sexta-feira, 8 de junho de 2007

O diário inglês "The Times" escreve, na edição de hoje, que os inspectores da Polícia Judiciária responsáveis por encontrar Madeleine McCann fazem almoços de duas horas, durante os quais ingerem bebidas alcoólicas.
O referido jornal identifica os inspectores Gonçalo Amaral e Olegário Sousa e refere mesmo um cliente incomodado por os investigadores estarem a rir enquanto a televisão mostrava os pais de Madeleine numa conferência de imprensa em Berlim, na quarta-feira.
O "The Times" chega ao ponto de salientar que os polícias, acompanhados de outros dois homens, beberam vinho branco, seguido de whisky num almoço na quarta-feira.
Mas nem só o "The Times" refere esta situação. O tablóide "The Sun" vai mais longe afirmando que um fotógrafo que captou o almoço foi «detido no posto de polícia durante quatro horas e a máquina fotográfica foi confiscada».
A juntar a tudo isto estão ainda as declarações aos dois jornais de Philomena McCann, tia de Madeleine, referindo que «se fosse com detectives da Scotland Yard teria havido um barulho enorme».
Eu escrevi sobre este caso a 11 de Maio e desde essa data tenho-me remetido ao silêncio. Este silêncio não significa que tenha deixado de acompanhar o caso (aliás os nossos meios de comunicação não nos permitem tal veleidade e todos os dias nos atafulham de directos, comentários, etc. e etc.), antes pelo contrário. Significa que não estou disposto a participar nesta enorme hipocrisia que rodeia o caso.
Primeiro: compreendo a dor dos pais, mas mantenho o que disse antes, esta situação aconteceu porque eles acharam que deviam jantar em paz sem o barulho das crianças e pensaram que sozinhos em casa é que eles estavam bem.
Segundo: o aproveitamento mediático que muitos fizeram é não só lamentável como, porque não dizê-lo, asqueroso.
Terceiro: somos um país de porreiros. Só assim se compreende que fossemos invadidos por polícias ou pseudo-polícias ingleses, que o Tony Blair e o seu substituto tenham dito o que disseram e prometeram.
Quarto: que tenham entrado no nosso país todo o género de pessoas com o intuito de procurarem a criança e, pior do que isso, que as televisões tenham feito peças jornalistícas com essas pessoas, promovendo-os quase a benfeitores sociais (estou a lembrar-me dos dois ex-militares ingleses).
Quinto: tem sido curioso observar os meios que têm sido colocados à disposição dos pais.
Sexto: curiosa também a atitude do Papa, é que eu lembro-me que enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé tudo fez para abafar o escândalo dos padres e bispos pedófilos.
Sétimo: por fim chamo a atenção para as declarações da família que têm feito questão em menosprezar o trabalho desenvolvido pelas nossas forças de segurança e pela nossa PJ. Para estes gostaria de lembrar que entre o dia 3 de Maio, data em que desapareceu a pequena Madeleine, e o dia 24 de Maio desapareceram no Reino Unido 800 menores, não que isso me sirva de consolo ou atenuante seja para o que for. Seve apenas para algumas pessoas fecharem a matraca.
Resta dizer que estas palavras representam o meu inequívoco apoio quer à PJ, quer às demais forças de segurança portuguesas empenhadas neste caso.

Para ler, reler e meditar o artigo de Fernanda Câncio.

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Montenegro tem de mandar parar com os disparates... - deixar que alguém que dirige interinamente o INEM com todas as falhas que se verificar...