segunda-feira, 9 de junho de 2008

Não se deve perder o artigo de opinião de Ricardo Costa no Diário Económico. E já agora, não se fiquem só pelo artigo, que é excelente, avancem para os comentários ao artigo, já que eles são deveras elucidativos.

Vamos lá à greve dos patrões dos camionistas. Sim, o que está em causa é um lock-out e o restomé conversa fiada.
Li no Público as declarações de Júlio Fernandes da Patinter, uma das maiores transportadoras nacionais, e verifiquei estar perante alguém que tem uma visão ampla.
Eu também discordo quer do gasóleo profissional quer de "cirúrgicas intervenções" que caminham no sentido de aliviar no momento. É verdade que são necessárias reformas de fundo no sector. Mas a falta de reformas também se fica a dever à ANTRAM.
O que se pode constatar, como noutros sectores produtivos, é que as empresas de camionagem floresceram como cogumelos, talvez por ser um sector que permite, ou permitia, algum enriquecimento mais veloz. Ora esta multiplicação provocou que o sector entrasse em desequilíbrio, praticando preços incomportáveis para a sua sobrevivência enquanto empresa. Quando se entra num caminho destes, nada mais há a fazer.
O sector precisa de ser reestruturado e não de medidas pontuais.

Continuando na greve, estou curioso sobre o posicionamento dos grevistas de hoje quando os seus trabalhadores fizerem greve.

Por falar em greve, queria fazer aqui um comentário que julgo pertinente. A UGT veio propor o pagamento de uma taxa pelos trabalhadores não-sindicalizados que beneficiam dos acordos conseguidos em sede de contratação colectiva, à semelhança do que já acontece em Espanha.
Em declarações ao Público, João Proença defende que a lei devia estabelecer a possibilidade de haver um pagamento dos trabalhadores não-sindicalizados que beneficiam das negociações colectivas. Porque há um serviço prestado à comunidade e pago pelos associados, enquanto outros também dele beneficiam sem pagamento.
O secretário-geral diz que a taxa deve ter um valor simbólico, falando em 65 por cento da quota normal do associado, tendo no entanto de ser sempre inferior ao que paga um trabalhador sindicalizado, que tem outros benefícios, explica.
Recusando que esta seja uma forma de combater a redução do número de trabalhadores sindicalizados, João Proença salienta que o importante é lançar o debate sobre esta questão.
Claro que se entende o desejo das centrais sindicais, sim porque a CGTP também concorda. Até a CIP aprova(!). Numa altura em que o número de sindicalizados está num patamar deveras baixo e numa altura em que se começa a caminhar para negociações por empresa, é preciso fazer qualquer coisa que permita viabilizar a existência dos sindicatos.
Podia ser uma base para discussão se os sindicatos não contassem com subsídios directos e indirectos do Estado que pagam o "exército" de dirigentes remunerados a tempo inteiro.
Ora esses subsídios saem do bolso de todos, sindicalizados e não-sindicalizados.
Esta ideia é perfeitamente descabida e absurda porque é um atentado à liberdade sindical: de pertencer ou não a um sindicato.
Mas o facto de tal ideia ter sido proposta em sede de Consertação Social pela UGT, ainda me doi mais, já que é a mesma central sindical onde militei durante anos e que nasceu com o firme propósito de combater a unicidade sindical que agora, embora noutros moldes, propõe.

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