A vingança de Guterres
Se António Guterres cá estivesse ontem ter-se-ia sentido vingado.
Ficou célebre o engasganço de Guterres relativamente aos números do PIB num certo dia em que estava a sair dos Hospitais da Universidade de Coimbra (onde tinha recebido uma notícia sobre a saúde da sua esposa, que acabaria por falecer).
Todos riram, todos gozaram e mesmo hoje alguns lembram o episódio.
Pois bem, ontem Marques Mendes embrulhou-se com os números e não foram os do PIB, foi somente uma simples conversão de euros em escudos (se fosse os do PIB, nem quero imaginar).
O líder do PSD disse na AR, na discussão do Orçamento, que passam a ser tributados os “reformados com pensões superiores a 355 euros, 107 contos em moeda antiga”.
355 euros são cerca de 71 mil escudos. O que ele devia ter dito era 535 euros.
A vingança é um prato que se serve frio.
Para além disso, e na sua intervenção final, Marques Mendes justificou o voto contra do PSD por, “apesar de apontar no bom caminho”, pecar por “falta de ambição” na redução da despesa, pela “voracidade fiscal”, desta vez extensível aos reformados, e por insistir em investimentos públicos como o novo aeroporto da Ota.
Então está no bom caminho e é reprovado?!
Que triste imagem
A manifestação ocorrida ontem dos estudantes do ensino superior em Lisboa fica assinalada não pela contestação, mas sim pela divisão entre os estudantes.Trata-se de um facto inédito e que, segundo dirigentes associativos, se ficou a dever a tentativas de partidarização do movimento estudantil. Dois mil estudantes universitários de todo o país manifestaram-se na capital, em protesto contra os cortes orçamentais do Executivo no ensino superior, as propinas e a falta de condições das faculdades.
As divergências começaram cedo. As primeiras foram logo à saída da Cidade Universitária, local da concentração, e adensaram-se em Entrecampos, com metade dos estudantes a ir para o Ministério da Ciência e do Ensino Superior e a outra metade para a Assembleia da República. "Trata-se de oportunismo do movimento partidário da JCP. Existem estudantes que pertencem ao partido e que formaram uma lista para concorrer à Associação Académica de Coimbra (AAC) e que quiseram fazer aqui uma prova de força", nas palavras de Filipe Sousa, da AAC. Os alunos que se concentraram na Assembleia da República rejeitaram as acusações. Entre palavras de ordem e faixas curiosas, alusivas ao valor das propinas - "com 901 euros casava-me" - os estudantes que se concentraram frente ao ministério entregaram à tutela um documento reivindicativo no qual afirmam que os cortes orçamentais no ensino superior são desastrosos e que contribuem para a degradação do ensino superior.
Já expressei aqui a minha opinião sobre as propinas, mas se os estudantes querem protestar, tenho um conselho a dar: avancem com acções que tenham sentido, como por exemplo marquem um dia e vão todos às aulas, esta sim seria a melhor imagem da falência do sistema educativo universitário e entretanto deixem-se de andar a "passear" de autocarros e comboios.
Foto de http://o-microbio.blogspot.com
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