quinta-feira, 19 de março de 2009

O recente caso da votação contra o empréstimo protagonizada pelo PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, serve de motivo para a análise que se segue.
Vale a pena continuar com esta hipocrisia política, ou devemos arranjar uma qualquer forma de obrigarmos os políticos a fazer da seriedade o seu combate. Atenção que seriedade não se aplica no sentido de desonesto, corrupto ou outro que tal, mas tão só no sentido da coerência.
Diz o PSD que o Estado deve pagar as suas dívidas para que as empresas possam sobreviver.
É verdade, concordo inteiramente. Mas é verdade hoje com o PS no Governo, como era verdade ontem com o PSD no Governo e, sinceramente, não me lembro de ver uma cruzada tão grande em prol da regularização das dívidas.
Curiosamente o empréstimo em questão tinha condições muito vantajosas e tinha como limite Agosto e como finalidade o pagamento a pequenas e microempresas das dívidas da Câmara Municipal de Lisboa.
Para quem proclama o pagamento das dívidas, votar contra o empréstimo, não é um grande exercício de seriedade política.
Mas já que estamos sob esse signo, vale a pena adicionar mais dois pequenos casos.
O primeiro prende-se com as críticas feitas por Marcelo, por em tempos de crise ter sido escolhido o ministro do Emprego e da Segurança Social, Vieira da Silva, como coordenador eleitoral do Partido Socialista.
Mas ainda não tínhamos digerido esta, aparece o PSD/Lisboa a criticar o facto de António Costa continuar na “Quadratura do Círculo” da SICNotícias.
Pois bem, é de estarrecer e porquê? Porque não consigo perceber como é que Marcelo comentador pode aceitar ser Conselheiro de Estado?
É que a seriedade política não pode ter só uma direcção.
Mas como referi aqui a crise e escutei hoje Manuela Ferreira Leite dizer que está “segura” que vai ser a futura primeira-ministra, apetece-me navegar sobre o que foi alguma da política nestes últimos quatro anos.
Dizer que nos últimos quatro anos tudo foi excelente, era ser mais papista que o Papa.
Dizer que hoje estamos melhor que há quatro anos atrás, é cometer uma heresia.
Mas temos de ser verdadeiros, por isso é uma verdade de La Palisse o facto de que estamos pior devido à crise internacional e de que foi a política de contenção do défice público (com crescimento económico reduzido, mas mesmo assim positivo), que permitiu que o país não tivesse entrado em debacle, quando toda a economia mundial veio abaixo, arrastado pelo trambolhão do sector financeiro e imobiliário americano.
Foram esses três anos dedicados a pôr um travão ao fartar vilanagem financeiro dos Governos de Durão Barroso e Santana Lopes (importa não esquecer que Manuela Ferreira Leite foi ministra das Finanças de Durão Barroso e deu de frosques no de Santana) que ainda permite hoje ao Estado ter alguma capacidade de intervenção contra a crise e de endividamento externo.
Ela pode desejar estar “segura”, mas nós também estamos.
Ela de que deseja ser primeira-ministra e nós porque sabemos que enquanto foi ministra das Finanças em nada contribuiu para que Portugal desse o salto necessário para se alcandorar aos lugares cimeiros europeus, mas hoje critica como se não tivesse nada a ver com isso.
Também sabemos que enquanto ministra da Educação lhe faltou a coragem política para mudar um sector que é um verdadeiro calcanhar de Aquiles do nosso país. Mas hoje critica.
A oposição gosta imenso de definir o actual governo como um governo que faz do conflito e da humilhação para com vários sectores como sejam os professores, os médicos, os juízes, os polícias e os militares, a sua forma de governar em maioria. É falso. O que aconteceu foi que “as virgens ofendidas e humilhadas” se sentiram pela primeira vez ameaçadas por um Governo que finalmente colocou em questão privilégios adquiridos sem se saber muito bem porquê.

Jaime Gama teve agora a resposta.

Tenho o máximo respeito por Nascimento Rodrigues, actual Provedor de Justiça. Tenho apreciado os seus "combates" e a sua isenção.
Mas não sei se é por ainda não ter sido substituído ou por qualquer outra razão que de repente decidiu mandar a isenção às urtigas.

Sem comentários:

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...