terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Não sei se foi a explicação que foi mal dada se outro qualquer motivo, o que é certo é que a minha crónica de ontem gerou dois telefonemas acusatórios e como tal, e para que não reste a mínima dúvida, passo a explicar.
Eu percebo que Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa digam o que quiserem sobre o caso de Camarate.
Posso até admitir como correcto que o não julgamento do processo de Camarate seja, como diz Marques Mendes, "uma vergonha para a nossa democracia, uma mancha no nosso Estado de direito".
O que eu já acho perigoso são as outras palavras. É que o líder social-democrata também diz e face à prescrição do processo que acredita que será possível "um consenso alargado no Parlamento" para "tentar encontrar uma solução que não seja uma interferência do poder político no poder judicial, mas que permita o ."
Ora seja qual for a solução, será sempre uma interferência no poder judicial, interferência essa que é perigosa, porquanto a Assembleia terá de criar uma lei especial que permita o julgamento. Isto quer dizer que estamos a fazer uma lei para um caso especial, o que por si só é um precedente perigoso.
E porquê uma lei para este caso e não para outros.
O PSD e o seu líder com este discurso entraram num beco sem saída e isto porque o processo prescreveu dentro dos prazos normais estabelecidos pela lei e o PSD apesar do que tem dito dentro e fora das várias comissões parlamentares, nunca se esforçou para que a verdade fosse esclarecida. Mas o PSD não esteve sozinho neste laisser-faire, laissez-passer: teve a companhia do PS do CDS.
Agora, passados 26 anos é que estão todos aflitos e percebe-se porquê.
Para Mendes é ouro sobre azul se conseguir o julgamento, porquanto este vai servir de arma de arremesso contra os seus opositores.
Para o CDS é bom para os dois lados. Para o grupo parlamentar que tem mais uma vantagem sobre a direcção. Para a direcção é bom, porque aparece assim ligada à resolução de um caso antigo.
Para o PS e Governo isto serve às mil maravilhas. E porquê? Porque já tem material para negociar o procurador especial.
Realmente a política não é para todos...

É difícil deixarmos passar em claro. O sr. D. Duarte deu uma entrevista ao DN no passado domingo. Deixá-la passar em claro era um crime, por isso aqui fica com o meu comentário que não poderá ir além de: coitado de quem as ouve(neste caso lê), porque quem as diz fica aliviado.

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