terça-feira, 15 de novembro de 2005

Já chateia

Ultimamente temos sido bombardeados pela comunicação social com o anda e desanda da ENI dentro da Galp.
Se para muitos isto não passa de mais um fait-divers, para mim, acreditem, está a tornar-se numa seca, para além de já não ter pacência para tal caso.
O Governo português pretende que a ENI diminua a sua posição, que actualmente é de 33,34%, na Galp. Os italianos depois de um não passaram a um sim e agora voltaram ao não. Quer isto dizer que os italianos têm enrolado os sussessivos governos com quem têm negociado. Sendo que agora - pelo menos é o que transparece - endureceram a sua posição.
Sinceramente não percebo o Governo (este e os anteriores). E digo isto porquanto é tempo de tratar os italianos da mesma forma que eles nos tratam a nós, que o mesmo é dizer sacaneá-los. Vejamos: os italianos aprovaram a saída da Galp do designado bloco 14 em Angola mas, e isto é curioso, a ENI fazia parte da lista de compradores interessados nesse mesmo bloco após a saída da Galp; a ENI, apesar de sócia da Galp, não teve pejo em se juntar à Chevron e à Texaco americanas para concorrer contra a Galp/Petrobrás no Brasil; mais ainda o acordo firmado aquando da união ENI/Galp previa que os italianos não pudessem tomar parte em operações no petróleo ou no gás em Espanha, ora o que é que se verificou, a ENI marimbou-se no acordo firmado e adquiriram uma participação na Fenosa e concorreram contra a Galp na privatização da Naturcorp e como isso ainda não chegasse adquiriram duas distribuidoras (Saras e Avanti); mas o mesmo acordo prevê que os italianos não façam concorrência à Galp no nosso país e o que se passa é que eles mantêm os postos Agip que concorrem directamente com a petrolífera portuguesa.
A este rol adicione-se o facto do sr. Scaroni, actual presidente do grupo italiano, ter afirmado que saía da Galp se esta lhe pagasse 1,8 mil milhões de euros e quando tudo estava pronto para lhe entregar a massa o sr. volta com a palavra atrás. Mas quanto à palavra dele, ela vale zero já que ele fez questão de não cumprir a palavra dada pelo anterior presidente Vitorio Mincato que tinha afirmado que o grupo italiano nunca ficaria na Galp contra a vontade do Governo português.
Por tudo isto que se vai sabendo e por tudo o que não transpira das salas de reuniões, eu digo que não entendo o porquê de Portugal continuar a andar com estes senhores italianos ao colo. Abram os braços e deixem que eles caiam redondos. Acabem com as palmadinhas nas costas e denunciem unilateralmente o contrato e obriguem-nos ainda a indmenizar-nos por todas as sacanices que nos têm feito.

Nada, nada, nada

Ontem estive de propósito a ver e ouvir a entrevista de Cavaco Silva a Constança Cunha e Sá na TVI e isto porque ainda acalentava uma certa esperança de que o homem dissesse alguma coisa de novo ou tivesse alguma opinião sobre este ou aquele assunto.
Afinal enganei-me.
Toda a entrevista se pode resumir na célebre frase da justiça e que é: e aos costumes disse nada.
Mais valia ter levado um bolo-rei e ir comendo. Sempre havia a desculpa de que não falou porque estava a comer.

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