quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Reestruturar para lixar. Ficámos ontem a saber que vai haver uma "revolução" nos tarifários da CP. Percebe-se, aceita-se e aplaude-se a ideia, já que os que existiam estavam perfeitamente inócuos e desfazados da realidade.
Sendo certo o que anteriormente dissemos, fica-nos já algum amargo de boca face às explicações que foram fornecidas ontem pela secretária de Estado dos Transportes aos deputados da comissão especializada da Assembleia da República.
Na verdade Ana Paula Vitorino afirmou que a reestruturação do modelo de tarifário dos comboios regionais da CP, que será implementada até 2012, prevê reduções anuais de preços que podem ir até 4,73 euros e aumentos máximos de 30 cêntimos, sendo que os preços dos comboios regionais passarão assim, a partir de dia 1 de Janeiro de 2008, a reflectir a distância percorrida pelos passageiros, a velocidade e a até a qualidade das composições em vez de, como até aqui, simples escalões quilométricos.
Este novo tarifário prevê ainda que assinaturas tenham descontos mensais de 40 por cento (em função de duas viagens durante 20 dias).
De uma forma global as reduções no preços dos bilhetes fazer-se-ão sentir nos próximos dois anos, enquanto os aumentos serão diluídos ao longo de cinco anos, isto é, até 2012, ano em que o sistema estará completamente implantado.
Mas atenção é preciso não esquercer que este aumento de 30 cêntimos ao ano até 2012 é independente dos aumentos anuais” no preço dos títulos de transportes, que entram em vigor no dia 1 de Janeiro.
O que este novo tarifário pretende é, e isso está bem à vista, arranjar mais dinheiro para a CP e isto vejamos: os passageiros que realizarem viagens com uma distância inferior a 50 quilómetros “vão pagar, em média, ligeiramente mais”, enquanto que os passageiros que realizarem viagens com distâncias superiores a 50 quilómetros “irão pagar, em média, ligeiramente menos”.
Onde é que a taxa de ocupação dos comboios é mais alta? Nos suburbanos.
Qual a distância quilométrica? Inferior a 50 Km.
Tomemos como exemplo o caso da linha de Sintra e a linha de Cascais.
Grosso modo podemos afirmar que a distância entre Sintra e Lisboa(aeroporto) é de aproximadamente 30km e que de Lisboa e Cascais são o máximo 40.
Está tudo dito e não é preciso sermos dotados de grande inteligência para percebermos isto mesmo.
Para além disto há algo mais que não aparece nas palavras da senhora secretária de Estado, mas que importa salientar. Os passageiros querem que a distância percorrida, a velocidade e a até a qualidade das composições tenha reflexos no tarifário, mas os passageiros também querem, ou melhor exigem, ter segurança durante a deslocação e, lamentavelmente, não vislumbrei qualquer referência a este direito.
Que me interessa a mim que a composição seja forrada a cetim e dobroada a ouro, que os assentos sejam em pele e aquecidos, se eu não viajo em segurança?

Segundo Abel Mateus, presidente da Autoridade da Concorrência, o organismo a que preside está em condições de emitir uma decisão rápida, se o Banco Comercial Português (BCP) e o Banco BPI chegarem a um acordo sobre uma fusão, garantiu ontem o presidente desta entidade reguladora.
Fico admirado, a rapidez não tem sido o mote da AdC (lembremo-nos da OPA da SONAE à PT e até à devolução da documentação à PT), mas congratulo-me.

Hoje Baptista Bastos no seu melhor.

Um facto com que nos congratulamos, mas que merece de nós uma reflexão atenta, quanto mais não seja pelas prioridades evocadas.

Como é que os Estados Unidos vão resolver o imbróglio que criaram no Paquistão. A viagem do número dois do Departamento de Estado, John Negroponte, ao Paquistão no próximo fim-de-semana, vem tarde. As posições entre Benazir e o sempre general Musharraf estão extremadas ao máximo.
Como é por demais evidente os EUA não aprenderam nada com Noriega, logo espera-se mais uns milhares de vítimas, embora aqui os EUA tenham de ter juízo já que o Paquistão tem arsenal nuclear.
Só desejo é que não façam asneiras e depois venham armados em bons com as ideias parvas de "troikas" para resolver a questão. Fizeram asneira, resolvam.

Para terminar, que isto já vai longo, importa só salientar que Cavaco voltou a dar nas orelhas a Menezes.
A vida tá difícil.

Sem comentários:

não sei porquê (ou até sei) mas parece que é preciso ajudar Marcelo a terminar o mandato com dignidade