Adquiri recentemente o DVD dos Trovante "Uma noite só" que reproduz o magnífico concerto do Pavilhão Atlântico de 12 de Maio de 1999. A faixa 12 tem o tema "Timor", tema aliás bem conhecido de todos nós.
Pois bem, este tema musical em conjunto com as declarações proferidas ontem pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português no final de uma visita a Timor, declarações essas onde defende que os cooperantes portugueses em Timor-Leste, "sobretudo os professores", passarão em breve a ter cursos de tétum antes de iniciar a sua missão, vão servir à minha reflexão sobre o que se está a passar naquele longínquo país.
Devo esclarecer desde já que tenho um profundo respeito pelo povo maubere, pela luta que travaram durante anos e por Xanana Gusmão. Dito isto, vou explanar o meu pensamento.
Achei plenamente correcto que Xanana fosse Presidente da República e que Ramos Horta fosse ministro dos Negócios Estrangeiros. Claro está que perante isto Mário Alkatiri teria de ser o primeiro-ministro.
Composto que estava o governo achei de mau tom a ingerência da Igreja numa tentativa clara de que a sua voz tivesse um peso especial nos destinos do país.
Sei que o povo timorense é um povo profundamente católico e que a Igreja timorense teve um papel importante durante o domínio indonésio na defesa dos timorenses, mas isso não faz dela um elemento activo da governação.
Continuando. Estava tudo a correr mais ou menos quando se dá uma reviravolta e Alkatiri é afastado, ocorrem convulsões e Ramos Horta é chamado para primeiro-ministro.
Que me desculpem todos aqueles que são apoiantes incondicionais de Xanana e Horta, mas eu penso que houve aí um imbróglio qualquer que nunca foi explicado e que se destinou a colocar as duas ilustres personagens à frente dos destinos do país.
Claro está que esta atitude desencadeou ondas de contestação por um lado e de apoio por outro, facto que até seria normal, caso não tivesse imperado a violência e a destruição.
Mas tudo ainda fica pior quando Xanana empurra Horta para candidato à presidência, fora do âmbito da Fretilin ou de quaisquer outros partidos e movimentos.
Ramos Horta vence e avisa que quer Xanana como primeiro-ministro.
Acontecem as legislativas e a Fretilin vence, embora sem maioria, tendo ficado o movimento de Xanana em segundo lugar.
Em face deste resultado Ramos Horta não se fez rogado e mandou a Fretilin às urtigas e convidou Xanana a formar governo.
Não é por nada, mas estamos perante algo de esquisito sendo que quer Horta quer Xanana não têm coragem de explicar o que os move.
Os dois não souberam sair pela porta grande. Acredito que brevemente terão de saltar pela janela porque não haverá porta grande ou pequena por onde possam sair.
E agora, um excelente artigo de João Miguel Tavares no DN de hoje.
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