sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Como é possível?

A economia portuguesa está de rastos. Todos os índices apontam para recessão técnica.
Sendo assim como é que é possível que a instituição financeira presidida por Paulo Teixeira Pinto (BCP) tivesse um resultado líquido de 753,5 milhões de euros no ano passado, mais 24,2 por cento que em 2004. Mas não foi só o BCP, também o BPI, institutição financeira presidida por Fernando Ulrich, obtivesse um resultado líquido de 251 milhões de euros no ano passado, mais 30,2 por cento que em 2004.

Vamos lá rir

Ontem verificou-se a abertura do ano judicial. Trata-se de uma cerimónia pomposa que aos portugueses nada diz.
Os discursos proferidos na ocasião têm como finalidade o envio de recados uns aos outros.
Um dos discursos foi proferido pelo Procurador-Geral Souto Moura.
Disse o referido senhor que o MP "deve caracterizar-se como órgão de justiça e não como corpo administrativo", acentuando que os "magistrados devem obediência a um estatuto profissional e deontológico" e que a "autonomia do MP relativamente ao poder político assenta no autogoverno e na inexistência de interferências externas".
Também não sou apologista de interferências do poder político no poder judicial mas, convenhamos que ultimamente não podemos erguer as mãos para o alto e agradecer o sistema judicial que temos (refiro sistema como conjunto global composto por leis e elementos humanos), mais o autogoverno tem-se mostrado como ineficaz (e aqui não atribuo as culpas às leis), para além de que as interferências externas são devidas a um conjunto enorme de falhas que se têm verificado e que só têm contribuído para a má imagem do MP.
Acrescentou ainda Souto Moura que "não chega ter juízes independentes. É preciso um MP que lhes possa levar, sem constrangimentos, tudo o que eles, juízes, devem julgar... com independência".
Também partilho da mesma opinião, mas igualmente digo que o MP leve as coisas em condições para depois não termos as barracadas que temos.
Invocou também a Lei Fundamental para lembrar que "a legitimação política do cargo de procurador-geral deverá ser conjugada com a clara intenção constitucional de se garantir a autonomia do MP". Sendo exigível, em nome desta autonomia, uma "clara legitimação política da entidade a quem cabe dirigir esta magistratura".
Repare-se no cerne do que é dito: Souto Moura pede legitimação para si mesmo.
Se não fosse um assunto tão sério, poderíamos catalogá-lo como rídiculo.
Ninguém legitima alguém que tem cometido erros atrás de erros, que se investiga a si próprio, que não dá a conhecer o resultado dessas investigações internas, etc. e etc.

E agora meus senhores?

O povo palestiniano manifestou nas urnas a sua profunda insatisfação pela flagrante incapacidade do governo de acabar com a corrupção e de avançar no diálogo para a criação do tão ansiado Estado, manifestação essa que se traduziu numa vitória esmagadora do Partido Hamas.
O Hamas defende a destruição de Israel e não renuncia à resistência armada, tendo mesmo o seu exército particular.
Sendo assim é fácil de prever uma intensificação da luta armada no território palestiniano, que o mesmo é dizer os confrontos entre Israel e a Palestina vão-se intensificar e com o recrudescer das atrocidades que um e outro lado são capazes de cometer.
Se a este facto adicionar-mos a ingerência dos Estados Unidos, que não podem deixar cair o seu aliado israelita, o aproximar das eleições em Israel, onde Benjamim Netanyau pode chegar ao poder, veremos que estão criadas as condições para que não se vislumbre a paz nos tempos mais próximos.
Mas se quisermos ir mais além e adicionarmos a Síria, o desenvolvimento nuclear do Irão, a paz que teima em chegar ao Iraque, veremos que o Médio Oriente está sentado num barril de pólvora.
Só espero que não seja mais uma intervenção abstrusa dos Estados Unidos a fazer rebentar o barril.
Por último importa dizer que este é o resultado dumas eleições democráticas que devemos todos respeitar e que não haja a menor dúvida que se ocorrerem eleições democráticas no vasto conjunto de pseudo-monarquias e repúblicas que abundam naquela zona do globo, os partidos islamistas sairão maioritariamente vencedores.




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o Expresso bem pode querer fazer o favor ao sr. Primeiro Ministro, ao sr ministro da Educação Fernando Araújo e ao seu secretário de Estado ...