Sistema?!
"Sei que esta candidatura deixa um pouco perturbado o sistema. Não é para usar uma linguagem de Dias da Cunha, mas na política também há um sistema."
Esta frase foi dita por Manuel Alegre.
Perante isto muitos portugueses, entre os quais me incluo, deverão estar a questionar-se sobre o que é e qual é o sistema.
Será que é um sistema de equações do segundo grau? Será que é um 4x3x3? Ou é um 4x2x4? Ou será simplesmente tudo à defesa e tudo ao ataque e cada um joga o que sabe?
Para além destas questões eu tenho uma outra.
Sistema em política é aquele que permite avocar nomes para listas em detrimento dos desejos das estruturas partidárias locais? Se for este sistema então percebo que Alegre fale dele, até porque conhece-o muito bem.
IN MEMORIAM
O falecimente de alguém que admiramos provoca-nos um misto de raiva e de dor
Foi este mesmo misto que me percorreu após ter conhecimento do passamento do jornalista Carlos Cáceres Monteiro, que ocorreu esta madrugada, aos 57 anos de idade. Decano do jornalismo português, fundador do semanário O Jornal, actualmente Director-editorial da Edimpresa e da revista Visão. Autor de vários livros de viagens, foi na grande reportagem que Carlos Cáceres Monteiro se notabilizou. Ele, José Carlos de Vasconcelos (felizmente ainda vivo) e Fernando Assis Pacheco são portos de abrigo de um jornalismo sério, vigoroso e combativo que felizmente marcou para sempre o jornalismo português. Com este falecimento não se perdeu somente um grande jornalista mas também, uma personalidade grandiosa do ponto de vista humano.
Biografia
Carlos Cáceres Monteiro, 57 anos, desempenhava, actualmente, as funções de director editorial do grupo Edimpresa.
Anteriormente, foi director-adjunto de «O Jornal», do qual foi um dos fundadores em 1975.
No início de carreira, trabalhou como repórter, nas revistas «Flama» e «Século Ilustrado», tendo sido também subchefe de redacção em «A Capital» e editor de política nacional do «Diário de Notícias». Foi ainda correspondente em Lisboa da revista espanhola «Câmbio 16».
Foi director do Jornal «Sete». Tem colaborações dispersas em outras publicações, como a «Seara Nova» e «JL, Jornal de Letras». Foi comentador político em diversas estações de rádio e cobriu a Guerra do Golfo para a TSF em 1991, bem como o conflito israelo-árabe em 2002, em Jerusalém, Telavive e Belém.
Desde 1980 e até 2000, foi analista político regular na RTP, e até há poucos meses era comentador da SIC/Notícias e comentador residente da Antena 1 (RDP).
No campo social, foi dirigente das associações de estudantes entre 1964 e 1969, que eram perseguidas pelo regime de Salazar, e fez parte do órgão coordenador daquelas estruturas estudantis, a RIA. Abandonou a Faculdade de Direito de Lisboa para se dedicar ao jornalismo.
De 1977 a 1981 (dois mandatos, não se recandidatando ao terceiro), foi presidente do Sindicato dos Jornalistas.
Carlos Cáceres Monteiro foi ainda co-autor, em 1975, do livro «Por onde vai Portugal» e, no mesmo ano, autor de um outro: «Angola, país de Vida ou de Morte».
Os seu maiores êxitos editoriais, como autor, foram «O Mundo em AZERT» (1989) e «O Enviado Especial» (1991), dois álbuns de reportagens internacionais, editados pelo Círculo de Leitores, o segundo dos quais com fotos suas. A mesma editora publicou também um livro com as reportagens que fez numa das suas viagens à China, «China, contra-revolução tranquila», com fotos de Eduardo Gageiro. Lançou um outro volume intitulado «Amazónia Proibida», incluindo uma das reportagens que fez no Brasil onde tem viajado periodicamente. As reportagens na China receberam o «Prémio Gazeta 1985» do Clube de Jornalistas.
Em 2002 publicou, em conjunto com Jacinto Rego de Almeida, o álbum de reportagens «Mistérios da Amazónia - Cadernos de uma Expedição nas Guianas e no Brasil» (Editorial Notícias).
Trabalhou (1984/85) com o então primeiro-ministro Mário Soares, ocupando o lugar de Director-Geral da Comunicação Social, departamento que geriu, sendo responsável pelos programas culturais no Palácio Foz. Fez parte do MASP (Movimento de Apoio à Candidatura Presidencial de Mário Soares) nas campanhas eleitorais de 1986 e 1991.
Publicou dois livros de ficção: «Fast Lane» («Heptágono», 1984) e «Apogeu e Queda de Bernardo Malaquias («Europa-América, 1989).
Viajante um pouco por todos os pontos do planeta, cobriu guerras no Golfo Pérsico e Angola, e diversos conflitos locais (El Salvador, Camboja, Rodésia, Irão, Chiapas, etc.), a situação na Europa de Leste, antes e depois da queda dos regimes comunistas, fez frequentes trabalhos no Extremo-Oriente, designadamente no Vietname. Dessas experiências deu conta, ainda recentemente, no livro «Hotel Babilónia», editado em Junho de 2004.
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