a marcha tudo já foi dito. Foi sem dúvida uma grande manifestação. Todo e qualquer aproveitamento que os diversos partidos quiserem fazer desta marcha, vai-lhes sair demasiado caro.
Por outro lado não percebo como é que os professores deixaram que se integrassem na sua manifestação ou indignação como lhe queiram chamar, Bernardino Soares, António Filipe e mais uns quantos que terão as mais respeitáveis profissões, com excepção da de professor.
Não é que mais vinte, mais trinta, cem, mesmo mil, tenham influência na quantidade final. Têm é influência no aproveitamento.
Mas sobre este tema deixo aqui um artigo de Sousa Tavares que reputo de importantíssimo

A rua e o beco, por Miguel Sousa Tavares
Setenta mil professores, segundo a Fenprof, estarão hoje nas ruas de Lisboa a manifestar-se. Querem a morte de todas as reformas ensaiadas nos últimos dois anos por Maria de Lurdes Rodrigues e, obviamente, querem também a cabeça de Maria de Lurdes Rodrigues. Desde que há Ministério, desde que há Educação, desde que há democracia, que não me lembro de a Fenprof e os sindicatos da Educação terem deixado de exigir a cabeça do ministro ou ministra em funções. Começou há muitos anos, quando Sottomayor Cardia se lembrou de fazer uma lei de gestão das escolas e Universidades em que (vejam lá a ironia e o escândalo) os conselhos directivos eram maioritariamente compostos por professores e não por funcionários e alunos. Na altura, gritou-se que o fascismo estava de volta e hoje quase se grita o mesmo, porque a ministra se lembrou de propor a figura de um director para as escolas.

Julgou-se, a certa altura, que o problema poderia estar em os ministros da Educação serem homens, ditando ordens e instruções a um universo essencialmente feminino. Seguindo à letra o discurso feminista oficial de que as mulheres são melhores para a governação porque têm maior capacidade de diálogo, entendimento, etc., e tal, entrou-se na moda dos ministros mulheres, a ver se a coisa acalmava. Não acalmou: o problema não estava aí. E, a menos que se siga a sugestão ditada há dias ironicamente por Maria de Lurdes Rodrigues – experimentar uma loira burra – há que procurar as origens do confronto em outras razões.
Durante muitos anos, e para garantir uma paz podre no sector, todos os governos, incluindo os socialistas, renunciaram a tentar mudar o que quer que fosse. A política de educação estava entregue aos professores e as escolas aos sindicatos. O grosso dos ministros foi do PSD e os sindicatos estavam mãos da facção do PSD dirigida por Manuela Teixeira, e a do PCP e companheiros dirigida pelo crónico Paulo Sucena. Como nada de essencial no «statuo quo» estava em causa, o confronto centrou-se na ineficácia funcional do Ministério. Anos a fio fomos confrontados com o espectáculo confrangedor de ver os dirigentes sindicais deleitados com as dificuldades e problemas crónicos da colocação de professores e os dramas reais dos professores “não efectivos” que viviam coma a casa e a vida às costas, um ano no Algarve outro no Minho. Sem nenhum pudor, tornou-se claro que, quanto pior funcionasse o Ministério e mais problemas viessem para os professores desse mau funcionamento mais felizes andavam os sindicatos. Hoje, são ambos problemas resolvidos e cuja resolução ninguém se lembrou de enaltecer: os professores são colocados a tempo e horas e têm contratos que lhes garantem três anos de permanência no mesmo local.
Essa frente de luta sindical acabou, mas os trinta anos que ela durou deixaram marca. Os sindicatos da Educação tiveram uma contribuição decisiva para sucessivas gerações de alunos prejudicados e para a derrota nacional na frente educativa. Nunca tivemos falta de professores, falta de escolas, falta de dinheiro para a Educação. Gastámos como em nenhum outro sector e, em percentagem do PIB, mais do que a maioria dos países europeus. E tudo isto serviu para nada, para formar gerações de ignorantes, sem préstimo no mercado de trabalho de hoje ou para acumular taxas terceiro-mundistas de abandono escolar. Eu, se fosse professor, estaria, no mínimo incomodado com os resultados. Porque é preciso muita má fé para sustentar que a culpa foi apenas dos ministros da Educação que tivemos - todos, sem excepção, incompetentes.
Nesta altura do campeonato já toda a gente percebeu que o problema não está em Maria de Lurdes Rodrigues, como também não estava no sacrificado ministro da Saúde Correia de Campos. O problema é mais fundo, mais antigo e mais complicado de enfrentar: Portugal é, de há muito, um país mental e estruturalmente corporativo e qualquer reforma que qualquer governo intente esbarra sempre contra uma feroz resistência da corporação atingida. E para que serve uma corporação? Para proteger os medíocres, não os bons. Acontece com os professores, com os médicos, com os magistrados, com os agentes culturais, com os empresários encostados ao Estado.
Certo que aquele labiríntico organigrama da avaliação dos professores parece, à primeira vista, uma obra-prima de burocracia. Certo que a ministra parece demasiado precipitada e intransigente, adepta de fazer primeiro e avaliar depois. Certo que, como tantas vezes sucede, ela parece ter perdido já a paciência para discutir o pormenor, se não lhe concederem o essencial. Mas, no essencial, ela tem razão e todos nós, que não estaremos hoje a desfilar em Lisboa, já o percebemos. Ela quer mudar as coisas, recusa conformar-se com os resultados de trinta anos a nada fazer; a corporação quer que tudo o que é determinante continue na mesma.
Todos percebemos que a gestão das escolas não pode ser tarefa única dos professores, mas de grande da sociedade civil interessada e isto é o que mais atinge uma corporação cuja sobrevivência depende da auto-regulação desresponsabilizadora – vejam como os magistrados ficam logo abespinhados de cada vez que alguém sugere invadir o que chamam a sua sagrada “independência”, que é causa primeira da total falência da justiça. Todos percebemos que um professor que falta às aulas ou vê o seus alunos nada aprenderem e não se preocupa com isso não pode e não deve progredir na carreira e ganhar o mesmo que outro que se preocupa com os seus alunos e com as suas aulas. Todos percebemos que um professor que falta a uma aula pode e deve ser substituído por outro que está na escola, sem aula para dar e dentro do seu horário de trabalho – como sucede todos os dias e com a maior naturalidade cá fora, no mundo “civil”, em qualquer empresa ou qualquer local de trabalho. É isso o essencial.
Infelizmente, Maria de Lurdes Rodrigues não tentou ou não conseguiu cativar para o seu lado e para as suas reformas os bons professores, que seriam os maiores interessados e beneficiários delas. Deixou que ficassem isolados e que, pouco a pouco, fossem arrastados pela onda de “bota-abaixo” da Fenprof. Talvez seja este destino inevitável de qualquer tenativa que se faça de quebrar o poder paralisante das corporações. Talvez haja sempre uma maioria de acomodados que vejam um qualquer mudança um sinal de perigo para a paz podre em que se habituaram a viver. Estas coisas vêm de longe e estão entranhadas: no tempo de Salazar, o grande sonho do português era arranjar emprego para a vida no Estado – o ordenado era garantido assim com a progressão por antiguidade e reforma ao fim de 36 anos; não lhe era exigido nem mérito nem resultados e jamais seria despedido, a menos que ousasse contestar o Governo. Com a democracia, se a fé no Estado e no emprego público se mantiveram, a única coisa que mudou é que as corporações do sector público já podem contestar os governos. Mais: fazem-no sempre que acham que os governos pretendem mudar o Estado, de que eles se julgam os guardiões.
E é por isso mesmo que a queda de Maria de Lurdes Rodrigues teria o efeito de um toque a finados por qualquer tentativa futura de reformar o Estado e mudar o país. Jornal Expresso, 8 de Março de 2008

e para além deste, um outro publicado no CM de hoje.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Hoje tenho de fazer referência a duas pessoas amigas.
A primeira é um pequeno comerciante. Pois bem este meu amigo queixava-se dos tempos difíceis que vive ele e o seu pequeno comércio. Que as pessoas não compram, somente o indispensável e que o lucro já não dá para pagar as obrigações que tem e o seu salário e que a continuar, iria fazer como tantos outros que não pagam impostos, segurança social, fecham a "tasca" e abrem outra com os mesmos produtos da anterior e etc. e tal.
Depois de ouvir as suas queixas respondi-lhe que uma boa parte, se não mesmo todo o comércio está mal porque, na altura da conversão do escudo para o euro, fizeram a conversão não pelo valor, mas sim pelo som.
Dito de outra forma foi assim: um produto custava cinquenta escudos, com a conversão passou a cinquenta cêntimos e por aí fora, esquecendo-se que cinquenta cêntimos é o dobro de cinquenta escudos.
Como é evidente assim não há euros que resistam.
O meu amigo ficou algo surpreendido com a minha explanação e lá me foi dizendo que as coisas também ficaram caras para ele, porque ele também comprava a outros e etc. etc., enfim tentando desculpar-se conforme sabia e podia de um erro que ele tem plena consciência de ter cometido.
Hoje, por mero acaso, ao consultar a edição online do semanário Sol encontrei uma notícia que confirma na íntegra o meu pensamento. Imediatamente fiz questão de a imprimir e a levar ao meu amigo.
Ele leu, sentou-se e disse-me numa voz pesarosa: eu sei que tu tinhas razão quando me disseste o que disseste, mas foi uma tentativa de aproveitar as vacas gordas que então andavam no pasto, ao que eu lhe respondi: estavam gordas não, inchadas de tanta mania por pertencerem ao clube dos ricos.

A segunda vai para um amigo que faz o favor de acompanhar esta minha doidice da escrita e que de quando em vez me dá uma telefonadela dizendo de sua justiça.
Pois bem, ligou-me ontem e perguntou-me o porquê de ainda nada ter dito sobre o MEP. Confesso que num primeiro instante tive uma branca poderosíssima. MEP?, que diabo seria tal coisa! Seria algum novo programa de televisão? mais um jornal gratuito?
Não me digas que não sabes o que é?, dizia ele triunfante. Não acredito!
Lembras-te do gajo que arranjou um barco e quis ir a Timor quando este estava ocupado pela Indonésia?! O Rui Marques!
Percebi logo onde queria chegar e dei-lhe de imediato a minha opinião e prometi que hoje convertia para post o que eu penso acerca do tal MEP.
Antes disso, gostaria de relembrar que sou contra os partidos, sejam eles pequenos ou grandes, que se limitem a aparecer nos períodos eleitorais e que disputem eleições numa tentativa clara de ir buscar subvenções, já que no resto do tempo a sua actividade se não é nula, é pelo menos residual.(Lei de financiamento dos partidos)
Posto isto vamos então ao MEP.
Em primeiro MEP significa Movimento Esperança Portugal e é a nova obra de Rui Marques.
No seu curriculum Rui Marques inclui: foi fun dador da revista Forum Estudante, foi organizador do Lusitânia Expresso, foi Alto Comissário para a Imigração e Diálogo Intercultural. Para além disto foi ainda jornalista, colunista, secretário-geral do CUPAV (Centro Universitário Padre António Vieira, fundado por Vaz Pinto, em 1984), pertenceu às direcções da ONG Leigos para o Desenvolvimento e do Banco Alimentar Contra a Fome, coordenou a Missão Crescer em Esperança (que trouxe refugiados bósnios até Portugal) e presidiu à Associação 12 de Novembro, em Timor-Leste, trabalhou na Rádio Renascença, fundou a Cais (associação de apoio aos sem-abrigo) e dirigiu a equipa autora da candidatura da TVI.
Pois bem este novo partido tem como slogan Melhor É Possível e «não nasce com uma atitude anti-sistema, para dizer que os políticos são corruptos e que está tudo errado. A nossa atitude é oferecer aos portugueses uma possibilidade para que, através de uma política de esperança, possam encontrar uma razão para se empenharem na construção de um futuro melhor».
O MEP situa-se ideologicamente ao centro, entre o PS e o PSD, e deverá concorrer às europeias de 2009.
Com tudo isto ficamos a saber que traz algo de novo que é uma política de esperança destinada a mobilizar os portugueses (o BE disse o mesmo, o PSD de igual forma, o CDS aspas, aspas, o PND teve a mesma retórica e podíamos ir buscar mais exemplos).
Mas para além da política da esperança, também ficámos a saber que o MEP é um projecto político do centro, a modos que «um movimento humanista que quer estar ao centro do centro político, entre o PS e o PSD, para que a partir daí seja possível construir pontes e sublinhar mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa», sendo que, acha Rui Marques «O Movimento surge como uma proposta concreta para que Portugal possa dar uma resposta a esta crise. O tempo tem que ser de esperança, esperança que torna real a capacidade de transformar a realidade e que nos motiva a fazer melhor, porque melhor é possível».
Não vale a pena continuar porque já se percebeu que estamos perante algo que nem é carne nem é peixe. É a modos que pura demagogia a caminhar para o oportunismo.

Continuando na senda de ontem, Menezes está abraços com mais um problema interno. Dez ex-secretários-gerais do PSD subscrevem uma carta ao presidente do Conselho Nacional do partido, Ângelo Correia, pedindo «um prazo» para o «debate interno» sobre as alterações aos regulamentos propostas pela direcção de Luís Filipe Menezes.

Mas nem só o PSD tem problemas internos. O PS também. Os manos Alegre, Teresa e Manuel, formam agora um duo impressionante (a que se junta Ana Benavente). Mas claro que continuam todos deputados...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Que curioso, a Somage contestou a multa junto do Tribunal Constitucional. Os outros intervenientes não questionaram a multa nem sequer se declararam inocentes. Vamos aguardar.

Se não é um esquema bem montado, parece. Todos já viram que Menezes não tem ideias, vai daí que os social-democratas decidiram (não sei se a conselho de Cunha Vaz) lançar a imagem do desgraçadinho que todos os dias leva pancada da família.
Ontem dei conta de umas, hoje há novas. José Pedro Aguiar Branco, diz na Revista Atlântico deste mês que a direcção de Luís Filipe Menezes tem de fazer uma oposição «consistente, não errática, coerente e respeitadora da palavra dada». Considerando que o PSD deve ter um verdadeiro projecto alternativo, o ex-ministro da Justiça criticou o PSD por ter voltado atrás no acordo da lei eleitoral autárquica e reprovou o facto de o partido não ter apresentado uma alternativa ao mapa judiciário do Governo.
(E já que estou a falar da Atlântico aqui fica um artigo que merece a nossa leitura).
Mas a pancada não vem só do Norte. Vem de todo o lado.
Lembram-se do ex-dirigente e chefe de gabinete de Mendes, Pedro da Vinha Costa? Este vem dizer que concorda que Menezes deve ser responsabilizado pelo mau momento do partido. "Herdou um PSD com propostas claras em matéria fiscal, de educação, segurança social, justiça e de apoio às pequenas e médias empresas. Hoje, não se sabe o que o PSD pensa. Sabe-se é que não é fiável o que pensa", alega, acusando o líder do partido de "ziguezagues", sobretudo quanto à quebra de pactos. E mesmo quanto ao facto de Menezes alegar que os críticos nunca lhe deram sossego, Pedro Vinha não se cala e diz "É a última pessoa a poder queixar-se de conflitualidade interna. Produziu até à exaustão essa mesma conflitualidade interna".
E lembram-se daquele senhor que diz que beijar uma mulher que fuma é como lamber um cinzeiro?
Pois bem, Macário Correia, esse mesmo, também fez questão de vir a terreiro para pedir "um esforço de alguma contenção no que toca a comentários internos" numa altura em que o partido "não está a atravessar um momento de grande afirmação".
Será que vamos passar a apostar nos próximos críticos?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Tinham dúvidas sobre esta luta dos professores? Vejam as estrevistas da SIC durante a manifestação em Faro e irão perceber que estamos perante uma atitude corporativista. Tirando a primeira, Maria Varela, que apresentou uma razão válida, o caso das faltas, todos os outros entrevistados foi pura demagogia: um porque não tem tempo para fazer planeamento; outra porque está tudo mal e o último porque podemos concluir que é preciso manifestar porque é preciso que a classe esteja unida.
Obrigado, mil vezes obrigado, esta é a gota que faltava para que os pais percebessem o que na realidade se passa.

Ontem foi dia grande nos EUA. Foi dia de primárias. E se para o lado dos republicanos a coisa está definida, para os democratas o imbróglio é mais que muito.
No lado republicano já se sabe que John McCain é o candidato, pelo que pode de imediato iniciar a campanha, do lado democrata e após nove vitórias seguidas de Obama, Hillary decidiu interromper este caminho vitorioso e conquistou Texas, Ohio e Rhode Island. Mas o problema é que estas vitórias ainda não definem candidatos, aliás a diferença entre os dois é neste momento de 87 delegados, facto que nas eleições americanas pouco conta, uma vez que existem os superdelegados que podem alterar o rumo das coisas.
Só que esta indecisão vai originar menor tempo de campanha para os democratas, com tudo de negativo que daí advém.
Mas algo mais nos deve preocupar.
Sempre deixei bem claro que não gosto de Bush, aliás já pelo pai nutria pouca simpatia. Mas a cada dia que passa e que escuto o que os candidatos democratas dizem, fico com desejos de que Bush permaneça.
O actual presidente de há muito que deixou as leis e as políticas proteccionistas, o que permitiu que a balança comercial vivesse um período livre onde só mandaram as leis do mercado.
Ora o que se pode depreender da campanha quer de Obama, quer de Hillary, é que seja quem for eleito adoptará leis e políticas proteccionistas, sendo que tal vai desvirtuar a livre concorrência e o mercado aberto.
Como é evidente que num cenário desses a Europa e todos aqueles que têm nos EUA quer o maior cliente, quer o maior fornecedor, vão sentir na pele esse mesmo proteccionismo.
Só nos resta das duas uma, ou que nenhum deles vença, ou então que mandem às malvas as promessas que vão fazendo.

Maddie ainda. Depois de recentemente ter sido um taxista português, agora foi um casal britânico que viu um homem levar um saco com cerca de um metro de comprimento para um navio, na Salema, próximo da Praia da Luz, mas não julguem que é uma visão qualquer. Era um indivíduo que estava com um fato de mergulho preto e ia numa moto de água também escura. O barco ao largo, dizem, era também escuro e parecia um navio de guerra.
Claro que para os media ingleses, isto é mais um fracasso da polícia portuguesa.
Mas para mim isto tudo são derivações. Enquanto se fala de Maddie não se fala na casa dos horrores.

terça-feira, 4 de março de 2008

Decidi transcrever para aqui o texto do director do Expresso, porque o julgo de extrema importância e urgente.

A ministra, os sindicatos e a Educação

Em quase tudo o que opõe os sindicatos dos professores à ministra da Educação, nenhum dos lados tem razão. Talvez por isso - e para citar o conhecido adágio - todos berrem.
Entre as diversas mudanças que o Ministério anunciou (as que fez e as que não fez), a lei da gestão e a ideia (não o projecto concreto) da avaliação têm bastante sentido e apontam o caminho bem-vindo de mais descentralização e mais exigência no ensino. Infelizmente, são a estas duas medidas que os sindicatos mais se opõem.
Claro que quase toda a gente percebeu que os sindicatos, mais do que defender os seus associados - os professores - defendem esquemas de poder nos quais os próprios sindicatos são parte. Tudo o que afecte este esquema, como retirar professores da gestão ou avaliar professores e hierarquizar os seus desempenhos, terão sempre a sua forte oposição. Ou seja, nos sucessivos debates nunca estão em cima da mesa aqueles que deveriam ser os interesses primordiais quer do Estado quer dos professores e, por esta via, dos próprios sindicatos: a qualidade da transmissão de conhecimentos, a qualidade do ensino nas nossas escolas.
Sobre isto nem o Ministério, nem os sindicatos gostam de falar. E aqueles docentes (cada vez mais, felizmente) que sobre isso se pronunciam parecem, por vezes, clamar no deserto.
Vejamos, por exemplo, o caso da avaliação dos professores. Se tudo fosse feito de forma simples (e não da forma pretensamente científica que os burocratas da 5 de Outubro gostam de apregoar), seriam considerados melhores professores aqueles cujos alunos tivessem melhores resultados. Simples? Para o Ministério não é, porque o Ministério se opõe a exames nacionais, cujos resultados seriam a única forma de aferir, de modo justo e igual para todos, os conhecimentos adquiridos.
Falar de exames é, também para os sindicatos, falar do diabo. Inventam milhares de argumentos contra a sua realização (como fazer depender de um único momento a avaliação de um ano, ou criar desigualdades regionais). Claro que tudo isto é conversa de puro medo. E o medo é compreensível: os exames poriam a nu a vacuidade de muito do que se ensina, a imbecilidade do sistema criado no Ministério e, simultaneamente, recompensaria professores e escolas que não são dadas como exemplo do 'eduquês' dominante.
Na guerra entre Maria de Lurdes Rodrigues e os sindicatos todos perdem. E quem mais tem perdido nos últimos anos são os alunos e os pais: tempo, dinheiro e conhecimentos.
Henrique Monteiro

Lamento que este texto também não seja enviado nos mails, nos sms, nos blogues, etc. e etc. E mais, também seria curioso transpor alguns comentários, mas isso deixo para uma visita ao artigo online.

Ainda não vi nenhum dos críticos da ASAE vir comentar estas e outras apreensões. Ou só batemos quando está mal? E já agora o porquê do nome das empresas não ser publicitado?

Vejam bem o que a educação está a causar.
O Presidente da República tocou na matéria em público, não atacando a ministra, porque no fundo ele concorda com as reformas.
Menezes que corre a tudo e não corre a nada e sempre a tentar aproveitar as "migalhas" dos outros achou por bem ir até à FENPROF e dizer a Mário Nogueira que estava de acordo, só não se sabe muito bem com nem porquê?
Pedro Duarte, vice-presidente da bancada social-democrata veio zurzir no PR, por este não atacar a ministra e o governo em público.
Santana Lopes, presidente da bancada, veio "puxar as orelhas" ao seu vice-presidente e resguardar Cavaco.
Para culminar e talvez o ponto forte da questão, veio Manuela Ferreira Leite, ex-ministra da Educação de Cavaco e actual Conselheira de Estado, dizer que está de acordo com as reformas e que daria um voto negativo a Sócrates se este recuasse nas reformas.
Dito desta forma estava tudo explicado. Mas não está.
Primeiro porque Ferreira Leite é o líder que todos os Cavaquistas e o próprio Cavaco desejam para o PSD. Logo esta posição é o apoio público que Cavaco não pode dar.
Segundo porque isto provoca dois problemas bicudos: um porque retira a Marcelo Rebelo de Sousa o estatuto de porta-voz mais ou menos autorizado de Cavaco e o afasta de candidato à liderança no pós-menezismo; o outro porque é o sinal claro de que Cavaco está definitivamente afastado desta liderança social-democrata.
Aliás este afastamento da actual liderança e a guerrilha interna já tinha sido percebida na São Caetano à Lapa. Não é por qualquer razão que Santana e Menezes fazem elogios um ao outro nas entrevistas televisivas que tiveram. É o cerrar fileiras contra o inimigo interno. Para eles já só importa chegar a 2009.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Cantata de paz


Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror
A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.



Comecei o meu post de hoje com o poema Cantata de Paz de Sophia de Mello Breyner. E este começo tem duas razões.
A primeira porque é urgente paz. A segunda porque lemos e não podemos ignorar o absurdo, a hipocrisia, eu sei lá mais o quê.
A notícia está inserta no DN de hoje na pág. 27 e tem o seguinte título: "Israel analisa legalidade para atacar áreas civis".
A notícia explica que o ministro da Defesa israelita, Barak, ia reunir-se com especialistas em questões jurídicas para verificar se o exército e a força aérea podem legalmente visar áreas densamente povoadas por civis e de onde são disparados os rockets contra o Sul de Israel.
Mas qual legalidade qual quê? Parecem mentecaptos.
Claro que é preciso terminar de vez com a história dos rockets, mas atenção, e sabendo nós que uma vida que seja é uma perda irreparável, uma coisa é um dos vários foguetes disparados pelo Hamas contra a cidade de Sdérot matar um isrelita, a 14.ª vítima destes ataques nos últimos sete anos e a primeira desde Junho do ano passado e outra coisa é a operação de retaliação desta morte ter provocado 100 mortos e 300 feridos.
Deixo-vos uns mapas para poderem apreciar a legalidade destes senhores.

A Palestina no tempo do domínio britânico


A Palestina já após a formação de Israel. Importa ver Gaza

Um esquema de com a Palestina foi perdendo território

domingo, 2 de março de 2008

Será possível que não existe nenhum organismo internacional capaz de impor sanções ao Estado de Israel?

Então e agora? A Câmara de Sintra vai continuar disposta a pagar para os cabos eléctricos serem enterrados.

Em que é que ficamos? É verdade? É mentira? Então o professor pede desculpa à ministra e ao inspector, mas continua a reiterar a acusação? Então pede desculpa porquê? E a acta vai ser toda publicada ou não? É preciso chegar à verdade e com urgência. E não há processo porquê?

As declarações de Dias Loureiro deviam ser lidas e reflectidas e olhem que para eu dizer isto, que não gosto do senhor...

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...