quarta-feira, 16 de março de 2011

Ontem foram colocados os pontos nos iis e os traços nos tts. Sócrates disse que ou PEC ou eleições. Curiosamente muitos comentadores, redes sociais, blogues e outras formas de intervenção caminharam de imediato para a imagem de duelo entre Passos Coelho e Sócrates (aliás, a capa do JN, DE, Jornal i, etc.).
Não sei se é a imagem correcta, muito sinceramente.
Todos nós sabemos que o que corre (com grande impulso do Bloco de Esquerda que precisa deste papão para poder sobreviver) é que PS e PSD são iguais, numa expressão mais popular(e usada por Passos) "farinha do mesmo saco". Ora se tal fosse estaríamos perante um erro nesta questão de eleições.
Mas nem tudo é tão linear assim.
Primeiro o PS não é igual ao PSD e logo isso deita por terra muitos textos que esgotam rios de tinta e megas de memória.
Depois porque a situação do PSD é, neste momento, uma situação sui generis.
A situação do país é igualmente um problema de grande dimensão para caminharmos para eleições.
Mas vamos por partes.
Existem questões de fracturas que logo fazem a separação das águas relativamente ao PS e ao PSD. Estou  a falar do Estado Social e do neoliberalismo económico completamente sem restrições.
E para quem tenha dúvidas disto mesmo dê uma leitura ao livro ontem apresentado que se chama "Voltar a crescer" e que tem o prefácio escrito por Passos Coelho para logo entender do que falamos. É o neoliberalismo puro e duro.
Mas a questão mais premente que se deve colocar é o próprio PSD em si mesmo e este será um aspecto que importa estudar mais em pormenor.
Todos sabemos que o actual PSD gira em torno de Passos Coelho e Miguel Relvas. Os rostos que no início se aproximaram desta liderança estão hoje completamente afastados. Onde está Diogo Leite de Campos? Onde está António Nogueira Leite? São só dois nomes entre outros como é evidente.
Este desaparecimento não é inocente. Todos perceberam que Passos é um líder a prazo e não lhe está destinada a missão de chegar ao poder em nome do PSD.
Desenganem-se todos quantos pensaram que o acordo que o PSD fez para viabilizar o PEC e o Orçamento teve algo a ver com o país. Passos Coelho quis a todo o custo impor-se dentro do partido. Quis dar a imagem de que era ele agora que mandava. Mas continuava a existia o problema que era tão só as condições do país.
Passos Coelho percebeu que não podia avançar para crise porque poderia ficar com um país carregado de nuvens e não tinha forma de fazer brilhar um raio de sol que fosse. Assim foi dizendo sim ao poder e criticando para consumo interno.
Mas de repente todos perceberam que Passos não era o líder desejado. Dentro do PSD foram-se formando correntes que apontavam noutra direcção (não devemos deixar passar em claro as críticas de Nogueira Leite e o desejo de alterar profundamente o regime político manifestado por Marques Mendes e Rui Rio).
E Passos percebeu que a agulha estava feita para outra direcção. O discurso de Cavaco na tomada de posse foi a pedra de toque.
A partir daqui assiste-se ao líder do PSD a esticar a corda. É a única forma de tentar provocar eleições para chegar ao poder, porque se não for agora, o próximo líder do PSD a ir a votos será Rui Rio (um desejo secreto de Cavaco).
José Sócrates percebeu isso mesmo e decidiu também esticar a corda (a entrevista de ontem foi prova disso mesmo). Mas Sócrates também sabe que o actual PSD não tem visão para o país e muito menos capacidade governativa.
No meio desta turbulência estamos nós todos de cinto no último furo e sem hipótese de fazer mais um (furo) que seja.
Assim não sei se o ir a votos será o ponto fundamental neste momento.

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a isto chama-se comprar votos e ter a felicidade de imprimir papel moeda sempre que é necessário. sabia-se que a carreira de Fernando Araúj...