quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Hoje vou começar por economia. De acordo com um estudo publicado hoje pelo DN sobre os lucros com o arredondamento das taxas de juros que os bancos portugueses costumam praticar nos empréstimos que concedem, vem referido que caso seja calculado um arredondamento mínimo de um oitavo de ponto percentual (0,125%), o ganho é de 73 milhões de euros, mas se esse arredondamento atingir o quarto de ponto percentual (0,250%), os ganhos saltam para os 198 milhões de euros.
Os cálculos realizados pela Sefin, que fazem parte de um memorando entregue na semana passada ao governador do Banco de Portugal, permitem concluir que num crédito à habitação no valor de 200 mil euros com um prazo de pagamento de 20 anos e com uma taxa de juro de 4,047% (arredondado a um quarto de ponto percentual para os 4,250%), o cliente tenha um custo adicional de 4.270 euros.
É a loucura pura e dura. Não admira pois que os bancos e demais instituições bancárias tenham lucros fabulosos.
É o salve-se quem puder.
Aliás existe muita coisa que não entendo no sistema de crédito, em especial no da habitação.
Os juros estão a subir vertiginosamente e nós, que andamos na corda bamba, cada vez vamos ficando mais aflitos. Acresce a este facto que a banca portuguesa pratica taxas altas.
ora com tudo isto o que é que sucede: cada vez mais prestações vão ficando por pagar, aumentando assim o volume do crédito mal parado.
A conclusão desta pescadinha com o rabo na boca é o aumento de imóveis (isto no caso do crédito à habitação) que são tomados pelos bancos para posterior venda a preços bem mais atraentes.
Penso que seja altura de pensarmos pela nossa cabeça e deixarmos de lado as taxas directoras.
Talvez tenha chegado o momento de os bancos pensarem seriamente no que pretendem: ou enriquecer à maluca e serem obrigados a contratar vendedores para se desfazerem do que lhes vai cair no colo por falta de pagamento ou terem a atitude mais sensata de serem comedidos nos aumentos e permitir que as pessoas continuem a satisfazer as prestações dos seus créditos.

Continuando na economia. O mesmo DN (última página do caderno de Economia) fala também dos contribuintes que contestam o seu aparecimento na lista de devedores.
Não possuo provas de que eles estão certos e o Estado errado, assim como não possuo do contrário, mas há um caso que merece alguma atenção.
Estou a falar da firma Auto Sport da Beira.
Diz António Oliveira, proprietário da referida ex-firma (a Auto Sport da Beira já fechou) que não compreende a sua inclusão na lista porquanto interpôs recurso e o caso está para julgamento.
Realmente se assim é também não se compreende.
Mas não se compreende a sua inclusão como também não se compreende que o mesmo senhor tenha entretanto aberto outra firma.
Fecha uma, abre outra, sei lá se com os activos da primeira.
Como é que é possível que se permita que um contribuite devedor encerre uma firma para logo de seguida abrir outra?
Se não pagou o que tinha a pagar da primeira, vai pagar da segunda? Ou esta nova é para produzir mais alguma dívida astronómica?
E se a segunda empresa criar dívida, também pode ser encerrada para abrir uma terceira?
Esta situação não é de todo virgem no tecido empresarial português.
E se o Estado tem uma palavra a dizer sobre isto, também as associações empresariais o têem.
Não há que cobrir o sol com a peneira. Quem assim aje não está a ser correcto e tem de pagar pela sua não correcção.

Sem comentários:

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