A reunião de Menezes com Marcelo já está a dar frutos. Santana Lopes inventou as visitas da bancada parlamentar social-democrata, um género das presidências abertas.
Quando as mesmas começaram muitas críticas se fizeram sobre essas visitas, porquanto elas eram um jeito de publicidade a Santana Lopes deixando Menezes na sombra. Luís Filipe Menezes chegou mesmo a vir dizer que elas eram concertadas com o líder do partido e que essa acusação era um perfeito disparate, no entanto nessa mesma altura suspendeu uma dessas visitas e optou por organizar um jantar onde foi ele o líder incontestado e já não Santana Lopes.
Posteriormente vieram as duas entrevistas televisivas a enaltecer a lealdade de Pedro Santana Lopes. Entretanto as ditas visitas continuaram.
Hoje essa visita compreendia os concelhos abrangidos pelo empreendimento de Alqueva e o que é que acontece? Luís Filipe Menezes vai juntar-se à comitiva.
Não sei se estão recordados, mas Marcelo foi uma das vozes críticas dessas visitas, talvez por isso e se tomarmos em consideração que Menezes e Marcelo estiveram juntos (sob o patrocínio de Ângelo Correia) durante três horas, não será de estranhar que o comportamento de Menezes mude em face destas visitas o que se torna numa dupla vitória para Marcelo: Menezes aceita os conselhos que ele lhe dá e ao mesmo tempo Santana começa a perder protagonismo.
Aliás a história dos conselhos viu-se neste fim-de-semana: Menezes falou no sábado sobre a licença do 5.º canal generalista e Marcelo falou no domingo.
No meio de tudo isto só falta saber quanto tempo Santana vai aguentar esta guerrilha de Marcelo.
Tenho que voltar à ética da Igreja portuguesa. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, disse ontem que «o Estado democrático não pode ser militantemente ateu e deixar de satisfazer a opção dos cristãos, a quem deve proporcionar as condições necessárias para viver a sua religião, respeitando as outras crenças» e acrescentou que «não podemos aceitar ser excluídos de um processo de humanização integral».
Tudo isto não deixa de ser curioso por várias razões.
Primeiro o Estado não tem que proporcionar nem deixar de proporcionar condições para que as pessoas vivam a sua religião, o Estado pura e simplesmente está separado de toda e qualquer religião.
Segundo, não deixa de ser curioso que a Igreja Católica portuguesa venha dizer ao Estado que este deve respeitar as demais crenças e isto porque sempre foi a Igreja que por pressões directas e indirectas recusou o reconhecimento de outras religiões.
Terceiro, não percebo o que significa ser excluído de um "processo de humanização integral"? Tanto quanto posso perceber é a Igreja que se recusa a aceitar que a sociedade mudou, que as pessoas tem mais preocupações e outros desejos e que em matérias como a sexualidade, o aborto, o lugar da mulher na sociedade, a educação, o casamento, o divórcio e tantos outros deixaram de ser comandadas pela Igreja e são hoje fruto do pensamento de cada um.
Mas este discurso de D. Jorge Ortiga só aconteceu porque ele pensava ser o último enquanto presidente e portanto queria deixar uma marca do seu conservadorismo na hora da partida.
Afinal, e num volte face inesperado para D. José Policarpo (cardeal patriarca de Lisboa), D. Manuel Clemente (bispo do Porto) e D. António Marto (bispo de Leiria-Fátima) que eram os candidatos ao lugar, D. Jorge Ortiga foi reconduzido.
Sendo que esta recondução deixa alguma surpresa para muitos, mas para outros nem tanto. E sem querer ser demasiado mal-dizente gostaria de dar a minha opinião.
D. António Marto, um dos candidatos, foi aluno do então cardeal Ratzinger e hoje Papa Bento XVI, caso fosse eleito traria alguma celeuma e tudo isto porque também estava na corrida um dos maiores dignitários da Igreja portuguesa: o cardeal patriarca D. José Policapo. Poderia parecer que o Papa tinha mexido os cordelinhos em favor do seu aluno e em detrimento do cardeal patriarca.
Por outro lado, D. José Policarpo representa uma linha menos conservadora, logo não tão ligada a este Papa.
Para não criar guerrilhas foi reeleito D. Jorge Ortiga, que é um conservador ao gosto de Bento XVI e está sanada este problema. Estes três anos que agora começam afastam de vez D. José Policarpo da Conferência, já que daqui a três anos já o cardeal patriarca terá 75 anos, o que não se passará com D. António Marto que terá somente 64 anos.
É ainda curioso que as primeiras palavras após a reeleição, tenham sido palavras conciliadoras e bem diferentes do último discurso.
O Bloco está pronto. Num jantar-comício em Santa Maria da Feira, Louçã atacou o Governo em várias áreas desde a Economia até à Saúde e à Educação e revelou que o Bloco de Esquerda está «pronto para toda a luta e para toda a responsabilidade».
Só espero que ele não faça com o "programa de governo" o mesmo que faz com os livros que publica: primeiro sai a edição em inglês e só depois sai a edição em português.
Atenção que é o primeiro de Abril, mas nada disto é mentira. Tudo verdade, verdadinha.
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