terça-feira, 10 de julho de 2007

Sete anos depois o Vaticano volta a "atacar". João Paulo II em audiência concedida a 16 de Junho de 2000, ao então Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, ratificou e confirmou a Declaração «Dominus Iesus».
Na altura o Conselho Ecuménico de Igrejas que congrega todas as comunidades cristãs históricas, incluindo a Ortodoxa e os anglicanos, considerou a «Dominus Iesus» como uma «tragédia» para a continuidade do diálogo ecuménico, iniciado após o Concílio Vaticano II, em 1965.
Numa breve análise ao documento, percebia-se que o Conselho estava carregado de razão. Quem não tivesse o conhecimento profundo dos Evangelhos e lesse esta Declaração, ficaria com a ideia de que Jesus Cristo é um professor de catecismo que nos veio ensinar uma doutrina sobre Deus e, agora, o cardeal Ratzinger vem publicamente dizer que nós não passamos no exame da fé. Mas o texto vai mais longe. No n.º 7 (diferença entre Fé e Religião) classifica a Igreja como expressão pura e directa da fé revelada directamente por Deus, enquanto as outras religiões seriam buscas humanas que Deus não revelou.
Para não alongar mais a matéria termino dizendo que esta declaração da Cúria Romana revela o intento de corrigir o caminho que, o papa e as igrejas percorriam. O papa, por mais que uma vez tinha pedido perdão pelos erros da Igreja e/ou dos seus filhos. O documento frisa que a Igreja sempre foi fiel e perfeita no testemunho do Evangelho, sendo que por isso não há que pedir perdão. Teólogos/as e o próprio papa diziam que o Espírito de Deus actuava em todas as religiões e não só no cristianismo. Esta declaração ensina que não é bem assim. Deus é católico romano. Embora tenha dado alguns sinais de presença noutras religiões, fez isso só para que as pessoas o descubram e entrem na Igreja Católica Romana. Quem segue outra religião está objectivamente em situação de erro e ilusão.
Ratzinger, hoje Bento XVI, publicou um novo documento onde reafirma que as comunidades protestantes não são Igrejas e que a Igreja Católica é a única verdadeira.
Com o título «Respostas a questões relativas a alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja» este texto assinado pelo Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada, com data de 29 de Junho, elabora uma síntese de um conjunto de documentos do Concílio Vaticano II, de declarações dos Papas Paulo VII e João XXIII e de um polémico documento de João Paulo II, a «Dominus Iesus».
O Papa refere que o documento hoje divulgado pretende «dar com clareza a genuína interpretação» sobre a constituição da Igreja fundada por Jesus, a Declaração é elaborada de forma singular, em jeito de pergunta e resposta. E logo se esclarece que é na Igreja do Papa de Roma que subsiste «a continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo». Por isso, conclui que as comunidades protestantes não podem ser consideradas de Igrejas. Porquê? «não têm sucessão apostólica» – aquilo que Roma considera como uma linha sucessória, de continuidade entre os papas, desde S. Pedro – e por esta razão as Igrejas protestantes estão privadas daquele «elemento essencial».
Estou curioso sobre a forma como irão reagir as demais Igrejas. Curiosamente não vejo estas matérias serem discutidas nas reuniões da Conferência Episcopal Portuguesa.
Para além disso, de que serve usar e abusar do conceito de ecumenismo? Só se for por pura hipocrisia.

Para ler com urgência o Editorial do DN.

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Montenegro tem de mandar parar com os disparates... - deixar que alguém que dirige interinamente o INEM com todas as falhas que se verificar...