quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Os filhos e os enteados

Mais uma vez fomos todos promovidos a enteados.
Vem isto a propósito de a Comissão Europeia não ter permitido a ligação entre os gás e a electricidade em Portugal.
Mas se para Portugal isso foi proibido, o mesmo já não aconteceu com os nossos vizinhos espanhóis, pois o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquín Almunia, defendeu ontem a legalidade da avaliação da OPA da Gás Natural sobre a Endesa.
Será que o facto do comissário ter nascido em Bilbau pesou na decisão?

Electricista a saber português

A ministra da educação esteve ontem no Jornal das 9 da SIC Notícias. Questionada por Mário Crespo sobre a questão do Português, respondeu que o tempo do secundário já acabou, o que existe hoje são um conjunto de cursos que preparam o estudante para a vida profissional e que a questão do Português era tão só a seguinte: o que é que nós queremos um electricista que saiba mudar uma lâmpada ou que saiba português.
Pois eu comum mortal, respondo à senhora ministra que o que nós queremos é qualidade e estabilidade no ensino, e, de preferência, um electricista que saiba mudar uma lâmpada e saiba portugês.
Não endereço culpas à senhora ministra, mas alguém foi culpado pelo desaparecimento das escolas comerciais e industriais. Aí aprendia-se a ser um bom electricista (a Escola Comercial e Industrial Avelar Brotero, em Coimbra, possuia um conjunto de salas oficinais e laboratórios de alto gabarito, onde aprenderam muitos dos bons técnicos existentes no país).
Por acaso a senhora ministra teve acesso aos currículos que alguns professores não colocados, enviaram para os museus? Se não teve, solicite que lhos enviem e divirta-se. Vai concordar que o ensino do Português, faz falta ao electricista, ao médico, ao engenheiro e até aos professores.

Então e agora?

Nas autárquicas de 9 de Outubro, foram mal atribuídos mais de 50 mandatos para as assembleias de freguesia e municipais e para a vereação. A conclusão é da Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ontem se reuniu para analisar as actas das 308 comissões eleitorais.
Os referidos mandatos terão sido atribuídos a candidatos que, afinal, não foram eleitos. Segundo a CNE, o erro resulta da má aplicação do método de Hondt, que serve para calcular a distribuição dos mandatos segundo os votos obtidos por cada partido.
Entre os mais de 50 casos apurados, que serão visíveis no "site" da CNE, encontra-se uma situação de um juiz que detectou o erro já depois da assinatura da acta. Ainda tentou, junto da CNE, encontrar uma solução. Mas findo o prazo para reclamações, teria que ser o candidato a desistir do mandato que lhe fora erradamente atribuído, o que, como é evidente, recusou.
Esta situação poderia ser evitada se a lei atribuísse a competência do cálculo para a distribuição de mandatos à CNE e não às comissões eleitorais, presididas por um juiz e constituídas por um matemático e delegados das listas concorrentes. Porque essas comissões são extintas mal produzem a acta com a distribuição dos mandatos e como a lei só atribui 24 horas para reclamações, a CNE não pode corrigir os erros detectados, até porque os autarcas já tomaram posse.
E agora pergunto eu, que gosto de perguntar coisas, aqueles que foram prejudicados, vão reclamar onde?
A ser assim, já não podemos dizer que o povo é quem mais ordena. Quem ordena é o juiz, o matemático e uns quantos delegados que em muitos casos percebem tanto daquilo como eu de astronomia.

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Montenegro tem de mandar parar com os disparates... - deixar que alguém que dirige interinamente o INEM com todas as falhas que se verificar...