quarta-feira, 23 de agosto de 2006

É tudo uma questão de postura. A Câmara de Coimbra aprovou uma postura municipal que impede os camiões carregados com resíduos industriais perigosos (RIP) de chegarem à cimenteira de Souselas, através da proibição do seu trânsito na Estrada Municipal n.º 336.
A questão de Souselas não é nova e merece mais atenção do que medidas que nada mais representam do que muita parra e pouca uva, porque, como é evidente, esta proibição é irrelevante do ponto de vista jurídico, já que o Governo tem possibilidades de contrariar a decisão através de actos normativos de hierarquia superior.
Mas vamos lá percorrer os caminhos sinuosos da história.
Desde que eu me lembro de ser gente que sempre ouvi falar de Souselas por variadas razões (atenção que sei do que falo, pois nasci e vivi muitos anos - trinta e muitos - a sete km de Coimbra).
Ouvi falar de uns quantos que fizeram fortunas, vendendo os seus terrenos à Cimpor, ouvi falar de que Souselas era a Cimpor e a Adega Cooperativa e ouvi as gentes da terra a queixarem-se que era uma desgraça com o pó que saía da Cimpor. Mas claro nesse tempo Souselas existia e não recebia a visita de uns quantos faunos e não era notícia em lado nenhum.
Só após a questão da co-incineração é que apareceram uns quantos armados uns em ambientalistas, outros em revolucionários de meia tijela. São os famosos "nimby" (a solidariedade nacional é muito bonita, mas não perto de mim -‘not in my back yard’).
Talvez toda esta movimentação fizesse sentido se tivesse como finalidade obrigar o Governo e a Cimpor a dotar a fábrica de todos os requisitos técnicos e científicos que evitassem a propagação de gases, poeira e afins.
Exigir contrapartidas para a população no campo da saúde e do bem-estar, exigir a existência permanente de uma entidade credenciada e independente que vigiasse quer o processo quer o impacte ambiental diário.
Mas não. Em vez dessa luta, opta-se e incentiva-se à demagogia.

Espero que um dia se conheça a verdadeira história da "queda" (forçada) do presidente da Câmara de Setúbal, Carlos Sousa.
Enquanto a história não se conhece, vamos esperando que o PCP pare de "queimar" alguns dos seus melhores elementos, só porque estes não seguem ao milímetro as orientações do partido.

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a isto chama-se comprar votos e ter a felicidade de imprimir papel moeda sempre que é necessário. sabia-se que a carreira de Fernando Araúj...