Voltando a Marques Mendes. Ficou ontem perfeitamente evidente que a frase que transcrevi no ultimo post que coloquei era o que Mendes gostaria que tivesse acontecido.
Já que este é o meu desejo, porque não apresentá-lo em público, por certo que Carmona, embora sem dizer preto no branco, não me irá deixar ficar mal, até porque foi uma escolha pessoal minha contra Santana Lopes.
Apesar de não ter dons nem dotes adivinhatórios, estou convicto que não andarei muito longe do pensamento que empurrou Marques Mendes para a conferência de imprensa de quarta-feira.
Só que e reportando-me às palavras de uma leitora (Focamargarida) do por muito que... cagou-lhe o cão no caminho, ou seja o Carmona assentou-lhe ontem uns golpes e dispos-se a continuar a odisseia.
Claro que o presidente do PSD avisou de imediato os vereadores do PSD que se acompanhassem o presidente da CML naquela viajem ele de imediato lhe iria retirar a confiança política e claro está que eles já anunciaram que vão renunciar ao cargo.
Ontem disse que Mendes não está só, está abandonado.
Mas é muito pior do que isso.
Acho que toda a Lisboa consegue escutar as gargalhadas de Pedro Santana Lopes.
Cúmulo dos cúmulos, foi que o líder do PSD tinha ontem a entrevista com Judite de Sousa na RTP1. Convenhamos que é preciso ter muito azar.
Pois bem da entrevista o único facto que ressaltou foi que ele trata a entrevistadora por tu, já que quanto ao resto foi um estilo de pescadinha de cauda nos beiços. Limitou-se a dizer mais um conjunto de lugares comuns, nada acrescentando de novo quer em título quer em conteúdo.
Claro que assim percebe-se o porquê de o PSD não descolar na intenção de voto.
Acabou-se a mama. Sempre aqui disse que era contra o facto de tribunais civis julgarem providências cautelares relativamente à disciplina dos militares. Pois bem o Conselho de Ministros aprovou ontem uma lei (brevemente estará na Assembleia) que preconiza que os casos de disciplina militar ficarão nas mãos dos tribunais administrativos superiores, sendo que para isso estes serão dotados de juízes e assessores militares.
Revolta?! Indignação?! Palhaçada?! Não sei! O caso que faz a manchete do "Correio da Manhã" de hoje tem tanto de absurdo como de caricato e conta-se em duas penadas:
Uma senhora com 70 anos e actualmente bastante debilitada fisicamente devia ter começado anteontem a responder num processo onde é arguida e que remonta a Outubro de 2005, quando a septuagenária, depois de mais uma consulta no Instituto Português de Oncologia, foi apanhada pelo segurança do supermercado Lidl. A senhora levava escondido debaixo da roupa que vestia um simples creme de beleza. Custava 3,99 euros, mas como não tinha dinheiro o funcionário obrigou-a a devolvê-lo ao estabelecimento, tendo sido isso que a senhora fez.
Em Janeiro deste ano, ou seja mais de 14 meses depois do furto, recebeu a acusação do Ministério Público do Porto, onde ficou a saber que responde então pelo crime de furto simples.
O Lidl não pede nenhuma indemnização, mas a septuagenária poderá vir a ser obrigada a entregar ao supermercado o valor do produto que tentou roubar.
O julgamento devia ter começado anteontem, só que a falta de comparência da arguida fez adiar a sessão para 23 de Maio.
E se o processo já é curioso atentem agora no facto de o juiz ter informado o advogado que se a arguida não comparecer no tribunal serão emitidos mandados de captura, para ser presente sob detenção na sessão que entretanto vier a ser marcada.
Um pai e uma mãe fazem muita falta, mas o juizinho quando prima pela ausência é o cabo dos trabalhos. Como é evidente esta parte do juizinho não é para a septuagenária.
Agora, para terminar, apreciem os custos deste processo que foram calculados pelo CM:
ADVOGADO OFICIOSO: O Estado paga 264 euros ao advogado por cada vez que aquele comparece em tribunal. Tem ainda de pagar as respectivas despesas e suportar as custas judiciais, já que a arguida fez prova de insuficiência económica.
FOLHAS: O processo tem pouco mais de 30 folhas: a queixa do gerente do Lidl, a audição da queixosa e a acusação do Ministério Público. Só em fotocópias (a arguida e o advogado tiveram de ser notificados da acusação) os custos ultrapassam os 3,99 euros em causa.
OPERADORES JUDICIAIS: A queixa do Lidl foi recebida no DIAP, um funcionário judicial teve de interrogar a arguida e um magistrado do MP deduziu a acusação. Agora, em tribunal, o processo volta a ocupar o tempo a pelo menos três operadores judiciários: funcionário, procurador e juiz.
É o Portugal dos pequeninos.
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