Cavaco Silva aproveitou a inauguração de uma Fundação (nunca vi um país tão pequeno e com tanta apetência para a criação de Fundações) para mandar mais alguns recados.
É curioso, ou não quem sabe, mas sobre o comunicador da presidência nada, mas para tecer comentários tudo.
Mas entre as várias coisas que disse tem esta brilhante: «Eu conheço bem os problemas graves de Portugal. E por isso devo ser o último a contribuir para o desvio das atenções. Com certeza que alguns podem desejar afastar as atenções, porque o desemprego é elevado, porque Portugal tem problemas de competitividade, porque existem problemas de insegurança, mas nunca o Presidente da República».
Claro que conhece, alguns arrastam-se penosamente desde os tempos em que esteve à frente dos destinos do país.
Finalmente lá apareceu o dito programa do PSD. 40 páginas perfeitamente banais. Por exemplo no investimento público a ordem é para suspender o TGV, as novas infraestruturas rodoviárias (mesmo as adjudicadas, logo indmenizações à fartazana) e o aeroporto. Não para eliminar, mas sim para redimensionar, reavaliar e recandelarizar.
Isto é: será tudo para fazer desde que não seja na legislatura deste governo. Que estranho.
Mesmo que se percam fundos comunitários (Mota Pinto na entrevista ao jornal i, tenta tornear a questão, mas sabe que uma parte dos fundos vai à vida).
Relativamente ao desemprego, o programa quer estender com cariz excepcional e temporário o período de concessão do subsídio.
Estranho que seja agora uma prioridade e quando o PCP apresentou esta mesma ideia no parlamento, não tenha recebido o apoio do PSD. Será para "inglês ver"?
E nos impostos? Para além de descerem a TSU, querem acabar com o pagamento especial por conta, para além de outras medidas mirabolantes.
Curiosamente Manuela Ferreira Leire era deputada na altura em que esse pagamento foi criado e não vi que fizesse qualquer crítica, aliás a bancada do PSD, através de uma intervenção do então deputado Rui Rio saudou efusivamente a iniciativa.
Mas continuo a ter um receeio terrível desta senhora na questão dos impostos, e isto porque não me esqueço que foi ela que fez aquele negócio louco com o citygroup.
Muito mais poderia ser dito.
Poderíamos dizer que ficamos sem saber como é que os professores vão ser avaliados, porque o vão ser.
Em matéria de avaliações fico ainda surpreso porque se propõe alterar o actual sistema de avaliação dos professores, mas defende um nos mesmos moldes do que existe agora para os professores, só que para os juízes. E eu não digo que não devam ser avaliados.
Ficamos a saber das preocupações com as PME, mas nada é dito sobre matéria laboral.
Mais haverá para ler nas linhas e entrelinhas deste programa e é isso que vou fazer, mas algo afirmo desde já: não uso cheques e este é claramente um cheque, mas branco, para nós assinarmos.
José Eduardo Moniz deu uma entrevista ao jornal i. Realmente depois da entrevista de Paes do Amaral à Sábado, Moniz tinha de dizer algo, pena é que tenha disparado atabalhoadamente e tenha errado o alvo.
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