quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Na opinião do presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, a única alternativa ao "racionamento" dos recursos é o aumento das contribuições do povinho para o sistema público de saúde. Numa sessão de apresentação do Congresso Nacional dos Hospitais, o referido presidente, Manuel Delgado, chegou a afirmar que "é chegada a altura de perguntar às pessoas o que querem fazer ou pagar mais, ou entrar em políticas de racionamento".
No que concerne à minha opinião, apetece-me desde já dizer que sou pela política de racionamento, nomeadamente racionamento nas luxuosas decorações que ostentam nos gabinetes das administrações, racionamento no valor e número de viaturas para essas mesmas administrações, racionamento nos cartões de crédito carregados com valores principescos.
Como podemos ver há espaço para o racionamento.

Os trabalhadores da Função Pública cumprem, hoje e amanhã, uma greve nacional contra a política do Governo para o sector. Pela segunda vez, num espaço de quatro meses, as estruturas sindicais afectas à CGTP e à UGT juntam-se em protesto contra o que consideram ser uma política de ataque sistemático aos funcionários públicos. São muitos os diplomas criticados. Aumentos salariais, subida das contribuições para a ADSE, prolongamento do congelamento das progressões nas carreiras, a lei da mobilidade, o aumento da idade da reforma, bem como a revisão do sistema de vínculos, carreiras e remunerações estão na origem do protesto.

Greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho, decidida por trabalhadores assalariados de modo a obter benefícios, como o aumento de salário, a melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação colectiva e voluntária de quaisquer actividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo.
A palavra origina-se do
francês grève, com o mesmo sentido, proveniente da Place de Grève, em Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios. O termo grève significa originalmente "terreno plano composto de cascalho ou areia à margem do mar ou do rio".
Há várias formas de greve:
greve branca: mera paralisação de actividades, desacompanhada de represálias;
greve de braços cruzados: paralisação de actividades, com o grevista presente no lugar de trabalho, colocado em frente à sua máquina, sem trabalhar;
greve de fome: o grevista recusa-se a alimentar-se para chamar a atenção das autoridades para as suas reivindicações;
greve selvagem: iniciada e/ou levada adiante espontaneamente, pelos trabalhadores, sem a participação ou à revelia do
sindicato que representa a classe.

Após esta breve história da greve gostaria de referir que Portugal é, e há-de continuar a ser, um país liberal em que o direito à greve não é letra morta mas um recurso de quem é assalariado. A greve faz-se e há-de continuar a ser feita por razões sindicais, para conquistar e defender direitos, sejam eles razoáveis ou não, e até para defender privilégios discutíveis. Isso é democracia liberal.
Mas se o que antes fica dito é verdade, não é menos verdade que ao fazerem greve, os grevistas são obrigados a explicar as suas razões e sujeitam-se à censura ou ao apoio de quem os ouve.
É portanto nesta linha que eu preconizo, e não é desde agora, mesmo quando fui dirigente sindical defendi o mesmo, que todas as greves devem pertencer à categoria de greve de braços cruzados.
Só com esta característica é possível aferir a verdadeira participação na greve.
De contrário assistimos, no caso desta a que me reporto, a artigos 4.ºs, declarações do médico, assistência à família e toda uma vasta panóplia de possíveis justificações.
Também desta forma se evitaria que as pessoas transformassem uma luta legítima por um fim-de-semana alargado e ilegítimo.

E porque falei em greve gostaria de referir que vai aparecer no Congresso do Partido Socialista uma moção sectorial, proveniente de três militantes, que preconiza a limitação dos mandatos dos dirigentes sindicais: "A actividade sindical em Portugal tem sido corporizada por algumas figuras e personalidades que, constatamos, na maioria dos casos, ainda são as mesmas desde o 25 de Abril.
Aí está uma moção que não deveria cair em saco roto e que deveria ser aproveitada pelos próprios sindicatos, em prol deles mesmos e da sua sobrevivência.

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