sexta-feira, 14 de março de 2008

Não sei se me apetece rir, se chorar, não sei. Ao que consta o advogado de um dos operadores a quem foi apreendido peixe alegadamente impróprio para consumo tem em mente processar a ASAE porque a operação lesou o seu cliente em cerca de 25 mil euros.
Será que estamos num país de insanos? Se não estamos, imitamos muito bem.
Se tudo for verdade e eu estou crente que sim, alguém que estava disposto a cometer um crime contra a saúde pública, transaccionando pescado impróprio para consumo, vem agora queixar-se que teve um prejuízo de 25 mil euros.
Isto se não é uma falta de respeito é, no mínimo, uma desfaçatez de todo o tamanho.
Não é a primeira vez que digo isto e voltarei sempre a repetir: se a ASAE ou outro organismo fiscalizador fizesse um comunicado onde tornasse público os agentes económicos prevaricadores, talvez eles depois tivesse juízo. Enquanto tal não acontecer o consumidor vai-se sentindo sempre enganado, desconfiando de tudo e de todos, para além de que se está a promover uma concorrência desleal.

Agora para rir, mas a sério. Carolina Salgado disse ontem aos juízes que julgam o processo "Apito dourado" em Gondomar, onde se deslocou como testemunha, que tinha a profissão de escritora.

Ontem foi dia de conversa na SIC e na RTP. Numa análise tipo lavadeira de Caneças, foi dia de OMO. Dia de brancura cintilante.
Numa análise mais terra-a-terra a coisa é bem diferente.
Quanto a Sócrates importa dizer que falta um ano para o terminus deste Governo. É preciso que as pessoas percebam que ele não é só o primeiro-ministro duro e ríspido. Que existe um outro Sócrates, um Sócrates com lado humano e vida própria.
Mas claro que se percebe que para além disso há também o Sócrates que quer uma maioria em 2009. Frases como: “a decisão mais difícil foi subir o IVA, tinha prometido não aumentar impostos”, “Não sou insensível a uma manifestação daquelas, senti-me desconfortável”, “temos de ser capazes de fazer as mudanças necessárias na educação”, “seria um erro adiar, suspender [as reformas], que foi o que fizémos durante 30 anos” e especialmente “só quem não faz é que não comete erros” seguida de “em termos de governação, sabendo o que sei hoje, teria feito melhor” são a prova disso mesmo.
Mas mesmo com toda a dose de eleitoralismo que lhe queiram adicionar, uma coisa foi clara: reconheceu que errou.
Quanto a Menezes a coisa fia mais fino.
Mais não fez do que atacar os seus opositores. Falou das sondagens que quis e lhe apeteceu, ou seja das que lhe são mais favoráveis. Quanto a perspectivas para governar zero. Notou-se que existiu a preocupação de dizer que todos os que o atacam apoiaram Marques Mendes. Quanto a Capucho ficamos a saber que esta dispensa airosa tem a ver com o facto de Capucho não ter libertado o lugar no Conselho de Estado.
Ao ouvir Menezes ficamos a saber que não tem uma ideia para o país. A única coisa que ele quer é baixar impostos.
Quanto aos críticos, não percebo como é que ele pode criticar se foi o que ele fez aos outros. Esqueceu-se? É natural já que ele é pródigo nisso, bastará lembrarmo-nos da lei autárquica.
Sobre o facto de ter de esperar para o início de 2009 para saber a realidade das sondagens não conseguiu dizer a verdade. E a verdade foi que Alberto João Jardins definiu o início do ano de 2009 para saber se Menezes tem capacidade para chegar às eleições.
Estamos conversados sobre o líder do maior partido da oposição.

Como eu gosto de voltar a Eça de Queirós.
Ele escreveu numa das Farpas. Querido leitor: Nunca penses servir o teu país com a tua inteligência, e para isso em estudar, em trabalhar, em pensar! Não estudes, corrompe! Não sejas digno, sê hábil! E, sobretudo, nunca faças um concurso; ou quando o fizeres, em lugar de pôr no papel que está diante de ti o resultado de um ano de trabalho, de estudo, escreve simplesmente: sou influente no círculo tal e não me façam repetir duas vezes!

E disse ainda: "Portugal é um país muito bonito, o problema é os Portugueses."

Está tudo dito.

Sem comentários:

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