sexta-feira, 31 de março de 2006

Após algum tempo de afastamento das lides bloguistas (não confundir com bloquistas) cá estou eu novamente a retomar os meus comentários e acreditem que muitos casos havia para comentar, mas vou escolher alguns, porquanto todos seria entediante.

Comecemos por Margarida Rebelo Pinto. No mínimo é patético o facto de a autora ter apresentado uma providência cautelar para impedir a publicação de um livro de crítica ao seu trabalho e mais patético será se essa providência cautelar tiver provimento. Caso isso aconteça acabou a crítica literária em Portugal. Até mesmo a própria recensão e resenha serão crimes.
Isto só tem um nome: chama-se pedantismo. Para além do pedantismo está uma dose grande de intolerância ou o não saber conviver com a crítica.
"Couves e alforrecas" tem direito ao nascimento e o sociólogo George só tem de se orgulhar deste trabalho.

Casa Pia. Eu sei que estamos perante um processo complicado e que possivelmente ainda vai no adro, mas esse facto não me impede(talvez até por isso mesmo) de achar esquisita a decisão do Tribunal Arbitral de condenar o Estado a indemnizar em mais de dois milhões de euros 45 alunos da instituição – 40 em 50 mil euros e cinco em 25 mil euros.
Estamos a pagar o quê? É que assim, o que transparece, é que tudo não passa de uma questão de números. E mais, a ser verdade o que tem aparecido nos jornais estão a acontecer autênticos volte-faces nas declarações feitas em tribunal face às que foram produzidas na instrução.
Aguardemos o que o futuro nos reserva, mas penso que foi uma decisão extemporânea do Tribunal Arbitral.

E por falar em Casa Pia. O advogado de Bibi vai recorrer novamente não sei para onde por causa de uma acta. Diz mesmo que está disposto a recorrer para o Tribunal Europeu.
É ele disposto e nós fartos de o vermos a colocar entraves (recursos atrás de recursos) ao andamento da coisa.

A lei da paridade. O PS e o BE aprovaram ontem, na generalidade, com a oposição do PSD, PCP, CDS-PP e PEV, quatro projectos para impor quotas de um terço de cada género nas listas eleitorais, para subir a representação das mulheres.
É minha convicção que em Portugal nunca houve um atentado deste calibre à dignidade das mulheres.
As mulheres e os homens ocupam os lugares que ocupam, ou pelo menos é assim que deve acontecer, conforme demonstrem ou não capacidades para o ocupar. É assim que se devem reger as leis da sociedade.
A vida política, mais do que em outros sectores, deve pautar-se por estas normas. Os compadrios, a posição horizontal, o dinheiro ou o sexo não são factores chave para fazer sentar as pessoas em determinadas cadeiras.
Os partidos políticos possuem nas suas fileiras gente com elevadas capacidades, quer homens, quer mulheres, com capacidades para ocupar cargos políticos. O facto de nas listas muitas vezes aparecerem mais homens do que mulheres, ou mesmo nomes que só servem para encher, isso deve-se a quem elabora as listas não ter coragem (existem mais motivos) de chamar esses mesmos elementos. Mas isto é um problema interno dos partidos que se dizem todos democráticos, mas que internamente actuam de uma forma autocrática, onde um grupo, que se julga a élite, faz vincar as suas ideias e os seus desejos.
A imposição de quotas já por si é vergonhosa, então estabelecida por decreto é monstruosa.

A PJ. Começa a ser preocupante para nós, comuns cidadãos, verificar que o Ministério que tutela a Polícia Judiciária não se entende com esta e vice-versa.
E digo preocupante porque desde sempre ouvi elogios à nossa PJ, como sendo uma das melhores polícias do Mundo. Estes desaguizados constantes podem contribuir para a perda de eficácia dessa mesma força policial, o que, convenhamos, num mundo tão global nos causa arrepios.
Sou de opinião que todos os meios, quer materiais quer humanos, que lhe possamos dar serão poucos para o que dela exigimos.
O desenvolvimento de um país só se verifica se para isso estivermos motivados.
A motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os à acção. Para que haja acção ou reacção é preciso que um estímulo seja implementado, seja decorrente de algo externo ou proveniente do próprio organismo. Podemos resumir isto mesmo à existência de um ciclo motivacional. Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes: comportamento ilógico ou sem normalidade; agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida; nervosismo, insónia, distúrbios circulatórios/digestivos; falta de interesse pelas tarefas ou objectivos; passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações, insegurança, não colaboração, etc.
Um dos grandes teorizadores da motivação foi Maslow. A sua teoria é aplicada nos mais diversos sectores de actividade. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra no imediato, exigindo sempre que as pessoas procurem meios para a satisfazer. Poucas ou mesmo nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se as suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
Na sua teoria as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades de auto realização)
necessidades de auto realização
necessidade de status e estima
necessidades sociais (afecto)
necessidades de segurança
necessidades fisiológicas


Podemos verificar que as necessidades de segurança ocupam a segunda posição na escala, sendo que constituem a procura de protecção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo.
Julgo que antes de serem tomadas algumas decisões seria de importância vital que se fizesse uma pesagem correcta dos prós e dos contras sem nunca se esquecerem de que a segurança é um direito de todos nós, para além de ser um bem demasiado precioso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem vindo. Já era sentida a tua falta. Acutilante e realista como sempre, não quero deixar essa exposição sobre uma area importante da psicologia, sem um reparo: -- É que aprendeste bem a lição. Abraço.

e os rapazinhos querem o 25 de novembro...  pois se me é permitido (e o 25 de Abril deu-me essa liberdade) eu acrescento o 28 de setembro e ...