segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ontem lá tivemos as eleições presidenciais. Cavaco foi reeleito para um segundo mandato, facto que aliás se segue naquilo que é tradicional, sempre que um presidente se recandidata para um segundo mandato.
Mas importa olhar para os números com alguma atenção.
Estão inscritos 9.629.630, votaram 4.490.147 (46,63%). Logo aqui se percebe que algo está errado.
E não atirem com as culpas todas para o cartão de cidadão. Muitos eleitores levavam o cartão de cidadão e o número de eleitor. E tudo servia para "transportar" o número: a memória, uma folha impressa da internet, um qualquer pedaço de papel, escrito na mão, no telemóvel... O que importa é a preocupação e o desejo que se tem ou não de participar.
Dito isto, passemos então aos resultados dos candidatos.
Cavaco Silva arrecada 52,94% dos votos. Claro que é o vencedor. Mas se compararmos com os resultados da eleição de 2006, ele perde votos. E isso é importante salientar. E mais importa se referirmos que ele arrecada menos de 1/4 dos votos possíveis. Demasiado pouco para quem se arroga no direito de representar todos os portugueses.
Mas se Cavaco "perdeu" no sentido que expus anteriormente, Alegre perdeu ainda mais.
Manuel Alegre perde porque a sua meta era obrigar Cavaco a uma segunda volta e não conseguiu e perde porque o seu milhão de votos diminuiu para cerca de 830 mil.
Para além disso verifica-se que Alegre assentou num apoio que se poderá designar por contra natura: PS e BE.
E como é evidente Alegre não reuniu o consenso entre os militantes e simpatizantes do PS. Para muitos ainda estão bem presentes as Presidenciais de 2006.
Mas será que não existem vencedores?
Claro que existem: Fernando Nobre e José Manuel Coelho e ainda um outro candidato formado pelos nulos e pelos brancos. Estes sim são os verdadeiros vencedores.
Que o êxito de Nobre é tão só um evento passageiro, isso é um facto que vamos poder constatar ao longo deste ano. Vai esvaziar-se.
Estou preocupado com a percentagem dos nulos e brancos. Estão votos de protesto que juntos com os de José Manuel Coelho, que são igualmente de contestação, tornam o futuro preocupante.
Esperemos que as coisas tenham um outro rumo, caso contrário nuvens carregadas se aproximam no horizonte.
Para terminar resta uma palavra para o discurso de Cavaco. Uma lástima. Faltou-lhe até decoro. Durante a campanha esteve calado, ontem depois de todos os outros candidatos falarem e quando já não poderiam voltar a dizer nada, decidiu então falar. Isso não revela grandeza...

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