sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

"É necessário que haja juízo e bom senso". As palavras de Telmo Correia vão servir de mote ao texto que se segue.
Na verdade, esta guerrilha permanente que a bancada parlamentar do CDS/PP teima em manter com a direcção do partido é a prova cabal de que não existe juízo e muito menos bom senso. Qual é a legitimidade do grupo parlamentar para actuar desta forma?
Ribeiro e Castro ganha o congresso derrotando Telmo Correia que era o candidato de Paulo Portas.
Quando Portas abandona a liderança do partido, fá-lo no pressuposto de que o seu candidato limpava o congresso e que poderia, assim, continuar a liderar o partido do alto da sua "cátedra", mesmo não dando a cara.
Falhou por completo, porque Ribeiro e Castro teve do seu lado os militantes e derrotou, sem apelo nem agravo, Telmo Correia.
Em face disto Portas e seus apaniguados ficaram longe da liderança, restando-lhe somente o grupo parlamentar que tinha sido escolhido a dedo pelo "grande líder" (um género de Kim Il Sung do Caldas), aquele que tudo sabe e tudo comanda.
Sem hipótese de comandar o Caldas, Portas optou por empurrar os seus rapazes para um combate sem tréguas à direcção.
O curioso é que Paulo Portas não tem a coragem de assumir isto mesmo, vai liderando a revolta na penumbra, não que ele queira ocupar já a cadeira, não, ele somente pretende ter alguém seja a marioneta que ele possa manobrar até ao momento em que ele achar ser o melhor para avançar.
Aliás estranho que Ribeiro e Castro não comente isto mesmo, colocando a nú as manobras de que está a ser alvo.
Aliás, se quisermos pensar um pouco facilmente compreendemos que Portas só sabe agir assim, basta que tenhamos presente o cumprimento envenenado do congresso de Coimbra a Manuel Monteiro.
Para quem se costuma intitular como um político diferente, estas atitudes não o demonstram, ou então ele quer dizer diferente, mas para pior.

Então e agora? Sara Pina, a ex-assessora de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR), colocou José Souto de Moura sob suspeita de ter contribuído para casos de violação de segredo de justiça durante o processo Casa Pia. Numa entrevista à revista "Visão", disse que era o ex-procurador-geral da República quem lhe fornecia, verbalmente ou através de manuscritos, as informações que deveria transmitir aos jornalistas.
Isto contraria em tudo as declarações proferidas por Souto Moura, quando rebentou o escândalo das cassetes alegadamente furtadas a um jornalista do "Correio da Manhã" que gravava conversas ao telefone com fontes.
Souto Moura chegou mesmo a afirmar, em comunicados difundidos em Agosto de 2004, que o seu gabinete nada teve a ver com as informações transmitidas por Sara Pina e que as conversas tidas com jornalistas "podem resultar, no caso, do cruzamento de informações que pessoalmente tenha obtido".
Sara Pina sublinha ainda nunca ter sido ouvida em inquérito judicial, o que fica estranho, porquanto num despacho de arquivamento proferido pelo Ministério Público, no âmbito do caso das cassetes furtadas, refere que não haver suspeitas de que as informações prestadas por Sara Pina tenham "ocorrido em oposição ou no desconhecimento do respectivo superior hierárquico", tendo o caso sido arquivado pelo DIAP de Lisboa sem que Sara Pina tenha sido ouvida.
Não é por nada, mas uma reapreciação do inquérito não ficava nada mal, e punia-se quem prevaricou.
Souto Moura sai mais uma vez embrulhado em papel pardo e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público que tanto clamou também não sai melhor.

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