terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O título principal do DN de Domingo fez-me sentar e pensar sobre o actual momento da economia portuguesa.
Dizia esse título o seguinte: "Transportes não baixam preço apesar da queda do combustível".
É nesta altura, e é isso que está aacontecer, que os operadores de transportes públicos se reúnem com o Governo para estipularem o valor das tarifas que irão ser adoptadas no próximo ano.
Ora, tanto quanto se sabe, é vontade dos operadores não reduzir as tarifas, e é essa parte que não se compreende.
Sempre que os combustíveis sobem é o aqui del rei porque assim não conseguem sobreviver, que precisam de mais verbas do Governo e etc. e tal.
Os combustíveis desceram e nada de pensarem em descerem as tarifas.
É esta mentalidade de coçar para dentro e de quintinha que nos transporta aos piores lugares nesta velha Europa.
E não se pense que isto tem a ver com este ou aquele Governo. Nada disso, isto tem a ver com a nossa mentalidade e, claro, a mentalidade não se modifica por decreto.
Mas julgam que isto só acontece nos transportes?
Desenganem-se.
A nossa economia está repleta de "espertos".
Vejam também este caso: os chamados produtos brancos aumentaram cerca de 14%, enquanto as outras aumentaram mais ou menos 4%.
Todos sabemos que as marcas próprias ou brancas não dão prejuízo, se assim é como e porquê aumentarem 14%?
Aumentam este valor porque os seus produtores perceberam que com a crise que por aí grassa os portugueses passaram a comprar mais marcas brancas porque mais baratas.
Claro que os grandes supermercados e hipermercados perceberam isso e vai de aumentar desmesuradamente os preços.
E também aqui, mais uma vez, estamos no domínio da economia privada.
Mas não se pense que ficamos por aqui.
Existe ainda mais um exemplo que importa aqui colocar.
Estamos a falar dos bancos.
Antes de iniciar importa salientar que no primeiro semestre deste ano a banca portuguesa lucrou mais de mil milhões de euros.
Dito isto vamos lá ao esquema bancário.
As taxas euribor, referência dos empréstimos à habitação, têm estado a cair e atingiram hoje valores iguais a 2006.
Ora esta queda tem estado a verificar-se desde Outubro. Assim sendo alguém viu os bancos com preocupações relativamente aos juros que actualmente sufocam todos quantos têm empréstimos para habitação? Claro que não.
Colocaram os bancos alguma hipótese de reverem os contratos alterados a partir de Outubro e até Dezembro, sabendo que estes contratos ainda sobrem influências dos valores altos a que a euribor chegou. Longe disso.
Mas quando o Governo lhes ofereceu um chapéu financeiro que resulta do dinheiro de todos nós, os bancos não se fizeram rogados, foram logo.
Neste caso o Governo tinha uma palavra a dizer.
Forçar os bancos a reapreciar contratos seria não um acto de prepotência, mas antes de elementar justiça.

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