No fim das doze badaladas, nasceu 2006. Com ele foi toda uma esperança
que renasceu. Alguns portugueses saíram à rua e deixaram que as tristezas
de 2005 se esvaissem em champanhe que correu ora nos gargalos
ora em copos de plástico. Tudo isto acompanhado com o colorido
de maior ou menor intensidade do fogo-de-artifício.
Mas portugueses houve que ficaram em casa batendo tachos, panelas, testos
Mas portugueses houve que ficaram em casa batendo tachos, panelas, testos
ou um outro qualquer artefacto à janela tentando de uma vez por todas afugentar
os espíritos demoníacos que persistem em nos atormentar ano após ano.
Comecemos 2006
Para começar o ano nada melhor do que analisar um documento da autoria de Teodora Cardoso, que é tão só uma das reputadas economistas deste rectângulo luso embora, e porque é avessa a grandes palcos, seja por muitos desconhecida.
Pois bem a reputada economista analisou o período compreendido entre 1990 e 1994, período esse que corresponde a uma maioria de Cavaco Silva.
Diz a referida economista que nesse período:
- o défice do sector público administrativo cresceu;
- a despesa pública foi superior a 12%;
- o crescimento da economia ficou-se pelos 0,8%;
- a taxa de desemprego aumentou para mais de 7%.
Para além destes números a mesma economista acusou Cavaco de não ter aproveitado a época áurea dos fundos comunitários para empreender as reformas de fundo que o país precisava. Mas Teodora Cardoso vai mais longe ao afirmar que “Ao contrário da moda recente de criticar a opção pelas infra-estruturas, não me parece que esta tese tenha sido um erro. Erros sim – e graves – foram a incapacidade de usar eficazmente os fundos de formação profissional, de levar a cabo uma reforma do sistema de ensino, de proceder a um correcto reordenamento do território e a uma reforma do processo orçamental que permitisse a racionalização da gestão pública, ou o de criar uma administração pública preparada para encaminhar o país no sentido que a integração europeia e mundial lhe impunham.”
Referiu ainda que Cavaco fez uma gestão política económica em função do ciclo eleitoral e que não só falhou como criou enormes dificuldades aos governos vindouros.
Serão precisas mais palavras? Não creio!
Plenamente de acordo, mas...
A Igreja Católica não concorda com o valor fixado pelo Governo, de 1,5 por cento, para os aumentos salariais da Função Pública, para o ano de 2006.
Apesar de reconhecerem a situação de crise que o País actualmente atravessa, também ao nível das contas públicas, os bispos portugueses entendem que “é sempre negativo obrigar as famílias a ganharem, em termos reais, menos do que no ano anterior”.D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, acrescentou que, “apesar de toda a conjuntura desfavorável, o Governo podia certamente ir um pouco mais longe e aproximar os aumentos do valor da inflação prevista”.
Apesar de reconhecerem a situação de crise que o País actualmente atravessa, também ao nível das contas públicas, os bispos portugueses entendem que “é sempre negativo obrigar as famílias a ganharem, em termos reais, menos do que no ano anterior”.D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, acrescentou que, “apesar de toda a conjuntura desfavorável, o Governo podia certamente ir um pouco mais longe e aproximar os aumentos do valor da inflação prevista”.
Esta também é a minha visão. Mas se não se importam gostaria de saber qual é o nível salarial praticado nas empresas tuteladas pela Igreja e, se não for pedir muito, qual é o valor fixado para os aumentos salariais nessas mesmas empresas.
É que não basta pregar, é preciso fazer.
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