quarta-feira, 8 de novembro de 2006

O facto de permanecer em recuperação permitiu que ontem assistisse à discussão do Orçamento de Estado pela televisão.
Aquilo que vou escrever pode dar a ideia de que estou a apoiar incondicionalmente este OE, facto que não é verdade, porquanro discordo de dois ou três pontos nele inseridos.
Mas avançando para o debate, acreditem que foi triste de ver a actuação do maior partido da oposição, o PSD.
Marques Mendes apresentou um discurso pouco inovador, sem nada de novo, a roçar a banalidade, discurso esse que não conseguiu cativar sequer a sua própria bancada.
Mas sejamos mais concretos.
Dos grandes temas que polarizaram o debate (Lei das Finanças Regionais, as SCUTs e o emagrecimento do Estado) é curioso verificar que o PSD em nenhum dos casos colocou em causa as escolhas políticas do Governo, assentou a bateria crítica sim mas para o comportamento político do Governo.
Quer isto dizer que para o PSD não está em causa, no caso das portagens se estas devem ou não existir. O que importa é se o PS fez ou não a promessa que essas estradas continuariam a ser pagas pelo Orçamento do Estado.
Já no caso das Finanças Regionais o PSD acusa o PS de que este pretende usar essa lei para ganhar as eleições na Madeira. Ficamos assim sem saber se o PSD considera ou não mais equitativa a proposta do Governo (mas claro aqui compreende-se que Marques Mendes tenha que ser cauteloso, não venha o Alberto João...).
Quanto ao emagrecimento do Estado o PSD tornou a insistir que se mede o esforço de redução da despesa pública por via do valor global gasto pelo Estado. É um argumento que só pode e deve ser compreendido olhando para as propostas que Marques Mendes fez de transferir para o sector privado, através de contratos, algumas tarefas desempenhadas hoje pelo Estado na educação e na saúde. Marques Mendes afirmou que desta forma iria gerar poupanças na ordem dos 1300 milhões de euros.
Para quem não quer despedir funcionários públicos estamos perante um argumento não só estranho como também esquisito.
Aliás acerca do despedimento de funcionários públicos foi caricato ouvir Marques Mendes dizer ontem ao deputado José Junqueiro que não queria despedir ninguém, pretendia sim fazer rescisões por mútuo acordo.
Entre nós o que são as rescisões por mútuo acordo?
Infelizmente são formas mais ou menos encapotadas de despedimento e Marques Mendes e os seus pares sabem bem disso.
O que é real é que Sócrates parte em vantagem para este orçamento para 2007 e porquê, porque o primeiro Orçamento do Estado da total responsabilidade de José Sócrates está a ser concluído com os objectivos cumpridos e com um desempenho da economia melhor do que se esperava.
Sendo assim esperava-se mais do principal partido da oposição e do seu líder. Criticar o comportamento político do Governo é, no mínimo, banal, importante teria sido criticar as escolhas políticas do Governo e ao mesmo tempo ter alternativas credíveis e sérias para outras escolhas, sim que de demagogia e palavreado barato estamos nós fartos.
Já agora, qual é a ideia do PSD, se é que têm ideia, sobre as taxas de internamento e cirurgia?

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade