sexta-feira, 14 de julho de 2006

Philip Gerson, responsável por uma delegação do Fundo Monetário Internacional que vai estar no país para avaliar a economia portuguesa, afirmou, que o aumento da competitividade, através da redução dos salários, é a melhor forma de estimular o crescimento, a curto prazo.
Embora admitisse que o ideal seria que a produtividade do país aumentasse, para suportar salários mais altos, Philip Gerson disse, na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, que a moderação salarial é, para já, uma boa solução para enfrentar a concorrência dos países da Europa de Leste e da Ásia.
O ilustre representante do FMI que me desculpe, mas de maneira nenhuma concordo com ele.
Portugal teimou sempre em apostar na mão-de-obra barata em detrimento da mão-de-obra especializada. O que importava é que os salários fossem baixos para satisfazer a voracidade de uns quantos.
Já todos percebemos que essa não é a política correcta.
Sendo assim é estranho que este senhor venha com este paleio, a não ser que ele pretenda servir de cobertura à instalação de mais uns quantos grupos no nosso solo.
Gostaria de ter visto Philip Gerson e outros a clamar contra a concorrência desleal que é praticada pelos novos países de leste, por alguns da Ásia e até da África.
É que aqui não se olha ao ser humano, olha-se ao vil metal.
A concorrência que é feita por esses países não é porque a sua mão-de-obra seja mais ou menos especializada, ou porque os países dêem mais e melhores incentivos.
O que na realidade se passa é que as empresas produzem com menores custos devido à situação de quase escravatura dos trabalhadores, às deploráveis condições a que estão sujeitos.
Nao nos enganemos: em condições iguais (com os mesmos direitos e os mesmos deveres) a produção será igual.
Igualmente façam cavalo de batalha da nossa lei laboral. Se as inspecções fossem feitas como deve ser (se os trabalhadores pudessem falar sem medo das represálias) muito se descobriria por esse país fora (por exemplo ver-se-ia quanto é que o Estado está a ser prejudicado com os prémios e as horas extras que são pagas livres de impostos).
Mas continuando, gostaria de ver as instituições internacionais (OIT por exemplo) a preocuparem-se com a condição de todos os trabalhadores.
Mas tenho consciência de que enquanto a política for o único motivo para impor bloqueios não vamos a lado nenhum neste mundo global.

E porque hoje é o dia 14 de Julho, dia da Tomada da Bastilha, sejamos todos e cada um de nós imbuídos do espírito da Revolução Francesa.

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