segunda-feira, 20 de março de 2006

O tiro de partida

O congresso foi este fim-de-semana.
Hoje, segunda-feira, foi dado o tiro de partida para a "fritura", em lume brando está claro, de Marques Mendes.
Coube a honra de premir o gatilho a Luís Delgado.
A sua coluna de hoje, que pode ler-se http://dn.sapo.pt/2006/03/20/opiniao/qual_ciclo_qual_que.html é prova disso mesmo.
Convém não esquecer que este colunista foi uma das eminências pardas de Santana Lopes (não sei como ainda não se dispôs a ficar com o Audi) e que ele não morreu para a política, antes pelo contrário, anda por aí. E o estilo de Santana cai que nem ginjas em matéria de directas.

Luis Delgado ainda

Em determinado momento da crónica referida anteriormente, o articulista diz que: "Há um descontentamento profundo na sociedade portuguesa, em todas as classes, a que se juntaram agora os agricultores - dos poucos que ainda não tinham sido injustamente tocados - e a oposição está entretida com os seus problemas."
É curioso ler estas palavras em Luis Delgado. Será que é o mesmo que em tempos idos clamou contra o facto de a nossa agricultura se ter habituado a viver de subsídios? Sim, porque o problema que está em cima da mesa com os agricultores está inteiramente ligado ao subsídio e nada mais.
Embora eu perceba que a conjuntura é diferente dos tempos idos, sempre mantive a opinião de que a agricultura portuguesa trilhou caminhos erráticos a partir da nossa adesão à CEE.
De repente a agricultura "viu-se cercada" de subsídios e nada mais fez do que os sugar até ao tutano, sem que isso significasse a adopção de caminhos concretos e condizentes com o nosso país e com a posição que ele ocupa na aldeia global. Foi um fartar.
O gasóleo agrícola dissipou-se em depósitos de jipes, mercedes, audis e outros veículos de encher o olho. O dinheiro destinado ao olival serviu somente para arrancar oliveiras (conheço pessoalmente um caso em que foram arrancados dois olivais enormes para serem plantadas oliveiras para produzir azeitona para alimentar uma fábrica de conservas, ora as azeitonas que as oliveiras produziram nunca deram para alimentar uma família, quanto mais uma fábrica, aliás a fábrica nunca passou do papel que se candidatou aos fundos).
Os exemplos são aos milhares por este país fora.
Para além disto, existiu ainda um caso que não esquecerei nunca. Num determinado ano os produtores de laranja do algarve enterraram milhares de toneladas de laranja só para não a venderem abaixo do preço que julgavam ser o justo. Atenção meus amigos, nem sequer a ofereceram a instituições de solidariedade social, enterraram-na.
Por outro lado, as associações de agricultores tornaram-se em portas de entrada para o estrelato e para a defesa de uns quantos e nunca pugnaram por uma verdadeira defesa da agricultura portuguesa e por desgraça alguns das pessoas que foram nomeadas ministros da agricultura só sabiam que esta existia porque aprenderam na escola que existem três sectores: o primário, o secundário e o terciário e que a agricultura fazia parte do sector primário.
Se isto é um sector sem futuro o porquê de ser cada vez maior o número de estrangeiros que estão a adquirir terrenos no nosso país para se dedicarem à agricultura e à criação de gado?
Talvez seja este um ponto de partida para reflectirmos antes de clamarmos por subsídios porque veio muita chuva, ou porque não choveu; porque nevou, ou porque não nevou; etc. e etc.

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