quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Eu até me esforço... mas não compreendo

É verdade. Todas as vezes que são publicados os resultados do sector bancário eu faço um esforço enorme para compreender e aceitar os dados, mas a verdade é chego à conclusão que é um esforço inglório.
Ora vejamos.
A Associação Portuguesa de Bancos divulgou ontem os resultados do sector bancário. Após uma leitura em diagonal chega-se á conclusão que o referido sector registou resultados líquidos de 883 milhões de euros no primeiro semestre deste ano.
Numa análise mais detalhada verificamos que, relativamente ao período homólogo, o sector empregou 41 273 colaboradores neste período, o que representa uma redução de 800 colaboradores, mas, em contrapartida, o número de balcões aumentou para 4061 (mais 96 balcões).
É muito lucro se tomarmos em conta que o crescimento da economia é nulo.
É muito lucro se considerarmos que o país tem quase 500 mil desempregados.
É muito lucro seja de que maneira for.
E como é que é a tributação destes lucros? Isto deve dar uns bons milhares de euros para os cofres das Contribuições e Impostos! ou será que não dá?

Contrastando

Os portugueses têm cada vez mais dívidas.
No ano passado, o endividamento dos particulares representava 118 por cento do seu rendimento disponível e o montante global de crédito à habitação subiu onze por cento, segundo os indicadores sociais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Por outro lado, em 2004, os dados do INE indicam que o produto interno bruto (PIB) era de 13,5 mil euros por habitante, traduzindo um crescimento, em valores reais, de 0,6 por cento face ao ano anterior.
Em 2003, a taxa de pobreza, depois das transferências sociais, era de 19 por cento. Em termos da desigualdade da distribuição do rendimento, verificou-se que os 20 por cento da população com rendimentos mais elevados tem um rendimento 7,4 vezes superior ao dos 20 por cento da população com rendimentos mais baixos.
O Índice de Preços no Consumidor aumentou 2,4 por cento no ano passado, com os maiores aumentos anuais a registarem-se no sector da educação (9,3 por cento) e restaurantes e hóteis (4,6 por cento). Em sentido inverso, em 2004, os preços no vestuário e calçado bem como as comunicações apresentaram decréscimos de 1,2 por cento e 1,1 por cento, respectivamente.
Considerando a taxa de variação de preços entre os anos 2000 e 2004 verificamos uma subida no conjunto das classes de 14,3 por cento, com a educação a registar o maior aumento, de 28,6 por cento.
Durante os quatro anos, as comunicações foram a única classe a registar uma descida dos preços, de 3,9 por cento.

Resumindo

Os portugueses estão hoje mais velhos, mais pobres e mais endividados. Há 108,7 idosos por cada 100 jovens até aos 14 anos. O Alentejo é a região mais envelhecida do País e os Açores a mais nova. No total, são quase 1,8 milhões de pessoas com 65 ou mais anos de idade. O endividamento particular representa 118 por cento do rendimento. A sociedade é cada vez mais desigual. Os 20% mais ricos têm um rendimento 7,4 vezes superior aos 20 % da população mais pobre.
Percebem o porquê de eu não entender os fabulosos lucros da banca?

1 comentário:

Anónimo disse...

Elementar, meu caro Watson.!!Eheheheh

o governo tem um novo modelo para demitir os dirigentes nomeados anteriormente: a exigência de relatórios em tempo não exequível. primeiro f...