Talvez lenha para se queimar. O PCP viu nesta marcha da indignação dos professores o cenário ideal para se lançar em mais uma cruzada anti-governo. Vai daí que o grupo parlamentar decidiu levar hoje ao plenário da Assembleia da República, uma saudação aos professores portugueses.
O PC baseia esta sua atitude no facto de a manifestação ter sido "uma demonstração exemplar de civismo (..) e uma expressão de mobilização cívica e de exercício de direitos de cidadania, (..) na defesa da escola pública".
Mas o PC está a esquecer-se de uma coisa importante é que, e apesar de todas as infiltrações, a marcha não é do PC, não é do BE, não é do PSD, não é do PP nem tão pouco dos sindicatos. A marcha é de um grupo profissional e nada mais e tudo quanto seja uma simples tentativa de colagem irá provocar danos a curto prazo às duas partes.
Aliás é minha convicção que os sindicatos, neste momento, estão aflitos e a tentar sair airosamente deste bico-de-obra, já que se atingiram números para os quais eles não estavam preparados e nem sabem lidar.
Aguardemos pelos resultados.
Ainda sobre a educação. Pelo que foi divulgado no final do encontro da Conferência Episcopal, a Igreja está a acompanhar "com interesse e alguma preocupação a situação dos professores". O porta-voz dos bispos portugueses, Carlos Azevedo, fez questão de afirmar que a Igreja "não pode deixar de acompanhar toda esta polémica" e, apesar de não querer "tomar uma posição mais detalhada sobre um assunto tão complexo", fez questão de frisar a "grande estima" pela classe docente.
A Igreja portuguesa não aprendeu nada com a sua congénere espanhola neste fim-de-semana e é uma pena que assim seja.
Foi-se o paradoxo. Luís Filipe Menezes durante uma visita ao Bairro do Pica-Pau Amarelo, no concelho de Almada, a 5 de Março declarou que "há um paradoxo. É que, da mesma maneira que o PSD ainda não merece - vai merecer - ser Governo, o PS já não merece ser Governo. Portanto temos aqui um vazio complicado, que o maior partido da oposição vai ter de resolver rapidamente merecendo ser Governo", e reforçou salientando "temos de ser humildes, e humildes é ter consciência que ainda não fizemos o suficiente para que os portugueses confiem em nós plenamente. Vamos ter de continuar a trabalhar".
Então não é que ontem, 12 de Março, ou seja oito dias depois e durante uma reunião de três horas que juntou num hotel de Lisboa militantes do partido e independentes para fazerem o balanço da governação socialista, o líder do PSD pediu aos eleitores "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009 e defendeu que "os cinco pontos que nos separam do PS não são nada" e concluiu: "estamos aí. Já ganhámos o estatuto de poder acreditar na vitória".
Isto tudo oito dias depois.
Será que Cunha Vaz ensandeceu? Para dar conselhos destes a Menezes só pode ter sido.
Numa altura em que:
-existe metralha (e já não é só de armas ligeiras, é de pesadas também) intensa dentro do PSD;
-o TC multa o PSD e a SOMAGUE por aqueles financiamentos estranhos;
-a história do Casino de Lisboa ainda não chegou ao fim;
-a antiga administração dos CTT está a ser investigada pela venda ruinosa de dois edifícios;
-a GEBALIS (ao que consta foram nomeados 60 militantes do PSD para a empresa municipal) e demais departamentos da Câmara de Lisboa estão a ser investigados;
-foram distribuídas casas pelo pelouro da habitação da Câmara de Lisboa a quem não tinha direito a elas;
-o caso Portucale e as ligações ao CDS-PP quando este era governo com o PSD ainda não estão esclarecidas;
-a trapalhada do negócio dos submarinos sem contrato de manutenção ainda paira no ar;
e etc., e etc.,
Menezes quer uma maioria?
Qual é a razão porque não levam a política a sério?
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