quinta-feira, 20 de abril de 2006

Expliquem-me como se eu fosse muito burro. As contas públicas portuguesas pioraram em 2005 face ao ano anterior, apesar dos sacrifícios pedidos aos portugueses, traduzidos num aumento dos impostos e no recorde de cobranças fiscais.
Quem o diz é o Boletim da Primavera divulgado pelo Banco de Portugal. O peso destes agravamentos no Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,1 por cento, enquanto os impostos sobre a produção e as importações subiram dez por cento. Ainda assim, o défice orçamental subiu dos 3,2 por cento em 2004 para os seis por cento em 2005.
Ainda não estávamos refeitos desta desagradável informação e já fomos abanados por outra.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento da economia portuguesa acelere em 2006 e 2007, mas mantendo um ritmo inferior à média das economias que integram a Zona Euro.
Afinal andamos a fazer furos no cinto para quê?

Deixem-se de tretas. O caso dos deputados gazeteiros continua na ordem do dia. Para além de uns quantos terem vindo explicar o que não tem explicação (o caso de Paulo Portas na SIC Notícias assume foros de escândalo, sendo que ele é um dos que mais gazetas fez), os dois maiores partidos portugueses vêem agora pela boca dos seus líderes parlamentares tentar manobrar o sistema com propostas de alterações ao regulamento da Assembleia.
O PS propôs que que a contagem de deputados passe a ser feita no fim e não no início das sessões, e não satisfeito com isto propôe ainda diminuir as sessões plenárias (talvez assim dê menos nas vistas). O PSD que não quer ficar atrás na asneira propõe a criação de um Conselho de Ética para controlar os deputados.
Não sei se estas ideias luminosas são fruto da ingestão de amêndoas deterioradas por altura da Páscoa. O que eu sei é que para tudo na vida importa que se seja possuidor de dedicação, empenho, profissionalismo, porque sem isto nada feito.
O que acontece é que estes três itens não abundam para as bandas do Parlamento e quando isto acontece, não há milagres e muito menos regulamentos ou comissões que resistam.
Ainda sobre esta matéria talvez seja bom lembrar que o actual Presidente da República enquanto foi Primeiro-Ministro separou os vencimentos dos políticos dos restantes elementos da administração pública e que Fernando Nogueira com a questão da transparência afastaram do nosso Parlamento alguns dos bons tribunos e que isso fez acelerar a degradação da classe política portuguesa.

Ainda. Só o que anteriormente fica dito é capaz de explicar as declarações do deputado do PSD, Virgílio Costa, ao "24 horas". Disse o "artista" que: "A minha vida não é estar no plenário. E acho que os outros deputados tenham optado por actividades mais úteis".
Lanço daqui um desafio a Marques Mendes, ou a quem dirigir o partido nas próximas legislativas, é que, e seguindo o parâmetro da utilidade, escolha um deputado mais útil.

Para terminar. Li em vários órgãos que a zona de Belém vai ser reestruturada, sendo que vai nascer um novo Museu dos Coches, contruído de raiz, construção essa que vai ter a ajuda das verbas de jogo provenientes do novo Casino de Lisboa.
Não tenho nada contra a reorganização do Museu dos Coches, mas gostaria de colocar duas questões:
- A Cordoaria Nacional, edifício da Marinha Portuguesa, tem hoje o quê lá dentro? Mais, qual a sua função?
- Alguém ouviu as palavras de Stanley Ho a propósito do jogo e de Macau? Disse ele que as receitas permitiram que Macau promova a educação gratuita durante 15 anos, educação essa que vai desde creche até à Universidade.
Não peço tanto para Portugal, mas que merece reflexão, merece.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lindo. Este País, realmente, não existe. É mesmo virtual. Abraço

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade