terça-feira, 30 de maio de 2006

Nem o Omo branqueia tanto. O Papa Bento XVI esteve de visita à Polónia. Sendo certo que nada tenho a ver com as visitas de Sua Santidade, causa-me um certo nervoso a sua presença em Auschwitz-Birkenau, o tristemente célebre campo de concentração nazi.
Mas se já a sua presença me incomoda, quando lhe juntamos as palavras que proferiu na ocasião, então o nervoso sobe para o patamar da incredulidade.
Assistiu-se a uma operação pura e dura de branqueamento da história (nem o Omo consegue ser tão eficaz). A absolvição a que assistimos é a página negra que faltava ao holocausto. Sim, porque o que se verificou foi a absolvição de um tempo e de uma gente (do qual o actual Papa fez parte e daí o serem mais estranhas as suas palavras).
Mas de tudo o que foi dito existe um fragmento que é verdadeiramente escandaloso. Disse o Papa: "Num local destes as palavras falham. Só pode haver silêncio, que é um choro a Deus - Porquê, Senhor, porque permaneceste em silêncio? Como pudeste tolerar tu isto? Onde estava Deus nesses dias? Como pode permitir o triunfo do mal?"
É fácil responder a isto: Deus, de certeza, não estava na juventude hitleriana.
Mas tal como o Papa também eu tenho uma questão para colocar: Onde estava Deus quando o então cardeal Joseph Ratzinger (actual papa Bento XVI) prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão herdeiro da Inquisição, condenou Leonardo Boff a um ano de "silêncio obsequioso" e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso, por este sacerdote estar ligado à Teologia da Libertação.

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade