segunda-feira, 11 de junho de 2007

Continuar para bingo. Eu percebo que muitos não gostem deste Governo. Eu próprio contesto algumas das medidas por ele tomadas, mas uma coisa não é possível contestar: algo está a mudar.
É um facto que estávamos habituados a viver noutros parâmetros, bem acima das possibilidades reais do país.
É um facto que estávamos habituados a um certo facilitismo e como isso já não fosse suficiente, a um certo laissez faire, laissez passer.
É um facto que tudo isto tinha de ter um terminus.
Foi agora.
Se perguntarem se foi o timing correcto, eu direi que não.
Se Cavaco tem pensado um pouco e se Guterres não tivesse sido um mãos largas, poderíamos hoje estar numa outra dimensão.
Vem tudo isto a propósito de algumas boas notícias que vamos tendo e que muitos teimam em denegrir, mas que importa salientar.
Estou a referir-me à tão falada produtividade.
Sempre foi voz corrente que o nosso país tinha um índice de produtividade muito baixo. Era daquelas questões que servia para os dois lados: para o patronato português era ouro sobre azul, para o Governo servia para encobrir algumas incapacidades.
Pois bem, felizmente isso vai acabar porque a economia portuguesa registou, no primeiro trimestre deste ano, um crescimento da produtividade de 1,8%, um ritmo que não era atingido desde 1999.
O crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) registado entre Janeiro e Março sem que se verifique uma forte criação de emprego pressupõe que a produtividade disparou, como é habitual no início das retomas económicas.
Mas e apesar de estarmos, julgo eu, a trilhar os caminhos correctos, é um facto que falta uma grande distância a cumprir.
É verdade que a economia cresce. Mas pouco, se comparada com os resultados dos parceiros europeus. Ou seja, os 2% de subida do produto nos primeiros três meses do ano não chegam para recuperar terreno relativamente à média europeia.
Para além disso, o desemprego não baixa. Continua no nível mais alto dos últimos vinte anos. A isto, que já era mais do que suficiente, acresce o investimento estar em terreno negativo há dois anos. Por fim, as famílias e o Estado estão com a corda na garganta, atascadas em dívidas. E com o nó a apertar porque os juros continuam a subir.
E porque tudo isto é assim, surpreendeu-me a atitude de Cavaco no discurso do 10 de Junho.
Todos nós sabemos que para a maioria dos portugueses o 10 de Junho só representa um dia em que não se vai trabalhar e nada mais.
o único facto que os portugueses costumam recordar desta data é a atribuição das condecorações que, acrescente-se, tem sido um bodo aos pobres.
A juntar a esta distribuição magnânima está o discurso do Presidente da República.
Cavaco que costuma ser tão peremptório nestas ocasiões (lembremo-nos do discurso de Ano Novo ou do 25 de Abril onde Cavaco disse o que pensava sobre os problemas do país e pediu resultados ao Governo de Sócrates), desta vez foi muito soft.
Não sei porquê, mas algo me diz que este não confronto foi propositado.
Esperemos pelo futuro.

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