sábado, 24 de dezembro de 2005


Parece impossível

Passam hoje 100 anos do nascimento de uma figura ímpar das letras portuguesas de seu nome Paulo Manuel Pires Quintela, mais conhecido por Paulo Quintela.
Nasceu em Bragança, em 24.12.1905 e faleceu em Coimbra, em 9.3.1987.
Estudou na Universidade de Berlim (entre 1927 e 1929) e em 1929 licenciou-se na faculdade de Letras de Coimbra, onde ficou como professor, a partir de 1933. Foi prof. extraordinário de Filologia Germânica, desde 1942 e doutorou-se em 1947. Contudo somente ascendeu a prof. catedrático após a revolução de 25.4.1974. De 1938 a 1968 foi director artístico do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra. Na Crise Académica, em 1969, foi dos primeiros professores da Universidade de Coimbra a juntar-se à luta das jovens almas censuradas. "Milhares de estudantes", reunidos em Assembleia Magna, receberam o tradutor de Brecht com "um trovoada indescritível de aplausos". Em 1960 o Goethe Institut concedeu-lhe a medalha de prata e, em 1973, a medalha de ouro.
Do seu vasto legado ficam as traduções de obras de Rainer Maria Rilke, Bertolt Brecht, Nelly Sachs, etc.. Foi graças a Paulo Quintela que muitos portugueses tiveram o privilégio de ler alguns dos maiores poetas de língua alemã, curiosamente traduzidos por um homem "cujos interesses giraram sempre em torno do realismo social". A Paulo Quintela deve-se ainda a recriação artística do teatro vicentino em termos de modernidade, durante a sua passagem pelo TEUC, e a estreia em Portugal de Antígona e Medeia.
Foi este filho de Bragança e habitante de sempre de Coimbra que a Universidade e a própria cidade esqueceram.

Miguel Torga, António de Sousa, Afonso Duarte, Paulo Quintela e Vitorino Nemésio, numa foto datada de 1937, de www.vidaslusofonas.pt/ torga6.gif (aliás não deixa de ser curiosa a publicação desta foto num site sobre Torga porquanto é por todos sabido que Miguel Torga e Paulo Quintela, dois transmontanos, se incompatibilizaram devido a uma alteração feita por Quintela na capa do livro de poemas "Rampa" de Miguel Torga


E por falar em Coimbra e em cultura

O vereador da Cultura da Câmara de Coimbra deu mais um "pontapé na atmosfera".
Segundo o referido senhor, de seu nome Mário Nunes, referiu, durante a discussão do orçamento da Câmara para 2006 que são os protocolos que a Câmara tem firmados com A Escola da Noite, o Teatro Académico de Gil Vicente e a Universidade de Coimbra - este sobre uma cantina universitária em funcionamento na Casa Municipal da Cultura, são gravosos para a instituição.
Não haverá ninguém na cidade que dê um "puxão de orelhas" a este senhor e o traga à realidade!
Penso até que uma grande parte das pessoas não entende o porquê deste senhor ocupara este cargo. Que credenciais apresenta? Que eu saiba somente ter sido presidente do GAAC.
Para terminar resta lembrar que foi este mesmo senhor que recusou, através da Comissão de Toponímia, dar a uma rua da cidade o nome do diplomata Aristides de Sousa Mendes com a justificação de que este não tinha nenhuma ligação à cidade.
Realmente à cidade não tem, mas tem ao Mundo, na luta contra o genocídio dos nazis. Mas claro, perceber isto era exigir em demasia a um simples vereador como ele.

Ainda dentro da cultura

Sócrates fez valer os seus argumentos e possibilitou que a colecção de Arte Contemporânea de Joe Berardo ficasse em Portugal e situada no Centro Cultural de Belém.
Não sei qual o preço desta aquisição nem os seus custos futuros, mas sejam eles quais forem louvo o primeiro-ministro pela coragem e determinação.
Só não entendo o porquê de Fraústo da Silva ser contra essa aquisição.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lusitania Felix = Limpa da Moraima

e lá aconteceu o apresentar dos nomes para o Governo de Portugal. curiosamente verifico que os nomes fortes do governo são aqueles que sempr...