domingo, 17 de dezembro de 2006

Como é que é possível?! Ontem foi dia de Conselho Nacional do PSD. Tomando em consideração o que ultimamente tem aparecido na imprensa, julgava-se que iria acontecer um confronto forte e directo entre Marques Mendes e Luís Filipe Menezes. Puro engano.
Marques Mendes atacou, de forma contundente, a governação de José Sócrates. O líder do PSD acusou o primeiro-ministro de ter um "projecto de poder pessoal" que já está em marcha e que não o projecto do PS. "Começou na Caixa Geral de Depósitos e tem três áreas privilegiadas de controle: a justiça, os principais centros de decisão económica e a comunicação social."
O líder do PSD acrescentou que Sócrates segue a receita de Guterres: aumenta impostos, penaliza a classe média, são os mais pobres e carenciados que pagam mais taxas e contribuições, as PME são o parente pobre da economia, a saúde é caótica e a educação vai de mal a pior. O Governo "disfarça", disse o líder do PSD, atiçando este e aquele sector da sociedade para o fazer despertar para o "sentimento de inveja nacional".
Marques Mendes deixou ainda no ar que "no caso da Madeira tive muitas pressões. Para não ir. Que pagaria um preço alto. Que sofreria fortes ataques políticos e pessoais. Mas fui e não me arrependo." Seria de todo conveniente que, de uma vez por todas acabassem estas suspeições e se falasse claro e com provas e se dessem à estampa os nomes de quem pressionou.
Mas agora pasmem. Luís Filipe Menezes que tem criticado publicamente a estratégia de Mendes, em vários textos publicados na imprensa e em entrevistas, acabou por mudar de agulha. Concordou com a estratégia apontada por Mendes e até se mostrou homem de "fé" na capacidade do partido chegar ao poder em 2009. "Grave é os que dizem o contrário", os que "a pretexto de tudo" fazem permanentemente "ataques pessoais e políticos para dentro do partido". "Quem assim actua está a fazer o jogo do PS, do Governo e do eng.º Sócrates."
É por causa destes troca-tintas que a política e os políticos tem uma elevada percentagem de descrédito.

E por falar no PSD. Uma sondagem, efectuada nos dias 5 a 7 do corrente mês pelo CM/Aximage, dá aos sociais-democratas o valor mais baixo de intenção de voto legislativo entre Outubro do ano passado e Dezembro deste ano. Ou seja, um ano e cinco meses. Neste período de tempo, o PSD só subiu nas sondagens nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2005, mês em que se aproximou mais do PS (34,9% contra 35,2%). A partir daí foi sempre a descer, até atingir agora os 28,6%. Um valor inferior ao conseguido por Santana Lopes nas eleições legislativa de 20 de Fevereiro de 2005 (28,77%).
A coisa está cada vez mais complicada.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público insurgiu-se contra o silêncio do Governo em relação aos magistrados que são alvo de ameaças e pressões e exigiu uma intervenção. António Cluny, presidente do sindicato, disse que "há um crescendo de situações cada vez mais ameaçadoras e não haver uma clara condenação [do Governo] pode dar a ideia de que não é assim tão grave, nem importante".
O presidente do sindicato declarou ainda que "este silêncio do Governo pode ser mal entendido", e que uma "intervenção oportuna" por parte do Executivo poderia desencorajar eventuais ameaças e pressões a magistrados. António Cluny lembra que as ameaças e pressões tomaram novas proporções no âmbito do processo "Apito Dourado", quando foram divulgadas notícias sobre alegadas "devassas da vida privada e perseguições" a magistrados.
Primeiro: que eu saiba esses mesmos magistrados não apresentaram queixa apesar de num dos casos (o procurador de Gondomar) ter reconhecido o perseguidor. No mínimo é estranho.
Segundo: se o Governo interviesse, aqui del-rei que o poder executivo está a imiscuir-se no poder judicial, não observando a lei de separação.
O grande problema é que o Procurador Geral da República actuou e com rapidez, possibilitando que se faça escola para casos complexos do futuro e a nossa justiça não está muito habituada a este tipo de movimentações.
Provoca algum constrangimento ver o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público embarcar nestes botes à deriva.

Sem comentários:

Enviar um comentário

o presidente do INEM foi ontem ao Parlamento e disse, entre outras coisas que não se demite e que tem todas as condições para continuar no c...