sexta-feira, 3 de março de 2006

Estou surpreso

Santos Cabral, director nacional da Polícia Judiciária, estabeleceu como prioridade para o ano em curso o combate ao terrorismo. Compreendo e aceito que Portugal já não é aquele país pequenino à beira-mar plantado, que vive orgulhosamente só. Nada disso.
Portugal faz parte da aldeia global e, portanto, sujeito às mesmas vicissitudes e "intempéries" que assolam outros pontos dessa mesma aldeia.
Mas Portugal não está só sujeito a essas "intempéries", também está sujeito a uma outra intempérie que vai crescendo avassaladora, trespassando diametralmente a sociedade portuguesa. Estou a falar da criminalidade económica, mais concretamente na corrupção.
Não é novidade para ninguém que existe no nosso país corrupção, sendo que é uma corrupção que deita por terra a lógica do investimento, perverte o funcionamento do mercado, aniquila as regras de uma concorrência saudável.
No nosso país toda e qualquer obra pública apresenta derrapagem nos custos.
No nosso país qualquer empresa pública pode dar milhões de prejuízos que os seus administradores recebem somas chorudas, quer em salários, quer em mordomias, quer em indmenizações.
No nosso país existe sempre um primo que conhece o tio que tem um amigo que trabalhou com o pai do sobrinho... (não há Porto Ferreira que resista).
No nosso país paga-se ao polícia de trânsito para perdoar a multa.
No nosso país paga-se ao fiscal de obras para fazer vista grossa às alterações ao projecto.
No nosso país há autarcas indiciados por corrupção.
No nosso país há deputados que foram julgados por corrupção.
No nosso país existiu o caso da vírgula que custou 10 mil contos.
No nosso país a lei de financiamento dos partidos ainda é demasiado abstrusa.
Será que toda esta economia paralela não é preocupante e merecedora de prioridade na investigação?
Não estou com isto a dizer que a Polícia Judiciária vai deixar de investigar estes casos, mas o que acontece é que para nós, comuns cidadãos, fica-nos a ideia de que se isto não é prioridade então é porque se aceita a sua "institucionalização" e que só nos resta também mergulhar nesse submundo aplicando o velho ditado "se não os podes combater, junta-te a eles".

1 comentário:

Anónimo disse...

EU EXPLICO. Está para chegar, vindos da U.E., uma nova e derradeira tranche de subsidios e outros dinheiros e não convem estragar o arranjinho aos amigalhaços.
É fartar, vilanagem.
Quanto ao terrorismo ....só se for no Martim Moniz.
Mas convenhamos que vai dar umas viagenzitas de "investigação".

Cavaco pede para este aquilo que não permitiu para os anteriores... a história fará a justeza de o ignorar quando a morte vence é sinal da ...