segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

É com profunda tristeza que hoje, Dia de Natal, um dia importantíssimo no espectro religioso, vou escrever o que se segue.
D. João Miranda, administrador apostólico da Diocese do Porto, equiparou esta segunda-feira a interrupção voluntária da gravidez (IVG) à prática medieval da «Roda dos Meninos», que era dada como alternativa aos infanticídios e consistia na entrega de bebés enjeitados aos mosteiros.
Este senhor, por certo não sabe história e nunca se debruçou sobre os estudos da sociedade medieval. Só assim se explica que tenha proferido estas afirmações. Será que desconhece que os meninos que eram colocados na roda eram, na sua maioria, filhos provenientes de relações onde pontuavam elementos das classes superiores de então, nomeadamente da nobreza e do clero?
E este senhor menospreza o trabalho que foi desenvolvido por tantos elementos (alguns do clero, como é evidente) em prol dessas crianças.
O administrador apostólico da Diocese do Porto devia mostrar mais respeito por quem acolheu, alimentou e educou muitas crianças abandonadas.
Com elementos destes a Igreja não vai a lado nenhum, antes pelo contrário.

Continuando na Igreja, gostaria de referir que esta é uma Igreja vingativa, sem nenhuma semelhança com a que à mais de dois mil anos alguém apresentou ao Mundo.
Vem tudo isto a propósito do caso que recentemente abalou a Itália.
Piergiorgio Welby foi mantido vivo por um respirador artificial desde 1997 devido a uma distrofia muscular diagnosticada quando tinha 18 anos. O seu estado de saúde começou a degradar-se no Verão, não conseguindo mesmo ficar sentado mais de uma hora por dia.
Sendo que estamos perante um doente incurável e imobilizado, que reclamava há meses a suspensão do tratamento que o mantinha vivo e que a Igreja e os tribunais sempre recusaram o seu pedido, existiu felizmente um médico que entendeu que Welby tinha todo o direito a morrer em paz e sem sofrimento e contrariando a decisão do tribunal e da Igreja decidiu ajudá-lo a morrer.
Pois bem, qual foi a decisão da Igreja? Foi tão só recusar-lhe qualquer cerimónia fúnebre.
O que é que podemos concluir?
Primeiro, que a sociedade italiana está demasiado subjugada à presença do Vaticano e em segundo que esta é uma Igreja vingativa e que é urgente um novo "Concílio Vaticano II" embora adaptado ao século XXI.

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