domingo, 19 de abril de 2009

Gostei do discurso de Cavaco. E gostei especialmente quando ele disse “empresários e gestores submissos em relação ao poder político não são geralmente empresários e gestores com fibra competitiva e com espírito inovador”.
Mas de que gestores e empresários está a falar? Dos que eram submissos quando ele foi primeiro ministro? Ou dos que pagaram a sua campanha e que também estiveram na génese deste terrível "afundanço" como o caso de Oliveira e Costa do BPN?
Falar é fácil.
E curiosamente desde o CDS ao BE tudo bateu palmas. Papalvos, isso sim.

Manuela Ferreira Leite teve receio de jogar forte nas europeias. Marques Mendes talvez fosse o cabeça de lista às europeias que melhor garantia uma vitória eleitoral para o PSD. Mas, como ex-líder laranja, certamente transportando um discurso nacional, contra o governo para a campanha, Marques Mendes iria fazer sombra a Ferreira Leite. Muitos diriam, provavelmente, que Marques Mendes tinha tido a vitória que sempre teria tido se não tivesse saído da liderança do PSD. É possível que se entrasse mesmo num grande triunfalismo laranja em virtude de o PSD alcançar a sua primeira vitória eleitoral aos socialistas, em termos nacionais, desde que Durão Barroso ganhou as legislativas de 2002. Mas seria triunfalismo feito à custa de Mendes e não de Ferreira Leite.
Assim, com Paulo Rangel como cabeça de lista às europeias, Ferreira Leite pensou que ficava mais protegida. Como Rangel não tem perfil de líder e não vai ter um discurso nacional, como, significativamente, já fez questão de dizer, uma vitória nas europeias não é tanto sua mas do PSD e de Ferreira Leite que, aliás, o escolheu como candidato, contra a opinião de alguns vice-presidentes da sua direcção, que, ao que parece, preferiam Marques Mendes, para além de que não vê ninguém ameaçar-lhe o lugar. Por sua vez, se o PSD perder as europeias ou tiver uma "vitória de Pirro", Ferreira Leite empurra as culpas para Paulo Rangel e ela fica livre.

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