E que tal estudar história
Julgo que só o facto de não saber nada de história, levou Ribeiro e Castro, líder do CDS/PP, a dizer o que disse.
O referido senhor considerou "preocupante" que haja jovens que têm como ícone Che Guevara, "um dos grandes assassinos do final do século XX". O líder do CDS defendeu que "é importante que a esquerda se saiba libertar dessas suas referências tremendas de violência, crueldade e intolerância".
Este discurso veio na senda de um outro onde defendeu que a origem do terrorismo está na esquerda: "A esquerda tem responsabilidades em grandes males do mundo. Isso é indiscutível". "Olha-se para o cortejo de miséria na África contemporânea e sabe-se que isso é devido a regimes de esquerda que têm governado o continente", apontando igualmente os regimes de Cuba e da Coreia do Norte. " O terrorismo contemporâneo tem origem numa deriva totalitária do pensamento marxista-leninista" e isso "tem que estar presente no consenso do combate ao terrorismo".
Sem querer parecer "catedrático" julgo que talvez fosse interessante falar aqui um pouco da direita.
Há mais de duzentos anos os congressistas franceses deram ao mundo o conceito, a partir da localização das pessoas num determinado espaço físico, que ainda hoje define a orientação política tomada pelas correntes de pensamento na sociedade. Na Assembleia dos Estados Gerais de 1789, girondinos e jacobinos debatiam os limites da pré-revolução burguesa que pôs fim ao regime dos nobres, da aristocracia e dos clérigos monarquistas.
Numa escolha absolutamente aleatória, os congressistas defensores de pequenas alterações no modelo político-económico francês, mas sem a perda da essência do poder, estavam sentados à direita, enquanto os radicais na luta pelo fim dos privilégios e representantes da pequena burguesia e do proletariado urbano, se posicionaram à esquerda. A partir daí nunca mais esquerda e direita se limitaram a exercer o papel de meros sinalizadores.
Ambas as correntes ideológicas, no passado não muito distante, assumiam-se com tais perfis sem nenhum temor. O problema é que depois de revoluções, contra-revoluções, o holocausto e o genocídio causados pela direita nazi-fascista de Hitler e de Mussolini, assim como as acções criminosas em massa da pretensa esquerda dos estalinistas, a nova direita ridiculariza o conceito, enquanto que a esquerda já não é assim tão esquerda. Se uma nega o seu passado, a outra é incapaz de desempenhar a tarefa com que se comprometeu. É a célebre dicotomia da negação versus capitulação.
A velha direita, embora com trajes aparentemente mais modernos, por meio de articulistas e de outras nefastas figuras do mundo político, diariamente dá à luz teses conspiratórias mirabolante de que estamos a viver com uma Constituição obsoleta, que todos os males são provenientes do sentimento de esquerda que imbuiu a Revolução de Abril, de que devemos regressar à trilogia de "Deus, Pátria, Família", etc., etc..
Podemos mesmo dizer que são pessoas que ainda condenam Jean Jacques Rosseau pela influência das suas ideias sobre a revolução francesa. São os saudosistas das relações sociais mais atrasadas da Humanidade.
Aplaudem a política beligerante de Bush e de Sharon sem verem que esta pode lançar o mundo num caminho de ida sem retorno.
Sofrem da psicose da perseguição comunista. Penso até que têm pesadelos com as imagens e ideias de Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Mészáros, José Saramago.
Pensam, actuam e falam como se o mundo inteligente fosse obra divina de falsos sábios propagadores da doença degenarativa do ódio ideológico à democracia social e não gostam de lembrar que a tal inteligência de exercício do poder que eles construiram arrasou a humanidade e calou nações por esse mundo dentro.
Eles conseguem visionar "os facínoras esquerdistas" no céu ou no inferno após o dia final. E porque sofrem do mal incurável do medo da igualdade, em qualquer plano vão tecendo loas ao vento a propósito de Che Guevara e da esquerda como precursora dos males do mundo.
Perdoem-lhes quem os ouve, já que eles, ao dizê-las, ficam aliviados.
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