quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A saga continua. Diz o povo que quanto mais se mexe na trampa, mais ela cheira mal. Nada melhor se poderia aplicar ao caso BPN. Só que neste caso ainda bem que se mexe.
A ser verdade a notícia que tem hoje honras de primeira página do DN ficamos a perceber o porquê de a nacionalização não ser bem vista.

Este caso do BPN merece uma reflexão mais cuidada e até mesmo acutilante.
O negócio dos bancos é tão só o de recolher poupanças e emprestar dinheiro. Tudo o mais que possamos constatar faz parte de outro negócio que não o bancário. (ver história aqui)
Talvez seja por isto mesmo que se dizia que os banqueiros nunca foram muito ricos e sempre que o foram foi com outros negócios que não a banca.
O negócio dos bancos era pago com a margem de lucro (hoje designada como spread). A revolução bancária e tecnológica na década de oitenta e a revolução da internet e da globalização na década de noventa do século passado e especialmente a necessidade política de resolver o verdadeiro conflito social que é a luta de classes, a moda do acesso ao crédito e à propriedade, este sim verdadeiro detonador das classes médias ocidentais, expansão do crédito como fundamento do desenvolvimento, obrigou que os bancos crescessem e a multiplicassem o número de balcões.
Mas este crescimento e multiplicação trazem o reverso da história: - aumentam os custos e diminuem as margens.
Ora assim sendo não há negócio que resista.
Mas o que era impensável sucedeu. O negócio resistiu.
Só que resistiu à custa de operações de resseguro, trading e financiamento internacional.
Daqui à especulação foi uma viagem muito pequena.
Claro que nem todos perderam com este imbróglio fantástico, houve mesmo quem ganhasse.
Ganharam as classes trabalhadoras, que passaram a deter capital e passaram a ser proprietárias, nomeadamente de habitação própria.
Ganharam as instituições financeiras e os seus accionistas.
Ganharam os Estados e as elites que os dominam por via fiscal, pois recolheram sempre cerca de 45% do movimento em impostos, engordando assim os cofres públicos e os orçamentos.
A morte estava pré-anunciada. Só não via quem não queria.
E foi essa não visão, ou o controlo, que fez o resto.Agora o problema do negócio era já um problema de liquidez, que os governos tentaram resolver, ora isolando os créditos tóxicos, ora reforçando com avales a capacidade de endividamento das instituições e finalmente recorrendo à nacionalização, total ou parcial, das instituições bancárias.
Mas seja de que maneira for a partir de agora nada será como dantes e a prová-lo está a nacionalização de um banco em Portugal 33 anos depois da onda nacionalizadora e já com a democracia se não consolidada num todo pelo menos em parte.

Os estudantes do ensino básico e secundário realizam hoje um Dia Nacional de Luta, com manifestações um pouco por todo o país contra o novo regime de faltas e a criação da figura do director nas escolas.
Lamentavelmente continua a instrumentalização dos meninos.
Depois admiramo-nos da pobreza académica que por aí grassa.

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