segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Odete Santos não é uma figura qualquer no PCP. Ex-deputada, advogada, actriz, improvisadora, utópica, marxista-leninista pura e dura, é uma figura controversa dentro e fora do partido. Aliás o seu afastamento de deputada deve-se ao facto da sua imprevisibilidade que, se por um lado pode ser benéfica no ataque aos adversários políticos do PCP, por outro pode ser problemático se a sua veia utópica falar mais alto.
Mas este post tem outro propósito.
Nasce do discurso proferido no XVIII Congresso do PCP que decorreu neste fim-de-semana em Lisboa.
É uma excelente peça de utopia.
Diz Odete a determinado passo que “a paz no mundo está cada vez mais ameaçada” e acusou o capitalismo de “financiar os mais graves atropelos aos direitos humanos”.
E o comunismo nunca financiou nada.
Mas Odete foi mais longe e entre algumas citações de mestres da nossa literatura trouxe à baila o caso de dois jovens julgados por pintar um mural a anunciar o congresso da Juventude Comunista Portuguesa e denunciou que “por muitos sítios desse Portugal, Norte e Centro, com excepção do Sul, proliferam estes atentados à liberdade de expressão, como se no pincel e na tinta pudesse estar a subversão”.
É curioso, mas confundir vandalismo e destruição da coisa pública com liberdade de expressão é algo que só acontece a quem tem uma visão completamente deturpada.

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