terça-feira, 4 de março de 2008

Decidi transcrever para aqui o texto do director do Expresso, porque o julgo de extrema importância e urgente.

A ministra, os sindicatos e a Educação

Em quase tudo o que opõe os sindicatos dos professores à ministra da Educação, nenhum dos lados tem razão. Talvez por isso - e para citar o conhecido adágio - todos berrem.
Entre as diversas mudanças que o Ministério anunciou (as que fez e as que não fez), a lei da gestão e a ideia (não o projecto concreto) da avaliação têm bastante sentido e apontam o caminho bem-vindo de mais descentralização e mais exigência no ensino. Infelizmente, são a estas duas medidas que os sindicatos mais se opõem.
Claro que quase toda a gente percebeu que os sindicatos, mais do que defender os seus associados - os professores - defendem esquemas de poder nos quais os próprios sindicatos são parte. Tudo o que afecte este esquema, como retirar professores da gestão ou avaliar professores e hierarquizar os seus desempenhos, terão sempre a sua forte oposição. Ou seja, nos sucessivos debates nunca estão em cima da mesa aqueles que deveriam ser os interesses primordiais quer do Estado quer dos professores e, por esta via, dos próprios sindicatos: a qualidade da transmissão de conhecimentos, a qualidade do ensino nas nossas escolas.
Sobre isto nem o Ministério, nem os sindicatos gostam de falar. E aqueles docentes (cada vez mais, felizmente) que sobre isso se pronunciam parecem, por vezes, clamar no deserto.
Vejamos, por exemplo, o caso da avaliação dos professores. Se tudo fosse feito de forma simples (e não da forma pretensamente científica que os burocratas da 5 de Outubro gostam de apregoar), seriam considerados melhores professores aqueles cujos alunos tivessem melhores resultados. Simples? Para o Ministério não é, porque o Ministério se opõe a exames nacionais, cujos resultados seriam a única forma de aferir, de modo justo e igual para todos, os conhecimentos adquiridos.
Falar de exames é, também para os sindicatos, falar do diabo. Inventam milhares de argumentos contra a sua realização (como fazer depender de um único momento a avaliação de um ano, ou criar desigualdades regionais). Claro que tudo isto é conversa de puro medo. E o medo é compreensível: os exames poriam a nu a vacuidade de muito do que se ensina, a imbecilidade do sistema criado no Ministério e, simultaneamente, recompensaria professores e escolas que não são dadas como exemplo do 'eduquês' dominante.
Na guerra entre Maria de Lurdes Rodrigues e os sindicatos todos perdem. E quem mais tem perdido nos últimos anos são os alunos e os pais: tempo, dinheiro e conhecimentos.
Henrique Monteiro

Lamento que este texto também não seja enviado nos mails, nos sms, nos blogues, etc. e etc. E mais, também seria curioso transpor alguns comentários, mas isso deixo para uma visita ao artigo online.

Ainda não vi nenhum dos críticos da ASAE vir comentar estas e outras apreensões. Ou só batemos quando está mal? E já agora o porquê do nome das empresas não ser publicitado?

Vejam bem o que a educação está a causar.
O Presidente da República tocou na matéria em público, não atacando a ministra, porque no fundo ele concorda com as reformas.
Menezes que corre a tudo e não corre a nada e sempre a tentar aproveitar as "migalhas" dos outros achou por bem ir até à FENPROF e dizer a Mário Nogueira que estava de acordo, só não se sabe muito bem com nem porquê?
Pedro Duarte, vice-presidente da bancada social-democrata veio zurzir no PR, por este não atacar a ministra e o governo em público.
Santana Lopes, presidente da bancada, veio "puxar as orelhas" ao seu vice-presidente e resguardar Cavaco.
Para culminar e talvez o ponto forte da questão, veio Manuela Ferreira Leite, ex-ministra da Educação de Cavaco e actual Conselheira de Estado, dizer que está de acordo com as reformas e que daria um voto negativo a Sócrates se este recuasse nas reformas.
Dito desta forma estava tudo explicado. Mas não está.
Primeiro porque Ferreira Leite é o líder que todos os Cavaquistas e o próprio Cavaco desejam para o PSD. Logo esta posição é o apoio público que Cavaco não pode dar.
Segundo porque isto provoca dois problemas bicudos: um porque retira a Marcelo Rebelo de Sousa o estatuto de porta-voz mais ou menos autorizado de Cavaco e o afasta de candidato à liderança no pós-menezismo; o outro porque é o sinal claro de que Cavaco está definitivamente afastado desta liderança social-democrata.
Aliás este afastamento da actual liderança e a guerrilha interna já tinha sido percebida na São Caetano à Lapa. Não é por qualquer razão que Santana e Menezes fazem elogios um ao outro nas entrevistas televisivas que tiveram. É o cerrar fileiras contra o inimigo interno. Para eles já só importa chegar a 2009.

Sem comentários:

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