Para onde caminha Marcelo Rebelo de Sousa? Quem tenha assistido aos últimos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa tem constatado sucessivos sinais de distanciamento político em relação aos muitos críticos de Luís Filipe Menezes que, cada vez mais, ponderam lançar uma candidatura alternativa antes das eleições legislativas de 2009.
Curiosamente, ou não, Marcelo até tem contestado alguns actos de Menezes mas, em termos globais, não só tem defendido a sua continuidade na liderança como tem feito subtis avisos aos críticos para avaliarem bem a sua correlação de forças no interior do partido. Aliás, o professor foi bem claro ao dizer, preto no branco, que deve ser Menezes, e não outro, a apresentar-se às eleições legislativas de 2009.
Para os críticos, que viam no professor um poderoso aliado, esta atitude deve ser vista como um abandono.
Esta atitude de Marcelo está a provocar gáudio nos apoiantes de Menezes e a criar alguns receios nos candidatos a líder (Passos Coelho, Aguiar Branco ou mesmo em Ferreira Leite)
Neste momento no PSD estão na mó-de-cima sectores avessos a Marcelo (Santana Lopes e os santanistas) mas tal facto não impede que o professor continue a ser um homem muito influente no partido. O facto de o professor dizer que Menezes deve ir às urnas em 2009 pode originar a desmobilização dos críticos e isso é benéfico para Menezes mas também, quem sabe, para o próprio Marcelo.
Todos sabemos que Marcelo tem sagacidade para dar e vender. Sendo assim, o apoio de Marcelo a Menezes conjugado com o regresso do professor às bases para explicar a história do partido a militantes de Lisboa significa que Marcelo pretende encostar Santana às boxes e certo de que as coisas vão correr mal a Menezes em 2009 está a posicionar-se para um regresso em vez de Santana.
Tudo isto porque Marcelo já percebeu que Cavaco vai voltar a ser candidato, pelo que a sua candidatura a presidente deixa de fazer sentido, por isso é preciso estar preparado para a noite dos facas longas que irá acontecer em 2009.
Desiludam-se quantos pensam que Marcelo está de pedra e cal com esta direcção. Tal como tem acontecido sempre, Marcelo só está de pedra e cal é consigo mesmo, porque o resto são mergulhos no Tejo que o mesmo é dizer show off.
O DN de hoje faz manchete com uma notícia que merece ser lida, relida e pensada. Diz o jornal que entre Dezembro de 2004 e Dezembro de 2007 foram emitidos 157 mil vales para doentes em lista de espera para cirurgia, mas que apenas 28% culminaram em operação e 21% não foram usados por recusa dos doentes.
Significa isto que nos últimos três anos, quase 33 mil doentes recusaram ser operados fora do seu hospital de origem, recusando vales-cirurgia em hospitais privados.
Eu tento perceber as três razões aduzidas e que são «um terço prefere ficar no hospital de origem porque já ganhou confiança nos médicos», outros doentes alegam «dificuldades de transporte» e outros ainda recusam sair da sua localidade por «motivos pessoais», mas não sou capaz.
Então quando todos clamam contra o estado em que se encontra a saúde, contra as verbas dispendidas quer pelo Estado quer pelos utentes relativamente aos cuidados médicos, chegamos à conclusão que existem 11 mil doentes por ano que recusam a cirurgia?
Das duas uma: ou não compreendem o que é que lhes está a ser oferecido ou então não estão doentes. E se a primeira é má, a segunda é muito pior porque atrofiam o sistema, gastam recursos e tempo indevidamente e possivelmente estã a ocupar o lugar de alguém que está mesmo doente.
E para terminar, pasme-se com esta que vem dos nossos vizinhos.
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